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1.

Locação:

A locação é um contrato consensual em que uma pessoa se obriga para com a outra a
proporcionar-lhe o gozo temporário de uma coisa ou a prestar determinados serviços ou a
realizar uma obra mediante o pagamento duma remuneração.

Características:

• Contrato consensual
• Oneroso
• Bilateral

Assim sendo, no direito romano existem 3 tipos de contratos de locação:

1. Locação de coisa
2. Locação de trabalho
3. Locação de obra

No direito português apenas têm nomes diferentes:

1. Locação
2. Contrato de trabalho
3. Contrato de empreitada

O contrato é constituído por alguns elementos essenciais nomeadamente os seguintes:


- consenso: que é o acordo entre as partes. Como sucede em qualquer contrato consensual, ou
seja, o consenso é o suficiente para criar uma relação obrigacional;

- Objeto: este pode ser uma res (coisa) que o locatário deve usar segundo o modo acordado
durante um certo tempo; uma atividade laboral que o locador deve realizar no tempo
acordado; ou uma res que o locador entrega ao locatário para fazer uma determinada obra;

- Remuneração: é a contraprestação pelo uso da res, trabalho ou obra realizada. Essa


remuneração deve ser verdadeira e certa, e por norma consiste numa pecúnia;

- Prazo: a utilização da coisa, da atividade laboral ou a realização da obra deve ocorrer no prazo
acordado. Melhor dizendo era apenas fixado na locação da coisa, já na realização da obra não
se fixava necessariamente uma vez que a realização da obra dependia do tempo necessário a
essa mesma realização.

Locação da coisa (locação em sentido próprio)


● É um contrato que não produz a transferência de propriedade da res locada e, por isso, é
suscetível de ser realizada pelo proprietário, usufrutuário, possuidor ou pelo locatário
(sublocação).

● A responsabilidade das partes depende de culpa levis e o risco onera o locador.

● Assim, se a res locada fosse destruída por um evento de força maior, o locador sofria o dano
e o locatário só devia a remuneração em relação ao tempo em que esteve em seu uso.

● Tratando-se de um terreno agrícola, se os frutos fossem destruídos ou gravemente afetados


por um evento de força maior, o agricultor podia obter a libertação ou a diminuição da renda.
● Não tendo o locatário um direito real e sendo um mero detentor da res, se esta fosse
reivindicada pelo proprietário, só podia demandar o locador pelos danos causados (a
responsabilidade por evicção continua a ser subjetiva: depende da culpa do locador na
locação de res alheia).

● E o mesmo regime vigorava se a res locada fosse vendida: o comprador, porque estranho à
locação, podia afastar o locatário invocando o seu direito de propriedade e este só podia
demandar o locador pelos danos causados pela retirada da res locada. O contrato de compra
e venda afastava a locação porque a locação é um contrato obrigacional com eficácia inter
partes, enquanto a compra e venda permite sempre a transmissão do direito de propriedade
(eficácia erga omnes).

A locação da coisa caduca por:


- Incumprimento do prazo;
- Destruição material da coisa locada;
- Cessação do usufruto com base no qual o usufrutuário locou a coisa;

Quando á resolução do contrato, além do critério geral segundo o qual se uma das partes não
cumpre (responsabilidade) ou não pode cumprir (risco) as suas obrigações, á outra é permitido
resolver o contrato, podia pedi-la:
A) O locador, quando:
• O locatário não paga a renda durante dois anos;
• A coisa é objeto de abuso ou sofre deteriorações;
• Tem necessidade de habitar a casa ou pretende reformá-la (tanto no direito romano
como no direito português)
B) O locatário, quando:
• O locador se atrasa na entrega da res;
• A res tem defeitos que impedem, limitam ou dificultam a sua utilização;
• Há um temor fundado de um perigo

Locação de trabalho:

Obrigações das partes:


