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Direito Processual Civil III - Execução

Da execução em geral

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Nesta webaula, aprenderemos sobre:

Execução em geral.

- Requisitos.

- Inadimplemento do devedor.

- Título executivo.

- Responsabilidade patrimonial.

Meios de execução.

- Execução de título extrajudicial.

- Ato atentatório à dignidade da justiça.

- Extinção.

Execução por quantia certa.

- Requisitos.

- Citação.

- Penhora.

- Procedimentos.

Embargos à execução: defesa do executado.

- Procedimentos.

- Reconhecimento do crédito: parcelamento.

- Teses de defesa alegadas em embargos à execução.

Requisitos 

Para que seja possível o ajuizamento da ação de execução, é necessário o preenchimento dos requisitos:
inadimplemento do devedor e título executivo que represente uma obrigação líquida, certa e exigível. 

Inadimplemento do devedor

Gonçalves (2016) afirma que o inadimplemento do devedor é configurado pelo descumprimento da obrigação no
tempo, no local e na forma acordada pelas partes, corroborando com o art.
788 do CPC (BRASIL, 2015, [s.p.]): 

“Art. 788. O credor não poderá iniciar a execução ou nela prosseguir se o devedor cumprir a obrigação, mas poderá recusar
o recebimento da prestação se ela corresponder ao direito ou à obrigação estabelecido no título executivo, caso
em que
poderá requerer a execução forçada, ressalvado ao devedor o direito de embargá-la. 


— Someone famous
Caso a obrigação seja a termo, a mora resta configurada assim que vencido o prazo estipulado no título, contudo,
caso não haja prazo específico para o cumprimento, o devedor deverá ser notificado para que seja constituído em
mora. 

O lugar de cumprimento das obrigações é aquele que foi convencionado pelas partes, inexistindo convenção à
respeito, como observado no art. 327 do Código Civil (em regra, efetuar o pagamento no domicílio do devedor). 

Título executivo

O título executivo é requisito essencial do processo de execução e sua criação somente ocorrerá por meio de lei.
Deve-se observar, ainda, o princípio da tipicidade, ou seja, os títulos executivos devem obedecer rigorosamente ao
padrão determinado na lei que os criou.

Há necessidade de juntada aos autos do processo do documento original, não se admitindo cópia.

Os títulos executivos judiciais estão elencados no artigo 515 do CPC e os extrajudiciais no artigo 784 do CPC.

A obrigação representada no título deve ter:

Liquidez 

Exata quantidade da obrigação. É o quantum.

Certeza 

Exposição da obrigação no título, com exposição do devedor, qual obrigação e requisitos da lei.

Exigibilidade 

A obrigação deve estar apta a ser exigida (art. 786 do CPC).

Para Gonçalves (2016), os requisitos de certeza, liquidez e exigibilidade não são dos títulos, propriamente ditos,
mas das obrigações que eles representam.

Responsabilidade patrimonial 

O devedor responderá pelo cumprimento das suas obrigações com seu patrimônio presente e futuro, consoante
art. 789 do CPC. Contudo, preocupou-se o legislador em preservar determinados bens, tornando-os
impenhoráveis. 

O rol dos bens impenhoráveis encontra-se no art. 833 do CPC. E a Lei nº 8009/1990 trata sobre a
impenhorabilidade de bens de família.

Quanto à penhora dos bens móveis, deve-se observar a regra contida no art. 833, II; ou seja, somente não serão
penhoráveis aqueles indispensáveis para uma moradia digna. 

Não permanece a impenhorabilidade do bem quando o devedor o oferece para penhora, entendendo-se como
renúncia ao benefício da impenhorabilidade. 

Meios de execução

Execução de título extrajudicial: regras gerais

Os títulos executivos extrajudiciais estão previstos no art. 784, do CPC (BRASIL, 2015, [s.p.]):


I – letra de câmbio;

II – a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;

III – o documento particular assinado pelo devedor e por 2 testemunhas; ex: contrato de locação; 

IV - instrumento de
transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos
advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal;

V - o contrato garantido por hipoteca,


penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por caução;

VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte;

VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio;

VIII - o crédito, documentalmente comprovado,


decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais
como taxas e despesas de condomínio;

IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
correspondente
aos créditos inscritos na forma da lei;

X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva


convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente
comprovadas;

XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas
pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei;

XII - todos
os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.


— Someone famous
Todos os meios de execução de título executivo extrajudicial deverão ser iniciados por meio de petição inicial, que
deverá preencher os requisitos dos arts. 319 e 320 do CPC (requisitos gerais da petição inicial), cumulados com
o
art. 798 do CPC (requisitos gerais da execução – título executivo extrajudicial e demonstrativo de débito), além dos
requisitos específicos de cada meio de execução.

