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DIA 03- ATOS JURÍDICOS LÍCITOS E ILÍCITOS.

PRESCRIÇÃO E
DECADÊNCIA. PROVA DO FATO JURÍDICO. DO NEGÓCIO JURÍDICO:
CONCEITO. CLASSIFICAÇÃO. ELEMENTOS ESSENCIAIS GERAIS.
ELEMENTOS ACIDENTAIS (CONDIÇÃO, TERMO, ENCARGO). DEFEITOS
DO NEGÓCIO JURÍDICO (ERRO OU IGNORÂNCIA, DOLO, COAÇÃO,
ESTADO DE PERIGO, LESÃO, FRAUDE CONTRA CREDORES),
INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO.

Foque nos conceitos básicos por sua fonte doutrinária e complemente com a
leitura incansável do Código Civil. Art. 138 ao art. 165

#JÁCAIU: A FCC cobra muito o tema elementos acidentais, vícios do negócio


jurídico + prescrição e decadência.

Saiba o conceito de negócio jurídico, ato jurídico e fato jurídico.

Conceito de fato jurídico em sentido amplo: todo o acontecimento de origem


natural (em sentido estrito) ou humana (atos jurídicos latu senso) que gere
consequências jurídicas, que contém relevância jurídica, mas que não se confunde
com o ato jurídico.

CESPE. Os fatos jurídicos são aptos a modificar direitos, seja de forma subjetiva,
seja de forma objetiva. CORRETO

 A modificação pode ser tanto no conteúdo ou objeto das relações jurídicas


(modificação objetiva), quanto no que se refere aos titulares (modificação subjetiva).

Conceito de ato jurídico: acontecimento que tem relevância jurídica, mas com
elemento volitivo e conteúdo lícito (estado de necessidade *** arts. 929 e 930 estado
de necessidade agrassivo***, a legítima defesa e o exercício regular de um direito),
ou ilícito. É a atuação da vontade de alguém.

O ato lícito se subdivide em ato jurídico stricto sensu e o negócio jurídico. O


stricto sensu é aquele que tem elemento volitivo, todavia, essa manifestação de
vontade já está pré-determinada na lei (ex.: IPTU, IPVA).

O ato ilícito é causador de prejuízo, seja patrimonial, físico ou moral, a outrem. O


ilícito contratual é a ofensa ao contrato firmado entre as partes. O ilícito
extracontratual, também conhecido como responsabilidade aquiliana, é a ofensa a
um dever jurídico de não lesar outrem (princípio alterum non laedere ou neminem
laedere). Art. 186. O ato ilícito é o ato que dá surgimento à responsabilidade civil
extracontratual, gerando o dever de indenizar. Também é ilícito o ato emulativo que
nada mais é do que o abuso do direito. O ato é originariamente lícito, mas foi
exercício fora dos limites. Não é necessário que aja culpa, basta que seja exercido
fora dos limites (fins econômicos, fim social, boa-fé e bons costumes). A teoria do
abuso de direito. Art. 187

Questão. O ilícito caducificante é aquele que se relaciona à perda de um direito,


como ocorre com a perda do poder familiar.

Ilícito caducificante “é todo ilícito cujo efeito é a perda de um direito. Ex.: poder
familiar. Também aqui não importa os dados de fatos aos quais o legislador imputou
tal eficácia. Importa, para os termos presentes, que se tenha a perda de um direito
como efeito de um ato ilícito. Sendo assim, teremos um ilícito caducificante”. O autor
exemplifica: “Estatui, a propósito, o Código Civil, art. 1.638: “Perderá por ato judicial o
poder familiar o pai ou a mãe que: I – castigar imoderadamente o filho; II – deixar o
filho em abandono; III – praticar atos contrários à moral e aos bons costumes; IV –
incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente”. Assim, o pai (ou a
mãe) que espanque o filho pode perder o poder familiar”

Conceito de ato-fato jurídico: um ato ou um comportamento humano sem vontade,


mas que produziu um resultado.

NEGÓCIO JURÍDICO: negócio jurídico é um ato jurídico com elemento volitivo e de


conteúdo lícito, mas no qual há composição de interesse das partes, com finalidade
específica e desejada por elas, no âmbito do exercício da autonomia da vontade.