A) Locador
- Tanto no direito romano como no direito português, este está obrigada a
proporcionar ao locatário o gozo livre da coisa locada durante o tempo e nas condições
acordadas, alem disso deverá fazer as reparações necessárias para evitar a
deterioração ou destruição da coisa, assim como devia ressaciar o locatário dos gastos
que este fizesse em reparações necessárias;
B) Locatário
- Pagar a renda acordada; restituir a coisa no termo da locação e nos termos em que a
recebeu; ressaciar o locador dos danos causados na coisa; conservar a coisa em boas
condições e utilizá-la para os fins a que ela se destina;
Locação de trabalho:

• Nesta locação, o trabalhador (locador) obriga-se a pôr a sua atividade laboral à


disposição do locatário durante um certo tempo, mediante o pagamento de uma
remuneração.
• Não foi inteiramente pacífica no quadro do direito romano - a atividade laboral era
vista como uma locação da pessoa e não do seu trabalho, que era principalmente
fornecido por escravos: a locação de homens livres (cidadãos romanos) não era bem
vista. Era uma diminuição da capacidade jurídica da pessoa, do exercício de direitos.
• Os jurisconsultos fizeram então uma distinção: a locação de trabalho não tem por
objeto a pessoa, mas sim a sua atividade laboral. Com esta distinção (ficção jurídica) já
foi possível a atividade laboral do homem livre, ou seja, do cidadão romano ser objeto
de locação de trabalho e não da pessoa, sem diminuir a sua personalidade e
capacidade jurídica - assim chegou ao direito português.

A locação de trabalho caducava:

• com a morte do locador e não do locatário: o locador podia prestar os seus serviços
aos herdeiros do locatário que, portanto, substituí-lo- iam na obrigação de pagar a
merces (se um dos sucessores do locatário continuasse a explorar a atividade em
causa).
• Se o locador estivesse doente ficaria dispensado de prestar o seu trabalho, mas não
era pago: o locatário estava desobrigado de pagar a remuneração durante a doença.

Locação de obra: (contrato de empreitada no direto português)

É a locação em que o locador se obriga a entregar a res ao locatário para este realizar a obra
acordada num prazo fixado, mediante o pagamento de uma retribuição

• É indiferente que o trabalho seja realizado pelo locatário ou por operários a não ser
que o contrato tenha sido feito e acordado que fosse especificamente elaborado pelo
locatário
• Quanto aos danos causados na coisa que é lhe entregue por noma este responde por
custodia, caso não seja acordado o contrário

2. Sociedade

A sociedade é um contrato consensual em que 2 ou mais pessoas se obrigam reciprocamente a


pôr em comum bens ou trabalhos com vista á obtenção de um fim patrimonial comum, ou
seja, o lucro.

Ficção jurídica. No direito português, a personalidade jurídica adquire-se no nascimento. É a


possibilidade de uma pessoa ser o centro de imputação de direitos e de obrigações.

Personalidade jurídica coletiva

• 4 sócios constroem uma sociedade. Essa sociedade tem personalidade jurídica, dívidas
próprias, créditos próprios, património próprio, não dos sócios. Pelas dividas responde
o património da sociedade e não aquele dos sócios. Em Roma não era assim: as sociedades
comercias não tinham personalidade jurídica coletiva, mas havia na mesma contrato de
sociedade.

Elementos que constituem este contrato:

Consenso- acordo entre as partes de cada um entrar com património, dinheiro ou trabalho
para a realização de um fim comum útil.

Objeto- dinheiro, património e serviços que os sócios levam para a sociedade. Um sócio entra
com um imóvel na sociedade: esse imóvel passa a ser dos 4 sócios porque a sociedade não tem
personalidade jurídica. O imóvel deixa de pertencer exclusivamente ao sócio que entrou com
ele no regime de condomínio. O condomínio no DR corresponde à compropriedade no DP. O
que é a compropriedade? Uma coisa que pertence a duas ou mais pessoas. Se um sócio entra
com um imóvel para a sociedade, mas esse tem defeitos ou vícios ocultos, ele responde por
evicção.

