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TRABALHO CIVIL

O INSTITUTO DA ACESSÃO NOS DIREITOS REAIS: APONTAMENTOS INICIAIS


CONCEITO: Acessão significa o acréscimo de algo sobre o bem imóvel por razões
naturais ou humanas.
É considerado como modo originário de aquisição de propriedade, uma vez que o
proprietário de determinado bem passa a adquirir a titularidade de tudo que adere à
sua propriedade. Neste sentido, verifica-se que, em decorrência da acessão
contínua, uma coisa é incorporada, ou mesmo unida, materialmente a outra, em
estado permanente.  
Pode ocorrer de duas formas distintas: natural: por formação de ilhas, por aluvião,
por avulsão, por abandono do álveo ou artificial: plantações e construções.
REQUISITOS: a) a união ou incorporação entre duas coisas, separadas até então
b) o aspecto acessório da coisa unida ou incorporada, quando comparada com a
coisa principal.  A coisa acedida é a principal, e a acedente, a acessória.

ACESSÃO ARTIFICIAL

FUNDAMENTAÇÃO LEGAL: Artigos 1253 a 1259, CC


CONCEITO: Resultam de trabalho humano, como plantações e construções (art.
1.248, V, CC), tendo caráter oneroso e submete-se à regra de que tudo aquilo que
se incorpora ao bem, em razão de uma ação qualquer, cai sob o domínio do seu
proprietário ante a presunção juris tantum, contida no art. 1.253, do CC.

CARACTERÍSTICAS:
- Acessão artificial é diferente de benfeitoria: acessões artificiais são obras que
criam uma coisa nova e que se aderem à propriedade anteriormente existente e
as benfeitorias são as despesas feitas com a coisa, ou obras feitas na coisa, com o
fito de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la.
- Resultante da ação humana, dentre elas as semeaduras, plantações e
construções, e não da natureza
- Construções e plantações são consideradas acessórios do solo. Não se leva em
conta o conceito de valor. A presunção é que pertencem ao proprietário do solo,
embora não seja essa presunção absoluta. 
-  Plantações e construções são modalidade de acessão de móvel a imóvel,
configurando forma derivada de aquisição da propriedade.

REGRAS: A regra básica está na presunção de que toda construção ou plantação


existente em um terreno foi feita pelo proprietário e à sua custa. Trata-se, entretanto,
de presunção vencível, admitindo prova contrária. Nesse sentido, preceitua o art.
1.253, CC: “Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita
pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário”.
Hipóteses e regras do Artigo 1254 e seguintes:
1. o dono do solo edifica ou planta em terreno próprio, com sementes ou
materiais alheios;
2. o dono das sementes ou materiais planta ou constrói em terreno alheio;
3. terceiro planta ou edifica com semente ou material alheios, em terreno
igualmente alheio.

1. Proprietário que semeia, planta ou edifica em seu próprio terreno com


sementes, plantas ou materiais alheios: Se o proprietário semeia, planta ou
edifica em seu próprio terreno, mas com “sementes, plantas ou materiais alheios”,
adquire a propriedade destes, visto que o acessório segue o principal. O que
adere ao solo a este se incorpora. Entretanto, para evitar o enriquecimento sem
causa, estabelece o art. 1.254 do Código Civil que terá de reembolsar o valor do
que utilizar, respondendo ainda “por perdas e danos, se agiu de má-fé”.

2. Dono das sementes ou materiais que planta ou constrói em terreno alheio:


Segundo dispõe o art. 1.255, caput, CC “aquele que semeia, planta ou edifica em
terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e
construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização”. Se, no entanto,
estiver de má-fé, o proprietário terá a opção de obrigá-lo a repor as coisas no
estado anterior, retirando a planta ou demolindo a edificação, e a pagar os
prejuízos, ou deixar que permaneça, a seu benefício e sem indenização.

Para semear, plantar ou edificar é necessário que o dono da coisa esteja na


posse do imóvel. Se de boa-fé, é legítimo o exercício do direito de retenção, só o
restituindo após receber a indenização. Tal situação encontra-se bem disciplinada
no parágrafo único do mencionado art. 1.255, CC: “Se a construção ou a
plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé,
plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da
indenização fixada judicialmente, se não houver acordo”. ( caso de acessão
inversa )

O art. 1.255 somente se aplica às construções e plantações, que são acessões


industriais, e não às benfeitorias, que não são coisas novas, mas apenas
acréscimos ou melhoramentos em obras já feitas. Nas acessões, o proprietário paga
o justo valor, isto é, o valor efetivo dos materiais e da mão de obra.

Má-fé de ambas as partes: Se “de ambas as partes houver má-fé”, o proprietário


adquire as sementes, plantas e construções, mas é obrigado a ressarcir o valor das
acessões (CC, art. 1.256).
À falta de elementos positivos, presume a lei, ainda, no parágrafo único do citado
art. 1.256, a má-fé do proprietário quando o trabalho de construção ou lavoura foi
realizado em sua presença e sem impugnação sua.

Ex: Após o matrimônio, o casal José e Maria delibere por edificar no fundo do
terreno de Antônio, pai de José, tempos depois, o casal veio a separar-se, Maria não
terá deferida a propriedade do imóvel, pois este pertencerá a seu sogro Antônio,
titular do solo. Todavia, Maria poderá pleitear indenização calculada sobre 50% do
valor da acessão, uma vez que o proprietário Antônio obrou de má-fé, ao permitir a
construção em seu terreno.

3. Terceiro que, não sendo dono das sementes, plantas ou materiais, emprega-
os em solo alheio: O mesmo critério se aplica quando terceiro, que não é dono
das sementes, plantas ou materiais, emprega-os de boa-fé em solo alheio. Assim
mesmo o proprietário os adquire, e o dono das plantas ou dos materiais poderá
cobrar a indenização do dono do solo quando não puder havê-la do plantador ou
construtor (CC, art. 1.257 e parágrafo único).

Invasão de solo alheio por construção: Disciplinada no art. 1.258, CC

Requisitos para que ocorra a aquisição da propriedade do solo:

 Que a construção tenha sido feita parcialmente em solo próprio, mas havendo
invasão de solo alheio;
 Que a invasão do solo alheio não seja superior à vigésima parte deste;
 Que o construtor tenha agido de boa-fé;
 Que o valor da construção exceda o da parte invadida;
 Que o construtor indenize o dono do terreno invadido, pagando-lhe o valor da
área perdida e a desvalorização da área remanescente.

Invasão considerável de solo alheio: Disciplinada no art. 1.259, CC: Se o


construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte
deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e
danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área
perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a
demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão
devidos em dobro.

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