Saber quais os elementos que integram o conceito de negócio jurídico.


Estude cada um desses elementos, sabendo seus substratos e como atuam nos
planos da existência, validade e eficácia. Nulidade e anulabilidade (distinções).
Distinção entre elementos essenciais do negócio jurídico e elementos
acidentais.

Interpretação do NJ art. 113 e 114: Clausula escalonada: o realizar determinado


negócio jurídico, as partes podem combinar diferentes meios adequados de
solução de litígios e, para isso, devem utilizar a cláusula.

Tema muito cobrado: diferença entre atos nulos e anuláveis.

Existência: : vontade, agente, objeto e forma.

Validade: Art. 104 - vontade livre e de boa-fé; agente seja capaz; o objeto lícito, possível,
determinado ou determinável; e a forma, aquela prescrita ou não defesa em lei. Violado um dos
requisitos o NJ poderá ser nulo ou anulável.

Eficácia: elementos acidentais, ou seja, a condição, o termo e o encargo.

Saber as espécies de condições – classificação e como refletem no negócio


jurídico. Condição potestativa. Foco nos conceitos e na leitura do CC. Condição
suspensiva X resolutiva.

Condição: art 125 - é um acontecimento futuro e incerto de que depende a eficácia do negócio
jurídico. impede aquisição do direito e o exercício. “te dou um carro se você for aprovado no
vestibular do final do ano”. Pode ser lícitas ou ilícitas, condição ilícita invalida o NJ de forma
integral.

As condições podem ser: Causais; Potestativas (puramente podetestativa (vedada art. 122), ou
simplesmente potestativas) ; e mistas. Vedada tmb as condições perplexas/contraditórias.

A condição suspensiva é aquela que impede a aquisição e o exercício do direito. Dessa


maneira, não haverá produção de efeitos até a realização do evento futuro e incerto. Ex.: A
aprovação é incerta e o vestibular é futuro.

A condição resolutiva é aquela que não desempenha suspensão nem da aquisição e nem do
exercício. Após a ocorrência do evento futuro e incerto, ocorre a extinção do direito (carro
enquanto estuda, acabou devolve).

Condição resolutiva de execução continuada ou periódica - a condição resolutiva resolve o


negócio jurídico, mas não atinge os atos já praticados (mesada enquanto estuda, acobou não
recebe mais, mas não devolve o que já recebeu). Art. 128

Questão. Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou
resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo.

Assim, entendeu o STJ que “pode ser válida a estipulação que confira ao credor a possibilidade
de exigir, "tão logo fosse de seu interesse", a transferência da propriedade de imóvel” (quando
beneficia o credor).

Termo – é o acontecimento futuro e certo que interfere na eficácia jurídica do negócio . É o dia
ou momento em que começa ou se extingue a eficácia do negócio jurídico, podendo ter como
unidade de medida a hora, o dia, o mês ou o ano. Ex.: “te dou o carro no Natal deste ano”.

O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito, sendo dotado de certeza,
inexiste estado de pendência, podendo o titular inclusive exercer atos de conservação.

Pode ainda ocorrer conjugação de termo e condição num mesmo negócio jurídico – “te dou um
carro se você se formar em direito até 22 anos de idade”.

A morte no contrato de seguro de vida não é condição, é termo. Porém, se a clausula for
vinculada a morte do credor, passa a ser uma condição.

O termo pode ser inicial (no dia 10), final (até o dia 10), convencional (vontade das partes), de
direito (decorre da lei), de graça (prazo ao devedor), certo (tem data específica) e incerto (não
tem data específica/ morte).

Contagem do prazo.

Encargo – é uma determinação que, imposta pelo autor por liberalidade, obriga o
beneficiário. É utilizada em doações ou testamentos. Por exemplo, “te dou minha casa para que
você institua uma creche”. Não pode ser aposta em negócio oneroso, pois equivaleria a uma
contraprestação.
Art 136 - não suspende nem o exercício, nem a aquisição salvo quando expressamente imposto
no NJ como condição suspensiva.

Se a pessoa doa uma casa em que vive para um cuidador, com o elemento acidental de dele
cuidar até o fim da sua vida, esse elemento é um encargo ou uma condição suspensiva? Caso se
entenda que é encargo, então o cuidador se torna dono da casa imediatamente. No entanto, caso
se entenda como condição suspensiva, o cuidador somente se torna dono da coisa com a morte,
atrelada ao elemento incerto de cuidar da idosa até o fim da sua vida.

