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Aquisição e Perda da pose – um direito civil e suas teorias

Mauro Cézar Ferrari


Resumo
O artigo foi realizado com o intuito de esclarecer a perda da pose, o modo como a lei
funciona e como se trata os casos que ocorrem o uso deste fundamento. A
problematização encontrada foi que a lei é pouco conhecida pela população e
acabam por não usar deste seu direito e apresentando as teorias que cercam o
tema do artigo. A metodologia usada foi a de pesquisas que garante a veracidade
das informações contidas no artigo.

Palavras-chave: Posse.Perda.Leis.Direitos

Introdução

A aquisição e perda da posse são o eixo central do presente artigo, com o


objetivo de esclarecer todos os pontos da lei e deixa claro a sua funcionalidade
diante a população que acaba por não tem o conhecimento sobre alguns fatos
jurídicos que possam por vez ter um benefício ou um maleficio, mediante a situação
apresentada. A proposta apresentada destaca todos os pontos que são
apresentados na aquisição e perda de posso para que todos possam ter um
conhecimento mínimo dos fatores que constituem esta lei. A aquisição e perda de
posse são dois fatores diferentes, porém, interligados ao mesmo tempo pois fazem
parte do mesmo decreto que se trata Decreto-Lei nº 47 344 de 25-11-1966. A
aquisição da pose se dá por meio quando se torna possível o exercício, em nome
próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. Perde-se a posse quando
se perdem os poderes fáticos sobre a coisa. A perda pode ser voluntária (abandono)
ou involuntária (esbulho). Essas diferenças serão abordadas a partir das subseções
do presente artigo.

1. Conceito de posse

No que diz respeito ao Supremo Tribunal Federal, não há um conceito


definitivo de posse no direito brasileiro, pois conhecemos apenas as características
de posse trazidas por Savigny e Ihering, sendo o conceito de posse muitas vezes
confundido com o conceito de titular.
Portanto, propriedade não deve ser confundida com propriedade. A propriedade
baseia-se numa relação jurídica, enquanto a posse baseia-se numa relação de fato.

2.Aquisição da posse- observações gerais


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Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício,


em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. A posse pode
ser adquirida:
I - Pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II - Por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.
TRANSMISSÃO. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do
possuidor com os mesmos caracteres. O sucessor universal contínua de direito a
posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do
antecessor, para os efeitos legais não induzem posse os atos de mera permissão ou
tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou
clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
IMÓVEL – VINCULAÇÃO- A posse do imóvel faz presumir, até prova
contrária, a das coisas móveis que nele estiverem.
A propriedade direta e a propriedade indireta podem ser consideradas
ramificações da propriedade. A posse direta e a posse indireta estão
regulamentadas no artigo 1.197 do Código Civil de 2002. A grande vantagem desse
desenvolvimento é que ambos os titulares podem usar proibições de posse para
proteger sua posse de terceiros.
Pode-se dizer que a propriedade direta e indireta coexiste e não são
mutuamente exclusivas. Um proprietário direto é aquele que possui a posse em
virtude de um direito pessoal ou real. São proprietários diretos, entre outros:
usufrutuário, usuário, titular do direito real de habitação, potencial comprador,
locatário, locatário, depositário, empreiteiro, construtor, titular do direito de retenção.
Um proprietário indireto, por outro lado, refere-se a um indivíduo que garantiu a
propriedade direta. Os proprietários indiretos são, entre outros: proprietário, locador,
principal.
Conforme afirmam Tito Fulgêncio e Marco Aurélio da Silva Viana (2015), a
divisão da titularidade é temporária, ou seja, a titularidade direta será restituída a
quem a garantiu a terceiro, com a extinção do direito real/ certo na personalidade.
Também vale a pena notar que a posse direta pode existir sem a necessidade
de posse indireta. Exemplos: quando um senhorio aluga uma casa e o inquilino
morre ou sai da casa (Pontes de Miranda apud Fulgêncio e Viana, 2015); bem como
quando o titular ou proprietário exerce direitos de propriedade. Deve-se notar
também que tanto os titulares diretos quanto os indiretos podem usar proibições de
apropriação uns contra os outros quando se sentem ameaçados e precisam
defender sua propriedade. As medidas cautelares são ações de detenção que são
regidas pelos artigos 554 a 568 do Código de Processo Civil de 2015.
Posse justa e posse injusta - justa está definida no artigo 1200.º do Código
Civil de 2002. a posse equitativa é aquela que não é à força, secreta ou insegura,
enquanto a posse abusiva é aquela que apresenta vício de posse, ou seja, um
vício/ato ilícito. na origem da posse. Os três vícios da propriedade são: coerção
(força física ou moral), dissimulação (propriedade oculta e fraudulenta) e
precariedade (abuso de confiança).
Segundo Gustav Tepedin et al. (2020, p. 41) “os vícios de propriedade
assumem caráter relativo, ou seja, só podem ser afirmados pelo proprietário
agredido face a face com o agressor (ad adversarium), para que não produzam
efeitos erga omnes ". Mesmo que o contrabandista esteja sujeito às proibições de
posse propostas pelo detentor capturado, ele pode defender seus bens na justiça. A
posse forçada ocorre quando uma coisa é tomada à força contra a vontade da
pessoa que a possuía.
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A violência consta do artigo 1.208 do Código Civil de 2002. Para Tepedino et


