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DIREITO DAS COISAS

Prof. Me. Patricia Rocha


@professorapatriciarocha
patriciarochamcz@hotmail.com
PROPRIEDADE

 Conjunto de diretos e deveres atribuídos a uma pessoa sobre


uma coisa, com oponibilidade às demais pessoas.

Art. 1.228. Considera-se proprietário aquele que tem a faculdade de usar,


gozar e dispor da coisa e o direito de reavê-la de quem a detenha
injustamente.

 Presume-se direito real pleno e exclusivo, mas não ilimitado


– Garantia constitucional - Compressão por interesse público
ou social
 Em regra, perpétuo, mas pode ser também temporário.
PROPRIEDADE

 Poderes inerentes à propriedade:


a) USAR: colocar a coisa a serviço do titular, sem modificação de sua
substância (inclusive manter inerte).
b) GOZAR: percepção dos frutos e emprego normal da coisa.
c) DISPOR: alienação a qualquer título, oneração, locação,
empréstimo, transformação, alteração e destruição.
d) REAVER: tomar de volta de quem detenha injustamente
PROPRIEDADE DE GRUPOS ÉTNICOS

 Reconhecimento da posse comum e coletiva – Direito real de


uso e fruição, sem possibilidade de apropriação individual
a) Comunidades indígenas (art. 231, CF e Lei 6.001/73)
b) Comunidades quilombolas (art. 68 ADCT e Decreto nº
4.887/2003)
c) Populações extrativistas tradicionais (art. 225, § 1º, III e Lei nº
9.985/2000)
MULTIPROPRIEDADE

 Direito de acesso x Direito de propriedade


 Titularidade compartilhada - Uso exclusivo da coisa durante um
período de tempo
 Objeto: Aspecto físico + Aspecto temporal
 Natureza jurídica: direito real x direito obrigacional
AQUISIÇÃO DE PROP. IMÓVEL

 O que é imóvel? É a parte da superfície do solo, tudo que se


edifique sobre ele ou se incorpore em caráter permanente, por obra
do homem ou da natureza.
 Formas de aquisição:
a) Originária: Usucapião; Acessão; Desapropriação; Arrematação de
bem em hasta pública
b) Derivada: Registro público do titulo de aquisição; Sucessão
hereditária
USUCAPIÃO

 Conceito: Modo de aquisição de coisa imóvel em razão da posse


contínua no tempo estabelecido em lei.
 Requisitos da usucapião geral:
a) Posse própria
b) Posse contínua
c) Consumação do tempo
 Modalidades da usucapião:
a) Extraordinária: Continuidade + Tempo
USUCAPIÃO

b) Ordinária: Continuidade + Tempo + Justo título


c) Especial: situações singulares e residuais

 Suspensão/Interrupção do prazo aquisitivo: Causas de


suspensão/interrupção da prescrição (art. 197 a 204, CC), salvo
as específicas das relações de crédito;
 Momento da aquisição: consumação dos requisitos – sentença
judicial declaratória
USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL

 Pedido de reconhecimento dirigido ao cartório de registro de


imóveis
 Competência: cartório da comarca da situação do bem
 Requisitos:
a) Requerimento assinado por advogado;
b) Ata notarial que ateste o tempo de posse e suas
circunstâncias;
c) Planta e memorial descritivo do imóvel;
USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL

d) Certidões negativas dos distribuidores da comarca da


situação do bem e da comarca do domicílio do requerente;
e) Certidões positivas que não repercutam na situação do bem;
f) Comprovação de justo título ou prova documental da posse
continuada.

 Possibilidade do registrador promover diligências que julgue


necessárias
USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL

 Resultado:
a) Aceitação do pedido
b) Impugnação do pedido
c) Rejeição do pedido
USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA

 Requisitos:
a) Posse contínua, independente de boa-fé
b) Integralização do prazo de 15 anos.

 Usucapião extraordinária posse-trabalho (art. 1.238, p.u.):


redução do prazo (10 anos) - Possuidor tiver estabelecido no
imóvel sua moradia habitual, realizado obras ou serviços de
relevância.
 Efeito da prescrição geral (art. 205, CC)
USUCAPIÃO ORDINÁRIA

 Requisitos:
a) Posse contínua;
b) Existência de boa-fé;
c) Existência de justo título;
d) Integralização do prazo de 10 anos.

 Redução do prazo (05 anos): imóvel adquirido onerosamente, de


acordo com o registro imobiliário, cancelado posteriormente, onde
foi estabelecida a moradia ou realizado investimentos de interesse
social e econômico.
USUCAPIÃO ESPECIAL URBANA

 Usucapião pro labore (art. 1.240)


a) Posse de área ou edificação urbana de até 250m²;
b) Posse contínua;
c) Integralização do prazo de 05 anos;
d) Finalidade exclusiva de moradia;
e) Inexistência de título de propriedade sobre outro imóvel;
f) Obtenção por uma única vez.
USUCAPIÃO ESPECIAL URBANA

 Usucapião especial coletiva (art. 10, Estatuto da Cidade):


a) Existência, há mais de 05 anos e sem oposição, de núcleo
bano informal;
b) Área não superior a 250m² por possuidor;
c) Inexistência de título de propriedade sobre outro imóvel;

 Espécie de composse - Conversão em condomínio


 Ação proposta pelos compossuidores ou associação de
moradores devidamente constituída e autorizada pelos
associados
USUCAPIÃO CONJUGAL

 Requisitos:
a) Possuidor seja cônjuge ou companheiro abandonado pelo
outro;
b) Imóvel urbano comum de até 250m²;
c) Utilização do imóvel para fins de moradia;
d) Integralização do tempo de 02 anos;
e) Inexistência de título de propriedade sobre outro imóvel;
ACESSÃO

 Modo originário de aquisição da propriedade imóvel (art. 1.248)


 Tudo que é incorporado ao imóvel de forma natural ou artificial –
o que acede perde sua existência e independência
Art. 1.248. A acessão pode dar-se:
I - por formação de ilhas;
II - por aluvião;
III - por avulsão;
IV - por abandono de álveo;
V - por plantações ou construções.
FORMAÇÃO DE ILHAS

“Ilha é um acúmulo paulatino de areia, cascalho e materiais levados


pela correnteza, ou de rebaixamento de águas, deixando descoberto e
a seco uma parte do fundo ou do leito”. Maria Helena Diniz
 Espécie de acessão natural
 Ilhas formadas em correntes comuns ou particulares
pertencentes aos ribeirinhos fronteiros: Necessidade de traçar
um meridiano no meio da formação de água ou álveo (distância
das margens ao centro)
a) Ilha no meio do meridiano
b) Ilha num dos lados do meridiano
FORMAÇÃO DE ILHAS

Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares


pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras
seguintes:
I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos
aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas
testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais;
II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-
se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado;
III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio
continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se
constituíram.
ALUVIÃO

Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por


depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo
desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais,
sem indenização.
Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de
proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de
cada um sobre a antiga margem.

 Acréscimo de terreno em terrenos marginais de mares, rios e


lagoas (Decreto nº 24.643/1934) - Aluvião própria (terra vem) x
Aluvião imprópria (terra vai)
ALUVIÃO

 Espécie de acessão natural que não importa em indenização


 Acréscimos em frente de prédios de proprietários diferentes:
divisão na proporção da testada da antiga margem
AVULSÃO

Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se
destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a
propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem
indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.
Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do
prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se remova
a parte acrescida.

 Aquisição natural e violenta da propriedade condicionada à


indenização – Ausência de indenização se não houver
reclamação em um ano – Impossibilidade de
suspensão/interrupção do prazo
AVULSÃO

 Remoção da faixa de terra avulsa em caso de negativa de pagar


indenização – Vedação de enriquecimento indevido
 Deslocamento de pertenças, benfeitorias e equipamentos não
caracteriza avulsão
ÁLVEO ABANDONADO

“Álveo é a superfície que as águas cobrem sem transbordar para o


solo natural e ordinariamente enxuto” (art. 9º, Decreto nº 24.643/1934)

 Rio ou corrente de água que seca ou muda o curso, em


caráter definitivo – Terras passam a integrar as propriedades
marginais de acordo com a testada - Necessidade de traçar o
meridiano no rio
 Espécie de acessão natural sem direito a indenização
 Irrelevância do rio ser de domínio público ou particular
ÁLVEO ABANDONADO

Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários


ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos
terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os
prédios marginais se estendem até o meio do álveo.

 Abandono total ou parcial


 Sujeito a condição suspensiva: Retorno do rio ao leito normal
após abandono parcial - álveo volta aos seus antigos donos
 Desvio de rio por ato de particulares não caracteriza álveo
abandonado
ÁLVEO ABANDONADO

 Desvio por ato da administração pública: Decorrente utilidade


pública - indenização paga ao imóvel ocupado pelo álveo e álveo
anterior passa a pertencer à autoridade expropriante (arts. 26 e 27 do
Decreto nº 24.643/1934)
PLANTAÇÕES E CONSTRUÇÕES

 Espécies de acessão artificial por atuação humana

Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno


presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o
contrário.
 Acessório segue o principal - Presunção relativa - Prova ou
previsão em contrário (direito de laje)
 Agregação de valor ao imóvel feita por terceiro gera
aquisição da propriedade ou indenização - Vedação de
enriquecimento sem causa
PLANTAÇÕES E CONSTRUÇÕES

Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com
sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas
fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos,
se agiu de má-fé.

 Plantas e materiais usados pelo proprietário, em seu imóvel,


são de terceiro: aquisição da propriedade pelo proprietário do
imóvel + indenização ao titular do material – Perdas e danos (má-
fé)
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde,
em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se
PLANTAÇÕES E CONSTRUÇÕES

Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder


consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou
edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da
indenização fixada judicialmente, se não houver acordo.

 Plantas e materiais empregados no imóvel alheio, pelo


terceiro, são deste: aquisição da propriedade pelo proprietário do
imóvel + indenização ao titular do material (boa-fé)
 Acessão inversa: Forma de desapropriação no interesse privado
– Função social da propriedade
PLANTAÇÕES E CONSTRUÇÕES

Art. 1.256. Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as


sementes, plantas e construções, devendo ressarcir o valor das acessões.
Parágrafo único. Presume-se má-fé no proprietário, quando o trabalho de
construção, ou lavoura, se fez em sua presença e sem impugnação sua.

 Dolo recíproco ou bilateral (art. 150, CC): Nenhuma das partes


pode alega-lo – Compensação da má-fé de ambos
 Presunção relativa (dolo/coação de quem construiu)
PLANTAÇÕES E CONSTRUÇÕES

Art. 1.257. O disposto no artigo antecedente aplica-se ao caso de não


pertencerem as sementes, plantas ou materiais a quem de boa-fé os
empregou em solo alheio.
Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá
cobrar do proprietário do solo a indenização devida, quando não puder
havê-la do plantador ou construtor.

 Plantas e materiais empregados em imóvel alheio por


terceiro são de outro terceiro: aquisição da propriedade pelo
proprietário do imóvel + indenização ao titular do material (boa-fé)
e do que fez a acessão
PLANTAÇÕES E CONSTRUÇÕES

Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo


alheio em proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o
construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da
construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que
represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da área
remanescente.
Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste
artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que
invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção
exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção
invasora sem grave prejuízo para a construção.
PLANTAÇÕES E CONSTRUÇÕES

 Vigésima parte: 5%
 Perdas e danos: valor que a invasão acresceu á construção + Área
perdida + Desvalorização do remanescente – Necessidade de
proteção de terceiros de boa-fé (Enunc. 318, CJF/STJ) – Prova do
dano por quem o alega
Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio
exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo
invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a
invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da
desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o
PLANTAÇÕES E CONSTRUÇÕES

que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão


devidos em dobro.
REGISTRO DO TÍTULO

 Forma dos contratos translativos de direitos reais (art. 108, CC):


escritura pública (valor superior a 30 SM) x instrumento particular
(valor inferior a 30 SM)
 Forma do contrato (Validade) x Aquisição da propriedade
(Eficácia)
 Registro: Forma de aquisição derivada da propriedade imóvel
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do
título translativo no Registro de Imóveis.
§ 1º Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser
havido como dono do imóvel.
REGISTRO DO TÍTULO

 Local: Cartório do Registro de Imóveis da situação da coisa


 Presunção relativa de propriedade (Enuc. 503, CJF)
Art. 1.245. (...)
§ 2º Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de
invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a
ser havido como dono do imóvel.
 Aplicação da teoria da aparência
 Responsabilidade do novo proprietário pelas dívidas que
recaem sobre a coisa
REGISTRO DO TÍTULO

Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o


título ao oficial do registro, e este o prenotar no protocolo.
 Princípio da prioridade
Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o
interessado reclamar que se retifique ou anule.
Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o
imóvel, independentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente.
 Ação de retificação ou anulação: Vara de Registros
Públicos/Cível
SUCESSÃO HEREDITÁRIA

 Forma de aquisição derivada da propriedade imóvel


 Saisine (art. 1.784): Transmissão com morte e não com registro
AQUISIÇÃO DA PROP. MÓVEL

 Bens móveis: suscetíveis de movimento próprio ou de remoção por


força alheia sem que isso altere a sua substância ou destinação
econômica.
a) Formas originárias: Ocupação; Achado do Tesouro; Usucapião
b) Formas derivadas: Especificação; Confusão; Comistão; Adjunção;
Tradição; Sucessão
OCUPAÇÃO

Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire
a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei.

 Aquisição de res nullius (coisa sem dono)


 Aquisição de res derelicta (coisa abandonada x coisa perdida)
 Res perdita (coisa perdida): Descoberta – Dever de restituição
ao legítimo dono ou possuidor (art. 1.233) – Não conhecimento do
dono: tomar medidas para encontra-lo – Não localização do dono:
entrega da coisa à autoridade competente
ACHADO DO TESOURO

 Tesouro: Depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono


não haja memória
Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não
haja memória, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que
achar o tesouro casualmente.
Art. 1.265. O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do prédio, se for
achado por ele, ou em pesquisa que ordenou, ou por terceiro não
autorizado.
Art. 1.266. Achando-se em terreno aforado, o tesouro será dividido por igual
entre o descobridor e o enfiteuta, ou será deste por inteiro quando ele
mesmo seja o descobridor.
ACHADO DO TESOURO

 Tesouro encontrado em terreno público pertence ao Estado –


Pagamento de despesas e da remuneração a quem encontrou
 Descoberta de elementos de interesse arqueológico ou pré-histórico –
Necessidade de imediata comunicação à diretoria do IPHAN, sob pena
de apreensão sumária do achado e responsabilidade pelos danos
causados ao Patrimônio Nacional
USUCAPIÃO DE BEM MÓVEL

 Tipos:
a) Ordinária: Posse mansa, pacífica e com intenção de dono por 03
anos + Justo título e boa-fé
Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e
incontestadamente durante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á
a propriedade.
b) Extraordinária: Posse mansa, pacífica e com intenção de dono por
05 anos
USUCAPIÃO DE BEM MÓVEL

Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá
usucapião, independentemente de título ou boa-fé.
ESPECIFICAÇÃO

 Transformação da coisa em uma espécie nova, por trabalho do


especificador e sem possibilidade de retorno à forma anterior
(Ex: escultura, pintura)
Art. 1.269. Aquele que, trabalhando em matéria-prima em parte alheia,
obtiver espécie nova, desta será proprietário, se não se puder restituir à
forma anterior.
Art. 1.270. Se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir à forma
precedente, será do especificador de boa-fé a espécie nova.
 Irreversibilidade + Boa-fé = Pagamento de indenização
 O trabalho é principal e a matéria-prima acessória
ESPECIFICAÇÃO

Art. 1.270. (...)


§ 1º Sendo praticável a redução, ou quando impraticável, se a espécie nova
se obteve de má-fé, pertencerá ao dono da matéria-prima.

 Punição da má-fé é o não pagamento de indenização

Art. 1.270. (...)