Finalidade- o interesse comum que as partes se propõem realizar deve ser lícito e suscetível
de constituir uma utilidade ou vantagem patrimonial para todos os sócios. O DR já admitia que
os sócios tivessem participações diversas (como hoje), por ex. nos lucros e nas despesas, e
proibia a participação unicamente nos lucros.

O Direito romano dividia as sociedades em 2 tipos:

1. sociedades universais- os sócios entravam com todo o património presente e futuro;


2. Sociedades com fins específicos ou objeto determinado- constituídas apenas para
realizar um certo negócio jurídico. Quando a obra termina, a sociedade dissolve-se.

Obrigações dos sócios:

• cada sócio deve contribuir com o que foi acordado: a coisa ou o trabalho
• responsável pelos vícios da coisa e responde por evicção e pelos vícios ocultos da coisa
entregue. O risco e a responsabilidade por danos causados á coisa pertence aos sócios
desde a conclusão do contrato ou a partir da entrega
• cada socio é obrigado a gerir os negócios sociais de acordo com o interesse de todos os
sócios e a finalidade da sociedade

Direitos dos sócios:

• cada sócio tem o direito a ser reembolsado dos gastos que tenha feito indemnizado
dos danos que a gestão lhe causou
• participa, segundo o que foi estabelecido no acordo, nos ganhos e nas perdas da
gestão comum

o contrato de sociedade não cria uma pessoa jurídica distinta dos sócios; por isso, não existem
relações obrigacionais entre a sociedade e terceiros: só há créditos e obrigações de cada socio
com terceiros.

Exemplo:

Se um dos sócios (F) celebra um contrato com um terceiro (D): esse contrato tem de estar
relacionado com a atividade mercantil dessa sociedade. Não tendo a sociedade personalidade
jurídica, e o D não foi pago (incumprimento contratual), a quem é o D se pode dirigir para
tratar da coisa judicialmente?
• 1ª hipótese: todos os sócios intervêm no contrato (todos constituem partes no
contrato) e todos eles são condenados a pagar ao D.
• 2ª hipótese: o F foi mandatado pelos outros sócios. O que acontecia no DR: o D vai
demandar o F, e o F diz ao pretor que está mandatado pelos outros sócios, que realizou
o contrato em representação de todos os outros sócios. O pretor vai então chamar
todos os outros sócios à ação judicial. Todos eles serão condenados a pagar. Ação de
substituição de pessoas
• 3ª hipótese: não há mandato dos outros sócios, todos os sócios tiraram benefício dos
bens que foram colocados à venda no estabelecimento comercial e foram vendidos. O
A vai dizer ao pretor que comprou os produtos a D, mas não para consumo próprio e
sim para a sociedade: todos os sócios tiraram benefício disso e então são todos
chamados à ação judicial para pagar ao D.
• 4 hipótese: o F é o gerente do estabelecimento comercial (com o acordo dos outros
sócios). O A está então implicitamente mandatado para celebrar negócios jurídicos que
estejam conexionados com a atividade comercial em causa. Consequentemente, se o F
celebra com D e não lhe paga, o E demanda o F. O A vai dizer ao pretor que fez esse
contrato na qualidade de gerente, e que está implicitamente mandatado para realizar
esses negócios jurídicos. O pretor vai chamar os outros sócios à ação, pois vão ser
condenados a pagar.

Extingue-se este contrato por diversas razões:

• Cumprimento do prazo acordado


• Se o fim desse prazo fosse específico, ex: realizar uma obra
• Se a sociedade perder o património social
• Acordo de todos os sócios
• Renúncia de todos os sócios
• Morte de um dos sócios
• Execução de todo o património: a sociedade fica sem património e não pode gerir a
atividade em causa
• Incumprimento das obrigações da parte de um dos sócios
• Com a extinção do contrato, o condomínio dissolvia-se e seguir-se-ia a liquidação e
divisão dos bens sociais. Se ainda houvesse património para distribuir, a distribuição
fazia-se por cabeça, salvo se fosse estabelecido no contrato que uns recebessem uma
percentagem maior e outros uma menor, pela participação de cada um, se ela fosse
diferente.