al. (2020) a posse forçada nem sempre pressupõe agressão física, pois a coação
moral também destrói a posse. Há uma situação em que o dono se sente ameaçado
e deixa a coisa antes mesmo de sofrer agressão física. O sigilo está regulamentado
no artigo 1.208 do Código Civil de 2002. Pode-se dizer que o sigilo está relacionado
à origem, não à posse. Como afirmam Farias e Rosenvald (2014), a posse secreta é
adquirida de forma encoberta por quem a detém atualmente, ou seja, sem
publicidade ou ostentação, ainda que a ocupação seja eventualmente verificada por
outras pessoas. O segredo não pode ser confundido com a retenção da coisa depois
de abandonada pelo proprietário.
Posse de boa e má fé.- A posse de boa-fé está regulamentada no artigo 1.201
do Código Civil de 2002. A posse desleal pode ser considerada de boa-fé ou de má-
fé. Segundo Tepedino. (2020), quando um indivíduo adquire um bem e imagina que
o possui, ele o possui de boa fé. Nessa situação, o proprietário acredita que possui
um título que legitima sua propriedade. Caso contrário, você está lidando com o
proprietário de má fé. A posse equitativa é geralmente a posse de boa-fé. No
entanto, como não há vínculo de simetria obrigatório entre posse de boa-fé/má-fé e
posse leal/má-fé, nem sempre os vícios subjetivos e os vícios objetivos serão
conciliados. Dessa forma, é possível que uma posse de boa-fé qualificada de má-fé
coexista lado a lado. Além disso, nada impede que a posse seja qualificada como
abusiva e de boa-fé (FARIAS; ROSENVALD, 2014).
No que diz respeito à prática jurídica, pode-se dizer que a posse de boa-fé e a
posse de má-fé são fundamentais em matéria de direito a frutos e produtos, bem
como na reparação de danos causados a coisas, no direito de retenção e posse
(AQUINO, 2013).Posse com título equitativo e posse sem mero título.Com base no
Dicionário Jurídico desenvolvido por Sida et al. (2016, p. 351), o título justo refere-se
a “uma forma legítima de aquisição de bens imóveis ou móveis independentemente
do ato de transmissão da propriedade”.
De acordo com o artigo 1.201, parágrafo único, do Código Civil de 2002, o
legítimo proprietário tem presunção de boa-fé, salvo prova em contrário ou a lei
expressamente permitir essa presunção; quanto à posse sem equidade, pode-se
dizer que ocorre nas situações em que o comitente, confiando no seu agente, pensa
estar perante a posse equitativa sem verificar a origem do título de aquisição.
Aquisição de propriedade na forma originaria -Se a posse de coisa móvel ou
imóvel for adquirida pela forma originária, seu titular não a tira de ninguém. Não
existe agência de tradução. Durante a aquisição originária da posse, não há
transferência da posse de um titular para outro, em virtude da aquisição unilateral,
bastando a mera apreensão da coisa pelo titular. Na forma originaria, a aquisição da
posse independe do acordo (manifestação de vontade) de outra pessoa.
Ao contrário do modo originário, se a aquisição da posse se der pelo modo
derivado, o adquirente vai recebê-la com todos os vícios ora existentes nas mãos do
transmitente. Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o
mesmo caráter com que foi adquirida.
O Código Civil Brasileiro, em consonância com a teoria de Ihering, em seu
artigo .1196, determina que o simples ato de usar algo, zelar por algo sem pretender
possuí-lo, agir como se fosse o proprietário, já confere a característica de posse. A
propriedade adquire-se quando é possível exercer, em nome próprio, o bem
postulado.
O ato mais comum de aquisição de posse é a tradição, que é um ato bilateral,
manifestado pelo ato de entregar materialmente a própria coisa, ou por sua possível
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transferência. Uma tradição pode ser simbólica quando é representada por um ato
que traduz alienação, como entregar as chaves de uma casa ou de um carro
vendido. Não foram entregues materialmente, mas simbolicamente, o que indica a
finalidade da entrega do item.
Na linguagem popular e cotidiana, os termos propriedade e propriedade são
usados frequentemente como equivalentes, embora não, como será mostrado mais
adiante. Normalmente, o dono da coisa é tanto o possuidor quanto o possuidor.
No entanto, a partir do momento em que a posse e a propriedade são
separadas, é uma característica distintiva ainda é totalmente visível aos olhos dos
cidadãos sem conhecimento jurídico. Segundo Rudolf Von Jhering (1999, p. 12),
a posse é simplesmente o poder de fato. Para Washington de
Barros Monteiro (2003, p. 19), a posse “é o exercício de fato dos poderes
constitutivos do domínio, ou propriedade, ou de algum deles somente, como
no caso de direito real sobre a propriedade alheia.” Do mesmo modo,
Pontes de Miranda (apud MORAES, 2006, p. 576) articula que: A posse é o
poder de fato, em que acontece poder, e não necessariamente ato de
poder. [...] A posse é poder, pot-sedere, possibilidade concreta de exercitar
algum poder inerente ao domínio ou à propriedade. [...] Rigorosamente, a
posse é o estado de fato de quem se acha na possibilidade de exercer
poder como o que exerceria quem fôsse proprietário ou tivesse, sem ser
proprietário, poder que sói ser incluso no direito de propriedade („usus,
fructus, abusus‟).