Se o beneficiário morrer antes do cumprimento do encargo, a liberalidade prevalece, mesmo se


instituída causa mortis. Se o encargo não for cumprido, a liberalidade poderá ser revogada (ação
revocatória).
Vícios (defeitos) do negócio jurídico – grande destaque. Quais são os vícios sociais e
vícios de vontade.

O erro, o dolo, a coação, o estado de perigo, a lesão e a fraude contra credores. Cuidado não é o
estado de necessidade. Estado de necessidade é excludente de ilicitude, é estado de perigo.

Os 5 primeiros são também conhecidos como vícios do consentimento (vontade). Porque a


vontade declarada, aquilo que o indivíduo diz no contrato verbal, aquilo que ele escreve num
contrato escrito, não corresponde com a sua real intenção. No erro porque ele está enganado. No
dolo, porque ele foi enganado por alguém. Na coação, porque ele foi ameaçado. No estado de
perigo e na lesão porque ele passava uma situação de premente necessidade ou até uma situação
de inexperiência que fez ele assumir o negócio que não era de sua vontade.

Já na fraude contra credores, ele é conhecido como vício social. Porque o indivíduo declara
exatamente o que ele quer. O problema é que o que ele quer é prejudicar os credores, prejudicar
a sociedade. Por isso que é um vício social.

Todos os defeitos do negócio jurídico têm como efeito a anulabilidade do negócio, que é a
nulidade relativa, conforme artigo 171, inciso II. Tem prazo para ser alegada que é de 04 anos,
conforme o artigo 178. O termo a quo, o termo inicial desse prazo? Em regra, a data da
celebração do negócio jurídico. E um prazo decadencial de quatro anos. Tem natureza de
decadência. O prazo decadencial de quatro anos começa a correr na data o, com exceção da
coação. Na coação esse prazo decadencial de quatro anos começa a correr na data em que
cessou a coação. Porque se o indivíduo estava tão coagido, tão ameaçado a ponto de celebrar um
negócio que não era de sua vontade, ele também não vai ter liberdade para entrar com uma ação
anulatória. Por isso tem que contar a partir da data em que cessou a coação.

Erro/ ignorância: Dois requisitos - tem que ser substancial/ essencial, tem que recair sobre os
elementos principais do negócio, sobre o objeto, sobre a outra parte, sobre a forma de
cumprimento do negócio. Ou seja, você tem que se perguntar se o indivíduo soubesse o que
estava fazendo, ele celebraria esse negócio? Não. Não é mais requisito do erro a escusabilidade
(p. da confiança), é o que diz o enunciado 12 do CJF.

O erro tem que ser cognoscível, reconhecível para o destinatário da vontade. Tem que ser
possível para o destinatário da vontade perceber que a pessoa estava em erro. Não precisa que
ele perceba, mas tem que ser possível perceber.

Ex.: exemplo: Maria, comerciante do ramo de joias, se dirige a uma joalheria com a intenção de
comprar um relógio de ouro. Chegando lá, ela escolhe o único relógio que não é de ouro, é de
aço pintado de dourado. Estava no meio de vários relógios de ouro o relógio de aço pintado de
dourado. Ela compra achando que é de ouro. Passado um ano, dois anos, ela descobre que o
relógio não é de ouro. E aí, ela pode anular o negócio jurídico? Como que você vai ter que
analisar? Com os requisitos que eu dei para vocês. Primeiro, esse erro é substancial, é essencial?
Recaiu sobre o objeto do negócio. Se ela soubesse que estava levando um relógio de aço pintado
de dourado, ela não celebraria o negócio, porque a vontade dela era comprar um relógio de
ouro. Esse erro é conhecível, cognoscível, reconhecível para o destinatário da vontade? A loja
de joias, através de seus prepostos, poderia perceber que colocar um relógio de aço pintado de
dourado no meio de vários relógios de ouro poderia confundir os clientes? Sim. Então, esse erro
é cognoscível. Ela pode anular o negócio jurídico em até quatro anos. Mesmo que o erro seja
inescusável, você pode alegá-lo.
*** Erro de direito: equívoco sobre a regra que disciplina o negócio jurídico que se está
celebrando. Ele não se confunde com o total desconhecimento da lei. É substancial se for
motivo único ou principal do negócio, ele pode sim gerar a anulação, pode configurar erro. Art.
139, III. ***

Existe ainda o erro de motivos “falso motivo” art.140 e o erro a trasmissão errônea da vontade
art. 141.

