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2. CONCEITO: Segundo Caio Mário da Silva Pereira, temos condomínio quando a mesma
coisa pertence a mais de uma pessoa, cabendo a cada uma dela igual direito idealmente
sobre o todo e cada uma de suas partes. Cada consorte é proprietário da coisa toda,
delimitado pelos iguais direitos dos demais condôminos, na medida de suas quotas (Caio
Mário da Silva Pereira in Instituições de direito civil. Rio de Janeiro: Forense, 1978, p. 160).
3. CLASSIFICAÇÃO:
• Quanto à origem:
• Convencional ou voluntário: se resultar de acordo de vontade dos consortes.
• Incidente, fortuita ou eventual: quando vier a lume em razão de causas alheias à
vontade dos condôminos (herança deixada a vários herdeiros).
• Forçado ou legal: quando derivar de imposição de lei (condomínio em paredes, cercas,
muros e valas).
• Quanto ao objeto:
• Universal: se compreender a totalidade do bem, inclusive frutos e rendimentos.
• Particular: se se restringir a determinadas coisas ou efeitos, ficando livres os
demais, como ocorre no condomínio de paredes, de tapumes e de águas.
• Quanto à forma:
• Pro diviso: a comunhão existe juridicamente, mas não de fato, já que cada
comproprietário tem uma parte certa e determinada do bem (condomínio em
edifícios de apartamentos). Age como dono exclusivo da porção ocupada.
• Pro indiviso: a comunhão perdura de fato e de direito; todos os comunheiros
permanecem na indivisão, não se localizando no bem, que se mantém indiviso.
5. ADMINISTRAÇÃO:
• Todos os consortes poderão usar da coisa, dentro dos limites de sua destinação
econômica, auferindo todas as vantagens sem prejuízo de qualquer deles. Se
impossível o uso do bem cabe a eles deliberar se deve ser vendido, alugado ou
administrado (CC, arts. 1.323, 1.324, 1.325 e 1.326).
6. EXTINÇÃO:
Divisão:
Em se tratando de condomínio ordinário, as partes podem exigir, a qualquer tempo,
sua divisão (CC, arts. 1.320 e 1.321). Essa divisão pode se: amigável, efetivando-se por
escritura pública quando todos os consortes forem maiores e capazes, ou judicial,
quando não houver acordo ou qualquer um deles for incapaz (CPC, arts. 588 e s.).
Venda:
a) Amigável: basta que um deles queira vender, venda esta que não se efetivará se
a unanimidade dos condôminos entender que não é conveniente (CC, art. 1.322, 1a
parte.)
b) Judicial: CC, art. 1.320, in fine, CPC, art. 730.
7. CONDOMÍNIOS ESPECIAIS:
a) Condomínios em paredes, cercas, muros e valas: CC, arts. 1.327, 1.297, § 1º,
1.328, 1.329 e 1.330; CPC, art. 1.063
Conceito: O condomínio por meação de paredes, cercas, muros e valas é o estado
permanente de indivisão, protegido pela lei, em razão da utilidade comum que
apresenta aos vizinhos, como um meio de se manter a paz coletiva e a segurança (CC,
art. 1.327), sendo, por isso, um condomínio forçado ou necessário.
Segundo o artigo 1.297, § 1º, do Código Civil, presume-se que essas obras divisórias
pertencem aos proprietários confinantes, a não ser que algum dos vizinhos prove que
lhe pertencem de modo exclusivo.
Custeio das despesas: O custeio das despesas com a construção da tapagem ou obra
divisória normal, conforme a lei (Código de Obras Municipal) ou costume local, fica por
conta dos proprietários vizinhos que, desde logo, tornam-se comunheiros, usando-a
conforme suas necessidades, sem causa dano ou prejuízo ao outro. De maneira que
aquele que tiver interesse em executar essa obra divisória deverá comunicar o fato ao
vizinho para conseguir um acordo sobre a feitura do tapume. Se não conseguir a
anuência do dono do prédio contíguo deverá ingressar em juízo, para intimá-lo a
concorrer com a sua parte no custeio e se assim proceder ter-se-á, compulsoriamente,
o condomínio sobre parede, muro, cerca ou vala.
Se houver omissão dessas cautelas e apesar disso o interessado construir o tapume, há
a presunção de que o fez à sua custa. Contudo, o confinante beneficiado terá direito
de adquirir meação na obra divisória, desde que embolse o seu autor da metade do
seu valor atual, bem como do terreno por ela ocupado (CC, art. 1.328).
- Dispõe o art. 1.333, do Código Civil, que a convenção que constitui o condomínio
edilício deve ser subscrita pelos titulares de, no mínimo, dois terços das frações ideais
e torna-se, desde logo, obrigatória para os titulares de direito sobre as unidades, ou
para quantos sobre elas tenham posse ou detenção. E para que seja oponível contra
terceiros, a convenção do condomínio deverá ser registrada no Cartório de Registro de
Imóveis.
