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QUESTIONÁRIO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL – ACÇÃO EXECUTIVA

ELABORADO POR: ADRIANO MÁRIO SAPALO

1. FALE DA SISTEMATIZAÇÃO DA ACÇÃO EXECUTIVA NO CPC.


R: A acção executiva no Código de Processo Civil, encontra a sua sistematização
amparada nos termos dos artigos 4˚; 45.˚ e ss; 801.˚ e ss, todos do CPC.

2. O QUE É A ACÇÃO EXECUTIVA?


R: Na visão da Professora Mariana França (2018), a acção executiva “é aquela cuja
finalidade é a realização coactiva de uma obrigação. Aqui, segundo a autora supra, o
agente da execução intervém tomando posse de certos bens do devedor através da
penhora, procedendo-se posteriormente a uma venda judicial e com o dinheiro obtido
nessa venda a obrigação ao credor.
Para os Professores Octávio Dinis Chipindo e Augusto Ngongo Barnabé (2019), a
acção executiva é aquela que visa dar realização efectiva ao direito violado.
Do ponto de vista legal, “dizem-se acções executivas aquelas em que o autor
requer as providências adequadas à reparação efectiva do direito violado” (art. 4.˚, n˚3 do
CPC).

3. QUAIS OS ELEMENTOS PODEMOS EXTRAIR DO CONCEITO DA ACÇÃO


EXECUTIVA?
R: Do enunciado no conceito supra, podemos extrair os seguintes elementos constitutivos:

i. Elemento Subjectivo: Segundo este elemento, para que se lance mão à uma
acção executiva, é necessário exista um titular do direito violado.

ii. Elemento Objectivo: Aqui, é necessário que haja um direito violado.

iii. Elemento formal: Na propositura da acção executiva, existem alguns critérios


formais que devem ser observados, como é o caso do título executivo (art. 45.˚ e ss.,
CPC).

iv. Elemento Teleológico: É a natureza jurisdicional, isto é, a pretensão que o


exequente almeja com a propositura da acção.

v. Elemento Orgânico: Fala-se aqui, da existência de um órgão competente


destinado a reconhecer em juízo e realizar coercivamente a reparação efectiva do violado
(arts. 2˚b, do CPC e 174.˚ e ss da CRA).

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4. COMO SE CLASSIFICAM AS ACÇÕES EXECUTIVAS?
R: As acções executivas podem ser classificadas, quanto ao fim e quanto à forma.

i. Quanto ao fim:

Considerando a natureza da obrigação certificada pelo título executivo, ou seja,


tendo em atenção as providências específicas que o exequente requer que o tribunal
pratique para assegurar a reparação efectiva do seu direito, as acções executivas dividem-
se em:
a) – Acções Executivas para pagamento de quantia certa (arts. 811.˚ a 927.˚
todos do CPC). Estes tipos de acções, destinam-se a assegurar o cumprimento coercivo
de obrigações pecuniárias. Aqui, o Tribunal invade a esfera jurídica patrimonial do devedor
(executado) e retira dinheiro necessário para o cumprimento da obrigação e, com o
produto da venda, substituindo-se o devedor, paga o credor.

b) – Accçõe Executivas para entrega de coisa certa (arts. 928.˚ a 937.˚ todos do
CPC). Estes tipos de acções, destinam-se ao cumprimento coercivo da obrigação de
entrega de coisa certa.

c) – Acções Executivas para prestação de um facto positivo ou negativo (Arts.


933.˚ a 943.˚ todos do CPC). Destinam-se ao cumprimento coercivo da prestação de um
facto deve as providências coercivas a praticar pelo tribunal adaptarem-se à natureza da
obrigação incumprida.
ii. Quanto à forma:
No que diz respeito as formas do processo executivo, podem ser: Comum e
Especial (art. 460.˚, n˚1 do CPC).
I. O Processo Comum executivo, é aplicável a todos os casos a que não
corresponda processo especial. E, estes podem ser:

a) – Execuções Ordinárias. São aquelas cujo valor exceda a alçada da relação (art.
465.˚, n˚1 do CPC);

