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Direito Civil - Contratos

Vícios Redibitórios, Evicção, Extinção do Contrato e Contratos em Espécie


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Contratos em Espécie

Compra e Venda
Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a
pagar-lhe certo preço em dinheiro. É o contrato mais comum no dia a dia. Embora seja lícito às partes xar o
preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação, bem como que
poderá ser xado por terceiro que as partes designarem para esta nalidade, é válido lembrar que será nulo o
contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a xação do preço. Essa
exclusividade que não é permitida. Ademais, salvo cláusula em contrário, carão as despesas de escritura e
registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.

Troca ou Permuta
Troca ou permuta são expressões equivalentes. Trata-se de negócio jurídico em que as partes se obrigam a
entregar reciprocamente coisas, que não sejam dinheiro. É um contrato muito próximo com a compra e venda,
motivo pelo qual o art. 533 do Código Civil determina que aplicam-se às trocas as disposições referentes à compra
e venda, com alguns detalhes apenas. Em primeiro lugar, salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes
pagará por metade as despesas com o instrumento da troca. Depois, é anulável a troca de valores desiguais entre
ascendentes e descendentes, sem consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante.

Contrato Estimatório
Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao consignatário, que ca autorizado a vendê-los,
pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa consignada. O
consignatário não se exonera da obrigação de pagar o preço, se a restituição da coisa, em sua integridade, se
tornar impossível, ainda que por fato a ele não imputável. A coisa consignada não pode ser objeto de penhora ou
sequestro pelos credores do consignatário, enquanto não pago integralmente o preço. O consignante não pode
dispor da coisa antes de lhe ser restituída ou de lhe ser comunicada a restituição.

Doação
Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou
vantagens para o de outra. O doador pode xar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade.
Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a
doação não for sujeita a encargo. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular. Aliás, a doação
verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir imediatamente a tradição.
Comodato
O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis (isto é, que não podem ser substituídas). Perfaz-se
com a tradição do objeto. Como exemplo, o empréstimo de um apartamento. Se o comodato não tiver prazo
convencional, presumir-se-lhe-á o necessário para o uso concedido; não podendo o comodante, salvo necessidade
imprevista e urgente, reconhecida pelo juiz, suspender o uso e gozo da coisa emprestada, antes de ndo o prazo
convencional, ou o que se determine pelo uso outorgado. Ademais, O comodatário é obrigado a conservar, como
se sua própria fora, a coisa emprestada, não podendo usá-la senão de acordo com o contrato ou a natureza dela,
sob pena de responder por perdas e danos. O comodatário constituído em mora, além de por ela responder,
pagará, até restituí-la, o aluguel da coisa que for arbitrado pelo comodante.

Mútuo
O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis (substituíveis). O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que
dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Este empréstimo transfere o domínio da coisa
emprestada ao mutuário, por cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição. Destinando-se o mútuo a
ns econômicos, presumem-se devidos juros, permitida a capitalização anual.

Locação
Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de
coisa não fungível, mediante certa retribuição. Algumas obrigações, tanto do locador, quanto do locatário
precisam ser evidenciadas para o nossos estudo. Assim, o locador é obrigado a entregar ao locatário a coisa
alugada, com suas pertenças, em estado de servir ao uso a que se destina, e a mantê-la nesse estado, pelo tempo
do contrato, salvo cláusula expressa em contrário, bem como de garantir, durante o tempo do contrato, o uso
pací co da coisa. Por outro lado, o locatário é a obrigado a a servir-se da coisa alugada para os usos
convencionados ou presumidos, conforme a natureza dela e as circunstâncias, bem como tratá-la com o mesmo
cuidado como se sua fosse; a pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, e, em falta de ajuste, segundo o
costume do lugar; a levar ao conhecimento do locador as turbações de terceiros, que se pretendam fundadas em
direito; e a restituir a coisa, nda a locação, no estado em que a recebeu, salvas as deteriorações naturais ao uso
regular.