O erro pode ser convalidado se a pessoa se dispuser a executar de acordo com a vontade real.

Dolo: você erra com a ajuda de alguém. E o dolo pode ser por comissão ou por omissão. Então,
por exemplo, a Maria poderia chegar nessa loja e perguntar para o vendedor “eu queria um
relógio de ouro” e ele mostra um relógio de aço pintado de dourado e fala “nós temos esse
maravilhoso relógio de ouro” aí está enganando ela. Então, no erro você erra sozinho no dolo
você é enganado por alguém ou ele se cala, por exemplo, se ela escolhe o relógio errado e ele se
calar, é um dolo por omissão, vai anular o negócio jurídico também.

Coação: o indivíduo está sendo ameaçado, sofrendo pressão psicológica, ameaçando a pessoa
do declarante, a sua família, ou os seus bens. A coação pode ser exercida por um dos
negociantes. Ex.: eu chego para você e falou “ou você vende o seu apartamento para mim ou eu
te mato”. Uma ameaça. Mesmo que você venda pelo valor de mercado, você não era obrigado a
vender, você só vendeu que se sentiu ameaçada. Então, você pode anular o negócio jurídico em
até quatro anos. Essa coação foi exercida pelo próprio negociante. Eu estava comprando de
você.

Agora, se eu faço altas festas até altas horas da madrugada no meu apartamento. Meus vizinhos
não aguentam mais. Um dia toca a campainha e o vizinho aparece com uma arma na cintura
falando “olha só, Aurélio, ou você vende o seu apartamento até o final do mês ou te mato”. Uma
ameaça. E aí eu anuncio o apartamento na Zap Móveis e você vê o anúncio e compra. Eu vou
poder depois anular o negócio jurídico e pedir o imóvel de volta, devolvendo o seu dinheiro?
Depende.
O artigo 154 e 155 trabalham a coação exercida por terceiro. Quando a coação é exercida por
terceiro, se o beneficiado do negócio, o comprador, sabia ou deveria saber da coação, o negócio
será anulado e os dois, coautor e beneficiado, vão responder solidariamente por perdas e danos.
Agora, se você não sabia. Você viu o anúncio na internet. Aí o negócio não pode ser anulado. O
apartamento é seu, mas eu posso buscar perdas e danos de quem me ameaçou. Arts 153 e 154.

Coação absoluta (física): negócio inexistente por ausência de manifestação de vontade.

Coação relativa (moral): negócio anulável


Nem o temor reverencial e nem o exercício regular de um direito caracterizam vício do negócio
jurídico.

Estado de perigo x lesão: O estado de perigo está previsto no artigo 156 - A pessoa passa uma
premente necessidade de salvar a si próprio alguém de sua família (não é qualquer dano. É
salvar a vida/ integridade física). Segundo requisito, dolo de aproveitamento, que é um grave
dano conhecido pela outra parte, a outra parte sabe da situação de perigo e se aproveita dela, e
faz com que a pessoa assuma uma obrigação excessivamente onerosa. Exemplo: um pai chega
com seu com filho ensanguentado hospital precisando de uma cirurgia urgente, e os
médicosfalam “a gente faz a cirurgia, mas vamos cobrar R$200.000.
Lesão: O artigo 157 diz que a lesão ocorre quando alguém, em premente necessidade ou
inexperiência que não pode ser presumida** (questão), assume uma prestação manifestamente
desproporcional. Aqui só tem dois requisitos. Premente necessidade ou uma situação de
inexperiência e o segundo requisito assume o negócio manifestamente desproporcional.
Assumir negócio manifestamente desproporcional é a mesma coisa de com onerosidade
excessiva. Na situação de necessidade fica muito parecido com o estado de perigo. Só que aqui
não é uma necessidade se salvar de um grave dano, é um necessidade, por exemplo, de chegar a
tempo no aeroporto para uma viagem, uma necessidade de chegar ao trabalho, uma necessidade
ou uma inexperiência, faz a pessoa assumir uma obrigação com prestações manifestamente
desproporcionais. Não se exige o dolo de aproveitamento, que a outra parte conheça a
necesidade e se aproveite dela.
Vai poder anular esse negócio jurídico? Mesmo estando de boa fé (não se exige dolo), a
premissa é de que é estranho assumir um negócio por um valor manifestamente
desproporcional. Por isso é possível alegar lesão. Ele passava uma situação de premente
necessidade, o que fez com que ele assumisse uma prestação manifestamente proporcional.
Tem como evitar a anulação, no artigo 157, §2º, se a parte concordar em reduzir o proveito ou
oferecer um suplemento do valor. Esse artigo 157, §2º, pode ser aplicado analogicamente ao
estado de perigo do 156.