3.A perda da posse.

A propriedade é perdida quando o domínio realmente deixa de ser exercido.


Perdem-se as condições reais de exercício da posse e a possibilidade de exercer os
direitos reais de propriedade.
De acordo com o artigo 1.223 CC/02, a perda da posse exercida sobre algo
ocorre quando o proprietário deixa de exercer o poder de domínio de fato sobre a
coisa, ainda que contra sua vontade. A perda de posse por abandono ocorre quando
o proprietário se afasta intencionalmente do imóvel para se livrar de sua
acessibilidade física e não exerce mais nenhuma atividade de propriedade sobre o
mesmo.
A tradição, além de meio de aquisição de posse, pode levar à sua extinção; é
a perda de transmissão.
A perda da própria coisa ocorre quando é absolutamente impossível encontrá-
la, de modo que não pode mais ser usada economicamente.
A destruição do bem resulta de um evento natural ou acidental, de ações do
próprio titular ou de terceiros; for necessário que o bem se torne definitivamente
inutilizável e impossibilite o titular de exercer o poder de usar economicamente os
bens; seu simples dano não significa perda de posse.
A perda em razão da inalienabilidade de uma coisa ocorre porque ela foi
excluída do comércio por motivos de ordem pública, moralidade, higiene ou
segurança coletiva e, portanto, não pode ser possuída porque não é possível
exercer os poderes de domínio próprio. exclusivamente.
Verifica-se a perda por posse de outrem mesmo contra a vontade do
proprietário, se não tiver sido preservada ou restaurada no momento pertinente; a
inércia de um proprietário espoliado ou espoliado no exercício da sua posse, que
permite transcorrer o prazo de um ano e um dia, resulta na perda da sua posse,
conduzindo a uma nova posse a favor de outro.
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A perda da posse pode ocorrer de diferentes formas, por exemplo, pela