b) – Execuções Sumárias. São aquelas cujas execuções fundadas em sentenças


proferidas em acções de processo sumário, seja qual for o valor do pedido e as fundadas
noutros títulos quando o valor do pedido estiver dentro da alçada da relação (art. 465.˚, n˚2
do CPC);

c) – Execuções Sumáríssimas. São aquelas fundadas em sentenças proferidas em


acções de processo sumaríssimo (art. 465.˚, n˚3 do CPC).
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II. Processo Especial Executivo. Aplica-se aos casos expressamente designados
na lei (art. 460.˚, n˚2ª, do CPC). E estes podem ser:

a) – A execução especial por alimentos (art. 1118.˚ e ss do CPC);

b) – Venda e Adjudicação do penhor (art. 1008.˚ e ss do CPC);

c) – Posse ou entrega judicial (art. 1044.˚ CPC);

d) – Execução por despejo (arts. 985.˚ e ss do CPC).

5. DISTINGA ACÇÃO DECLARATIVA, EXECUTIVA DA PROVIDÊNCIA CAUTELAR.


R: A Acção executiva difere da acção declarativa porquanto esta tem como fim a
declaração, por parte do juiz, da existência ou inexistência de um direito. Já a providência
cautelar visa a prevenção ou sequência da violação de um direito bastando para tanto
existirem sérias probabilidades de o requerente ser o titular do mesmo – fummus bonnis
(SOLANO, 2011, pág. 18).

6. QUAIS SÃO OS PRINCÍPIOS BASILARES DA ACÇÃO EXECUTIVA?


R: Os princípios basilares da acção executiva, são essencialmente os que a seguir
descrevemos:

i. Princípio do dispositivo. É o princípio segundo o qual, quer a iniciativa quer o


desenvolvimento da acção dependem da actividade das partes (art. 264.˚, n˚1 CPC).

ii. Princípio do contraditório. É o princípio que reserva a faculdade às partes de


controlar, fiscalizar e monitorar toda a actividade processual desenvolvida pela outra parte.
Em regra, o Tribunal, não deve tomar qualquer decisão sem antes conceder a
contraparte a possibilidade de contradizer (opor-se) conforme se depreende da segunda
oração do n˚1 do artigo 3.˚ do CPC.

iii. Princípio do inquisitório. Este princípio, reserva ao juiz o poder de realizar ou


ordenar oficiosamente, as diligências que considere necessárioas para o apuramento da
verdade, quanto aos factos de que lhe é lícito reconhecer (arts. 264.˚, n˚3; 535.˚;
612.˚;664.˚ todos do CPC).

iv. Princípio da auto-responsabilidade das partes. Segundo este princípio, cabe


ao exequente formular requerimentos para fim exitoso da acção, mesmo quando o
executado não tenha pago nem nomeado bens à penhora.

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v. Princípio da igualdade das partes. Este princípio deve ser entendido como se
referindo a uma igualdade de meios. Assim, por força do seu conteúdo, as partes, no
decurso do processo, devem ter os meios processuais iguais para a defesa dos seus
interesses (art. 23.˚ da CRA).

vi. Princípio da Judiciariedade. Segundo este princípio, a acção executiva não


admite mecanismos extra-judiciais de resolução de conflitos, pelo que devem única e
exclusivamente ser intentados em tribunais.

vii. Princípio da proporcionalidade. Segundo este princípio, os bens do devedor


que forem penhorados devem ser proporcionais e suficientes para o pagamento do crédito
do exequente e das custas (art. 833.˚ do CPC). Em outras palavras, não se deve penhorar
bens a baixo ou acima da obrigação a cumprir.

viii. Princípio da coisificação. Segundo este princípio, os bens penhorados devem


ser ou incidir sobre as coisas, isto é, um direito real.

ix. Princípio da patrimonialidade. A penhora deve incidir sobre os bens


patrimoniais do devedor e não de terceiro.
Limites. Este princípio goza de algumas excepções, como é no caso da acção
executiva para pretação de um facto positivo ou negativo.

x. Princípio da Segmentação. Traduz-se no direito da sequela, também chamado


de perseguição, é o direito real seguir a coisa que constitui seu objecto.

xi. Princípio da prioridade cronológica. Este princípio, também denominado


preferência (prior in tempore, portior in iure), consiste na prioridade dos direitos reais sobre
os direitos de créditos e sobre os direitos reais constituídos posteriormente quando total ou
parcialmente incompatíveis com o anterior. Na acção executiva significa que no
cumprimento coercivo da obrigação prioriza-se os credores segundo a ordem cronológica.

