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ABUSO DE DIREITO
Uma pessoa é titular de um direito mas não deve abusar desse mesmo.
Ex.: se alguém é devedor de uma quantia de dinheiro não pode ir as 4 da manhã pagar
essa quantia a casa da pessoa a que deve dinheiro.
Teoria externa: no seu exercício os limites vêm de fora. O núcleo de direito mantem-
se, mas os seus efeitos são limitados.
Vir contra o facto próprio, contradizer o seu próprio comportamento. Põe em causa a
sua credibilidade. Exercício de uma posição jurídica em contradição com uma conduta
antes assumida/proclamada.
Pressupostos:
1. Uma primeira conduta (que se poderá traduzir numa declaração negocial),
entendida como uma tomada de posição vinculante em relação ao futuro e, por
essa razão, geradora de uma situação objetiva de confiança;
2. A boa-fé da contraparte, que justificadamente confiou nessa conduta;
3. Uma segunda conduta, contraditória com a anterior, que frustra a confiança
gerada.
Inalegabilidades formais
Supressio
A inércia, omissão ou não exercício do direito por um período prolongado, sem que
possa sê-lo tardiamente se contundir com os limites da boa fé, constitui uma
expressão ou modalidade especial do “venire contra factum proprium”, conhecida por
supressio.
Tu quoque
A pessoa que viole uma norma jurídica não pode, depois, sem abuso:
Prevalecer-se da situação dai recorrente;
Exercer a posição violada pelo próprio;
Exigir a outrem o acatamento da situação já violada;
Tipo extenso e residual (em última instância) de atuações inadmissíveis, por abuso
contrário a BF. Desproposito entre o exercício questionado e os efeitos derivados:
Exercício danoso inútil (dano sem benefício pessoal);
Dolo agit (exigir o que deve restituir ligo de seguida);
Desproporção vantagem/sacrifício imposto (não pagamento de 1€ de renda);
TUTELA PRIVADA
Legítima defesa
O ato considera-se igualmente justificado, ainda que haja excesso de legitima defesa,
se o excesso for devido a perturbação ou medo não culposo do agente.
Esta ocorre apenas no contexto de uma agressão ilícita atual.
A vida do agredido ou a do agressor, qual deve prevalecer? O direito defende
claramente o agredido. Aquele que se coloca intencionalmente na situação de
agressão perde os seus direitos na situação de legitima defesa.
O contexto da situação deve ser avaliado. O agente deve ser verificado, e a legitima
defesa depende da perigosidade do agressor.
Estado de necessidade
O estado de necessidade:
Suscita a licitude da ação que de outra forma seria ilícita;
Associado á licitude está a responsabilidade civil. Aquele que sacrifica bens
alheios para proteger bens superiores não terá de indemnizar aquele que tem
posse dos bens inferiores. Nesse caso o proprietário paga pelos seus danos.
Mas no caso de o perigo ser causado pelo próprio que depois licitamente age
em estado de necessidade, ao causar danos a outrem, este terá de pagam
pelos mesmos e não o proprietário. Ex.: se eu deixar uma panela ao lume e me
for deitar, há um incendio. Depois eu parto a porta do vizinho para de lá tirar a
mangueira. Eu pago pela porta.
Ação direta
A ação direta possibilita desencadear a ação necessária para que alguém não faça algo.
A lei permite ao titular agir por própria força para acautelar o seu próprio direito.
COISAS
Coisas incorpóreas/imateriais: não tem entidade material, são apenas captadas pela
sensação e inteligência humana. Ex.: obras intelectuais.
Artigo 1344º:
- O espaço aéreo e subterrâneo integram o imóvel.
- Doutrina de Dernburg: o senhorio do proprietário encontra o seu fim natural onde
acaba a possibilidade do domínio humano.
NEGÓCIO JURÍDICO
Todos as situações jurídicas (estáticas, pois a sua alteração provem de factos) são
produto de factos jurídicos (desencadeia eficácia jurídica). Factos jurídicos geram
efeitos jurídicos, sendo estes as suas vicissitudes. Por exemplo, no caso da cessação da
personalidade jurídica, a morte é o facto e a extinção é o efeito.
NJ unilateral: cria obrigações para uma das partes apenas (ex.: testamento).
NJ multilateral: cria obrigações para ambas as partes (ex.: CV, doação).
Encontro de duas vontades: proposta + aceitação.
Contrato: ato jurídico multilateral, cujos efeitos permitem distinguir duas ou
mais partes. Há contratos que não são NJ (ex.: casamento – falta liberdade de
estipulação quanto aos efeitos pessoais) e NJ que não são contratos (ex.:
testamento, unilateral).
Contrato sinalagmático: prestações/obrigações recíprocas (ex.: sinalagma).
Contrato não sinalagmático: prestação para uma das partes apenas.
NJ consensual: conclui-se pelo simples consenso (art. 219º).
NJ real: transmissão de direitos nos quais não é necessária a entrega da coisa
pois já é feita pelo contrato.
NJ real quoad effectum: regra geral – a constituição/modificação/transmissão/
extinção de direitos reais sobre a coisa dá-se por mero efeito do contrato (art.
408º) (ex.: CV).