impossibilidade de seu exercício, isto porque a impossibilidade física ou jurídica de
possuir um bem leva à impossibilidade de exercer sobre ele os poderes inerentes ao
domínio; pela prescrição, de modo que, se a posse de um direito não se exercer
dentro do prazo previsto, tem-se, por consequência, a sua perda para o titular. A
perda da posse para o ausente se configura quando, tendo notícia da ocupação, se
abstém o ausente de retomar o bem, abandonando seu direito; quando, tentando
recuperar a sua posse, for, violentamente, repelido por quem detém a coisa e se
recusa, terminantemente, a entregá-la.
É possível declarar que a posse pode ser perdida à vontade ou contra a
vontade do seu titular. Desta forma poderíamos ilustrar a perda da propriedade na
hipótese de abandono, tradição ou mesmo com base na extinção do bem.
No abandono, o proprietário se afasta intencionalmente do bem com o
objetivo de não mais ter acesso físico a ele ou realizar qualquer ato de propriedade.
A renúncia à posse nem sempre conduz à posse definitiva do imóvel, como é o caso
de um cidadão que, ao naufragar, atira objetos ao mar com o objetivo de os
recuperar posteriormente. A propriedade é abandonada, mas não a propriedade.
Além disso, o não uso temporário não leva ao abandono, como é o caso dos
cidadãos que possuem uma casa de praia e só a utilizam no verão. No inverno,
tecnicamente não há abandono, apenas destruição. Tradicionalmente, um bem é
transferido com a intenção de não mais mantê-lo em sua posse, por exemplo, por
meio de um presente. Quanto à perda de uma coisa, ela se configura quando não
pode mais ser encontrada, como uma joia perdida no fundo do mar ou um cachorro
que fugiu e nunca foi encontrado.
Ressalta-se que além das hipóteses aqui citadas, existem outras sobre a
perda da propriedade, como a privação de um bem por não uso por posse de
outrem. Por fim, sempre um estudo de caso em que o proprietário não consegue
aplicar, como no passado, o comportamento de seu dono.

4. teorias da posse- teoria subjetiva

Abordaremos primeiro a teoria subjetiva defendida por Savigny, alemão que


publicou seu clássico “Tratado da Propriedade” aos 24 anos. Sua maior força era o
fato de entender a posse como instituição autônoma, como direitos derivados
exclusivamente de it-ius propertyis. (GONÇALVES, 2012, p. 36).
Para Savigny, a posse é caracterizada pela combinação de dois elementos:
Corpus, elemento objetivo que consiste na retenção física de uma coisa, e animus,
elemento subjetivo que seria a intenção de ter a coisa para si e defendê-la da
usurpação. por outra pessoa. Nesse sentido, o locatário, depositário e demais
entidades em situação análoga sem animus domini não seriam proprietários, mas
meros titulares, pois não pretendem tornar-se proprietários da coisa. A posse para
Savigny é um estado de fato, porém, para definir o grau de proteção concedido à
propriedade em relação ao seu proprietário, foi necessário analisar se ele possui
animus domini, ou seja, a vontade de possuí-la. Com isso em mente, sua teoria ficou
conhecida como subjetiva, pois era necessário examinar a intenção do agente.
Animus domini é, portanto, o fator responsável por distinguir os conceitos de
posse e retenção, pois o uso de uma coisa sem o desejo de possuí-la não cria
posse, mas mera retenção. O locatário, o usufrutuário e o locatário não estariam,
portanto, estabelecendo uma relação de propriedade e, portanto, não poderiam
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tomar as medidas competentes para proteger os bens que possuem nessas