- O art. 1.334, do Código Civil, estabelece que além das cláusulas referidas no art. 1.332
e das que os interessados houverem por bem estipular, a convenção determinará: a
quota proporcional e o modo de pagamento das contribuições dos condôminos para
atender às despesas ordinárias e extraordinárias do condomínio; sua forma de
administração; a competência das assembleias, forma de sua convocação e quorum
exigido para as deliberações; as sanções a que estão sujeitos os condôminos, ou
possuidores; o regimento interno. A convenção poderá ser feita por escritura pública
ou por instrumento particular.
-São equiparados aos proprietários, para os fins do disposto no artigo 1.334, salvo
disposição em contrário, os promitentes compradores e os cessionários de direitos
relativos às unidades autônomas.
II - usar das partes comuns, conforme a sua destinação, e contanto que não
exclua a utilização dos demais compossuidores;
Administração:
1. Síndico é a pessoa que defende os direitos e interesses comuns dos condôminos,
que os representa, que admite e demite os empregados, que arrecada contribuições
deliberadas pela assembleia.
2. Administrador é a pessoa a quem o síndico delega certas funções administrativas.
3. Subsíndico é o auxiliar do síndico.
4. Conselho Fiscal, composto por três membros que dão pareceres sobre as contas do
síndico.
5. Órgão Deliberativo, Assembleia Geral, constituída por todos os condôminos.
Extinção:
1. Desapropriação do edifício (CC, art. 1.358).
2. Confusão, se todas as unidades autônomas forem adquiridas por uma só pessoa.
3. Destruição do imóvel por qualquer acontecimento, incêndio, por exemplo (CC, art.
1.357).
4. Demolição voluntária do prédio (CC, art. 1.357)
5. Alienação e reconstrução de todo o prédio (CC, art. 1.357, §§ 1º e 2º).
c) Fundo de investimento
- É uma modalidade especial de condomínio, por ser uma comunhão de recursos, que
se destina à aplicação de ativos financeiros, bens e direitos de qualquer natureza,
disciplinada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). O fundo de investimento,
constituído por lei específica e regulamentado pela CVM, deverá seguir os arts. 1.368-C
a 1.368-F no que couber. O registro dos regulamentos dos fundos de investimentos na
Comissão de Valores Imobiliários (CVM) é condição para garantir a sua publicidade e a
oponibilidade de efeitos em relação a terceiros.
- A avaliação de responsabilidade dos prestadores de serviço deverá considerar os
riscos inerentes às aplicações nos mercados de atuação do fundo de investimento e a
natureza de obrigação de meio de seus serviços.
- Os fundos de investimento responderão diretamente pelas obrigações legais e
contratuais que assumir e os prestadores de serviço ficarão isentos dessa
responsabilidade, mas responderão por danos que, dolosamente, causarem.
d) Multipropriedade imobiliária
Direitos do multiproprietário:
São direitos do multiproprietário, além daqueles previstos no instrument de instituição
e na convenção de condomínio em multipropriedade (CC, art. 1.358-I, incisos I a IV):
c) alienar a fração de tempo, por ato entre vivos ou por causa de morte, a título
oneroso ou gratuito, ou onerá-la, devendo a alienação e a qualificação do sucessor, ou
a oneração, ser informadas ao administrador.
d) participar e votar, pessoalmente ou por intermédio de representante ou
procurador, desde que esteja quite com as obrigações condominiais, em assembleia
geral do condomínio em multipropriedade, e o voto do multiproprietário
corresponderá à quota de sua fração de tempo no imóvel; assembleia geral do
condomínio edilício, quando for o caso, e o voto do multiproprietário corresponderá à
quota de sua fração de tempo em relação à quota de poder político atribuído à
unidade autônoma na respectiva convenção de condomínio edilício.
Obrigações do multiproprietário:
f) usar o imóvel, bem como suas instalações, equipamentos e mobiliário, conforme seu
destino e natureza;
Transferência da Multipropriedade
A transferência do direito de multipropriedade e as sua produção de efeitos perante
terceiros dar-se-ão na forma da lei civil e não dependerão da anuência ou cientificação
dos demais proprietários.
Não haverá direito de preferência na alienação de fração de tempo, salvo de
estabelecido no instrument de instituição ou na convenção do condomínio em
multipropriedade em favor dos demais multiproprietários ou do instituidor do
condomínio em multipropriedade.
O adquirente será solidariamente responsável com o alienante pelas obrigações, caso
não obtenha a declaração de inexistencia de débitos referente à fração de tempo no
momento de sua aquisição (CC, arts. 1.358-L, §§ 1º e 2º).
Administração da Multipropriedade
f) Condomínio de Lotes
Noção: É o que apresenta lotes de propriedade exclusiva dos condôminos e partes que
constituem a propriedade comum dos condôminos (CC, art. 1.358-A).
Partes comuns: É a destinada ao uso comum, e pode ser utilizada livremente por todos
os condôminos.
Fração ideal do lote ou de área comum: Proporcional à área do solo de cada unidade
autônoma, ao respectivo potencial construtivo ou a critérios apontados no ato de
instituição do condomínio.
BIBLIOGRAFIA:
DINIZ, Maria Helena. Direito das Coisas. 34ª ed. São Paulo: Saraiva, 2020. (Coleção
Curso de Direito Civil Brasileiro).
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, vol.5, Direito das Coisas, 14ª ed.
São Paulo: Saraiva, 2019.