Contrato de mandato:

É um contrato no qual o mandante encarrega o mandatário de realizar uma determinada


atividade no interesse do mandante, de um terceiro ou de ambos. Este contrato assenta
igualmente numa forte ligação de confiança.

Características: consensual, bilateral imperfeito, gratuito (exceto ser for mandato profissional)

Elementos:

• Acordo- entre quem dá (mandante) e quem aceita (mandatário) o encargo de realizar


um determinado ato
• Objeto- atividade que o mandatário se obriga a realizar. A atividade em causa deve ser
licita e determinada e não é necessário que consista num negócio jurídico
• Finalidade- o mandato deve satisfazer um interesse do mandante, dum terceiro ou de
ambos.

Não há contrato, mas simplesmente conselho se a atividade beneficiar exclusivamente o


mandatário

Obrigações:

1. Mandatário: obrigação de cumprir a atividade a partir do momento que a aceitou;


efetuar a atividade nos termos que o mandante estabeleceu; prestar contas da sua
gestão ao mandante
2. Mandante: obrigação de pagar as eventuais despesas que o mandatário teve ao
realizar a atividade; indemnizar os danos que a realização da atividade causou ao
mandatário

O mandato pode extinguir-se por:

• Execução do cargo
• Impossibilidade da execução do mandato
• Vencimento do prazo fixado
• Acordo das partes
• Revogação do mandante
• Renuncia do mandatário
• Morte de qualquer uma das partes

Exemplo/ comparação entre o DP e o DR:

A encarrega B de realizar um negócio jurídico (compra e venda) com C. O B não paga o preço
da compra.

DP, o C vai demandar o A porque o B está mandatado pelo A.

No DR, o C vai demandar o B porque foi com ele que celebrou o contrato, mas B vai dizer ao
pretor que não foi no interesse nem por conta dele, mas sim do A. O pretor chama o A e há
uma ação de substituição de pessoas: o demandado deixa de ser o B e passa a ser o A.

Se a coisa vendida por C tivesse vícios: B compra a C, mas está a agir por conta, no interesse e
no nome de A. B entrega então a coisa a A e este vê que a coisa tem um defeito.

No DP, o A entrepõe uma ação contra C.

No DR, o B age contra C (contrato celebrado entre defeito. os dois), mas ele vai dizer que agiu
em nome de outra, ou seja, vai haver uma substituição de pessoas na ação judicial. O pretor foi
permitindo (actiones utiles) que agissem diretamente uns contra os outros sem terem de
passar pelo intermediário.

Nos contratos reais, a prática do ato material é um elemento do contrato, já nos contratos
consensuais, é só um efeito do contrato.

Direito português comparado ao direito romano nos contratos consensuais


Compra e venda:

• Consensual
• Implica a transferência do direito de propriedade e não de posse como no DR - Não
está sujeito a forma salvo se for coisa imóvel
• Efeitos depois da perfeição do contrato (consenso): obrigação da entrega da coisa e
pagamento do Vícios ocultos: possibilidade de o contrato ser anulado ou ainda a
redução do preço
• Possibilidade do vendedor se arrepender e pedir a coisa de volta
• art. 796 n.3: risco

Sociedade:

• art.º. 980: noção igual


• No DP a sociedade tem personalidade jurídica
• Contrato de locação (1022, de coisa): noção igual
• Obrigações do locador: igual
• Obrigações do locatário: 1037 n.2 - ele é um detentor, pode recorrer aos
• instrumentos de tutela da posse (no DR e no DP)
• Contrato de trabalho: 1152
• Contrato de empreitada: 1207
• Mandato
• art.º. 1557, noção igual, características iguais
• Obrigações das partes: igual