situações. Este é um ponto de forte crítica a essa teoria.
Tanto os conceitos de corpus quanto de animus sofreram mutações na
própria teoria subjetiva. O primeiro pensava inicialmente no simples contacto físico
com a coisa, depois na mera possibilidade de aplicar este contacto, tendo a coisa
sempre disponível. Além disso, o conceito de animus evoluiu para incluir não apenas
o domínio, mas também os direitos reais, sustentando a possibilidade de
propriedade sobre os intangíveis.
A inserção do elemento vontade caracteriza o nome da teoria como subjetiva.
Apesar dos avanços que Savigny apresentou, a imposição do elemento de vontade
apresentado é o motivo da maior crítica que lhe foi feita.
Ocorre que o animus é um elemento íntimo e de difícil comprovação ou
percepção, o que causa constrangimento às ações que visam proteger o direito
relevante No Brasil, por exemplo, a teoria de Savigny é usada para explicar
usucapiendo a usucapião, pois basta ter a coisa com vontade de ser o proprietário
para ter acesso aos interditos e se beneficiar da usucapião.

4.1 teoria da posse- teoria objetiva

Ihering foi um crítico ferrenho da Teoria Subjetiva de Savigny e desenvolveu


sua teoria da propriedade em "O Espírito do Direito Romano", onde viu a
propriedade como uma externalização do domínio. E isso independentemente do
elemento subjetivo que Savigny traz, que é o desejo de possuir.
Assim, a posse ocorre quando o proprietário detém a coisa no exercício de
seus próprios poderes de propriedade, razão pela qual sua teoria ficou conhecida
como teoria objetiva, pois a intenção do proprietário (animus domini) pouco importa
para caracterizar a posse. O que é decisivo é o comportamento do dono diante da
coisa, ou seja, o comportamento do dono.
E essa ação do proprietário pode ser analisada objetivamente verificando se o
proprietário age como o proprietário costuma agir, ou seja, sem a necessidade de
julgar a intenção do agente. Nesse sentido, se um agricultor deixa sua colheita no
campo, embora não a tenha fisicamente, ele mantém a posse dela. Porque é a
atitude natural do proprietário em relação à lavoura. No entanto, um agente que
também deixa uma joia no campo deixa de reter a propriedade, pois essa não é a
atitude típica do proprietário (Sílvio Rodrigues, Direito Civil, v.5, p. 18). A posse é,
portanto, o uso econômico de uma coisa e, portanto, precisa ser protegida.
Ihering continua dando mais exemplos para fortalecer sua teoria, como o caso
dos pássaros presos em uma armadilha, materiais de construção ao lado de uma
casa em construção e uma cigarreira com charutos. Ele argumenta que o homem
comum saberá que tanto os pássaros quanto o material de construção estão nessa
situação não porque estão perdidos, mas porque o dono optou por mantê-los ali,
pois essa é uma situação normal entre o dono e a coisa. Uma cigarreira, se
encontrada no mesmo local dos itens acima, será considerada perdida, pois não é
comum que permaneça lá. Segundo ele, isso mostra que mesmo uma pessoa
simples aplica a justificação da posse de acordo com a finalidade econômica da
coisa. Hering também distinguiu entre posse direta e indireta, entendendo que posse
e propriedade eram externalizadas da mesma forma. O proprietário é aquele que
tem o poder real sobre a coisa e o proprietário é aquele que tem o poder de jure.
Tanto os poderes de fato quanto os de jure podem ser concentrados em uma
pessoa.
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Ihering, ciente de que é o comportamento do proprietário que determina a


ocorrência ou a não posse de um objeto por um objeto, declara que o que
transforma tal relação em mera posse são impedimentos legais. Ou seja, quando a
lei estabelece que determinadas situações são retenções e não posses, tratando
assim das retenções de posse prejudicada.
Fica claro que o Código Civil de 2002 adota a teoria objetiva de Ihering
quando, em seu artigo 1.196, considera como proprietário aquele que exerce um dos
poderes dos proprietários, ou seja, o próprio proprietário se comporta. E o código
também aponta expressamente situações em que este comportamento do
proprietário constitui detenção e espoliação, quando no seu artigo 1198. ele é. A arte
também. 1.208 do Código Civil, que considera detenção os atos de mera permissão
ou tolerância, bem como atos violentos ou secretos.