Depósito
No caso do depósito voluntário, recebe o depositário um objeto móvel, para guardar, até que o depositante o
reclame. O contrato de depósito é gratuito, exceto se houver convenção em contrário, se resultante de atividade
negocial ou se o depositário o praticar por pro ssão. Por outro lado, há a gura do depósito necessário, que é o
que se faz em desempenho de obrigação legal; ou o que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o
incêndio, a inundação, o naufrágio ou o saque. Com efeito, o art. 652 do CC aduz que seja o depósito voluntário ou
necessário, o depositário que não o restituir quando exigido será compelido a fazê-lo mediante prisão não
excedente a um ano, e ressarcir os prejuízos. Essa possibilidade de prisão civil não mais subsiste em virtude da
Súmula Vinculante n. 25 do STF (em homenagem ao que dispõe o Pacto de São José da Costa Rica, que proíbe a
prisão civil, salvo a de natureza alimentar), segundo a qual é ilícita a prisão civil de depositário in el, qualquer que
seja a modalidade de depósito.

Prestação de Serviço
Toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser contratada mediante retribuição. O
Código Civil regula a prestação de serviço desde que não se trate de caso de incidência de lei especial ou da
legislação trabalhista. Vale dizer, aliás, que a prestação de serviço não se poderá convencionar por mais de quatro
anos, embora o contrato tenha por causa o pagamento de dívida de quem o presta, ou se destine à execução de
certa e determinada obra. Neste caso, decorridos quatro anos, dar-se-á por ndo o contrato, ainda que não
concluída a obra.
Empreitada
Trata-se de negócio jurídico por meio do qual uma das partes (empreiteiro) se obriga, sem subordinação ou
dependência, a realizar, pessoalmente, ou por meio de terceiros, obra certa para o outro contratante (o dono da
obra ou comitente), com material próprio ou por este fornecido, mediante remuneração determinada ou
proporcional ao trabalho executado. A obrigação de fornecer os materiais não se presume; resulta da lei ou da
vontade das partes. Concluída a obra de acordo com o ajuste, ou o costume do lugar, o dono é obrigado a recebê-
la. Poderá, porém, rejeitá-la, se o empreiteiro se afastou das instruções recebidas e dos planos dados, ou das
regras técnicas em trabalhos de tal natureza. Aliás, o empreiteiro é obrigado a pagar os materiais que recebeu, se
por imperícia ou negligência os inutilizar.

Evicção

Conceito
Conforme prelecionar Carlos Roberto Gonçalves a evicção é a perda da coisa em virtude de sentença judicial, que
a atribui a outra (pessoa) por causa jurídica preexistente ao contrato. Com efeito, todo alienante é obrigado a
entregar ao adquirente a coisa alienada, assim como de garantir o uso e gozo respectivos. A evicção acontece
quando o adquirente vem a perder, total ou parcialmente, a coisa em razão de sentença fundada em motivo
jurídico anterior. A evicção está fundada no mesmo princípio que aquele que rege os vícios redibitórios, isto é, a
garantia. Logo, o alienante deve fazer “boa” a coisa vendida, tanto para que se possa usá-la para os seus devidos
ns, como no sentido de resguardar o adquirente contra eventuais pretensões de terceiro e, deste modo, do risco
de ser privado da coisa, de maneira a ressarci-lo para a evicção seja consumada. É por isso que cumpre ao
alienante assistir o adquirente em sua defesa perante terceiros. Não é exigida culpa do alienante, porque ainda
que de boa-fé responderá pela evicção, salvo se houver estipulação em contrário. 

A evicção é cláusula de garantia que opera de pleno direito (independe de estipulação expressa). É Inerente aos
contratos comutativos onerosos. Vale dizer que não há a responsabilidade por evicção em contratos gratuitos,
salvo se se tratar de doação onerosa ou com encargo.

Assim se colocam as primeiras disposições no Código Civil sobre a matéria. Nos contratos onerosos, o alienante
responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. Ademais,
como mencionado, podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela
evicção.

Partes na Relação de Evicção


Três guras estão presentes no caso da evicção.

Alienante

Responde pelos riscos da evicção.

Evicto

O adquirente vencido na demanda de terceiro.

Evictor 

Terceiro reivindicante e vencedor da demanda.

