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ABSTRACT: The present work aims to analyze the responsibility of the registry owner
and the promising buyer in the condominium debt, in cases where there is a contract
of promise of purchase and sale signed between the parties and not recorded in the
real estate album. Still, the present study aims to analyze the possibility of attachment
in the face of the asset in which it would be linked to the condominium debt. The
procedure that was adopted is the bibliographic research and the technique the indirect
research (doctrinal and jurisprudential). At first, the nature of the condominium debt is
briefly explained. Then, the jurisprudential understanding of the Superior Court of
Justice on the subject is analyzed. Continuing, it demonstrates the possibility of
1 Bianca de Souza Fernandes. Acadêmico do curso Direito da Instituição de Ensino Superior UniRitter
de Educação. E-mail: biancadsf98@gmail.com. Artigo apresentado como requisito para a conclusão
do curso de Graduação em Direito. Ano 2022.
2 Doutorando em Direito pela UNISINOS como Bolsista da CAPES/PROEX; Mestre em Direito pela
UNISINOS, Especialista em Direito Internacional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul;
Bacharel pela Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; Autor de
artigos científicos; Palestrante; Professor Convidado; Advogado; Professor da Faculdade de Direito da
Uniritter.
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attachment of property linked to the condominium fee, due to its propter rem nature. It
also addresses the possibilities of attachment in actions filed only against the
registered owner and actions filed only against the prospective buyer. In the end, the
points discussed in the present work are joined to define a conclusion regarding the
problem presented.
1 - INTRODUÇÃO:
obrigação oriunda daquele bem específico, uma vez que a obrigação é vinculada à
coisa.
Não obstante, de acordo com (NADER, 2016, p. 313), o domínio incide não
somente de maneira própria para cada condômino em sua unidade habitacional, como
também, nas áreas comuns, as quais não podem ser objeto de alienação de divisão,
em virtude do aproveitamento da área perante todos os condôminos.
Pode-se dizer que, o condomínio nada mais é que a divisão de uma área
comum a todos os condôminos, onde a partir da construção dos edifícios, criam-se
unidades habitacionais de uso próprio e certa área de uso comum.
Com suporte a sua parte ideal, ou seja, a fração que na coisa indivisa
corresponde ao condômino, cada proprietário pode-se dizer dono da
coisa comum na sua integralidade. Sobre essa parte ideal poderá o
titular exercitar direitos, pois comporta-se como proprietário exclusivo,
sem necessidade de consentimento de outros proprietários.
3 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2022. Institui o Código Civil. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em 25/03/2022.
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Art. 1.336. São deveres do condômino: I - contribuir para as despesas do condomínio na
proporção das suas frações ideais, salvo disposição em contrário na convenção;
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5Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte,
o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.
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Todavia, Imperioso ressaltar que, após a tese firmada no tema 866, ainda no
ano de 2015, a 3ª e a 4ª Turma do STJ, posicionaram-se de forma contrária, consoante
aresto abaixo colacionado:
7 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 1.345.331 – RS. Recorrente: Rosmar
Resende dos Santos e outro. Recorrido: Condomínio Edifício Dona Anita. Relator: Des. Luís Felipe
Salomão. Brasília, 08 de abril de 2015. Disponível em:
https://scon.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=201201992764&dt_publicac
ao=20/04/2015. Acesso em: 15/05/2022. [Grifos do autor].
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9 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Interno nos Embargos Declaratórios no Agravo em
Recurso Especial Nº 1902121 - ES. Agravante: CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO PRAIA DO ARPOADOR.
Agravado: CLAUDIO SILVEIRA. Relator: Ministro Marco Aurélio Bellizze. 25 de outubro de 2021.
Disponível em:
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Segundo o que consta nas decisões das referidas Turmas do STJ, ambas
evoluíram o entendimento jurisprudencial, no sentido de que se demonstrado que o
promissário comprador se imitiu na posse do bem, e sendo comprovado que o
condomínio teve ciência inequívoca da transação, há legitimidade passiva concorrente
de ambos os contratantes para responder por despesas condominiais na sua
integralidade, adotando a teoria da dualidade da obrigação.
https://scon.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=202101750704&dt_publicacao=
28/10/2021. Acesso em: 15/05/2022. [Grifo do autor].