A petição inicial deverá indicar os fatos e fundamentos da execução, que deverá se basear em um título executivo
que reflete uma obrigação certa, líquida e exigível (sob pena de nulidade, art.
803, I, CPC) e no inadimplemento do
devedor. Tratando-se de uma obrigação em pecúnia, deve acompanhar a inicial memória de cálculo, conforme art.
798, I, “b” + 798, II, parágrafo único. Atualmente, o exequente poderá requerer,
na petição inicial, a inclusão do
executado no cadastro de inadimplentes,  conforme previsão do art. 782, §3º, do CPC. 

Importante destacar que o exequente, por força do art. 805 do CPC, deverá promover a execução sempre
pelo meio menos gravoso ao executado.

Em caso de ausência de algum dos requisitos ou documentos indispensáveis, o juiz determinará a intimação do
exequente para que, no prazo de quinze dias, providencie a emenda da petição inicial, sob pena de indeferimento.
Caso a
inicial esteja de acordo com os requisitos legais, o juiz determinará a citação do executado. 

Ao executado que alegar ser a medida adotada pelo exequente mais gravosa, caberá indicar os meios eficazes e
menos onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já determinados (art. 805, parágrafo único, do
CPC).

Execução de título extrajudicial: citação

No processo de execução, são admitidas todas as formas de citação previstas no CPC (art. 246), inclusive citação
por edital e por hora certa, observado o teor da súmula 196 do STJ: “Ao executado que, citado por
edital ou por
hora certa, permanecer revel, será nomeado curador especial, com legitimidade para apresentação de
embargos”. 

Não ocorrendo a citação válida do executado, a execução será nula (art. 803, II, CPC). 

A competência para julgar a execução está prevista no art. 781 do CPC, podendo o juiz requisitar o uso da força
policial, caso seja necessário, conforme previsão do artigo 782, §2º, do CPC. 

Ato atentatório à dignidade da justiça

O executado cometerá ato atentatório à dignidade da justiça quando, por meio de conduta comissiva ou omissiva:
a) fraudar a execução; b) opor-se maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos;
c) dificultar
ou embaraçar a realização da penhora; d) resistir injustificadamente às ordens judiciais; e) intimado, não indicar
ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e os respectivos valores, nem exiba
prova de sua
propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus (art. 774 do CPC). 

Extinção

Para o exequente, a execução será disponível, ou seja, poderá desistir de toda execução ou de parte dela,
devendo-se observar, quanto aos embargos, as regras do parágrafo único do art. 775 (BRASIL, 2015): serão
extintos se versarem exclusivamente sobre questões processuais, pagando o exequente as custas processuais e
os honorários advocatícios; nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do embargante. 

A execução será nula caso seja iniciada antes de instaurada a condição ou de ocorrer o termo que a depende,
conforme art. 803, III, do CPC.

Execução por quantia certa

Requisitos

A execução por quantia certa tem o objetivo de compelir o devedor a pagar determinada quantia em dinheiro.

Na petição inicial, o exequente deverá juntar a memória de cálculo do débito atualizado, por força do art. 798, I,
“b”, parágrafo único, e terá a opção de indicar os bens que deseja penhorar,
conforme art. 798, II, “c”, do CPC.

Ao receber a petição inicial, o juiz determinará a citação do devedor para pagar o débito em três dias, sob pena de
penhora, fixando, desde então, os honorários advocatícios (art. 829, NCPC). 

Citação

No caso de execução por quantia certa, a citação implica o prazo de três dias para pagar (a partir da efetiva citação
do devedor) e o prazo de quinze dias para oferecer embargos (contados da juntada do mandado aos autos),
independentemente de realizada ou não a penhora.

A súmula 196 do STJ dispõe: “ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será
nomeado curador especial, com legitimidade para apresentação de embargos”. 

Penhora

Não ocorrendo o pagamento em três dias, o oficial de justiça fará a penhora dos bens indicados pelo credor na
petição inicial, e caso não haja indicação, fará a penhora sobre os bens que localizar,
observado o rol de bens
impenhoráveis previsto no art. 833 do CPC; exemplos: bens inalienáveis, móveis domésticos, vestuários,
remunerações, proventos de aposentadoria, quantia depositada em poupança até o limite de 40 salários
mínimos,
entre outros. 

O art. 830 do CPC dispõe que: “se o oficial de justiça não encontrar o executado, arrastar-lhe-á tantos bens
quantos bastem para garantir a execução” (BRASIL, 2015, [s.p.]). 

