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DOS EFEITOS DA POSSE

Dentre os principais efeitos da posse, verifica-se:

a) A proteção possessória, abrangendo a autodefesa e a invocação de interditos;


b) A percepção de frutos;
c) A responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa;
d) A indenização pelas benfeitorias e o direito de retenção
e) Usucapião;

Proteção Possessória

1. Esbulho (retirada)

Ação: Reintegração de Posse

Pedido: Restituição da posse

O possuidor se vê privado da posse mediante violência, clandestinidade ou abuso de confiança.

A perda resulta de violência, ou outro vício como a clandestinidade ou precariedade.

2. Turbação (perturbada)

Ação: Manutenção da posse

Pedido: Ser mantido na posse

Turbação é todo ato que embaraça o exercício da posse.

3. Justo receio de ser molestado

Ação: Interdito proibitório

Pedido: Cominação de multa

Tem caráter proibitório, visa impedir que se concretize a ameaça.

Formas:

A proteção conferida ao possuidor é o principal efeito da posse. Dá-se de dois modos:

a) Desforço imediato ou legítima defesa (autotutela, autodefesa ou defesa direta) – o


possuidor pode manter ou restabelecer a situação de fato pelos seus próprios recursos;
Não pode haver excesso;
Art. 1.210, §1º, CC.

Quando o possuidor se acha presente e é turbado no exercício de sua posse, pode reagir,
fazendo uso da defesa direta, agindo, então, em legítima defesa. A legítima defesa ocorre
enquanto a turbação perdurar, estando o possuidor na posse da coisa. Para que a defesa direta
seja considerada legítima é preciso que se faça logo, imediatamente após a agressão.
O desforço imediato ocorre quando o possuidor, já tendo perdido a posse (esbulho) consegue
reagir, em seguida, e retomar a coisa. O desforço imediato é praticado diante do atentado já
consumado, mas ainda no calor dos acontecimentos.

b) Alegação de domínio.
Art. 1.210, § 2º

Frutos da posse

Os frutos devem pertencer ao proprietário como acessórios da coisa. Sendo dela a coisa
principal, dele também terão que ser as coisas acessórias.

Esta regra não prevalece quando o possuidor está possuindo de boa-fé.

O possuidor de boa-fé ficará com o resultado do seu trabalho, pois se pune a inércia do
proprietário que possibilitou a posse alheia.

a) Naturais são os frutos que se desenvolvem com a coisa, como por exemplo, as crias dos
animais, frutas das árvores, etc.
b) Industriais são os frutos que aparecem pela mão do homem, ou seja, surgem com a
atuação do homem.
c) Civis são as rendas produzidas com a coisa, em virtude de sua utilização por outrem que
não o proprietário, como os juros e os aluguéis.

Arts. 1.214 a 1.216, CC.

Responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa

Art. 1.217 a 1.218, CC.

Preceitua o art. 1.217 do Código Civil:


“O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa”.

A expressão “a que não der causa”, contida na parte final, equivale a dizer que a
responsabilidade do possuidor não se caracteriza, a menos que tenha agido com dolo ou culpa.

O possuidor de má-fé responde por tudo.

Benfeitorias

Com relação ao estado da coisa entre o dia em que a adquiriu e o dia em que é preciso restitui-la
pode ocorrer que a coisa foi melhorada pelo possuidor, em razão das despesas feitas para
conserva-la ou porque nela se se edificou ou se plantou.

Lembrando que, as benfeitorias se classificam em:


a) Úteis, que aumentam ou facilitam o uso do bem;
b) Necessárias, que tem por fim conservar ou evitar deterioração.
c) Voluptuárias, que agregam valor ao bem.

É preciso verificar se o possuidor fez as benfeitorias de boa-fé ou não.


Se, fez de boa-fé, tem direito a indenização das benfeitorias necessárias e úteis, podendo exercer
pelo valor delas, o direito de retenção.

Quando as voluptuárias pode o possuidor de boa-fé levanta-las, se não estragar a coisa e se o


reivindicante não preferir ficar com elas, indenizando o seu valor.

Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias. (art. 1.220, CC).

DA PROPRIEDADE EM GERAL
Art. 1.228 e 1.232, CC

O art. 1.228 do Código Civil não oferece uma definição de propriedade, limitando-se a enunciar os
poderes do proprietário, nestes termos:

“O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder
de quem quer que injustamente a possua ou detenha”.

Formas de aquisição da propriedade imóvel

a) Originária: quando não há transmissão de um sujeito para o outro, como ocorre na


acessão natural e na usucapião. O indivíduo, em dado momento, torna-se dono de uma
coisa por fazê-la sua, sem que lhe tenha sido transmitida por alguém, ou porque jamais
esteve sob o domínio de outrem.

I. Acessões (art. 1248)


II. Usucapião

b) Derivada: quando resulta de uma relação negocial entre o anterior proprietário e o


adquirente, havendo, pois, uma transmissão do domínio em razão da manifestação de
vontade, como no registro do título translativo e na tradição.

I. A. Acessões

 Artificiais (plantações, construções, etc)

 Formação de ilhas (1249)

Quando por força natural, surge um traço de terra em um rio. Assim, as ilhas que se formam no
meio do rio distribuem-se na proporção das testadas dos terrenos até a linha que dividir o álveo
ou leito do rio em duas partes iguais; as que se formam entre essa linha e uma das margens
consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado.
 Aluvião (1250)
Aumento insensível que o rio anexa as terras, sem ser possível apreciar a quantidade acrescida.
Esses acréscimos pertencem aos donos dos terrenos marginais.
O favorecido não está obrigado a pagar indenização ao prejudicado.

 Avulsão (1251)
Quando a força súbita da corrente arranca uma parte considerável de um prédio, arrojando-a a
outro. Pode ser, segundo o código qualquer força natural e violenta.

 Abandono de álveo (1252)


Álveo é a superfície que as águas cobrem sem transbordar para o solo natural e ordinariamente
enxuto. É em suma, o leito do rio.

O álveo abandonado de rio público ou particular pertence aos proprietários ribeirinhos das duas
margens, na proporção das testadas, até a linha mediana daquele.

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