A desproporção deve ser apreciada e avaliada segundo os valores vigente na data da celebração
do negócio. Art. 157, § 1º.
Fraude contra credores (fraude pauliana) art. 158 e 165: o indivíduo começa a se desfazer
dos bens de seu patrimônio para esvaziar o seu patrimônio, frustrando assim os seus credores. O
indivíduo tem dívidas e sabe que os credores podem acabar pedindo a penhora desses bens.
Então, ele vai se desfazendo desses bens, mas de forma fraudulenta, doa para o amigo, vende
para o irmão e aí você não sabe se o irmão pagou de fato. Se os credores identificarem esses
negócios fraudulentos, vão ingressar com a chamada ação pauliana, que visa desconstituir esses
negócios.
A legitimidade passiva da ação pauliana é em face do devedor insolvente, da pessoa que com
ele contratou e, eventualmente, do terceiro de má-fé (art. 161, ver também REsp. 242.151, MG).
Haverá um litisconsórcio passivo necessário entre os legitimados passivos. Se o bem estiver
com terceiro de boa-fé que o adquiriu sem ter ciência da fraude, o credor terá de buscar outros
meios de ressarcimento.
Anulando, os bens voltam ao patrimônio do devedor e aí os credores podem pedir a penhora.
Pode se dar em negócio gratuito (doação) ou em negócio oneroso.

• Requisitos da Fraude Contra Credores:


• Negócios gratuitos: Um único elemento.
Elemeto objetivo/ Eventus damni – o estado de insolvência. Comprovar que ao
doar bens, o devedor ficou insolvente, sem bens em seu
patrimônio. Não precisa comprovar que quem recebeu sabia da
insolvência.
• Negócios onerosos:
Eventus damni – Prejuízo causado aos credores.
Scientia fraudis – comprovar que a parte que adquiriu o bem conhecia a situação de
insolvência. (não precisa demonstrar mais o conluio fraudulento, o
consilium fraude – que tramaram, apenas que sabia)
Art. 159: Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente,
quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser
conhecida do outro contratante.

Sobre insolvência notória: de acordo com precedente jurisprudencial do STJ, para que fosse
configurada deveria envolver a existência título protestado no domicílio do devedor ou no
lugar onde está situado o imóvel... e a questão em análise também não aborda nada disso. Então
não se presume o conhecimento do adquirente, já que não há notoriedade.

Não se pode alegar a fraude contra credores em sede de embargos de terceiros. Súm. 195 STJ.
Porque nessa ação falta a presença do vendedor do bem.

Questão: se o devedor, ao perdoar uma divida, for reduzido à insolvência, o ato de perdão da
dívida poderá ser anulado sob a alegação de fraude contra credores.

Os mais cobrados são fraude contra credores (comparar com a fraude à execução e saber tudo de
ação pauliana) e simulação.

Na fraude à execução há uma diminuição patrimonial propositada do devedor com alienação de


bens no curso do processo. Essa prática é também considerada um ato atentatório à dignidade da
justiça. Para a sua configuração basta a alienação do bem, nas hipóteses do artigo 792 do Código
de Processo Civil.

Simulação X dissimulação (diferenças e subsistência do negócio dissimulado). Prazo para


pleitear a declaração de nulidade ou anulação.
Esse tema é o mais importante do dia, então foque em um material doutrinário + leitura do
Código Civil.

A simulação não é um defeito do negócio jurídico. Já foi no Código Civil de 16, não é mais. A
simulação agora é causa autônoma de nulidade absoluta (os defeitos são causa de anulabilidade e
não de nulidade). art. 167 CC

A simulação é um negócio mentiroso e é uma mentira contada a dois, pelos dois negociantes.

Duas espécies de simulação: a simulação absoluta, que é quando as pessoas simulam um


negócio jurídico, fingem que estão praticando um negócio jurídico quando não estão praticando
negócio jurídico algum. Então, por exemplo, dois amigos forjam, fingem uma confissão de dívida
para que um pague, transfira valores para o outro, tentando não configurar uma fraude contra
credores, tentando esvaziar o seu patrimônio. A simulação relativa, que é a mais comum. A
simulação de um negócio jurídico que vai ser chamado de simulado para esconder o verdadeiro
negócio que está sendo praticado. Então, é como se você tivesse dois negócios jurídicos, um
negócio jurídico simulado (ex.: compra e venda), que é o ostensivo, o que aparece para todos e o
dissimulado, que é o que você está tentando esconder (ex.: doação).

O negócio jurídico simulado, seja na simulação absoluta, seja na simulação relativa, é sempre
inválido, sempre nulo. E pode inclusive ser declarado nulo de ofício pelo juiz que venha a
apreciar seus efeitos, ainda que contra a vontade das partes.
O dissimulado sendo válido na substância e na forma, passa a produzir plenos efeitos. (ex.: da
doação par a ex namorada não sendo casado).
Ou seja: o negócio simulado é inválido, mas o negócio oculto, sendo válido na substância e na
forma, passa a produzir plenos efeitos.

O negócio simulado é sempre nulo, mesmo que a simulação seja inocente E. 152 do CJF. O
dissimulado nem sempre é nulo (ex.: namorado que doa para ex).

Causas de nulidade e anulação. Efeitos da nulidade e da anulação. Saiba distinguir os vícios do


negócio jurídico (conceitue cada um deles):

Invalidade do negócio jurídico:

Nulidade absoluta (nulidade/ nulo): Matéria de ordem pública; Não pode ser suprida; Não
admite confirmação; Qualquer interessado, MP ou juiz de ofício; Sentença erga omnes e ex tunc;
Ação declaratória de nulidade, imprescritível.

Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: VII – a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-
lhe a prática, sem cominar sanção

Questão. Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo
decurso do tempo.

Nulidade textual(questão) ou nulidade expressa é aquela expressamente disciplinada em lei.

Nulidade relativa (anulabilidade/ anulável):  Matéria de ordem privada; Pode ser suprida pelo
juiz a requerimento das partes; Pode ser sanada, expressa ou tacitamente, por confirmação; Só
pode ser alegada pelos prejudicados; Sentença inter partes e ex nunc ou ex tunc; Ação anulatória,
com prazo decadencial;

Em regra:

Condenação (restituição) - prescricional.


Anulação - decadencial.
Meramente declaratória - imprescritível.

CESPE. Durante a vigência de contrato em relação de trato sucessivo, foi proposta ação em
que se pretende o reconhecimento da abusividade de cláusula contratual e, por consequência,
a restituição dos valores indevidamente pagos. Não houve, por sua vez, a negativa do próprio
direito de fundo. RESPOSTA: pode ser requerida durante a vigência do contrato, caso em
que o prazo será prescricional, sendo desnecessário discutir na ação a validade do próprio
negócio jurídico.  

Nas relações jurídicas de trato sucessivo, quando não estiver sendo negado o próprio
fundo de direito, pode o contratante, durante a vigência do contrato, a qualquer tempo,
requerer a revisão de cláusula contratual que considere abusiva ou ilegal, seja com base em
nulidade absoluta ou relativa. Porém, sua pretensão condenatóriade repetição do indébito terá
que se sujeitar à prescrição das parcelas vencidas no período anterior à data da propositura
da ação, conforme o prazo prescricional aplicável. RECURSO ESPECIAL Nº 1.360.969 - RS
(2013/0008444-8)

Representação, pois possui relação com o contrato de mandato, um dos mais


cobrados para concursos de servidores – basta ler o CC. Art. 119
O negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado,
quando o fato deveria ser conhecido por quem tratou com o representante, será
anulável.
Prazo decadencial de 180 dias.

