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Locação:
A locação é um contrato consensual em que uma pessoa se obriga para com a outra a
proporcionar-lhe o gozo temporário de uma coisa ou a prestar determinados serviços ou a
realizar uma obra mediante o pagamento duma remuneração.
Características:
• Contrato consensual
• Oneroso
• Bilateral
1. Locação de coisa
2. Locação de trabalho
3. Locação de obra
1. Locação
2. Contrato de trabalho
3. Contrato de empreitada
- Objeto: este pode ser uma res (coisa) que o locatário deve usar segundo o modo acordado
durante um certo tempo; uma atividade laboral que o locador deve realizar no tempo
acordado; ou uma res que o locador entrega ao locatário para fazer uma determinada obra;
- Prazo: a utilização da coisa, da atividade laboral ou a realização da obra deve ocorrer no prazo
acordado. Melhor dizendo era apenas fixado na locação da coisa, já na realização da obra não
se fixava necessariamente uma vez que a realização da obra dependia do tempo necessário a
essa mesma realização.
● Assim, se a res locada fosse destruída por um evento de força maior, o locador sofria o dano
e o locatário só devia a remuneração em relação ao tempo em que esteve em seu uso.
● E o mesmo regime vigorava se a res locada fosse vendida: o comprador, porque estranho à
locação, podia afastar o locatário invocando o seu direito de propriedade e este só podia
demandar o locador pelos danos causados pela retirada da res locada. O contrato de compra
e venda afastava a locação porque a locação é um contrato obrigacional com eficácia inter
partes, enquanto a compra e venda permite sempre a transmissão do direito de propriedade
(eficácia erga omnes).
Quando á resolução do contrato, além do critério geral segundo o qual se uma das partes não
cumpre (responsabilidade) ou não pode cumprir (risco) as suas obrigações, á outra é permitido
resolver o contrato, podia pedi-la:
A) O locador, quando:
• O locatário não paga a renda durante dois anos;
• A coisa é objeto de abuso ou sofre deteriorações;
• Tem necessidade de habitar a casa ou pretende reformá-la (tanto no direito romano
como no direito português)
B) O locatário, quando:
• O locador se atrasa na entrega da res;
• A res tem defeitos que impedem, limitam ou dificultam a sua utilização;
• Há um temor fundado de um perigo
Locação de trabalho:
• com a morte do locador e não do locatário: o locador podia prestar os seus serviços
aos herdeiros do locatário que, portanto, substituí-lo- iam na obrigação de pagar a
merces (se um dos sucessores do locatário continuasse a explorar a atividade em
causa).
• Se o locador estivesse doente ficaria dispensado de prestar o seu trabalho, mas não
era pago: o locatário estava desobrigado de pagar a remuneração durante a doença.
É a locação em que o locador se obriga a entregar a res ao locatário para este realizar a obra
acordada num prazo fixado, mediante o pagamento de uma retribuição
• É indiferente que o trabalho seja realizado pelo locatário ou por operários a não ser
que o contrato tenha sido feito e acordado que fosse especificamente elaborado pelo
locatário
• Quanto aos danos causados na coisa que é lhe entregue por noma este responde por
custodia, caso não seja acordado o contrário
2. Sociedade
• 4 sócios constroem uma sociedade. Essa sociedade tem personalidade jurídica, dívidas
próprias, créditos próprios, património próprio, não dos sócios. Pelas dividas responde
o património da sociedade e não aquele dos sócios. Em Roma não era assim: as sociedades
comercias não tinham personalidade jurídica coletiva, mas havia na mesma contrato de
sociedade.
Consenso- acordo entre as partes de cada um entrar com património, dinheiro ou trabalho
para a realização de um fim comum útil.
Objeto- dinheiro, património e serviços que os sócios levam para a sociedade. Um sócio entra
com um imóvel na sociedade: esse imóvel passa a ser dos 4 sócios porque a sociedade não tem
personalidade jurídica. O imóvel deixa de pertencer exclusivamente ao sócio que entrou com
ele no regime de condomínio. O condomínio no DR corresponde à compropriedade no DP. O
que é a compropriedade? Uma coisa que pertence a duas ou mais pessoas. Se um sócio entra
com um imóvel para a sociedade, mas esse tem defeitos ou vícios ocultos, ele responde por
evicção.
Finalidade- o interesse comum que as partes se propõem realizar deve ser lícito e suscetível
de constituir uma utilidade ou vantagem patrimonial para todos os sócios. O DR já admitia que
os sócios tivessem participações diversas (como hoje), por ex. nos lucros e nas despesas, e
proibia a participação unicamente nos lucros.