7. QUAIS SÃO OS PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS DA ACÇÃO EXECUTIVA?


R: Enquanto meio judicial, para obter coercivamente a satisfação ou reparação efectiva de
um direito do exequente, a acção executiva só admissivel se cumprir com determinados
requisitos impostos por lei objectiva.

Os pressupostos processuais da acção executiva, podem ser: Gerais e Especiais.

i. Pressupostos Gerais. São aqueles comuns a qualquer acção judicial. Exemplo:


a) – A competência do tribunal (arts. 61.˚ e ss do CPC);
b) – O Patrocínio Judiciário (arts. 60.˚; 32.˚ e ss do CPC);
c) – A personalidade Judiciária (arts. 5.˚ do CPC e 66.˚ do CC);
d) – A capacidade judiciária (arts. 9.˚ do CPC e 67.˚ do CC);
e) – A legitimidade das partes (art. 55.˚ do CPC);
f) – O Caso Julgado.
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g) – A letispendência.

ii. Pressupostos Especiais. São aqueles exclusivamente aplicáveis à acção


executiva. Exemplo:
a) – O título executivo.É o documento que determina o fim e os exactos limites da
dívida que se pretende cobrar na acção executiva. É o documento que se apresenta
perante um juiz para se requerer a execução de uma dívida ou obrigação a que se
comprometeu o dever. (arts. 45.˚ e ss do CPC);
b) – A certeza. A obrigação deve ser certa, isto é, qualitativamente determinada,
ainda que não se encontre liquidada ou individualizada. (arts. 543.˚ do CC);
c) – A exigibilidade da obrigação. A prestação torna-se exigível quando vence, ou
seja, quando transponha o prazo no qual devia ser realizada. (arts. 777.˚ a 805.˚ do CC). E
quanto a isso deve-se ter em atenção o seguinte:
i. A obrigação sem prazo (obrigação pura) vence com a mera interpelação ao
devedor (arts. 777.°, n°1 e 805.°, ambos do CC).
ii. A obrigação com prazo certo vence após decorrido o mesmo (art. 805.°, n°1 e 2
al. a) do CC).
iii. A obrigação dependente de prazo a fixar pelo tribunal vence com o decurso do
prazo fixado judicialmente (art. 1456.° e 1457.°; 777.°, n°2 e 3 do CC).
iv. A obrigação sob condição suspensiva vence com a verificação da condição (art.
270.° do CC).
v. Nas obrigações sinalagmáticas, o vencimento dá-se com a realização da
prestação por parte do devedor, recaindo sobre ele o ónus da prova da verificação do
cumprimento.
d) – A Liquidez da obrigação. Consiste na obrigação que se encontra
quantitativamente determinada ou, pelo menos, é quantitativamente determinável.

8. QUAIS SÃO AS TRÊS HIPÓTESES DE OBRIGAÇÕES PECUNIÁRIAS?


R: As três hipóteses de obrigações pecuniárias, são:
i. As obrigações de quantidade, quando certo valor é expresso em moeda nacional
(nesta espécie aplica-se a acção executiva para pagamento de quantia certa);
ii. As obrigações moeda específica, distingue-se consoante a moeda tenha curso
legal ou não. Se não tiver curso legal, estaremos perante obrigação constante dos artigos
552.° e 557.° do CC.
iii. Obrigações em moedas estrangeira, o processo será de execução para entrega
de coisa certa, isto é, sempre que a obrigação for em moeda estrangeira e esta não tenha
curso legal em Angola.
Só as obrigações de quantidades e as obrigações pecuniárias são susceptíveis de
serem executadas via de acção para pagamento de quantia certa.
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9. QUAIS SÃO AS FASES E TRAMITAÇÃO DO PROCESSO EXECUTIVO
R: O processo executivo, desenrola-se em 5 fases.