10 BRASÍL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Interno no Recurso Especial Nº 1378413 - PR.
Na parte final de seu voto, o Ministro Paulo de Tarso Sanseverino afirma que
"Há, portanto, uma aparente contradição entre a tese e a solução dada ao caso
concreto, pois a tese 1, "c", em sua literalidade, conduziria à desconstituição da
penhora sobre o imóvel do promitente vendedor. A contradição, contudo, é apenas
aparente, podendo ser resolvida à luz da teoria da dualidade da obrigação, como
passo a propor”.
11BRASIL.. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Interno no Recurso Especial Nº 1378413 - PR.
Recorrente: COMPANHIA DE HABITAÇÃO POPULAR DE CURITIBA. Recorrido: CONJUNTO
RESIDENCIAL MORADIAS CAIUÁ I CONDOMÍNIO XVI. Relator: Ministro Paulo de Tarso
Sanseverino. 21 de agosto de 2015. Disponível em: https://www.jurisite.com.br/wordpress/wp-
content/uploads/2017/08/REsp-1.442.840-PR.pdf. Acesso em: 15/05/2022.
12“O grande aporte da teoria dualista da obrigação à doutrina contemporânea foi o de demonstrar que
a obrigação não é uma relação simples e unitária, mas que se compõe de dois elementos: a relação
de crédito e de débito, schuld, que nós chamaremos de dever e a relação de coerção e de
responsabilidade (haftung), que nós chamaremos de vínculo”. VIEIRA, DEBORAH CHAVES BATISTA
et al.. A TEORIA DUALISTA DE ALOIS BRINZ E SUA INFLUÊNCIA NAS RELAÇÕES
OBRIGACIONAIS.. In: 4º Encontro de Ciências e Tecnologia Faro- ECT 2017. Anais...Porto Velho(RO)
FARO, 2018. Disponível em: <https//www.even3.com.br/anais/ectfaro/69477-A-TEORIA-DUALISTA-
DE-ALOIS-BRINZ-E-SUA-INFLUENCIA-NAS-RELACOES-OBRIGACIONAIS. Acesso em: 25/05/2022.
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penhora do imóvel, uma vez que o titular do direito real de propriedade figuraria no
polo passivo da demanda, não restando qualquer óbice à penhora.
Contudo, pela tese firmada pela Corte Superior nos autos do REsp
1.345.331/RS, em sede de recurso repetitivo, tem-se que o condomínio estando ciente
da transação imobiliária, deverá propor ação judicial somente em face do promitente
comprador em virtude do exercício da posse sob o imóvel, sendo responsável pelos
débitos oriundos do bem, na qualidade de adquirente.
(...)
13 Art. 1.715. O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua instituição, salvo as
que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio.
14 BRASIL. Lei nº 8.009/90, de 29 de março de 1990. Dispõe sobre a impenhorabilidade do bem de
16BRASÍL. Superior Tribunal de Justiça Recurso Especial Nº 1.888.863 - SP. Recorrentes: ANA ROSA
MARTINS DA SILVA e ARLINDO JOSE DA SILVA. Recorrido: YVONE ALVES DE LIMA. Relator:
Ricardo Villas Bôas Cueva. 20 de maio de 2022. Disponível em:
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Dessa forma, não há como alegar a impenhorabilidade do imóvel por ser bem
de família, uma vez que o Código Civil e a Lei nº 8.009/90, são claros ao afastar a
incidência do bem de família nos casos de processo de execução em face de taxas e
contribuições devidas em função do imóvel familiar.
A corroborar:
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONDOMÍNIO.
CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. PENHORA. DÍVIDAS CONDOMINIAIS. PROPTER RE
M. POSSIBILIDADE. TRATANDO-SE DE EXECUÇÃO DE DÉBITO
ORIUNDO DE COTAS CONDOMINIAIS, MOSTRA-
SE CABÍVEL A PENHORA DO BEM IMÓVEL QUE DEU ORIGEM À
DÍVIDA, INDEPENDENTE DO VALOR A SER EXECUTADO, ANTE
A NATUREZA PROPTER REM DA OBRIGAÇÃO CONDOMINIAL. E
https://scon.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=201901821501&dt_publicacao=
20/05/2022. Acesso em: 15/05/2022.
