A teoria geral dos fatos jurídicos é um ramo do direito civil que estuda os acontecimentos que geram efeitos jurídicos, ou seja, que criam, modificam ou extinguem direitos e deveres. Esses acontecimentos podem ser naturais ou humanos, voluntários ou involuntários, lícitos ou ilícitos, conforme a sua origem, a sua intenção e a sua conformidade com a lei. Os fatos jurídicos podem ser classificados em:
Fatos jurídicos em sentido estrito: são os que decorrem de
fenômenos da natureza, independentemente da vontade humana, e que produzem efeitos jurídicos previstos em lei. Por exemplo, o nascimento, a morte, o decurso do tempo, um terremoto, uma tempestade, etc. Eles podem ser ordinários, quando são previsíveis e frequentes, ou extraordinários, quando são imprevisíveis e raros. Atos jurídicos em sentido amplo: são os que resultam de uma conduta humana, voluntária ou involuntária, e que produzem efeitos jurídicos previstos em lei ou desejados pelas partes. Eles podem ser subdivididos em: o Atos jurídicos em sentido estrito: são os que decorrem de uma manifestação de vontade, mas cujos efeitos jurídicos são determinados exclusivamente pela lei. Por exemplo, a notificação, a interpelação, o reconhecimento de um filho, a renúncia de um direito, etc. o Negócios jurídicos: são os que decorrem de uma manifestação de vontade, mas cujos efeitos jurídicos são determinados, em parte, pela lei e, em parte, pela vontade das partes. Por exemplo, o contrato, o testamento, a doação, o casamento, etc. Atos-fatos jurídicos: são os que decorrem de uma conduta humana, voluntária ou involuntária, mas cuja vontade é irrelevante para a produção dos efeitos jurídicos. Por exemplo, a posse, a usucapião, o enriquecimento sem causa, o pagamento indevido, etc.
Os fatos jurídicos podem ser analisados em três planos: o plano da
existência, o plano da validade e o plano da eficácia. O plano da existência verifica se o fato jurídico ocorreu e se reuniu os elementos mínimos para ser reconhecido pelo direito. O plano da validade verifica se o fato jurídico respeitou as normas jurídicas que o regem. O plano da eficácia verifica se o fato jurídico produziu os efeitos jurídicos esperados. Alguns artigos do Código Civil que tratam dos fatos jurídicos são: Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei. Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito. Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva. Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206. Art. 231. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários. Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; III - prestar fiança ou aval; IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação.