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DIREITO CIVIL V – POSSE

DIREITO DAS COISAS

Coisa – tudo aquilo que pode ser apropriado pelo homem.

1. Conceito: é o complexo de normas reguladoras das relações jurídicas concernentes aos


bens corpóreos suscetíveis de apropriação pelo homem.
Regula a relação entre pessoa e coisa.

Coisa é o gênero do qual bem é espécie. É tudo que existe objetivamente, exceto o
homem. Coisas são bens corpóreos. Bens são coisas que, por serem úteis e raras, podem
ser objeto de apropriação e contém valor econômico.

2. Conteúdo:
a) Posse (art. 1.196);
b) Direitos Reais (art. 1.225).

3. Distinção entre direitos reais e direitos pessoais:

Deve obedecer aos critérios legais.

a) Direito real: poder jurídico, direto e imediato, do titular sobre a coisa, com exclusividade e
contra todos.

O Direito Real é o que afeta direta e imediatamente a coisa. Tem como elementos essenciais o
sujeito ativo a coisas e a relação ou poder do sujeito sobre a coisa (domínio).

Cria vínculo jurídico entre a pessoa e a coisa; A publicidade é um requisito (ex.: registro de
imóveis); Propriedade cria vínculos; Se não houver vínculo, a relação passa a ser obrigacional.

b) Direito pessoal: consiste numa relação jurídica pelo qual o sujeito ativo pode exigir do
sujeito passivo determinada prestação.

Constitui relação de pessoa a pessoa e tem, como elementos o sujeito ativo, o sujeito passivo e a
prestação.

Quem tem o vínculo de direito real com a coisa é quem tem a propriedade; caso não haja vínculo
jurídico, tem apenas a posse e não propriedade (vínculo pessoal).

4. Teoria Geral da Posse

Noções Conceituais

 Propriedade (direito maior) – vínculo jurídico real; art. 1228 (direito de usar, gozar e dispor);
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer
que injustamente a possua ou detenha.

 Posse (direito menor) – art. 1196; uso de fato;


Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse
em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à
outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.

 Detenção – exercício da posse em nome de outra pessoa. (art. 1198).

Da Posse e sua classificação

1. Conceito.

Posse é o exercício de fato, do uso, gozo e disposição da coisa.

Possuidor só pode mover ação possessória; diferente de reivindicação;

Posse é situação de fato;

Natureza jurídica da Posse – Direito de fato/pessoal;


Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à
propriedade.

2. Teorias da Posse:
2.1. Teoria subjetiva – Frederich Carl Von Savigny;

Animus domini + corpus = posse; Vontade de ser dono + contato físico com a coisa;

Nesta teoria a posse caracteriza-se pela conjugação de dois elementos: o corpus, elemento
objetivo que consiste na detenção física da coisa, e o animus, elemento subjetivo que se encontra
na intenção de exercer um poder sobre a coisa, no interesse próprio, e de defende-la contra a
intervenção de outrem. É a vontade de tê-la como sua (animus domini), de exercer o direito de
propriedade como se fosse seu titular.

Ambos os elementos são essenciais, pois se falar o animus ou corpus, a posse inexiste, e passa
a ser uma mera detenção.

2.2. Teoria objetiva – Rudolf Von Ihering

Os elementos estarão interligados para uma relação jurídica, com finalidade econômica ou social

.Para esta teoria os elementos citados acima não estão separados. Basta o corpus para a
caracterização da posse. Mas neste caso, a expressão corpus, significa conduta de dono. Ou
seja, tem posse quem se comporta como dono, e nesse comportamento já está incluído o
animus; vontade de agir como habitualmente faz o dono. Independente de querer ser dono.

3. Classificação da Posse:

a) Direta e Indireta
i. Direta – contato físico/direto com a coisa;
ii. Indireta – desdobramento da posse;

O proprietário ou titular do direito real sobre a coisa pode usar e gozar da coisa objetivo de seu
direito, direta e pessoalmente, mediante o exercício de todos os poderes que informam seu
direito. Exercendo sua posso direta.
Pode acontecer que, por negócio jurídico, transfira a outrem o direito de usar a coisa, podendo
dá-la em usufruto, comodato, etc. Nesse caso, a posse se dissocia; o titular do direito real fica
com a posse indireta, enquanto que o terceiro fica com a posse direta.

b) Justa e Injusta
i. Justa é a posse isenta de vícios, que foi adquirida legitimamente, sem vício
jurídico externo.
ii. Injusta é a posse que foi adquirida viciosamente, por violência, clandestinidade
ou por abuso do precário.

É violenta a posse de quem toma o objetivo de alguém; é clandestina a posse quando o


agente furta um objeto ou ocupa um imóvel as escondidas; é precária a posse do
agente que se nega a devolver a coisa, findo o contrato.

c) Boa-fé e má-fé
i. Da posse de boa-fé decorre a consciência de ter adquirido por meios legítimos.
Se ignora a existência de vício na aquisição da posse, ela é de boa-fé;
ii. Se o vício é de seu conhecimento, a posse é de má-fé.

d) Nova e Velha
I. Posse nova é a de menos de ano e dia.
II. Posse velha é a de ano e dia ou mais

e) Natural, Civil e Jurídica:


i. Posse natural é a que se constitui pelo exercício de poderes de fato sobre a
coisa.
ii. Civil ou jurídica é a que se adquire por força de lei, sem necessidade de atos
físicos ou apreensão material da coisa.

f) Interdicta e usucapionem
i. Interdicta é a posse que pode ser defendida pelos interditos, ou seja, pelas ações
possessórias, quando molestada, mas não conduz à usucapião.
O possuidor, como locatário, por exemplo, vítima de ameaça ou de efetiva turbação
ou esbulho, em a faculdade de defendê-la ou de recupera-la pela ação possessória
adequada até mesmo contra o proprietário.
Para ser protegida, basta que a posse seja justa, sem vícios.

ii. Posse ad Usucapionem é a que se prolonga por determinado lapso de tempo


estabelecido na lei, deferindo ao seu titular a aquisição do domínio. É, em suma,
aquela capaz de gerar direito de propriedade.

g) Exclusiva, composse e paralelas.


i. Exclusiva é a posse de um único possuidor. Uma única pessoa tem sobre a mesma
coisa, posse plena, direta ou indireta.
ii. Composse, quando duas ou mais pessoas exercem simultaneamente os poderes
possessórios sobre a coisa.
iii. Paralela, quando ocorre posses múltiplas, ou seja, concorrência ou sobreposição de
posses (existência de posses de natureza diversa sobre a mesma coisa).
Aquisição, transmissão e perda.

1. Aquisição (1204 e 1205)

Exercer uso, gozo e disposição.

“Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de
qualquer dos poderes inerentes à propriedade”.

A sua aquisição pode concretizar-se, portanto, por qualquer dos modos de aquisição em geral,
como, exemplificativamente, a apreensão, o constituto possessório e qualquer outro ato ou
negócio jurídico, a título gratuito ou oneroso, inter vivos ou causa mortis.

2. Transmissão (1203, 1206 e 1207)

Sendo objetiva, se transfere nos mesmos caracteres.

a) Sucessão singular – através de contratos (faculdade de somar o tempo de posse);


b) Sucessão universal – causa mortis (soma o tempo de posse);

3. Perda (1223 e 1224)

Perde-se a posse das coisas por: abandono, tradição, perda propriamente dita da coisa, pela
destruição da coisa, pela colocação da coisa fora do comércio, pela posse de outrem.

“Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder
sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196”.

ELLEN

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