NJ real quoad constitutionem: exceção – celebração implica tradição da coisa
(ex.: comodato, mútuo, depósito, penhor ou doação de coisa móvel não escrita,
art. 947º). Tradição é formalidade e solenidade, abrangida pelo termo “forma”
do art. 219º – fundamento do carácter excecional deste tipo de NJ real.
NJ oneroso: implica esforços económicos para ambas as partes, o sacrifício
patrimonial é recíproco (art. 939º).
NJ gratuito: esforço económico para uma das partes, vantagem para outra (ex.:
doação).
NJ de administração: não atinge em profundidade uma esfera jurídica.
NJ de disposição: só pode ser praticado pelo próprio titular da esfera jurídica
afetada.
NJ mortis causa: por causa de morte, não só pela celebração do negócio
jurídico por apenas uma das partes. Aquele que visa regular efeitos sucessórios
provenientes da morte de alguém (ex.: testamento e pactos sucessórios).
NJ causal: causa equivale a fonte. Os NJ são em norma causais, pois tem de
haver uma causa para que o NJ produza os seus efeitos. No direito português
admite-se que o contrato produza os seus efeitos mesmo de que o negócio não
tenha causa, e a isso chama-se negócio jurídico abstrato.
Declaração Negocial
Proposta Contratual
Requisitos da proposta:
Completude: partes, objeto e preço. Para que uma declaração negocial valha
como proposta o proponente tem de indicar nela todo o conteúdo que
pretende celebrar.
Intenção inequívoca de contratar: vontade firme e final da realização do
negócio a celebrar.
Forma requerida: A proposta, para ser juridicamente eficaz, tem de satisfazer a
forma de um contrato pretendido.
Faltando um requisito, é mero convite a contratar. Quando eficaz, o
destinatário tem o direito potestativo (ex.: sujeição) de aceitá-la ou não.
MC: período que “em condições normais” deve ser determinado em abstrato e tendo
em conta o meio utilizado (art. 228º). Presume-se receção 3 dias após o registo
(correio normal) ou 2 dias apenas, mais recentemente e mediante argumento
estatístico. Aplicação analógica do art. 254º CPC.
- Correio normal + resposta imediata: 3 dias ida + 3 dias volta = 6 dias. Durante esse
período não se dá a transmissão do direito.
- Correio normal + nada diz: 11 dias (6 + 5)
Extinção da proposta:
Decurso do prazo (caducidade).
Revogação, antes de ser aceite (art.230º).
Aceitação.
Rejeição.
Ilegitimidade superveniente (ex.: venda do bem a outrem) (art. 226º/2).
Requisitos:
Firmeza: concordância total e inequívoca, mesmo que tácita (art. 234º).
Forma exigida: do NJ (art. 232º).
Receção tardia: aceitação só produz efeitos quando a proposta já não é eficaz – não há
contrato (art. 229º) – caducidade da proposta.
Forma da Declaração
Artigo 227º
A lei das cláusulas contratuais aplica-se apenas á parte do contrato com cláusulas
contratuais.
Características:
- Pré-elaboração;
- Ausência de negociação;
- Rigidez;
Necessidade de aceitação:
- Comunicação (art. 5º da LCCG);
- Informação (art. 6º da LCCG);
Formulários usados:
- condições gerais;
- condições especiais;
- condições particulares;
Neste regime temos proibições absolutas e relativas, e caso estas sejam violadas gera-
se:
nulidade total ou parcial (art. 12º);
redução do NJ;
Sendo nula a clausula contratual geral, o NJ não vale parcialmente, no entanto, quando
a clausula afeta todo o NJ, a nulidade passa a ser total.
Conteúdo e Objecto
Objeto: bem ou realidade jurídica sobre o qual incide o contrato. Quid sobre o qual irá
recair a relação negocial.
O negócio jurídico deve ser compreendido no conjunto dos seus elementos, que
integram o conteúdo:
Tipo negocial: conjunto de elementos que são exigíveis para que o negócio seja
identificado, elementos esses uns decorrentes da lei, e outros da vontade das
partes. Equivale ao conjunto dos elementos normativos e voluntários
necessários. Partes elegem um negócio e completam os elementos voluntários
necessários.
Requisitos objetivos do Negócio Jurídico
Objeto lícito: o objeto, conteúdo e fim do negócio têm que ser lícitos – não pode ser
contrário à lei (nos termos do art. 294º - celebrado contra uma disposição legal que
tenha norma imperativa).
Cláusulas Típicas
Estipulações Acessórias ao negócio: elementos acessórios que nada têm a ver com a
conformação essencial do negócio (a sua falta não descaracteriza o negócio enquanto
tal), apenas quando as partes o decidem.
Condição: cláusula contratual típica que vem subordinar a eficácia de uma declaração
de vontade a um evento futuro e incerto (art. 270º).
A lei não admite condições contrárias à lei, ordem pública ou ofensiva dos bons
costumes.
Condição suspensiva impossível ou ilegal: nulo.
Condição resolutiva impossível ou ilegal: considera-se a condição não escrita –
assim tutela-se melhor o interesse da parte que efetuou o negócio e tem
expectativa de ele se continuar a realizar (pois os efeitos estão a dar-se), faz
com que a condição não exista e não paralisa o negócio.
Modo ou Encargo
Sinal
Cláusula Penal
MC: Todo o regime da condição é aplicável ao termo, e não apenas o disposto no art.
278º. A ilicitude do termo também acarreta a ilicitude de todo o NJ.