4.2 teorias da posse- teoria metodológica

Desenvolvida, entre outros, por Silvio Perozzi, Raymond Saleilles e


Hernandez Gil, a teoria sociológica defende que a posse existe quando a sociedade
atribui ao sujeito o exercício da posse. Aquele que der a destinação social ao bem
da vida será o possuidor. Sua teoria preconiza que a posse tem autonomia em face
da propriedade.
A Constituição Federal de 1988 , no inciso XXIII, do art. 5, consagra a função
social da propriedade: a propriedade atenderá a sua função social.
Perozzi entende que a desistência de terceiros diante de uma situação é o que
legitima a posse.
Para Saleilles o possuidor é aquele que manifesta a independência econômica
para, por exemplo, arcar com a manutenção e sustentabilidade da coisa.
Já Gil acredita que a propriedade deve servir a propósitos coletivos.
Visando adaptar o nosso Código Civil à Teoria Sociológica, bem como aos conceitos
de função social da posse e da propriedade presentes na Constituição Federal e
legislações esparsas, ainda em 2002, quando foi publicada a Lei 10.406/2002,
apresentou-se na Câmara dos Deputados, por iniciativa do então Deputado Ricardo
Fiúza. De modo geral, o instituto da usucapião em nosso ordenamento jurídico inclui
o conceito de animus domini do proprietário, conforme definido por Savigny, como
insuficiente effectio tenendi, que é uma importante concessão de nosso
ordenamento jurídico à teoria subjetiva, a partir da qual os legisladores do Código de
2002 não conseguiu se desconectar.
Segundo Maria Helena Diniz[12], o animus domini é um elemento psicológico
da usucapião, e o objetivo de analisar esse elemento seria justamente evitar a
possibilidade de usucapião pelos agentes da usucapião.
Além disso, note-se que a Teoria da Função Social é aplicada nos casos de
encurtamento de prazos no caso de posse extremamente desfavorável de bem
imóvel, quando a posse prolongada pode ser abreviada de 15 (quinze) anos para 10
(dez) anos. anos, desde que a finalidade social, ou seja, a função social do cargo,
nos termos do artigo 1.238, parágrafo único, do Código Civil. Nos casos de
aquisição de bens por usucapião ordinária de bens imóveis, aplicar-se-á também a
redução dos prazos que exigem a comprovação da propriedade honesta e da boa-
fé, podendo o prazo ser reduzido de 10 (dez) anos para 5 (cinco) anos. desde que
respeitada a função social da posse, com base no artigo 1.242 do parágrafo único
do Código Civil. Por meio dessa análise, pode-se observar que a Constituição de
1988, em suas considerações sobre o desenvolvimento do abuso de direito, traz
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para seu cerne a função social da propriedade. A propriedade, que vem da segunda
geração de direitos fundamentais, tem uma estreita ligação com os direitos coletivos.
Em suma, fornece o pano de fundo para uma série de normas e atitudes estatais
que fornecem uma designação de propriedade útil que valoriza a desapropriação,
reduz o tempo de usucapião e incentiva o comportamento que confere utilidade à
propriedade.