Trata-se da hipótese de arresto, que ocorre antes de realizada a citação do devedor, a fim de se evitar o
desaparecimento dos bens. Com a citação do devedor, o arresto converte-se em penhora. 

Ordem de penhora

Destaca-se que a penhora nada mais é do que a individualização dos bens que serão afetados pelo pagamento da
obrigação. É facultado ao credor indicar na petição inicial os bens do devedor em que deseja que recaia a
penhora, observada
a ordem do art. 835, do CPC: 

“Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: 

I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira; 

II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito


Federal com cotação em mercado; 

III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; 

IV - veículos de via terrestre; 

V - bens imóveis; 

VI - bens móveis em geral; 

VII - semoventes; 

VIII
- navios e aeronaves;

IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias; 

X - percentual do faturamento de empresa devedora; 

XI - pedras e metais preciosos; 

XII - direitos aquisitivos derivados


de promessa de compra e venda e de alienação fiduciária em garantia; 

XIII - outros direitos. 


— BRASIL, 2015, [s.p.].

Não indicação dos bens 

Não havendo indicação dos bens a serem penhorados na petição inicial e não localizando o oficial de justiça bens
em diligência, o juiz poderá (a pedido ou de ofício) determinar a intimação do devedor para que indique bens
passíveis
de penhora. O devedor cometerá ato atentatório à dignidade da justiça caso tenha bens para indicar a
penhora, mas não os indique. 

O art. 839, do CPC, dispõe que: “considerar-se-á feita a penhora mediante a apreensão e o depósito dos bens,
lavrando-se um só auto se as diligências forem concluídas no mesmo dia” (BRASIL, 2015, [s.p.]).

Penhora on-line

O art. 854, do CPC, regula a penhora on-line, que ocorre quando o juiz determina o bloqueio de valores
diretamente da conta do devedor, por meio da emissão de comandos às unidades supervisoras das instituições
financeiras.

Da penhora de dinheiro

Segundo o art. 854 do CPC, 

“Art. 854. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou em aplicação financeira, o juiz, a requerimento do
exequente, sem dar ciência prévia do ato ao executado, determinará às instituições financeiras, por meio de sistema
eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, que torne indisponíveis ativos financeiros
existentes em nome do executado, limitando-se a indisponibilidade ao valor indicado na execução. 

§
1º No prazo de 24 (vinte e quatro) horas a contar da resposta, de ofício, o juiz determinará o cancelamento de eventual
indisponibilidade excessiva, o que deverá ser cumprido pela instituição financeira em igual prazo. 

§
2º Tornados indisponíveis os ativos financeiros do executado, este será intimado na pessoa de seu advogado ou, não o
tendo, pessoalmente.

§ 3º Incumbe ao executado, no prazo de 5 (cinco) dias, comprovar


que: 

I - as quantias tornadas indisponíveis são impenhoráveis; 

II - ainda remanesce indisponibilidade excessiva de ativos financeiros. 

§ 4º Acolhida qualquer das arguições dos incisos I e II do § 3º, o juiz determinará o cancelamento de eventual
indisponibilidade irregular ou excessiva, a ser cumprido pela instituição financeira em 24 (vinte e quatro) horas. 

§
5º Rejeitada ou não apresentada a manifestação do executado, converter-se-á a indisponibilidade em penhora, sem
necessidade de lavratura de termo, devendo o juiz da execução determinar à instituição financeira depositária que,
no
prazo de 24 (vinte e quatro) horas, transfira o montante indisponível para conta vinculada ao juízo da execução. 


— BRASIL, 2015, [s.p.], grifos nossos.

Modificação do bem penhorado

O procedimento está regulado nos arts. 847 a 853, do CPC. 

O art. 847, do CPC, dispõe que o executado poderá, no prazo de 10 dias, contado da intimação da penhora,
requerer a substituição do bem penhorado, desde que comprove que lhe seja menos oneroso e não traga
prejuízos ao exequente. 

O art. 850, do CPC, prevê ainda: “será admitida a redução ou a ampliação da penhora, bem como sua transferência
para outros bens, se, no curso do processo, o valor de mercado dos bens penhorados    sofrer alteração
significativa” (BRASIL, 2015, [s.p.]). 

Procedimentos da penhora

O depositário é pessoa a quem se confia um depósito; já o depositário judicial é a pessoa nomeada pelo juiz para
guardar os objetos penhorados ou consignados.

O oficial de justiça, ao proceder a penhora, deverá avaliar o bem, e faltando-lhe conhecimentos para tanto, deverá
informar o juiz para que confie a avaliação a um perito avaliador. A avaliação será dispensada nas hipóteses
previstas
no art. 871 do CPC. 