Classi cação
Evicção parcial 

Evicto perde parte ou fração da coisa adquirida / se a perda for considerável poderá o evicto optar entre a
rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque

Evicção total 

perda da totalidade da coisa

Responsabilidade pela evicção


Como se nota, a evicção decorre expressamente da lei, como garantia ínsita a todo contrato comutativo. Sua
existência é, assim, por força da lei (ex vi legis) nos contratos onerosos onde se veri car transmissão de domínio,
posse ou uso. “Ocorrendo a perda da coisa em ação movida por terceiro, o adquirente tem o direito de voltar-se
contra o alienante para ser ressarcido do prejuízo” (GONÇALVES, 2018, p. 855). Por outro lado, a responsabilidade
pela evicção somente será excluída se houver expressa cláusula neste sentido, não sendo admitida a possibilidade
de cláusula tácita de não garantia. As partes, além disto, podem reforçar a garantia (o prejuízo e algo a mais) ou
diminui-la (devolução a menor que o preço original, por exemplo). 

Exclusão expressa da evicção


De acordo com o art. 449 do CC, não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem
direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele
informado, não o assumiu. Nota-se que a cláusula contratual que exclui a garantia não é absoluta, de modo que
somente terá o condão de excluir a responsabilidade pela evicção se houver conhecimento do risco especí co,
bem como o adquirente tê-lo assumido, então, renunciado à garantia. Cláusula genérica de exclusão não tem
validade, portanto. 

Requisitos
Perda total ou parcial da propriedade, posse ou uso da coisa alienada.

Onerosidade da aquisição.

Ignorância, pelo adquirente, da litigiosidade da coisa.

Anterioridade do direito do evictor.

Denunciação da lide ao alienante.

Verbas devidas na evicção


Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que
pagou:

I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;

II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;

III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.

Vícios Redibitórios
Nesta seção, falaremos sobre os vícios redibitórios.

Conceito
Vícios redibitórios, na lição de Carlos Roberto Gonçalves, são defeitos ocultos em coisa recebida em virtude de
contrato comutativo, que a tornam imprópria ao uso a que se destina ou lhe diminuem o valor.” (GONÇALVES,
2018, p. 839). 

A coisa defeituosa poderá ser enjeitada pelo adquirente, isto é, devolvida, rejeitada, mediante a devolução do
preço que haja dispendido. Por outro lado, se o alienante conhecia o defeito, haverá a possibilidade de o
adquirente pleitear perdas e danos. É exatamente essa a redação do art. 443 do CC/02, segundo o qual: “Se o
alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia,
tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.”.
Disciplina no Código Civil
A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a
tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. Via de regra, a disciplina dos vícios
redibitórios aplica-se aos contratos bilaterais e comutativos, que dizem respeito, no geral, à transmissão de
propriedade, como, por exemplo, a compra e venda, a dação em pagamento e a permuta. Também se aplicam às
empreitadas, aliás (GONÇALVES, 2018). Tem-se em questão aqui o paralelismo que devem guardar as prestações
numa relação bilateral, para que os interessados possam utilizar adequada e normalmente da coisa adquirida.
Com efeito, tais regras não se aplicam aos contratos gratuitos (como numa doação pura), porquanto bene ciário,
vez que nada pagou, não tem razão para reclamar. O Código Civil, no entanto, abrange, na hipótese, as doações
onerosas, até o limite do encargo (CC/02, art. 441, parágrafo único). 

De acordo com o art. 442 do CC/02, em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (na forma do art. 441 que
vimos), pode o adquirente reclamar abatimento no preço.

Fundamento jurídico
Inadimplemento contratual.

O fundamento da responsabilidade pelos vícios redibitórios reside no princípio da garantia.

Todo alienante deve assegurar, ao adquirente a título oneroso, o uso da coisa por ele adquirida e para os ns
a que é destinada.” (GONÇALVES, 2018, p. 840)

Requisitos de caracterização
Não é qualquer defeito ou falha, em móvel ou imóvel, que enseja a responsabilização por vício redibitório.

Defeitos de pouca importância ou que possam ser removidos não justi cam essa garantia, porque não
tornam a coisa imprópria para o uso, nem diminuem seu valor econômico.

Logo, os requisitos são:

Coisa recebida em contrato comutativo.

Defeitos ocultos.

Defeitos existentes na celebração do contrato e que perduram até a reclamação.

Defeitos desconhecidos pelo adquirente.

Defeitos graves.

Ações Edilícias
Ações edilícias são aquelas que se encontram à disposição do adquirente para efeito de reclamar da existência de
vícios redibitórios em contratos comutativos e onerosos. São, basicamente, duas as ações edilícias: a ação
redibitória e a ação estimatória, também chamada quanti minoris. 

