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2. Conceito de posse
O conceito de posse, no direito positivo brasileiro,
deve ser compreendido a partir do art. 1.196 do Código
Civil, in verbis:
CC, art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que
tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos
poderes inerentes à propriedade.
Note-se que a noção de posse é dada a partir da
definição de propriedade apresentada no art. 1.228 do
Código, onde estão previstas as faculdades do proprietário
sobre a coisa que lhe pertence.
O conceito de posse torna-se inteligível a partir da
noção de possuidor apresentada no art. 1.196. Portanto,
pode-se dizer que posse é o exercício de fato, pleno ou
não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e
dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem
quer que injustamente a possua ou detenha.
Proprietário = faculdade de:
usar
gozar
dispor (alienação, doação, gravar de ônus reais)
reaver (direito de sequela/ius persequendi. Ver: CC, art.
1.228, caput, in fine).
Observação:
a) Jus possessionis ou posse autônoma: Se alguém se
mantem, pacificamente, em um imóvel, continuamente e
sem oposição, cria uma situação possessória, que lhe
proporciona direito à proteção da posse.
b) Jus possidendi ou posse causal: que é a posse titulada.
Em ambos os casos, é assegurado o direito à proteção
dessa situação contra atos de violência, para garantir a paz
social.
3. Teorias sobre a posse
a) TEORIA DE SAVIGNY, denominada pela doutrina
“TEORIA SUBJETIVA”, em Tratado da Posse (Das Rechtdes
Besitzes, 1893), afirma o autor que a posse se constitui de
dois elementos:
Corpus – elemento objetivo que consiste na detenção física
da coisa; “Faculdade real e imediata de dispor fisicamente
da coisa, e de defendê-la das agressões de quem quer que
seja” (Savigny apud Caio Mário da Silva Pereira, 2007: 18).
Animus – elemento subjetivo, que significa a intenção de
ser dono da coisa e de defendê-la contra a intervenção de
outrem (animus domini ou animus REM sibi habendi). Se
não ocorrerem os dois elementos, há, neste caso, mera
detenção, e não posse.
b) TEORIA DE RUDOLF von IHERING, também denominada
“TEORIA OBJETIVA”, em Teoria Simplificada da Posse,
preleciona o referido autor que o animus já está contido
no corpus, que significa conduta de dono.
Esta pode ser analisada objetivamente, sem a
necessidade de verificar a intenção do agente. A posse
consiste na exteriorização da propriedade, na visibilidade
do domínio e no uso econômico da coisa.
O Código Civil brasileiro adotou essa teoria, nos
termos do art. 1.196.
Para Savigny, o locatário, o usufrutuário, o
arrendatário e o comodatário são detentores e não
possuidores, por isso não têm direito às ações
possessórias.
Para Ihering, ao contrário, os mesmos são
possuidores (posse direta) e podem utilizar as ações
possessórias, mesmo que seja contra o proprietário (posse
indireta).
É o que está previsto no art. 1.197 do Código Civil
pátrio.
Fenômeno jurídico do desdobramento da posse: