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NOÇÕES GERAIS

1. Do Fundamento Jurídico (divergência) - Teorias

a) Ocupação de bens ainda não apropriados (Grócio)

b) Lei (Montesquieu e Hobbes)

c) Especialização/Trabalho (Locke)

d) Natureza Humana (Planiol e Ripert)

2. Conceito (proprietas/domus)

“É o poder assegurando pelo grupo social à utilização dos bens da vida física e
moral.” (Beviláqua)

“O direito que a pessoa física e jurídica tem, dentro dos limites normativos de usar,
gozar, dispor de um bem corpóreo ou incorpóreo, bem como de reivindicá-lo de quem
injustamente o detenha.” (Mª. Helena Diniz)

“É o direito que alguém possui em relação a um bem determinado. Trata-se de um


direito fundamental, protegido no art. 5º, inc. XXII, da Constituição Federal, mas que
deve sempre atender a uma função social, em prol de toda a coletividade. A
propriedade é preenchida a partir dos atributos que contam no Código Civil de 2002
(art. 1.228), sem perder de vista outros direitos, sobretudo aqueles com substrato
constitucional.” (Flávio Tartuce)

3 – Elementos Constitutivos (art. 1.228)

a) Usar (jus utendi)

 Faculdade de o dono servir-se da coisa e de utilizá-la da maneira que entender


mais conveniente, podendo excluir terceiros de igual uso. Tirar da coisa todos os
serviços que ela pode prestar sem alterar a sua substância.

b) Gozar ou fruir (jus fruendi)

 É o poder de perceber os frutos naturais ou civis da coisa e de aproveitar


economicamente os seus produtos.

 Conferir o art. 1.232 c/c o art. 92 do CC/02

c) Dispor (jus abutendi)

 Poder jurídico de aliená-la a qualquer título, abrangendo a faculdade de


consumir ou gravar a coisa

d) Reaver (rei vindicatio)


 É poder que tem o proprietário de propor ação para obter o bem de quem
injustamente o possua ou detenha. (Direito de Sequela).

 EXEMPLIFICANDO OS ATRIBUTOS:

 Uma casa:a) usar: habitar; b) gozar: alugar; c) dispor: vender ou demolir e d)


reaver: propor ação contra quem a possua sem título.

4 – Caracteres da propriedade (art. 1.231)

a) Exclusividade

b) Caráter absoluto/ilimitado/pleno

c) Perpetuidade/irrevogabilidade

d) Elasticidade (Orlando Gomes)

5 – Do Objeto da Propriedade

a) Bens Corpóreos

 Móveis

 Imóveis

OBS: sobre a extensão vertical - espaço aéreo e o subsolo conferir o art. 1.229
CC

b) Bens incorpóreos (divergência)

6.1.Quanto à perpetuidade do domínio

a) Perpétua

 é a que tem duração ilimitada, durando enquanto o proprietário tiver interesse.

b) Resolúvel

 Quando as partes estipularem condição resolutiva em seu título constitutivo. Ex.:


Fideicomisso (art. 1.951); Propriedade do fiduciário (art. 1.361) e Retrovenda
(art. 505)

NOÇÕES GERAIS

1. Conceito

 A aquisição da propriedade consiste na personificação do direito num titular.

2. Classificação
 Originária: não há transmissão de um sujeito para o outro: Usucapião e
Acessão.

 Derivada: ocorre quando houver transmissibilidade, a título universal ou


singular do domínio por ato causa mortis ou inter vivos: herança ou transcrição

 DA AQUISIÇÃO POR USUCAPIÃO

 1 – CONCEITO

 É o modo de aquisição do direito de propriedade e de outro direitos reais (ex.


servidões) pela posse prolongada da coisa com observância dos requisitos legais.
(prescrição aquisitiva)

 OBS: pode recair sobre bens móveis e imóveis.

2 – REQUISITOS

a) Pessoais

 São as exigências em relação ao possuidor que pretende adquirir o bem e a


proprietário que o perde.

 Conferir os art. 1.244 c/c os arts. 197, 198, 199, 200, 201 e 200 CC/2002
(impedimentos e suspensões)

b) Reais:

 São alusivos aos bens e direitos suscetíveis de serem usucapidos, pois nem todas
as coisas podem ser objeto de usucapião.

 Ex.: coisas fora do comércio (inapropriáveis); os bens públicos (Súmula 340 do


STF), bens em condomínio enquanto não cessar o estado de comunhão.

c) Formais:

 Comuns: posse, lapso de tempo e sentença

 Especiais: justo título e boa-fé

 OBS1: A posse deve ser ad usucapionem, mansa e pacífica, contínua, pública e


justa.

 OBS2: O lapso de tempo varia a depender da espécie de usucapião. Antes de


expirado o prazo, o possuidor poderá valer-se dos interditos possessórios.

 OBS3: A sentença tem natureza declaratória.

 OBS4: O justo título e a boa-fé são exigidos para o usucapião ordinário.


3 – ESPÉCIES

a) Extraordinária

b) Ordinária

c) Especial (ou constitucional):

 Urbana (pró-moradia ou pro misero, familiar e coletiva)

 Rural (pro labore)

3.1 EXTRAORDINÁRIA (art. 1.238)

 Posse mansa, pacífica e contínua, exercida com animus domini

 Decurso de prazo de 15 anos (que pode ser reduzida a 10 anos se possuidor


houver estabelecido no imóvel sua residência habitual ou nele realizado obras ou
serviço de caráter produtivo)

 Dispensa de prova de justo titulo ou boa-fé

 Sentença declaratória que deverá ser levada a registro

3.2 ORDINÁRIA (art. 1.242)

 Posse mansa, pacífica e ininterrupta com a intenção de dono

 Decurso de tempo de 10 anos ou 05 anos (no caso do § único/posse –trabalho)

 Justo título e boa-fé

 Sentença declaratória levada a registro (§ único do art. 1.241)

3.3 ESPECIAL

a) Urbana (pro moradia ou pro misero): art. 183 da CF, Art. 1.240 do CC e art.
9º da Lei 10.257/2001)

 Posse contínua, mansa e pacífica

 Posse de área urbana de até 250m2

 Prazo de 05 anos

 Utilização de imóvel para moradia do possuidor ou de sua família (pro misero)

 Não se concede se proprietário de outro imóvel urbano ou rural

 Não pode recair sobre imóveis públicos e nem serem concedidos ao mesmo
possuidor mais de uma vez.
OBS1:Enunciado n. 85 CJF/STJ: “Para efeitos do art. 1.240, caput, entende-se
por área urbana o imóvel edificado ou não, inclusive autônomas vinculadas a
condomínios edilícios”.

OBS2: Não se incluem no preceito posses anteriores a 1988 (CF)

Usucapião Familiar (usucapião especial urbana por abandono de lar)

 A lei nº 12.424/2011 acrescentou o art. 1.240-A criando uma nova modalidade


de usucapião especial urbana, estabelecendo o prazo de 02 anos para a
consumação do usucapião familiar.

Requisitos específicos: a) o usucapiente deve ser coproprietário com o ex-


cônjuge/companheiros e b) abandono de forma consciente e voluntário

Usucapião especial urbana Coletiva

 Prevista no art. 10 da Lei nº 10.272/2001 (estatuto das cidades), estabelece os


seguintes requisitos:

a) Área urbana com mais 250m2

b) Posse de 05 anos ininterruptos e sem oposição (dispensa boa-fé)

c) Existência no local de famílias de baixa renda utilizado o imóvel para moradia

d) Impossibilidade de identificação da área de cada morador.

e) Quem adquire não pode ser possuidor de outro imóvel urbano ou rural.

b) Rural (pro labore): Art. 191 e §único da CF c/c o art. 1.239 do CC

 O usucapiente não pode ser proprietário rural nem urbano

 Posse contínua, mansa e pacífica pelo prazo de 05 anos

 Área rural contínua não excedente a 50 hc

 Ter tornado o imóvel produtivo e constituído sua moradia.

 Independe de justo título e boa-fé

 Não pode recair sobre bens públicos

DA AQUISIÇÃO PELO REGISTRO (ART. 1.245 A 1.247 CC)

1 – INTRODUÇÃO

 No Brasil contrato não transfere domínio, sendo necessário a tradição para coisa
móvel (art. 1.267) e pelo registro do título translativo se a coisa for imóvel
(art. 1.245).
 Cfr. os atos sujeitos a registro na LRP (Lei 6.015/1973 – art. 167)

 2 – EFEITOS

 a) Publicidade do ato

 b) Legalidade

 c) Força probante (art. 1.245, §2º)

 d) Continuidade

 e) Obrigatoriedade (art. 1.245)

 f) Mutabilidade ou retificação

 3 – ATOS DO REGISTRO

 a) Matrícula: é feita somente por ocasião do primeiro registro.

 b) Registro: sucede à matricula, sendo o ato que efetivamente acarreta a


transferência da propriedade.

 c) Averbação: alteração feita à margem do registro para indicar alterações no


imóvel

 4 – RETIFICAÇÃO DO REGISTRO

 É admissível quando há inexatidão nos lançamentos , isto é, “se o teor do


registro de imóveis não exprimir a verdade.”(art. 1.247 CC e art. 212 a LRP)

 Pode ser feita extrajudicialmente quando não afete direito de terceiros.

DA AQUISIÇÃO POR ACESSÃO (ART. 1.248 A 1.259)

1 – CONCEITO

 É o modo de aquisição originário de adquirir, em virtude do qual fica


pertencendo ao proprietário tudo quanto se une ou se incorpora ao bem. (Clóvis
Beviláqua).

2 – ESPÉCIES (art. 1.248)

a) Naturais

 Formação de ilhas (inc. I)

 Aluvião (inc. II)


 Avulsão (inc. III)

 Abandono de álveo (inc. IV)

b) Artificial

 Plantações e construções (inc. V)

2.1 Das Ilhas (art. 1.249)

 Observa 3 regras:

Primeira regra (inc. I): As ilhas que se formarem no meio do rio consideram-se
acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas às
margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas
partes iguais.

Segunda regra (inc. II): As ilhas que se formarem entre a referida linha e uma
das margens consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros
desse mesmo lado.

Terceira regra (inc. III): As ilhas que se formarem pelo desdobramento de um


novo braço do rio continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa
dos quais se constituírem.

2.2 Da Aluvião (art. 1.250 e § único )

Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e


aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas,
pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização.
Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários
diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga
margem.

a) Própria (hipótese em que “a terra vem”)

b) Imprópria (hipótese em que “a água vai”)

RIO

Aluvião própria

Terra vai pra margem

Proprietário A

Nova propriedade

Aluvião imprópria
Proprietário A Água vai embora

Proprietário B RIO

2.3 Da Avulsão (art. 1.251 e § único)

Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um
prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se
indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver
reclamado.

Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que


se juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida.

RIO

Faixa avulsa de
terra que se
Proprietário A desloca

Proprietário B

2.4 Do Álveo Abandonado (art. 1.252)

Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das
duas margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas
abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do
álveo.

2.5 Das Plantações e Construções (art. 1.253 a 1.259)

 REGRA GERAL: Toda construção ou plantação existente em um terreno


presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário.
(art. 1.253)

 REGRAS ESPECIAIS:

1ª Regra: Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes,
plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-
lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé. (art. 1.254)

Exemplificando:

Um fazendeiro X está guardando por amizade sacos de cimentos de uma amigo Y em


sua fazenda. Certo dia, o fazendeiro X utiliza o cimento e constrói um galpão em sua
fazenda. O fazendeiro X terá direito à propriedade do galpão, mas terá que pagar ao
amigo Y o valor do cimento, sem prejuízo das perdas e danos em razão de ter agido de
má-fé.
2ª Regra: Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do
proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a
indenização. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do
terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo,
mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo. (art.
1.255 e § único)

Exemplificando:

A pessoa X está ocupando a casa de um amigo Y que está viajando para o exterior por
1 ano. Aproveitando-se da ausência de X, Y constrói uma churrasqueira no quintal com
material próprio. Y não terá qualquer direito.

3ª Regra: Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as sementes,


plantas e construções, devendo ressarcir o valor das acessões. Parágrafo único.
Presume-se má-fé do proprietário, quando o trabalho de construção, ou lavoura, se fez
em sua presença e sem impugnação sua. (Art. 1.256 e § único).

Exemplificando:

O proprietário X permite que Y construa uma piscina com material próprio nos fundos
da propriedade. Y ao construir pensava que por isso adquiriria a propriedade do bem
principal. O proprietário X ficará com a piscina, mas deverá indenizar Y pelos gastos da
construção.

4ª Regra: Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em


proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a
propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e
responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a
desvalorização da área remanescente. (art. 1.258, caput)

Exemplificando:

O proprietário X constrói uma churrasqueira em sua propriedade, cuja cobertura vem


invadir o terreno alheio do vizinho Y, em percentual não superior a 5%. Se construiu de
boa-fé, poderá adquirir a parte invadida, desde que a construção exceda o valor da parte
invadida. Todavia, X deverá indenizar Y pelo valor da área perdida e por eventual
desvalorização do imóvel remanescente

5º Regra: Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de


má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima
parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se
puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção. (§ único, do art.
1.258)
6ª Regra: Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a
vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por
perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área
perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o
que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro.
(art. 1.259)

DA PERDA DA PROPRIEDADE IMÓVEL (ART. 1.275 E 1.276 e 1.228, §§§ 3], 4º


e 5º)

1 – Considerações Gerais

 Em razão do caráter perpetuo do domínio, este permanecerá na pessoa do titular


ou de seus sucessores causa mortis de modo indefinito ou até que por meio legal
seja afastado do seu patrimônio. (Silvio Rodrigues)

2 – Modos

2.1 Alienação (art. 1.275, I e § único)

a) Conceito:

 É uma forma de extinção subjetiva do domínio, em que o titular desse direito,


por vontade própria, transmite a outrem seu direito sobre a coisa.

2.2 Renúncia (art. 1.275, II e § único)

a) Conceito

 É um ato unilateral pelo qual o proprietário declara, expressamente, o seu intuito


de abrir mão de seu direito sobre a coisa, em favor de terceira pessoa que não
precisa manifestar sua aceitação.

 OBS: Não pode se renunciar quanto há prejuízo de terceiros.

2.3 Abandono (art. 1.275, III e 1.276)

a) Conceito

 É ato unilateral em que o titular do domínio se desfaz voluntariamente do seu


imóvel porque não quer mais continuar sendo, por vários motivos, se dono.

OBS: Abandono x Renúncia

2.4 Perecimento do imóvel (art. 1.275, IV)

a) Conceito

 É a perda irreparável e definitiva do imóvel.

 Pode ocorrer por ato involuntário ou ato voluntário do titular do domínio.


2.5 Desapropriação Administrativa (art. 1.275, V)

a) Conceito

 É o procedimento através do qual o Poder Público, compulsoriamente, por ato


unilateral, despoja alguém de um bem certo, fundado em necessidade pública,
utilidade pública ou interesse social, adquirindo-o mediante indenização prévia e
justa, pagável em dinheiro ou, se o sujeito passivo concordar, em títulos da
dívida pública com cláusula de exata correção monetária, ressalvado à União o
direito de desapropriar imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social,
quando objetivar a realização da justiça social através da reforma agrária (arts.
5º, XXIV; 182; §§ 3º e 4º, III; 184, 1º a 5º; 185, I e II)

 OBS1: Em regra todos os bens pode ser desapropriados: móvel e imóvel;


corpóreo e incorpóreo.

 OBS2: Não se desapropria a moeda nacional. Tal restrição não se aplica às


moedas estrangeiras ou raras.

 OBS3: Bens públicos podem ser desapropriados. Bens dos Estados, dos
Municípios , do DF e dos Territórios são suscetíveis de desapropriação pela
União.

2.6 Requisição

a) Conceito

 É o ato pelo qual o Estado, em proveito de um interesse público, constitui


alguém de modo unilateral e auto-executório, na obrigação de prestar-lhe um
serviço ou ceder-lhe, transitoriamente, o uso de uma coisa obrigando-se a
indenizar os prejuízos que tal medida, efetivamente, acarretar ao obrigado (art.
1.228, §3ºsegunda parte CC; art. 5º, XXV, 139, VII CF)

b) Distinção entre Desapropriação e Requisição

 Desapropriação recai sobre bens e a requisição sobre bens e serviços;

 Desapropriação diz respeito à aquisição da propriedade e a requisição ao uso da


propriedade;

 Desapropriação decorre de necessidade permanentes da coletividade e a


requisição por necessidades temporárias.

 A Desapropriação para que se efetive depende de acordo ou procedimento


judicial, a requisição é auto-executória;
 A Desapropriação é sempre indenizável , já a requisição , por sua vez, pode ser
indenizada a posterior e nem sempre é obrigatória.

2.7 Desapropriação Judicial

a) Conceito

 Trata-se do reconhecimento da posse-trabalho ou pro labore, admitindo a


desapropriação judicial, nos termos do art. 1.228, §§ 4º e 5º.

DA AQUISIÇÃO E PERDA DA PROPRIEDADE MÓVEL (art 1.260 a


1.274)

1 – Considerações Gerais

 O capítulo III e IV do Livro do Direito das Coisas trata das regras de aquisição
do domínio, mas regulamenta também a perda.

 Modos Originários: ocupação e usucapião.

 Modos Derivados: especificação, confusão, comistão, adjunção, tradição e


herança.

2 – FORMAS ORIGINÁRIAS

2.1 DA OCUPAÇÃO

A) Considerações Gerais

Ocupar é apropriar de:

 De coisa sem dono propriamente dita (res nullius)

 De coisa sem dono abandonada (res derelictae)

 Parcialmente, de coisa comum (res communis omnium)

B) Formas

 Ocupação propriamente dita (art. 1.263)

 Tesouro (art. 1.264 a 1.266)

 Descoberta (art. 1.233 a 1.236)

1. Da ocupação propriamente dita

 Tem por objeto seres vivos e coisas inanimadas: caça (CF, art. 225, §1º, III; L.
5.197/67) e pesca (L. 11.959/2009)

2. Do Tesouro (art. 1.264 a 1.266)


a) Conceito:

 Conferir art. 1.264, 1ª parte.

b) Requisitos:

 O depósito de coisa móvel valiosa deve ser feita pelo homem.

 Não haver memória de seu proprietário.

 Estar oculto

 A descoberta deve ser meramente casual

c) Regras sobre a propriedade do tesouro

1ª REGRA

 Art. 1.264, 2ª parte: O tesouro será divido em parte iguais entre o proprietário
do prédio e o que achá-lo casualmente.

Ex.: Um operário contratado para abrir um poço em terreno alheio que encontra
um baú com pedras preciosas.

2ª REGRA

 Art. 1.265: O tesouro pertencerá totalmente ao proprietário do prédio privado,


se for achado por ele, ou em pesquisa que ordenou ou por terceiro não
autorizado .

Ex.: O proprietário que contrata alguém para encontrar o tesouro, este terá
direito à remuneração contratada, mas não a tesouro. A hipótese de alguém
invadir propriedade alheia para escavar o solo.

3ª REGRA

 Art. 1.266: Se o tesouro for encontrado em terreno aforado será divido por
igual entre o descobridor e o enfiteuta, ou será deste por inteiro quando ele
mesmo seja o descobridor .

3. Da Descoberta (res perdita)

 Conferir arts. 1.233 a 1.237

2.2 DA USUCAPIÃO DE COISAS MÓVEIS (ART. 1.260 A 1.262)

 Exceto no que se refere aos prazos, os fundamentos, conceitos e requisitos são


idênticos à usucapião de imóveis.
 Poder ser ordinária quando alguém possuir como sua coisa móvel,
ininterruptamente e sem oposição, com justo título e boa-fé pelo lapso de 03
anos.

2.2 DA USUCAPIÃO DE COISAS MÓVEIS (ART. 1.260 A 1.262)

 Poder ser extraordinária quando houver posse ininterrupta e pacífica, sem que
haja necessidade de provar justo título e boa-fé, pelo prazo de 5 anos.

 OBS: aplica-se à usucapião de coisas móveis os art. 1.243 e 1.244.

3 – FORMAS DERIVADAS

3.1 DA ESPECIFICAÇÃO ARTS. 1.269 A 1.271)

A) Conceito

 É o modo de adquirir a propriedade mediante a transformação de coisa móvel


em espécie nova, em virtude do trabalho ou da indústria do especificador, desde
que não seja possível reduzi-la à suas forma primitiva. (Washington de Barros
Monteiro)

Ex.: escultura em relação à pedra, a pintura em relação à tela, a poesia em


relação ao papel, etc.

B) Regras sobre o domínio

1ª REGRA (geral)

 Art. 1.269: se a matéria-prima pertencer só em parte ao especificador e não


puder voltar à sua forma anterior: a propriedade da coisa nova é do
especificador.

2ª REGRA

 Art. 1.269: se a matéria-prima pertencer só em parte ao especificador e puder


ser restituído à sua forma anterior: o dono da matéria prima não perde a
propriedade.

3ª REGRA

 Art. 1.270: Se toda matéria-prima for alheia e não se puder reduzir à forma
precedente, será do especificador de boa-fé a espécie nova.

 Ex.: Um escultor que encontra um pedra de cantaria nas ruas de Alcântara e


elabora um bela escultura. Após realizar o trabalho, descobre que a pedra é de
terceiro. Nesse caso a escultura será sua, mediante indenização do dono da pedra
pelo seu valor.

4ª REGRA
 § 1º, do art. 1.270: Sendo praticável a redução a estado anterior; ou quando
impraticável, se a espécie nova foi obtida de má-fé, pertencerá ao dono da
matéria-prima.

 Ex.: Um escultor que encontra um pedra de cantaria nas ruas de Alcântara,


sabendo a quem pertence, e elabora um bela escultura. Nesse caso a escultura
será de propriedade do dono da matéria-prima, não tendo o especificador direito
à indenização pelo trabalho (art. 1.271)

5ª REGRA

 § 2º, do art. 1.270: Em qualquer caso, inclusive no da pintura e relação à tela,


da escultura, escritura e outro qualquer trabalho gráfico em relação à matéria-
prima, a espécie nova será do especificador, se o seu valor exceder
consideravelmente o da matéria-prima .

OBS: aplica-se também à hipótese o art. 1.271.

3.2 DA CONFUSÃO, COMISTÃO E ADJUNÇÃO (ARTS. 1.272 A 1.274)

A) Conceito

 Ocorre quando coisas pertencentes a pessoas diversas se misturam de tal forma


que é impossível separá-las.

1 – Confusão (confusão real):

 Mistura entre coisas líquidas (ou gazes) em que não é possível a separação. Ex.:
álcool e gasolina; água e vinho, etc..

2 – Comistão:

 Mistura de coisas sólidas ou secas, não sendo possível a separação. Ex.: cereais
de safras diferentes, misturas de grãos de café tiopo A com tipo B, areia e
cimento, etc.

3 – Adjunção:

 Justaposição ou sobreposição de uma coisa sobre a outra, sendo impossível a


separação. Ex.: a colagem de um selo valioso no álbum de um colecionador,
tinta sobre a parede, etc.

 C) Regras sobre a propriedade

1ª REGRA

 Art. 1.272, caput: se as coisas puderam ser separadas, sem deterioração,


possibilitando a cada proprietário a identificação do que lhe pertence, cada
qual continuará com o seu domínio sobre a mesma coisa que lhe pertencia antes
da mistura.
2ª REGRA

 §1º, do art. 1.272: Não sendo possível a separação da coisas, ou exigindo


dispêndio excessivo, permanece o estado de indivisão, cabendo a cada um do
donos quinhão proporcional ao valor da coisa com que entrou para a mistura
ou agregado.

3ª REGRA

 §2º, do art. 1.272: Se, porém, uma das coisa puder ser considerada principal, o
respectivo dono sê-lo-á do todo, indenizado os outros proprietários pelo valor
das coisas acessóri
4ª REGRA
 art. 1.273: Se a confusão, comistão ou adjunção se operou de má-fé, a outra
parte que estiver de boa-fé caberá escolher:
 a) Adquirir a propriedade do todo, pagando o que não for seu, abatida a
indenização que lhe for devida;
 b) Renunciar o que lhe pertencer, caso em que será indenizado de forma
integral.
5ª REGRA
 art. 1.274: Se da união de matérias de natureza diversa se formar espécie nova,
à confusão, comistão, ou adjunção aplicam-se as noras dos art. 1.272 e 1.273.
Ex.: uma mistura de dois minerais que surja um mineral novo.
 OBS: Erro de digitação do CC/2002, os artigos as quais se deveriam remeter
arts. 1.270 e 1.271 referentes à especificação.

3.3 DA TRADIÇÃO (ART. 1.267 E 1.268)


A) Considerações Gerais:
 Aplica-se, em regra, o estudo relativo à tradição da posse.
 Do mesmo modo como ocorre com a propriedade imóvel, o negocio jurídico não
transfere o domínio, pois este estabelece apenas um direito pessoal. Somente
com a tradição é que a declaração translatícia de vontade se transforma em
direito real.
B) Conceito
 A tradição vem ser a entrega da coisa móvel ao adquirente, com a intenção de
lhe transferir o domínio, em razão de título translativo de propriedade
(Washington de Barros Monteiro)
C) Classificação
§ único do art. 1.267
 Ficta: quando o transmitente continua a possuir pelo constituto possessório;
 Simbólica (traditio breve manu): quando o transmitente cede ao adquirente o
direito à restituição da coisa que se encontra em poder de terceiro;
 Ficta (traditio brevi manu): o adquirente já está na posse da coisa, por ocasião
do negócio jurídico.
3.4 DA HERANÇA
 Pelo que consta do art. 1.784 do CC/2002, o direito sucessório pode gerar
aquisição derivada da propriedade móvel (assim como da imóvel), seja a
sucessão legítima ou testamentária em sentido genérico (testamento, legados e
codicilos).

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