1. Fase Introdutória ou dos Articulados;

2. Fase da Penhora

3. Fase do Concurso de credores;

4. Fase do Pagamento;

5. Fase da Venda Judicial.

6. Fase da Extinção da Execução.

10. FALE DA FASE DOS ARTICULADOS.


R: Os articulados são as peças que as partes expõe os fundamentos da acção e da defesa
e formulam os pedidos correspondentes (art. 151°, n°1 do CPC).

Portanto, a acção executiva considera-se proposta a partir do momento em que o


autor ou exequente dá entrada do requerimento inicial na secretaria do tribunal (art. 150.˚
do CPC).
a) – Requerimento Inicial. É o primeiro articulado do processo executivo com o
qual o exequente desencadea a acção executiva. Este deve obedecer alguns requisitos:

 Formal. O articulado deve-se fazer acompanhar de duplicados legais em


obediência aos requisitos exigidos pelo artigo 152.˚ do CPC. A não
observância deste pressuposto desencadeará os efeitos previstos no n˚2 do
artigo 152.˚.
 Conteúdo. Quanto ao conteúdo, o requerimento deve conter intróito ou
preâmbulo (identificação do tribunal e das partes – nome, residência,
profissão, local de trabalho; forma de processo e finalidade. Art. 467.˚, n˚1,
al. a) do CPC ), fundamentação (convocação do título executivo. Art. 56.˚,
n˚1 do CPC), conclusão (valor da acção), e indicações complementares
(documentos que junta, a procuração passada ao mandatário e a assinatura
deste. Art. 467.˚ conjugado com o o n˚1 do artigo 466.˚ ambos do CPC).

b) – Despachos Liminares. É o articulado segundo o qual, o juiz deverá lavrar o


despacho liminar que poderá ser de:
- indeferimento (caso exista manifesta falta ou insuficiência do título executivo
ou o Exequente não observe os dispostos nos artigos 802.˚ a 804.˚ conjugado
com o artigo 806.˚, n˚1 todos do CPC. Pode ainda haver despacho quando
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ocorrerem casos de excepções dilatórias não supríveis e de conhecimento
oficioso, por exemplo, a falta de personalidade jurídica);

- aperfeiçoamento (quando a petição não possa seguir a sua tramitação por


falta de requisitos legais ou por não vir acompanhada de determinados
documentos ou, ainda quando se apresente com irregularidades ou
deficiências que sejam susceptíveis de comprometer o êxito da acção pode o
juiz, por despacho, mandar o exequente completá-la ou corrigí-la…); ou

- citação (quando não há motivo para indeferimento liminar e a petição estiver


em termos de ser recebida, é ordenada a citação do réu (executado. Art. 478.˚,
n˚1 do CPC).

c) – Petição de Embargos de Executado ou interposição de recursos. É o


articulado ou meio de defesa que o executado lança mão numa acção declarativa
enxertada na Acção Executiva. Por força desta acção, as posições dos sujeitos serão
invertidas, passando o Exequente a embargado (réu) e o Executado a embargante (autor).
Artigos complementares:
- Prazo para dedução dos embargos. O Executado, a partir da citação, tem dois
prazos diferentes para se opor à execução:
i. Oito (8) dias para agravar do despacho de citação; (685.˚, n°1 do CPC);
ii. Dez (10) dias para os embargos de executado (art. 816.˚ do CPC);
- Fundamentos do embargo (art. 813.˚ a 815.˚ do CPC);
- Marcha do embargo (art. 817.˚ a 819.˚ do CPC).

11. FALE DA PENHORA


R: A penhora. É a segunda fase do processo executivo. É um acto de desapossamento de
bens do devedor que ficam na posse do tribunal a fim de este os usar para realização dos
fins da acção executiva. É efectivamente através dela que se delimita o objecto mediato
desta acção, ou seja, os bens sobre os quais o Estado exercerá os seus poderes coactivos
para satisfação do interesse do credor.
a) – Objecto da penhora. Será a delimitação dos bens que em certo processo
executivo podem ser penhorados. Esta delimitação é feita com base em dois tipos de
limites:

i. Limites Objectivos (a impenhorabilidade). São marcados por duas regras gerais e


pelas correspondentes excepções:

1- Os bens patrimoniais respondem, em regra, por qualquer dívida do seu titular


(art. 601.˚ do CC);

2- Todos os bens, em regra, são penhoráveis (art. 821.˚ CPC).