Ação Redibitória / Ação Estimatória


Dispõe o art. 442 do CC/02 que em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente
reclamar abatimento no preço. Aqui estão as duas ações edilícias. A ação redibitória, que se presta a rejeitar a
coisa, rescindido o contrato, pleiteando-se a devolução do preço pago. E a ação estimatória (quanti minoris) que
serve para conservar a coisa pelo adquirente, apesar da existência do defeito, porém pleiteando-se abatimento do
preço. 
Prazos decadenciais
São prazos decadências relativos ao ajuizamento das ações edilícias. Se relativa a bens móveis, o prazo é de 30
dias. Se bens imóveis, é de um ano. Ambos os prazos contam-se a partir da tradição, porém, se o adquirente já
estava na posse do bem, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade, conforme indica o art. 445 do CC. As
partes podem convencionar o aumento do prazo, de modo a estender a garantia. No entanto, ainda que exista
esse tempo maior convencionado, o adquirente deve denunciar o defeito nos prazos decadenciais mencionados,
porque essa cláusula de garantia comentada é complementar, não excluindo aquela legal. Logo, haverá
cumulação de prazos, “ uindo primeiro o da garantia convencional e, após, o da garantia legal.” (GONÇALVES,
2018, p. 843). Porém, se o vício surgir no curso do primeiro prazo (garantia convencional), o prazo para a
reclamação esgota-se nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento. Mesmo havendo ainda prazo para a
garantia, o adquirente é obrigado a denunciar o defeito, sob pena de decadência do direito, em homenagem ao
respeito à boa-fé. 

Exceções à contagem dos prazos


Algumas exceções aos prazos precisam ser comentadas. Inicialmente, quando se trata de máquinas sujeitas à
experimentação, porquanto o prazo decadencial será contado a partir do seu perfeito funcionamento e efetiva
utilização. No caso da venda de animal, conta-se a partir da manifestação dos primeiros sintomas da doença, até o
prazo máximo de 180 dias. Ademais, o art. 445, §1º, do CC/02, indica que “Quando o vício, por sua natureza, só
puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo
de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.”

Extinção do Contrato

Conceito e Fundamento Jurídico


Todo contrato deve chegar ao seu m. Em regra isso se dá pela execução do contrato, seja de forma instantânea,
diferida ou continuada. É o cumprimento da prestação que libera o devedor e satisfaz o crédito do credor. Trata-se
do meio normal de extinção do contrato. O pagamento é comprovado pela quitação fornecida pelo credor,
observados os requisitos previstos no art. 320 do Código Civil, segundo o qual: “A quitação, que sempre poderá
ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem
por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante.”

Distinções
O contrato pode chegar ao m sem que as prestações tenham sido adequadamente cumpridas. Daí que surge a
disciplina das causas anormais de extinção do contrato. Essas causas podem ser anteriores ou contemporâneas
(como na nulidade absoluta ou relativa, na cláusula resolutiva ou no direito de arrependimento), bem como
podem ser supervenientes (como na resolução, na resilição, na morte de uns dos contratantes e na rescisão).
Interesse distinguir as guras da resolução, da resilição e da rescisão, por gerarem maior dúvida. A resolução
ocorre com o inadimplemento voluntário, involuntário ou por onerosidade excessiva. A resilição ocorre pela
vontade de um ou de ambos (bilateral, distrato) os contratantes (unilateral ou bilateral, portanto). A rescisão é
modo especí co de extinção de certos contratos, como nos que ocorreu lesão ou que foram celebrados em
estado de perigo. 

Formas de Extinção – Resolução


Não é sempre que os contratantes conseguem cumprir a prestação em virtude de causas supervenientes, que
impedem ou prejudicam a execução. A extinção do contrato mediante resolução tem como causa a inexecução ou
incumprimento por um dos contratantes. Resolução, portanto, é quando há o inadimplemento voluntário
(culposo) ou involuntário. 
Inexecução voluntária
A resolução por inexecução voluntária decorre de comportamento culposo de um dos contratantes, com prejuízo
ao outro. Daí sujeita-se, o inadimplente a eventuais perdas e danos e cláusula penal (compensatória, em caso de
total inadimplemento ou moratória para evitar retardamento).