A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus poderes, produz efeitos em
relação ao representado (CC, art. 116)

O contrato consigo mesmo, também conhecido na doutrina como autocontrato, tem


regulamentação no art. 117 do Código Civil. O representante só pode fazer contrato consigo
mesmo (de um lado ele e do outro ele representando terceiro) quando a lei ou o próprio
representado der poderes específicos para tanto.

É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado,


se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou (CC, art. 119). Essa ação
deve ser ajuizada no prazo de 180 dias a contar da conclusão do negócio ou da cessação da
incapacidade.

Prescrição e decadência merecem muita atenção. Não se preocupem em decorar os


prazos prescricionais (saibam o prazo geral, bem como os mais importantes, como o da
responsabilidade civil).

Prescrição é a perda da pretensão ao exercício de um direito subjetivo. Prescrição não é a perda


do direito, muito cuidado. É a perda da pretensão ao exercício de um direito subjetivo. Direito
subjetivo é aquele direito que confere ao seu titular a possibilidade de exigir de alguém
determinado comportamento (ex.: d. de crédito).
Violado o direito subjetivo, nasce a pretensão que, se não for exercida no prazo previsto em lei,
ocorre a prescrição art 189 c/c 882.

Decadência, sim, é a perda do direito. Decadência é a perda do direito potestativo. ”. O direito


potestativo é aquele que confere ao seu titular a possibilidade de produzir efeitos jurídicos tão
somente com a sua manifestação de vontade. Odireito potestativo não vai ter do outro lado uma
prestação que deve ser cumprida. Ao direito potestativo corresponde uma mera sujeição da outra
parte (ex.: divórcio). Quando um direito potestativo tiver prazo para ser exercido, esse prazo é
decadencial.

Toda vez que o Código disser que algo é anulável, uma nulidade relativa, há um prazo para ser
alegada, esse prazo é decadencial, esse prazo é decadencial.

Quando a lei disser que algo é anulável, mas não trouxer prazo, você cai no prazo geral
decadencial de ações anulatórias do artigo 179, que é o prazo de dois anos.

Conceito de prescrição X Conceito de decadência:

Características da prescrição:

- Questão de interesse privado: as normas são de ordem pública, mas a prescrição em si é


uma questão de interesse privado, que interessa só credor e devedor.
- Admite renúncia – art. 191 do CC: por ser de interesse privado. Quem vai renunciar é
quem poderia legá-la em seu favor, o devedor. É possível desde que não prejudique
terceiros. Só é válida a renúncia depois de consumada.
- Pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição – mesmo que não se alegue na
contestação. Em sede de REsp e RE, por questão de requisito de admissibilidade, é
necessário que tenha sido pre questionado art. 193 do CC
- Prazos não podem ser alterados pelas partes – art. 192 do CC os prazos estão no Art. 206.
Se não tiver no 206, vai pro geral que está no art. 205, 10 anos.
- Admite suspensão e interrupção dos prazos – coisa que não acontece na decadência.
- Questão. Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que
a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.

** O direito de pleitear alimentos é imprescritível, mas, quando já fixados os alimentos, o direito


de pleitear as prestações alimentares prescreve. O direito de pleitear alimentos não
prescreve. O prazo a se exercer a pretensão de cobrar as prestações já fixadas, que é de cunho
patrimonial, é de dois anos. Artigo 206, §2º.

Questão. A pretensão de reconhecimento de ofensa a direito da personalidade é imprescritível. 

CESPE. não é possível cumular as causas interruptivas extrajudicial e endoprocessual, havendo a


interrupção do prazo apenas quanto ao primeiro dos eventos que vier a ocorrer. CORRETO

CESPE. Conforme entendimento do STJ a discussão envolvendo repetição de indébito por


cobrança indevida de valores contratuais prescreve em 10 anos.