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Art. 847. O executado pode, no prazo de 10 (dez) dias contado da intimação da penhora, requerer a
substituição do bem penhorado, desde que comprove que lhe será menos onerosa e não trará prejuízo
ao exequente.
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Nesse caso, o imóvel não poderá ser penhorado por dívida anterior a imissão
na posse do comprador, se este não figurar no polo passivo da demanda, para garantir
o direito à ampla defesa e ao contraditório, prevista no artigo 5º, Inciso LV, da
Constituição Federal de 198822.
Sob outro enfoque, nos casos em que o condomínio não tem ciência da
transação e ingressou somente contra o proprietário registral pois não sabia da
transação realizada entre as partes, o entendimento é diverso, vejamos:
22 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
..
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados
o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
23 RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Apelação Cível nº 5033887-95.2018.8.21.0001.
Apelante: Artocarpus Empreendimentos Imobiliários LTDA. Apelado: Condomínio Residencial Rossi
Passeio. Relatora: Des. João Moreno Pomar. 26 de abril de 2022. Disponível em:
https://www.tjrs.jus.br/buscas/jurisprudencia/exibe_html.php. Acesso em: 25/05/2022. [grifos do autor]
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24BRASÍL. Superior Tribunal de Justiça. AgInt no Recurso Especial Nº 1721281. Agravante: Companhia
de Habitação Popular de Curitiba. Agravados: Condomínio Conjunto Residencial Moradias Barigui;
Elisabete Mariano Mostardo. Relator: Min. Moura Ribeiro. 24 de agosto de 2020. Disponível
em:https://scon.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=201800218314&dt_publicac
ao=28/08/2020. Acesso em: 25/05/2022. [grifo do autor].
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25 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. AgInt nos EDcl no Recurso Especial Nº 1943709 - PR.
Agravante: Companhia de Habitação Popular de Curitiba. Agravado: Paulo Roberto Brandão Lima.
Relatora: Min. Maria Isabel Gallotti. 04 de abril de 2022. Disponível em:
https://scon.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=202101774434&dt_publicacao=
07/04/2022. Acesso em: 25/05/2022. [grifos do autor].
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26 BRASÍL. Superior Tribunal de Justiça. AgInt no Agravo em Recurso Especial Nº856486 - RJ.
Agravante: Wilson Rafael Polidoro Rios. Agravado: Condomínio Jardim Iaraqua; Maria Olimpia Ferreira
do Nascimento; Altino Firmino do Nascimento. Relator: Min. Raul Araújo. 07 de dezembro de 2020.
Disponível em:
https://scon.stj.jus.br/SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=201600291331&dt_publicacao=
01/02/2021. Acesso em: 25/05/2022. [grifado pelo autor].
27 RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Agravo de Instrumento nº 70081649279. Agravante:
Condomínio Edifício Jardim Guanabara. Agravado: Mauro Santos. Relator: Des. Giovanni Conti. 24
de outubro de 2019. Disponível em: https://www.tjrs.jus.br/buscas/jurisprudencia/exibe_html.php.
Acesso em: 25/05/2022.
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28RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Apelação Cível nº 70069521680. Apelante: Amanda
Goulart Bellebone. Apelado: Condomínio do Edifício Dom Pedro. Relatora: Des. Mylene Maria Michel.
15 de dezembro de 2016. Disponível em: https://www.tjrs.jus.br/buscas/jurisprudencia/exibe_html.php.
Acesso em: 25/05/2022. [grifo do autor].
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Art. 675. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto
não transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de execução,
até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas
sempre antes da assinatura da respectiva carta. Parágrafo único. Caso identifique a existência de
terceiro titular de interesse em embargar o ato, o juiz mandará intimá-lo pessoalmente.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS:
REFERÊNCIAS
FARIAS, Cristiano Chave de; ROSENVALD, Nelson. Direitos Reais. 6 Ed. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2010.
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil. Volume 2. Rio de Janeiro: Forense, 2016.
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https://portogente.com.br/noticias/opiniao/110441-divida-de-condominio-pode-gerar-
penhora-de-
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o%20da%20a%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 20/04/2022.
https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/122336/Monografia%20
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https://www.migalhas.com.br/coluna/licoes-filosoficas-do-direito-privado/361149/a-
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