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Excepções: existem bens que não respondem por certas dívidas do devedor, bem
como existem bens que, pela sua natureza, são impenhoráveis.

A impenhorabilidade pode classificar-se em:

- absoluta e e relativa. A ideia geral é a de que o bem em causa não pode ser
penhorado ou, a sê-lo, somente em certas condições. Os bens que não podem ser
penhorados são absolutamente impenhoráveis (art. 822.˚, n˚1 do CPC); Os bens que, não
podendo em regra se penhorados, podem sê-lo em circunstâncias especiais ou para
pagamento de certas dívidas, são bens relativamente penhoráveis (art. 823.˚ excepto a al.
c) do CPC).

- total ou parcial. Certos bens podem ser totalmente penhorados. Porém os soldos
dos militares, os proventos dos funcionários públicos, os vencimentos e salários de
qualquer empregado ou trabalhador, as prestações períodicas pagas à título de
aposentação, reforma, auxílio, indemnização por acidente ou renda vitalícia, etc.
Correspondem a bens sujeitos à penhorabilidade parcial;

- intrínseca e extrínseca. Impenhorabilidade intrínseca é aquela que resulta das


próprias qualidades materiais ou jurídicas de certo bem: um túmulo é impenhorável;
impenhorabilidade extrínseca é aquela que resulta duma situação jurídica particular, em
que o bem ou o direito se encontra. Um prédio é em si penhorável mas sendo um bem de
domínio público, já não o é.

ii. Limites Subjectivos. Só podem ser penhorados bens do executado ou de alguns


dos executados. Não respondem pela dívida, via de regra, bens que no todo ou em parte
pertençam a terceiros (art. 824.˚ a 826.˚ ambos do CC).

b) – Extensão da Penhora. A penhora abrange o prédio com todas as suas partes


integrantes e os seus frutos, naturais ou civís, desde que não sejam expressamente
excluídos e nenhum privilégio exista sobre ele (arts. 842.˚ e 841.˚ ambos do CPC).

c) – Efeitos da Penhora. Os bens penhorados ficam em posse do tribunal ou podem


envolver a nomeação de um depositário que os conservará em nome daquele e à sua
ordem (art. 848.˚; do CPC); Diminuição da livre disponibilidade dos bens penhorados
incluíndo os seus frutos. Penhorada certa coisa ou direito, os actos de disposição jurídica
realizados são inoponíveis no processo de execução (art. 819.˚ a 821.˚ CPC). Após a
penhora o bem é visto como se de coisa alheia se tratasse em face do próprio Executado,
inclusive para efeitos criminais…(art. 850.°, n°2 CPC); A criação a favor do exequente de
um direito real de garantia envolvendo preferência sobre os bens penhorados (art. 822.°
CC).

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d) – Fases da penhora. A penhora, no que diz respeito a fase da sua execução
compreende algumas subfases:

i. Nomeação dos bens à penhora (art. 833.˚, 836.°, 837.° todos do CPC);
ii. Despacho da Penhora (839.˚ e 838, n˚1, todos do CPC);
iii. Efectivação da Penhora (848.° e 866.° CPC; 838.˚, n˚3; 819.˚ CC e 221.˚ Código de
Registo Predial);
iv. Entrega ao fiel depositário;
v. Registo na conservatória (art. 838.˚ e ss do CPC e do 819.˚ CC);
vi. Levantamento da penhora. A penhora levanta-se efectivamente, quando se verifica os
seguintes casos:
a) – Extinção da acção executiva;
b) – Procedência dos embargos do executado;
c) – Desistência do exequente;
d) – Desaparecimento do bem penhorado;
e) – A não observância do princípio da auto-responsabilidade (art. 847.˚ CPC).