Será admitida nova avaliação quando verificada a ocorrência de erro ou dolo do avaliador; quando, após a
avaliação, for verificado que houve majoração ou diminuição do valor do bem; e, ainda, se o juiz tiver fundada
dúvida sobre
o valor atribuído ao bem na primeira avaliação. 

Se a penhora for realizada na ausência do executado, ele deverá ser intimado (por meio de seu advogado ou
pessoalmente, quando não estiver representado nos autos) da penhora, a fim de apontar eventuais
irregularidades ou nulidades.

Após a penhora dos bens e não havendo adimplemento da obrigação, segue-se para a fase de expropriação dos
bens (art. 825, NCPC). A expropriação dos bens é o meio pelo qual o credor alcançará a satisfação de seu
crédito
na execução por quantia certa, bem como consiste na adjudicação, alienação e apropriação de frutos e
rendimentos de empresa ou estabelecimento de outros bens. 

Deve-se respeitar a seguinte ordem de preferência entre os meios de expropriação: adjudicação dos bens,
alienação (particular ou por meio de leilão judicial) e apropriação (GONÇALVES, 2016). 

A adjudicação ocorre quando o bem móvel ou imóvel penhorado é transferido para o credor, a fim de satisfazer
seu crédito, e nunca poderá ocorrer por valor inferior ao da avaliação. 

Destaca-se que, a qualquer tempo, após a avaliação do bem, enquanto não for realizada a alienação particular ou
o leilão judicial, os legitimados (executado; coproprietário de bem indivisível; titular de usufruto) poderão requerer
a adjudicação.

Alienação e leilão

Na alienação por iniciativa particular, o juiz fixará as regras para a venda do bem penhorado, além de fixar a forma
de publicidade, o preço mínimo, a comissão de corretagem (se for o caso), as condições de pagamento
e as
garantias que devem ser prestadas pelo adquirente em caso de pagamento parcelado (art. 880, §1º). A alienação
particular será formalizada por meio de termo nos autos com a assinatura do juiz, do exequente, do adquirente
e
do executado, se estiver presente.

A alienação judicial por meio eletrônico vem regulada no art. 882, §1º e ss, do CPC, e dispõe sobre a
necessidade de observância das garantias processuais das partes. 

O leilão judicial presencial ocorrerá em local determinado pelo juiz, que designará o leiloeiro (que, por sua vez,
poderá ser indicado pelo exequente), as duas datas para a sua realização e as condições de pagamento
com as
devidas garantias. Será necessária a publicação do edital do leilão com antecedência de, no mínimo, cinco dias da
data de sua primeira realização, devendo constar no edital todos os requisitos previstos nos artigos 886
e 887, do
CPC, sob pena de nulidade da arrematação.

Arrematação e apropriação de frutos e rendimentos

Efetivada a arrematação, será lavrado auto devidamente assinado pelo leiloeiro, arrematante e juiz, passando a
fluir o prazo de dez dias para que se postule a invalidade, ineficácia ou resolução da arrematação
nos casos
previstos no art. 903, §1º, do CPC. Não havendo impugnação no prazo de dez dias, a carta de arrematação será
expedida e, conforme o caso, a ordem de entrega ou o mandado de imissão na posse.

A apropriação de frutos e rendimentos de bens móveis ou imóveis também é meio expropriatório de bens e vem
regulada nos arts. 867 a 869 do CPC. Nesse caso, após o deferimento da penhora, “o juiz nomeará
administrador/depositário,
que será investido de todos os poderes que concernem à administração do bem e à
fruição de seus frutos e utilidades, perdendo o executado o direito de gozo do bem até que o exequente seja pago
do principal, custas, honorários
e juros” (BRASIL, 2015, [s.p.]).

Dos embargos à execução: defesa do executado

Procedimento

Meio adequado para defesa do executado na ação de execução fundada em título executivo extrajudicial (art. 914
e seguintes do CPC). (Prazo de 15 dias contados do art. 231, NCPC – contados da juntada.) 

Trata-se de uma ação autônoma, mas vinculada à execução (ela deve ser proposta no juízo da execução e a
distribuição deve ser por dependência com tramitação em autos apartados), que tem natureza de processo de
conhecimento e se
presta para desconstituir ou declarar a nulidade ou inexistência do crédito.

Caput do art. 914: possibilidade da interposição dos embargos, independentemente de penhora, depósito ou
caução. Nesses termos, mesmo que o devedor não tenha bens, o prazo de embargos fluirá a partir do
momento da citação, observadas as regras pertinentes constantes no art. 231 do CPC.