Direito estrangeiro comparado ao direito romano nos contratos consensuais

Italiano

Compra e venda: consensual; transmite o direito de propriedade

Locação: noção igual

Sociedade: tem personalidade jurídica

Mandato: igual

Francês

Compra a venda: consensual; regime idêntico ao português e não ao do DR por causa da


transmissão da posse e não da propriedade

Locação: consagra diversos tipos de locação além das 3 que conhecemos do DR; usa a
nomenclatura que vem do DR (locação de coisa, obra e trabalho)

Sociedade: tem personalidade jurídica

Mandato: é igual

Alemão

Compra e venda: não é consensual, é real quanto à sua constituição, o contrato não está
perfeito pelo simples consenso das partes, só produz os seus efeitos com a entrega da coisa
(móveis) ou com o registo (imóveis), ou seja, só com essas exigências é que o direito de
propriedade se transmite

Locação: igual

Mandato: igual

Sociedade: tem personalidade jurídica

Espanhol

Compra e venda: a maioria da doutrina espanhola quanto a este contrato é que ele é real
quanto à sua constituição. Implica a traditio quanto a coisas móveis.

Locação: usa a nomenclatura que vem do DR (locação de coisa, obra e trabalho)

Sociedade: tem personalidade jurídica

Mandato: igual

• O direito romano serviu de base a todos estes ordenamentos jurídicos. Direito comum

Contratos inominados:

São relações obrigacionais que não têm denominação própria- são contratos sem nome. Trata-
se de relações cujo vínculo jurídico, que liga as partes, surge quando só uma delas realizou a
sua prestação e, por isso, pode exigir á outra a prestação a que se comprometeu.

Elementos:

• Consenso- é o acordo em que cada parte se obriga, em relação á outra, a dar uma
determinada res ou a realizar uma certa atividade
➢ Dou para que dês
➢ Dou para que faças
➢ Faço para que dês
➢ Faço para que faças
• A execução de uma das prestações: ex. avaliador de joias: o vínculo jurídico só surge
quando lhe entrego a joia para ele avaliar, e não quando ele consente em avaliar a
coisa.

Existem assim entro dos contratos inominados 4 contratos:

1. Contrato de Permuta (permutario):

É um contrato inominado em que uma pessoa transfere o direito de propriedade sob uma
coisa e a outra parte faz o mesmo. É por isso um contrato do tipo dar dar.

• Foi discutido durante a época clássica central se este contrato não era uma compra e
venda. Na permuta qual é a coisa que funciona como um preço para ser uma compra e
venda? Não sabemos, e por isso não é uma compra e venda. É um contrato real, ao
contrário da compra e venda.
• É um contrato que implica a transmissão da propriedade, o que significa que ambos
têm de ser proprietários das coisas que vão dar.
2. Contrato estimatório:É um contrato inominado, em que uma pessoa entrega a outra
uma coisa para que essa outra a venda.

Elementos:

• Entregar a coisa da parte de A para que B a venda


• Fixação do valor a pagar a A da parte de B
• Obrigação alternativa de B pagar o valor fixado ou restituir a coisa se não for vendida
• Faculdade de B se apoderar da diferença entre aquele valor e o preço da venda

3. Contrato de precário (precarium): não está no nosso ordenamento jurídico. É um


contrato inominado em que uma pessoa concede gratuitamente a outra a pedido
desta, o uso de uma coisa ou o exercício de um direito, com a faculdade de revogar, em
qualquer momento, a concessão.

Será um contrato de comodato? Não, pois a pessoa que recebe a coisa tem um poder mais
amplo do que o comodatário; e a pessoa que entrega a coisa pode a qualquer momento pôr
fim a essa concessão

4. Contrato de transação: é um contrato em que as partes põem fim ou evitam um litígio


mediante concessões recíprocas.