CESPE. A prescrição intercorrente observará o mesmo prazo de prescrição da pretensão,


consideradas as causas de impedimento, de suspensão e de interrupção da prescrição previstas no
próprio Código Civil. CORRETO Art. 206-A, CC

Termo inicial do prazo prescricional – Art. 189 do CC


Prazos – Art. 205 e 206 do CC

Tipos de decadência

A decadência pode ser legal (interesse público) ou convencional (interesse privado). A


decadência legal é aquela prevista em lei e a convencional pela vontade das partes.
Exemplo.: os prazos de ações anulatórias e a decadência convencional é estipulada pelas partes
numa garantia de um negócio jurídico.
E isso fica muito claro no Direito do Consumidor. Se você comprar uma televisão, existe um
prazo de garantia legal. Se a televisão, como é um produto durável, você vai ter até 90 dias após a
descoberta do defeito para reclamar os vícios do produto. Artigo 26 do CDC. Esse é um prazo
decadencial, é uma garantia legal. Agora, se você fizer uma garantia estendida na loja, um ano de
garantia do fabricante ou o fabricante já dá esse um ano de garantia, essa é uma garantia
convencional, algo que decorre da vontade das partes.
Primeiro corre o prazo de um ano da garantia convencional para depois contar o prazo para
garantia legal.

Características da decadência LEGAL:

- Questão de interesse público: diferente da prescrição, que é de interesse privado. Por isso
mesmo que a decadência legal...
- Não admite renúncia.
- Pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e assim como a prescrição,
- Pode ser reconhecida de ofício pelo magistrado.
- Não admite suspensão. Em regra, os prazos de decadência legal não podem ser
interrompidos, não se suspendem. Artigo 207. Excessão Art. 208
Características da decadência CONVENCIONAL:

- Decadência convencional já é uma questão de interesse privado, porque decorre de um


acordo de vontades.
- Vai admitir renúncia.
- Pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição, mas ela não pode ser suprida
pelo magistrado, não pode ser reconhecida de ofício. art. 211.

Causas obstativas do Prazo Prescricional: LER artigos 205, 206 e 197 a 202

As mesmas causas que suspendem também impedem a prescrição. Depende do momento em que
vai ocorrer.

Causas Art. 197; 198; 199; 200; Prazo volta a correr de


Suspensivas/Impeditivas 201 do CC onde parou.

Prazo volta a correr do


Causas Interruptivas Art. 202 do CC
inicio.

Causas suspensivas/impeditivas: quando a causa incidir antes do início do prazo, o prazo


prescricional sequer vai começar a correr. Quando a causa incidir já depois que o prazo começou
a correr, vai suspender e aí o prazo suspende onde parou e volta a correr depois que cessar a
causa.

Então, se eu pedir R$100.000 emprestado para a minha esposa, não está correndo o prazo
prescricional, está impedido. Se a gente se divorciar, a partir dali, começa a correr o prazo
prescricional para ela cobrar. Agora, se eu peço R$100.000 emprestados para uma amiga, já
começou a correr o prazo prescricional de cinco anos, por exemplo. Correu dois anos e ela não
cobrou e a gente acaba se casando. Nesse caso, o casamento vai suspender, não vai interromper,
vai suspender, o prazo que estava correndo fica suspenso. A gente pode ficar casado dez anos,
divorciou, o prazo volta a correr de onde parou. Já tinha passado dois, faltam três ainda.

Causas interruptivas: art. 202. A mais conhecida é que o despacho do juiz interrompe a
prescrição, lembrando que seus efeitos retroagem à data da propositura da ação, o art. 202, inciso
I. Aqui o prazo é interrompido e volta a contar do zero.

Regra de transição entre os prazos previstos no CC1916 e no CC2002 (qual prazo aplicar).

Cuidado com os principais prazos prescricionais, especialmente os relacionados a


responsabilidade civil contratual e extracontratual.

Entender a sistemática da prescrição intercorrente – saber quando começa a correr e qual o


prazo.

DIFERENÇA para CREDOR SOLIDÁRIO


SUSPENSÃO x INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO

SUSPENSÃO: regra - não aproveita aos credores solidários (art. 201, CC)


exceção - obrigação indivisível aproveita

INTERRUPÇÃO: regra - aproveita aos credores solidários (art. 204, § 1 o, CC)

*** Exceção/defesa: Artigo 190. A exceção prescreve no mesmo prazo que a pretensão.

Provas - apenas lei seca nos arts. 212-232 do CC/02, pois é tema que
será estudado em processo civil.

Atos Jurídicos – basta a leitura dos art. 185-188 do CC/02.

Leitura dos art. 104 a 232 do CC/02 – essa é a meta mais relevante do dia.

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