O comparecimento espontâneo do executado supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo, a partir dessa data, o
prazo para apresentação dos embargos à execução, conforme art. 239, §1º, do CPC.

Reconhecimento do crédito: parcelamento

Caso o executado reconheça o crédito do exequente no prazo dos embargos e comprove o depósito de 30% do
valor da execução (acrescido de custas e honorários), poderá requerer o parcelamento do restante em até 6
parcelas mensais,
acrescidas de correção monetária e juros de um por cento ao mês (art. 916, CPC). Com o
deferimento do pedido de parcelamento, a execução ficará suspensa até a quitação integral do débito. 

O credor não poderá opor-se ao parcelamento, pois se trata de um direito que a lei confere ao devedor, mas será
intimado (art. 916, §1º) para manifestar-se, em 5 dias, sobre o preenchimento dos pressupostos.

O inadimplemento de qualquer das prestações do parcelamento acarretará o vencimento antecipado das


prestações subsequentes e no prosseguimento do processo com o imediato reinício dos atos executivos, além de
multa
de 10% sobre o valor das prestações não pagas. 

A opção pelo parcelamento importa em renúncia ao direito de opor embargos e não se aplica ao
cumprimento de sentença, conforme art. 916, §6º, do CPC.

Teses de defesa alegadas em embargos à execução

O art. 917 do CPC prevê as teses de defesa que o executado poderá alegar nos embargos. 

“Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar: 

I - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; 

II - penhora incorreta ou avaliação errônea; 

III - excesso de execução ou cumulação


indevida de execuções; 

IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para entrega de coisa certa; 

V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; 

VI - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento.


— BRASIL, 2015, [s.p.], grifos nossos.

Procedimentos de embargos

Os pressupostos processuais são tempestividade, legitimidade, interesse de agir e, no mérito dos embargos,
análise, a requerimento do embargante, das condições e dos pressupostos da ação executiva. 

A petição inicial deve preencher os requisitos previstos no art. 319 do CPC (requisitos gerais da petição inicial),
devendo o embargante postular a intimação do embargado para apresentar impugnação. 

É preciso juntar aos embargos as cópias das peças processuais relevantes do processo de execução, que poderão
ser autenticadas pelo próprio advogado, além do instrumento de procuração e o comprovante de recolhimento de
custas processuais
ou declaração de hipossuficiência e comprovante de renda, quando requerido o benefício da
justiça gratuita.

O art. 919 do CPC aponta que, em regra, os embargos à execução não terão efeito suspensivo, ou seja, a
execução poderá prosseguir normalmente. Contudo, como exceção, o juiz poderá atribuir o efeito
suspensivo, a requerimento do embargante, quando verificados os requisitos para concessão da tutela
provisória (podendo causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação) e desde que a execução
esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficiente.

Procedimentos de embargos à execução

A decisão que determinar o efeito suspensivo dos embargos poderá ser modificada ou revogada a qualquer
tempo, desde que haja requerimento da parte, circunstâncias que determinem a modificação dos efeitos e
decisão fundamentada. 

Segundo o art. 920, I, recebidos os embargos, o exequente será intimado para impugnar em 15 dias. A falta
de impugnação aos embargos acarretará a revelia do embargado (credor) e serão presumidos verdadeiros os
fatos alegados na inicial, desde que as alegações não sejam contrárias àquilo que consta no título executivo,
já que este goza de certeza, liquidez e exigibilidade.

Apresentada a impugnação, o embargante será intimado para apresentação de réplica com posterior análise
sobre os requerimentos de produção de prova (havendo requerimento, será designada audiência de instrução e
julgamento, e não
havendo, os embargos serão julgados antecipadamente) e posterior sentença com fundamento
no art. 485 ou 487 do CPC.

“Em caso de julgamento improcedente dos embargos, a execução terá seguimento, tendo em vista que o recurso de
apelação, em regra, não tem efeito suspensivo. Já o julgamento procedente dos embargos poderá acarretar na extinção
da
execução, modificação do valor executado ou desconstituição de algum ato processual.


— GONÇALVES, 2016, p. 795.

É necessário fazer referência ao rol de documentos obrigatórios: procuração; cópia do processo de execução;
comprovante de recolhimento de custas processuais ou declaração de hipossuficiência e comprovante de renda;
comprovante
das alegações da tese dos embargos; demonstrativo de cálculo discriminado, quando for o caso.

Esperamos que você tenha compreendido os principais conceitos e procedimentos relacionados à ação de
execução. Para se aperfeiçoar, continue seus estudos nessa temática. 

Referências

BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17
mar. 2015. Disponível em:<https://bit.ly/2xYe5Zn>.
Acesso em: 23 mar. 2020.

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