• cada sócio deve contribuir com o que foi acordado: a coisa ou o trabalho
• responsável pelos vícios da coisa e responde por evicção e pelos vícios ocultos da coisa
entregue. O risco e a responsabilidade por danos causados á coisa pertence aos sócios
desde a conclusão do contrato ou a partir da entrega
• cada socio é obrigado a gerir os negócios sociais de acordo com o interesse de todos os
sócios e a finalidade da sociedade
• cada sócio tem o direito a ser reembolsado dos gastos que tenha feito indemnizado
dos danos que a gestão lhe causou
• participa, segundo o que foi estabelecido no acordo, nos ganhos e nas perdas da
gestão comum
o contrato de sociedade não cria uma pessoa jurídica distinta dos sócios; por isso, não existem
relações obrigacionais entre a sociedade e terceiros: só há créditos e obrigações de cada socio
com terceiros.
Exemplo:
Se um dos sócios (F) celebra um contrato com um terceiro (D): esse contrato tem de estar
relacionado com a atividade mercantil dessa sociedade. Não tendo a sociedade personalidade
jurídica, e o D não foi pago (incumprimento contratual), a quem é o D se pode dirigir para
tratar da coisa judicialmente?
• 1ª hipótese: todos os sócios intervêm no contrato (todos constituem partes no
contrato) e todos eles são condenados a pagar ao D.
• 2ª hipótese: o F foi mandatado pelos outros sócios. O que acontecia no DR: o D vai
demandar o F, e o F diz ao pretor que está mandatado pelos outros sócios, que realizou
o contrato em representação de todos os outros sócios. O pretor vai então chamar
todos os outros sócios à ação judicial. Todos eles serão condenados a pagar. Ação de
substituição de pessoas
• 3ª hipótese: não há mandato dos outros sócios, todos os sócios tiraram benefício dos
bens que foram colocados à venda no estabelecimento comercial e foram vendidos. O
A vai dizer ao pretor que comprou os produtos a D, mas não para consumo próprio e
sim para a sociedade: todos os sócios tiraram benefício disso e então são todos
chamados à ação judicial para pagar ao D.
• 4 hipótese: o F é o gerente do estabelecimento comercial (com o acordo dos outros
sócios). O A está então implicitamente mandatado para celebrar negócios jurídicos que
estejam conexionados com a atividade comercial em causa. Consequentemente, se o F
celebra com D e não lhe paga, o E demanda o F. O A vai dizer ao pretor que fez esse
contrato na qualidade de gerente, e que está implicitamente mandatado para realizar
esses negócios jurídicos. O pretor vai chamar os outros sócios à ação, pois vão ser
condenados a pagar.
Contrato de mandato:
Características: consensual, bilateral imperfeito, gratuito (exceto ser for mandato profissional)
Elementos:
Obrigações:
• Execução do cargo
• Impossibilidade da execução do mandato
• Vencimento do prazo fixado
• Acordo das partes
• Revogação do mandante
• Renuncia do mandatário
• Morte de qualquer uma das partes
A encarrega B de realizar um negócio jurídico (compra e venda) com C. O B não paga o preço
da compra.
No DR, o C vai demandar o B porque foi com ele que celebrou o contrato, mas B vai dizer ao
pretor que não foi no interesse nem por conta dele, mas sim do A. O pretor chama o A e há
uma ação de substituição de pessoas: o demandado deixa de ser o B e passa a ser o A.
Se a coisa vendida por C tivesse vícios: B compra a C, mas está a agir por conta, no interesse e
no nome de A. B entrega então a coisa a A e este vê que a coisa tem um defeito.
No DR, o B age contra C (contrato celebrado entre defeito. os dois), mas ele vai dizer que agiu
em nome de outra, ou seja, vai haver uma substituição de pessoas na ação judicial. O pretor foi
permitindo (actiones utiles) que agissem diretamente uns contra os outros sem terem de
passar pelo intermediário.
Nos contratos reais, a prática do ato material é um elemento do contrato, já nos contratos
consensuais, é só um efeito do contrato.
• Consensual
• Implica a transferência do direito de propriedade e não de posse como no DR - Não
está sujeito a forma salvo se for coisa imóvel
• Efeitos depois da perfeição do contrato (consenso): obrigação da entrega da coisa e
pagamento do Vícios ocultos: possibilidade de o contrato ser anulado ou ainda a
redução do preço
• Possibilidade do vendedor se arrepender e pedir a coisa de volta
• art. 796 n.3: risco
Sociedade:
Italiano
Mandato: igual
Francês
Locação: consagra diversos tipos de locação além das 3 que conhecemos do DR; usa a
nomenclatura que vem do DR (locação de coisa, obra e trabalho)
Mandato: é igual
Alemão
Compra e venda: não é consensual, é real quanto à sua constituição, o contrato não está
perfeito pelo simples consenso das partes, só produz os seus efeitos com a entrega da coisa
(móveis) ou com o registo (imóveis), ou seja, só com essas exigências é que o direito de
propriedade se transmite
Locação: igual
Mandato: igual
Espanhol
Compra e venda: a maioria da doutrina espanhola quanto a este contrato é que ele é real
quanto à sua constituição. Implica a traditio quanto a coisas móveis.