5. Aplicação das teorias da posse no instituto da usucapião

A teoria aplicada em nosso ordenamento jurídico costuma ser a teoria objetiva


de Ihering, conforme consta no artigo 1.196 do Código Civil de 2002[11]: Arte. 1.196.
Considera-se proprietário quem exerça efetivamente, de forma plena ou não,
qualquer dos poderes inerentes ao imóvel. O Código Civil de 2002, assim como o
Código de 1916, porém, nos artigos referentes à usucapião, estabelece um ponto de
contato, uma intervenção entre a teoria objetiva e a teoria subjetiva, o que pode ser
notado, por exemplo, no artigo 1.238 .
No caso da usucapião, nosso ordenamento jurídico, com exceção da teoria
objetiva, exige a intenção de possuir a coisa como titular para aquisição, por isso é
necessário examinar o animus do titular em um caso concreto.
De modo geral, o instituto da usucapião em nosso ordenamento jurídico inclui
o conceito de animus domini do proprietário, conforme definido por Savigny, como
insuficiente effectio tenendi, que é uma importante concessão de nosso
ordenamento jurídico à teoria subjetiva, a partir da qual os legisladores do Código de
2002 não conseguiu se desconectar. Além disso, note-se que a Teoria da Função
Social é aplicada nos casos de encurtamento de prazos no caso de posse
extremamente desfavorável de bem imóvel, quando a posse prolongada pode ser
abreviada de 15 (quinze) anos para 10 (dez) anos. anos, desde que a finalidade
social, ou seja, a função social do cargo, nos termos do artigo 1.238, parágrafo
único, do Código Civil.
Nos casos de aquisição de bens por usucapião ordinária de bens imóveis,
aplicar-se-á também a redução dos prazos que exigem a comprovação da
propriedade honesta e da boa-fé, podendo o prazo ser reduzido de 10 (dez) anos
para 5 (cinco) anos. desde que respeitada a função social da posse, com base no
artigo 1.242 do parágrafo único do Código Civil.
Por meio dessa análise, pode-se observar que a Constituição de 1988, em suas
considerações sobre o desenvolvimento do abuso de direito, traz para seu cerne a
função social da propriedade. A propriedade, que vem da segunda geração de
direitos fundamentais, tem uma estreita ligação com os direitos coletivos. Em suma,
fornece o pano de fundo para uma série de normas e atitudes estatais que fornecem
uma designação de propriedade útil que valoriza a desapropriação, reduz o tempo
de usucapião e incentiva o comportamento que confere utilidade à propriedade.
Acreditamos que é necessário combinar a propriedade com o princípio da função
social, porque é precisamente isso que dá às coisas uma utilidade real. Seria difícil
vincular positivamente a posse com a função, pois o conteúdo desse instituto ainda
é material e não legal. O STF já reconheceu a necessidade da posse e da
propriedade para a manutenção do meio ambiente equilibrado, em valorização do
princípio da função social, vejamos um breve trecho desta decisão:
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PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. AUSÊNCIA DE


PREQUESTIONAMENTO. INCIDÊNCIA, POR ANALOGIA, DA SÚMULA 282 DO
STF. FUNÇÃO SOCIAL E FUNÇÃO ECOLÓGICA DA PROPRIEDADE E DA
POSSE. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. RESERVA LEGAL.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA PELO DANO AMBIENTAL. OBRIGAÇÃO
PROPTER REM. DIREITO ADQUIRIDO DE POLUIR. ...3 Décadas de uso ilícito da
propriedade rural não dão salvo-conduto ao proprietário ou posseiro para a
continuidade de atos proibidos ou tornam legais práticas vedadas pelo legislador,
sobretudo no âmbito de direitos indisponíveis, que a todos aproveita, inclusive às
gerações futuras, como é o caso da proteção do meio ambiente.

Considerações finais

O objetivo deste artigo foi mostrar a evolução das teorias que tentaram explicar o
conceito de posse e como esses estudiosos influenciaram a sociedade para
garantir a melhor forma de proteger esse instituto tão importante para o Direito, que
é o direito de propriedade. Concluímos este trabalho consolidando o entendimento
de que as teorias de Savigny e Jhering ainda são aplicadas pelo ordenamento
jurídico brasileiro, fica claro que quando CC/02 adotou a teoria de Jhering em
termos de usucapião, a teoria de Savigny foi adotada. às teorias devemos
acrescentar a avaliação jurídica que o princípio da função social traz. Para a
melhor adequação das teorias possessórias, é necessário adaptá-las a uma nova
hermenêutica constitucional que respeite os princípios e reconheça a dignidade da
pessoa humana como centro do ordenamento jurídico.
Tanto o discurso de Savigny quanto o de Jhering sobre a conceituação da
propriedade hoje não podem ser firmados em sua literalidade, o que acaba por
determinar a aceitação em nível dogmático de uma das teorias com concessões
em certos pontos à teoria concorrente.

Referências
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COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil, volume 4: Direito das Coisas. p. 52. 4.
Ed. São Paulo: Saraiva, 2012
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direitos Reais. p. 14. 7. Ed, v.
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TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: volume único. p. 715. São Paulo: Método,
2011.
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REsp 948921 / SP. RECURSO ESPECIAL 2005/0008476-9 Relator(a) Ministro


HERMAN BENJAMIN (1132). Data do Julgamento 23/10/2007. Disponível em:
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DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, 4º vol.: Direito das Coisas. 17
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