Este contrato consta no artigo 1248 do cc.

Quase contratos:

São relações que geram obrigações, ainda que não sejam contratos por completo. Não há
acordo, mas sim um ato unilateral que gera obrigações para mais do que uma pessoa, senão
aquela que praticou o ato. (não há acordo prévio).

Promessa unilateral ou pública

É uma promessa unilateral de realizar uma prestação. Na espoca clássica, o direito romano só
conferia validade jurídica a promessas determinadas por motivos de interesse púbico ou
circunstâncias especiais. Temos como exemplo o do cão perdido: o dono está obrigado a dar o
valor que prometeu se a outra pessoa o encontrar. Se o dono não cumprir com a sua obrigação,
a outra parte pode demandá-lo em tribunal.

Gestão de negócios:

Esta ocorre quando uma pessoa, sem estar encarregue pelo serviço que desempenha ou sem
ter nenhum dever de ofício (dever de profissão), realiza, por iniciática própria e no interesse
alheio, a gesta de um ou mais negócios de outra pessoa.

Desta atividade unilateral nasce uma relação obrigacional entre quem faz a gestão e aquele em
que cujo interesse atua (dono do negócio). O seu objeto é constituído pelas seguintes
obrigações:

GESTOR:
• Realizar a gestão, que iniciou, segundo a natureza do negócio e no interesse do dono
deste
• Transmitir ao dono do negócio os efeitos dos negócios jurídicos concluídos, quando os
ratifique

DONO DO NEGÓCIO:

• Ressaciar ao gestor os gastos que realizou e liberá-lo das obrigações assumidas, desde
que o gestor tenha sido útil

Nos direitos pós-clássico e justianeiro, a gestão de negócios devia obedecer aos seguintes
requisitos:

1. O gestor só pode agir exclusivamente no interesse alheio


2. A intenção do gestor do negócio é de beneficiar o dono do negócio
3. A gestão tem de ser útil

Exemplo:

Quando é que ela é útil?

O vidro do vizinho partiu e faço a substituição do vidro para que a água não entre se chover. Se
eu substituir a janela, a ação já não é útil e o gestor pode não ressaciar as despesas que tive ao
fazê-lo.

No DR a gestão é útil quando o gestor atua segundo o critério de um homem normal e o que
ele faria naquela situação, e não de acordo com a vontade real e presumida do negócio. No DP,
o gestor do negócio faz o que o dono do negócio faria se estivesse presente. Se não conhece a
vontade real do dono, tem de se a presumir.

Se a gestão é útil, o dono do negócio tem de pagar as despesas ao gestor. O fundamento da


obrigação do dono do negócio ter de indemnizar o gestor do mesmo, está na anulação do
enriquecimento injusto. O dono do negócio teria uma vantagem sem fazer nada por ela.

Enriquecimento sem causa:

• Verifica-se quando uma pessoa se enriquece sem causa jurídica.


• Temos por exemplo: um pagamento indevido- quando uma pessoa realiza uma
prestação, estando convencida que está obrigada a realizar uma prestação, com o
objetivo de extinguir a obrigação, mas na verdade essa obrigação nunca existiu.
• A pessoa que realizou a prestação tem direito de exigir de volta aquele que
indevidamente pagou, pois caso contrário, a pessoa que recebe o pagamento ou a
prestação enriquece sem justa causa.

A obrigação de restituição dependia dos seguintes elementos:

• Era necessário que a prestação tenha sido feita com o objetivo de extinguir uma
obrigação; no caso de uma doação não pode pedir de volta;
• O pagamento é indevido porque a obrigação não existe, ou era a pessoa errada ou o
pagamento já tinha sido efetuado
• A prestação é efetuada porque a pessoa considera, erradamente que a obrigação
existe
• A pessoa que recebe o pagamento, tem de estar de boa fé: se soubesse que a
prestação não lhe era devida teria de o informar, caso contrario no DR era responsável
por furtum.

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