A inexecução involuntária decorre de fato não imputável às partes, como nas hipótese de ação de terceiro ou de
acontecimentos inevitáveis, alheios às vontades (caso fortuito e força maior). Tem como requisitos: ser uma
impossibilidade objetiva, isto é, não tem a ver com a pessoa do devedor, porque não será resolução involuntária
se de alguma forma ele concorreu para a ocorrência do inadimplemento; além disto, a impossibilidade de
execução deve ser total, pois, se parcial, pode haver interesse do credor na continuidade da prestação; e, por m,
de nitiva, pois a inexecução temporária acarreta na suspensão do contrato, que não justi ca, por si só, a
resolução do pacto. 

Onerosidade excessiva
Atualmente, o princípio da intangibilidade dos contratos (rebus sic stantibus, as coisas permanecem como estão)
ou do pacta sunt servanda (o contrato faz lei entre as partes – princípio da força obrigatória) devem sofrer a
incidência da teoria da imprevisão, buscando sempre o equilíbrio contratual à luz da boa-fé e da função social do
contrato. É por esta razão que o art. 472 do CC dispõe que: “Nos contratos de execução continuada ou diferida, se
a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em
virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os
efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.” Também com base na teoria da imprevisão é
que a intangibilidade inicial dos contratos precisa ser sempre revista, pois há circunstâncias do mundo prático,
não quistas pelas partes que podem impactar profundamente na possibilidade das prestações porventura
avençadas. 

Defesas do réu no Código Civil


As seguintes defesas podem ser utilizadas pelo devedor em caso de resolução contratual: que o contrato não é
bilateral; que cumpriu de modo substancial o contrato; que não cumpriu porque o credor não cumpriu as parte
(exceção do contrato não cumprido); prescrição do direito de crédito; e onerosidade excessiva.

Defesas do réu no Código de Defesa do Consumidor


Equilíbrio contratual – art. 6º, V, do CDC.

Modi cação de cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais.

Revisão em virtude de fato supervenientes que tornem as prestações excessivamente onerosas.

Responsabilidade na evicção – Deterioração / Benfeitorias


Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo
do adquirente.

Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor
das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante.
Situação-problema
Uma pessoa celebrou contrato de compra e venda com outra mediante o estabelecimento de um instrumento
particular, por escrito, para efeito da alienação de um veículo considerado como relíquia, eis que muito antigo. O
alienante formou contrato preliminar com o adquirente e, depois contrato de compra e venda de nitivo,
estabelecendo que o bem ainda chegaria ao Brasil e que, quando aqui chegasse, o alienante, por sua vontade
apenas, estabeleceria o preço a ser pago pelo adquirente. 

Considerando essa situação hipotética e à luz da legislação brasileira, analise o caso quanto aos elementos que
determinam o contrato de compra e venda, concluindo pela sua legalidade ou não. Justi que sua resposta. 

Resolução da Situação-Problema
Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a
pagar-lhe certo preço em dinheiro. É o contrato mais comum no dia a dia. Embora seja lícito às partes xar o
preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação, bem como que
poderá ser xado por terceiro que as partes designarem para esta nalidade, é válido lembrar que será nulo o
contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a xação do preço. Essa
exclusividade que não é permitida. Ademais, salvo cláusula em contrário, carão as despesas de escritura e
registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição. Por m, pode-se dizer que deixar a xação
do preço ao alvedrio exclusivo do alienante, além de incorrer em prática que gera nulidade, é contrária a boa-fé e
ao princípio do consensualismo, que doravante animam os atos jurídicos negociais. 

Referências
BANDEIRA, Paula Greco; KONDER, Carlos Nelson; TEPEDINO, Gustavo. Fundamentos de Direito Civil:
Contratos. 1ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020.

BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras
providências. Disponível em: https://bit.ly/3knQnJc. Acesso em: 16 set. 2020

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: https://bit.ly/2FAFAML.
Acesso em: 16 set. 2020.

GAGLIANO, Pablo Stolze. FILHO, Rodolfo Pamplona. Manual de Direito Civil. São Paulo: Saraiva, 2020.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil 1 Esquematizado. Parte Geral, Obrigações e Contratos (Parte Geral).
9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: contratos. 20ª ed. São Paulo: Atlas, 2020.

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