Mandato: igual
• O direito romano serviu de base a todos estes ordenamentos jurídicos. Direito comum
Contratos inominados:
São relações obrigacionais que não têm denominação própria- são contratos sem nome. Trata-
se de relações cujo vínculo jurídico, que liga as partes, surge quando só uma delas realizou a
sua prestação e, por isso, pode exigir á outra a prestação a que se comprometeu.
Elementos:
• Consenso- é o acordo em que cada parte se obriga, em relação á outra, a dar uma
determinada res ou a realizar uma certa atividade
➢ Dou para que dês
➢ Dou para que faças
➢ Faço para que dês
➢ Faço para que faças
• A execução de uma das prestações: ex. avaliador de joias: o vínculo jurídico só surge
quando lhe entrego a joia para ele avaliar, e não quando ele consente em avaliar a
coisa.
É um contrato inominado em que uma pessoa transfere o direito de propriedade sob uma
coisa e a outra parte faz o mesmo. É por isso um contrato do tipo dar dar.
• Foi discutido durante a época clássica central se este contrato não era uma compra e
venda. Na permuta qual é a coisa que funciona como um preço para ser uma compra e
venda? Não sabemos, e por isso não é uma compra e venda. É um contrato real, ao
contrário da compra e venda.
• É um contrato que implica a transmissão da propriedade, o que significa que ambos
têm de ser proprietários das coisas que vão dar.
2. Contrato estimatório:É um contrato inominado, em que uma pessoa entrega a outra
uma coisa para que essa outra a venda.
Elementos:
Será um contrato de comodato? Não, pois a pessoa que recebe a coisa tem um poder mais
amplo do que o comodatário; e a pessoa que entrega a coisa pode a qualquer momento pôr
fim a essa concessão
Quase contratos:
São relações que geram obrigações, ainda que não sejam contratos por completo. Não há
acordo, mas sim um ato unilateral que gera obrigações para mais do que uma pessoa, senão
aquela que praticou o ato. (não há acordo prévio).
É uma promessa unilateral de realizar uma prestação. Na espoca clássica, o direito romano só
conferia validade jurídica a promessas determinadas por motivos de interesse púbico ou
circunstâncias especiais. Temos como exemplo o do cão perdido: o dono está obrigado a dar o
valor que prometeu se a outra pessoa o encontrar. Se o dono não cumprir com a sua obrigação,
a outra parte pode demandá-lo em tribunal.
Gestão de negócios:
Esta ocorre quando uma pessoa, sem estar encarregue pelo serviço que desempenha ou sem
ter nenhum dever de ofício (dever de profissão), realiza, por iniciática própria e no interesse
alheio, a gesta de um ou mais negócios de outra pessoa.
Desta atividade unilateral nasce uma relação obrigacional entre quem faz a gestão e aquele em
que cujo interesse atua (dono do negócio). O seu objeto é constituído pelas seguintes
obrigações:
GESTOR:
• Realizar a gestão, que iniciou, segundo a natureza do negócio e no interesse do dono
deste
• Transmitir ao dono do negócio os efeitos dos negócios jurídicos concluídos, quando os
ratifique
DONO DO NEGÓCIO:
• Ressaciar ao gestor os gastos que realizou e liberá-lo das obrigações assumidas, desde
que o gestor tenha sido útil
Nos direitos pós-clássico e justianeiro, a gestão de negócios devia obedecer aos seguintes
requisitos:
Exemplo:
O vidro do vizinho partiu e faço a substituição do vidro para que a água não entre se chover. Se
eu substituir a janela, a ação já não é útil e o gestor pode não ressaciar as despesas que tive ao
fazê-lo.
No DR a gestão é útil quando o gestor atua segundo o critério de um homem normal e o que
ele faria naquela situação, e não de acordo com a vontade real e presumida do negócio. No DP,
o gestor do negócio faz o que o dono do negócio faria se estivesse presente. Se não conhece a
vontade real do dono, tem de se a presumir.
• Era necessário que a prestação tenha sido feita com o objetivo de extinguir uma
obrigação; no caso de uma doação não pode pedir de volta;
• O pagamento é indevido porque a obrigação não existe, ou era a pessoa errada ou o
pagamento já tinha sido efetuado
• A prestação é efetuada porque a pessoa considera, erradamente que a obrigação
existe
• A pessoa que recebe o pagamento, tem de estar de boa fé: se soubesse que a
prestação não lhe era devida teria de o informar, caso contrario no DR era responsável
por furtum.