12. FALE DO CONCURSO DE CREDORES.


R: Feita a penhora, a lei abre a possibilidade de uma tramitação especial, embora esta
fase corresponda ao enxerto de uma acção declarativa que corre os seus termos por
apenso à acção executiva (art. 864.° a 871.° do CPC). Esta etapa é dividida em:
a) – Citações após a penhora: “…A inserção dos credores no processo de
execução é feita por meio de citação, tal como se faz ao Executado e ao seu cônjuge.
Desta forma, se os credores não puderem ser pessoalmente citados, serão citados por
éditos por prazo de 20 dias, (art. 864.°, n°2 in fine CPC). As citações a que se refere o
artigo em apresso reconduzem-se a dois grupos: a do cônjuge, por um lado, e a dos
credores, por outro.
- Efeitos da citação dos credores – Se alguns dos credores regularmente citados não
fizerem reclamação do seu crédito, não obstante terem sido cumpridas todas as
formalidades do chamamento à execução, coloca-se numa situação de revelia que tem
como principal efeito a perda da garantia real ou semelhante … (art. 824.°, n°2, do CC);
- Consequência da falta de citação dos credores – A falta de citação dos credores tem o
mesmo efeito que a falta de citação do réu na acção declarativa, isto é, o processo é
anulado a partir da fase posterior ao da citação (art. 194.° CPC).
b) – Reclamação e verificação dos créditos: O credor titular de um direito real que
pende sobre bens penhorados, mediante título executivo, tem a faculdade de reclamar o
seu crédito, com outros credores em processo executivo. Se a sua garantia consistir em
penhora feita posteriormente noutra execução, aplica-se o regime do artigo 871.° CPC a
não ser que o Exequente desta desista da penhora do bem em causa…
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13. FALE SOBRE O PAGAMENTO
R: A fase do pagamento, regulado nos termos do 872.° a 911° do CPC, aparece depois da
graduação dos créditos apenas por uma questão de sistematização, quer do ponto de vista
legal quer didáctico.
Com base no já citado artigo, o pagamento pode ser feito:
a) – Pela entrega de dinheiro;
b) – Pelo produto da venda destes mesmos bens;
c) – Pela adjudicação dos bens penhorados;
d) – Pela consignação judicial de rendimentos dos bens penhorados.

14. FALE DA VENDA EXECUTIVA E SUAS MODALIDADES


R: Se a penhora não recair sobre dinheiro ou, recaindo, não se mostrar suficiente para
cobrir o crédito, os outros bens penhorados poderão ser vendidos (art. 873.° CPC). O
artigo 851.° prevê as circunstâncias em que a venda pode ser feita antes desta fase. A
venda dos bens penhorados pode ser judicial ou extrajudicial (art. 882.° CPC).
1. Venda antecipada;
2. Venda extrajudicial:
a) – Venda de bolsas;
b) – Venda directa;
c) – Venda por negociação;
d) – Venda em estabelecimento de leilão.
3. Venda Judicial:
a) – Proposta por carta fechada;
b) – Arrematação em hasta pública.

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15. FALE DA ACÇÃO EXECUTIVA ESPECIAL
R: A acção executiva especial é aquela que aplica-se aos casos expressamente
designados na lei (art. 460.˚, n˚2ª, do CPC). E estes podem ser:
1. Execução por despejo: É um meio processual que se destina a efectivar a
cessação do arrendamento, independentemente do fim a que este se destina, quando o
arrendatário não desocupe o locado na data prevista na lei ou na data fixada por
convenção entre as partes, podendo ser cumulado o pedido de pagamento de rendas não
pagas. Este tipo de acção é regulado nos termos dos artigos 985.° e seguintes do CPC.
2. Venda e Adjudicação do penhor: É um acto judicial, dentro da expropriação de
bens, que tem como objectivo transferir a posse de um bem de um devedor a um credor,
dentro de uma execução de dívida. Com a adjudicação, a dídiva é quitada a partir da
transferência do bem. Esta acção é regulada pelos artigos 1008.° a 1013.° do CPC.
3. Posse ou entrega judicial: É a existência de um título translativo da propriedade
da coisa em favor do requerente, e esse tipo de acção vem regulado no artigo 1044.° do
CPC.
4. Execução especial por alimentos: Trata-se de uma norma que pretende
defender os interesses do credor dos alimentos mas também do devedor, quando este se
encontre obrigado, por falta de liquidez, a vender bens para o pagamento de uma dívida
alimentar. Quer um, credor, quer outro, devedor, deverão sempre ser acompanhados de
advogado. Esta acção tem a sua fundamentação legal nos termos dos artigos 1018.° a
1121.° todos do CPC.

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