§ 2º Em qualquer caso, inclusive o da pintura em relação à tela, da
escultura, escritura e outro qualquer trabalho gráfico em relação à matéria-
prima, a espécie nova será do especificador, se o seu valor exceder
consideravelmente o da matéria-prima.
ESPECIFICAÇÃO

 Avaliação caso concreto – valor de mercado da matéria-prima e


grandiosidade do trabalho – Direito à indenização

Art. 1.271. Aos prejudicados, nas hipóteses dos arts. 1.269 e 1.270 , se


ressarcirá o dano que sofrerem, menos ao especificador de má-fé, no caso
do § 1 o do artigo antecedente, quando irredutível a especificação.
CONFUSÃO, COMISSÃO E ADJUNÇÃO

 Mistura de coisas pertencentes a pessoas diversas –


Impossibilidade de separação
a) Confusão: coisas líquidas ou gases (Ex: álcool e gasolina)
b) Comissão: coisas sólidas ou secas (Ex: cereais de safras
diferentes)
c) Adjunção: justaposição ou sobreposição de uma coisa sobre
outra (Ex: tinta sobre parede)
CONFUSÃO, COMISSÃO E ADJUNÇÃO

Art. 1.272. As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas,


misturadas ou adjuntadas sem o consentimento deles, continuam a
pertencer-lhes, sendo possível separá-las sem deterioração.
§ 1º Não sendo possível a separação das coisas, ou exigindo dispêndio
excessivo, subsiste indiviso o todo, cabendo a cada um dos donos quinhão
proporcional ao valor da coisa com que entrou para a mistura ou agregado.
§ 2º Se uma das coisas puder considerar-se principal, o dono sê-lo-á do
todo, indenizando os outros.
CONFUSÃO, COMISSÃO E ADJUNÇÃO

Art. 1.273. Se a confusão, comissão ou adjunção se operou de má-fé, à


outra parte caberá escolher entre adquirir a propriedade do todo, pagando o
que não for seu, abatida a indenização que lhe for devida, ou renunciar ao
que lhe pertencer, caso em que será indenizado.

Art. 1.274. Se da união de matérias de natureza diversa se formar espécie


nova, à confusão, comissão ou adjunção aplicam-se as normas dos arts
. 1.272 e 1.273 .

 Erro de referência (arts. 1.270 e 1.271)


TRADIÇÃO

 Entrega da coisa ao adquirente com intenção de transferir a


propriedade

Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios


jurídicos antes da tradição.

 Espécies:
a) Real: Entrega efetiva ou material da coisa
b) Simbólica: Ato representativo da transferência (art. 1.267, p.u.)
c) Ficta: Por presunção (art. 1.267, p.u.)
TRADIÇÃO

Art. 1.268. Feita por quem não seja proprietário, a tradição não aliena a
propriedade, exceto se a coisa, oferecida ao público, em leilão ou
estabelecimento comercial, for transferida em circunstâncias tais que, ao
adquirente de boa-fé, como a qualquer pessoa, o alienante se afigurar dono.
§ 1º Se o adquirente estiver de boa-fé e o alienante adquirir depois a
propriedade, considera-se realizada a transferência desde o momento em
que ocorreu a tradição.
§ 2º Não transfere a propriedade a tradição, quando tiver por título um
negócio jurídico nulo.
 Ineficácia do negócio jurídico x Nulidade do ato (STJ)
PERDA DA PROPRIEDADE

 Bens móveis ou imóveis


Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a
propriedade:
I - por alienação;
II - pela renúncia;
III - por abandono;
IV - por perecimento da coisa;
V - por desapropriação.
Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da
propriedade imóvel serão subordinados ao registro do título transmissivo ou
do ato renunciativo no Registro de Imóveis.
PERDA DA PROPRIEDADE

 Alienação: transmissão do direito de propriedade – Tradição


(móveis) x Registro (imóveis)
 Renúncia: Declaração pela qual se abre mão do direito sobre a
coisa
 Abandono: Proprietário deixa a coisa com intenção de não tê-la
consigo
Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção
de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na
posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três
anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito Federal, se se
achar nas respectivas circunscrições.
PERDA DA PROPRIEDADE

§ 1º O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas


circunstâncias, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos
depois, à propriedade da União, onde quer que ele se localize.
§ 2º  Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo,
quando, cessados os atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os
ônus fiscais.

 Perecimento: Perda do objeto


 Desapropriação: Para fins de necessidade e interesse público
(art. 1.228, § 3º), no interesse privado (art. 1.288, § 4º e 5º)

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