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Direito Processual Civil IV - 2° semestre (resumo de aulas)

Professor Luciano Masson


Instagram: @luciano.masson

- Apresentação de plano de ensino

- Indicação bibliográfica

- Sistema de aula

- Tópicos principais: da execução civil, embargos à execução e cumprimento


de sentença.

Da execução Civil

1. Introdução

1.1. Conceito: Mecanismos previstos em lei/ Estado-juiz imporá cumprimento/


ainda contra a vontade do credor/ satisfação obrigação prevista título executivo
judicial ou extrajudicial (constitui sem participação do Estado).

1.2. Objetivo: fazer cumprir obrigação, caso inadimplente o devedor

Diferente execução penal (Lei 7.210/84)

1.3. Requisito mínimo: certeza – título executivo (“nulla executivo sine titulo”)

2. Espécies (pós Lei 11.232/05 e novo CPC)

2.1. Cumprimento de sentença (art. 513 e seguintes) – fundada em sentença


condenatória não cumprida. Mesmo processo (exec. Imediata) / nova fase (fases
distintas).

Processo sincrético: 2 fases distintas no mesmo processo

2.2. Processo de execução propriamente dito – arts. 771 e ss. (execução título
art. 784)

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Questão 1 – Qual critério distingue as espécies de execução?

Resposta: O tipo de título executivo. No cumprimento de sentença (art 515)


objetiva-se sentença de mérito. Já na Execução (art 784) objetiva-se que Juiz
tome providências para satisfação do titular do direito, representado pelo título.

* Sentença penal condenatória, arbitral (Lei 9.307/96) e estrangeira – embora


títulos judiciais, processo novo, afinal, não houve processo civil anterior (art. 515,
§ 1° – citação devedor para cumprir em 15 dias).

3. Instrumentos de sanção executiva: meios técnicos (lei) para o


desenvolvimento da execução, objetivando satisfação da obrigação.

3.1. Execução por sub-rogação (direta): a vontade do executado é substituída


pela vontade do Estado-juiz para satisfazer obrigação mesmo contra a vontade
do primeiro.

Independe da concordância do executado. Ex: penhora e posterior expropriação


do bem; bloqueio de contas no sistema Bacenjud e posterior expedição de alvará
para saque; depósito e entrega da coisa.

3.2. Execução por coerção (indireta): atos de pressão psicológica sobre devedor,
para tenta-lo convencer a cumprir obrigação.

Não há substituição vontade do executado / Deixa de ser espontânea.

3.2.1. Espécies de execução indireta (por coerção)

A - Astreintes: multa aplicável em caso de descumprimento / piora da situação


patrimonial.

Art. 523, caput, e §§ 1° a 3°, CPC (intimação 15 dias para pagar – 10% multa e
10% honorários). (Cumprimento de sentença)

Art. 513, caput – dispositivos cumprimento de sentença aplicam-se,


subsidiariamente, e Livro II (Da Execução de Título Extrajudicial).

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B - Prisão civil para devedor de alimentos (fundamento: art. 5°, LXVII, CF)

C - Protesto em cartório (art. 517): dá publicidade acerca do inadimplemento. Só


autorizado após decurso de 15 dias do artigo 523.

D - Inclusão do nome do executado no Serasa/SPC (art. 782, § 3°): cadastro de


inadimplentes.

E – Medias coercitivas atípicas


Art. 139, IV, CPC.
Leia: STJ, RHC 97.876

* Sanções premiadas/premiadoras (Francesco Carnelluti): situações legais que


“melhoram” a situação do devedor caso satisfaça toda/parte da obrigação.

Ex: Art. 827, § 1° - havendo pagamento integral da quantia em 3 dias, o valor dos
honorários reduz-se à metade.

* É possível a cumulação de medidas de execução indireta com medidas de


execução por sub-rogação.

Partes no Processo de Execução (título extrajudicial)

A – Legitimidade ativa (art. 778, caput): Credor (exequente) - propõe o início da


ação executiva.

§ 1° - Também podem propor a execução: I - o MP: execução sentença


condenatória ACP (art 3°, Lei 7.347/85); execução sentença improbidade
administrativa (art. 7°, Lei 8.492/92)

II – Legitimidade superveniente: espólio, herdeiros e sucessores. Espólio:


acervo patrimonial deixado pelo autor da herança (adm./inventariante).

III – Cessão: transmissão de obrigação inter vivos.

IV – Sub-rogado: aquele que paga a dívida.


Art. 23, Lei 8.906/94 – advogado executando honorários.

B – Legitimidade passiva (art. 779): aquele que será demandado na execução


de título extrajudicial/cumprimento de sentença: I – Devedor, previsto no título; II
– Legitimação superveniente: espólio, herdeiros ou devedores; III – Novo
devedor: cessão de débito - Transferência da dívida para novo devedor exige
concordância do credor (art 299, CC); IV – Fiador: Responsável patrimonial por
dívida alheia.

Art. 780 – Cumulação execuções (economia processual), desde que: mesmas


partes, competência do mesmo juízo e procedimento idêntico.

Competência na Execução: - Título extrajudicial (art. 781)/ Cumprimento de


sentença (art. 516)

São os critérios legais de distribuição de jurisdição dentre os numerosos órgãos


que compõem o Poder Judiciário (CPC, CF/88)

Competência para cumprimento de sentença (art. 516) - mesmas regras do artigo


475-P, CPC/1973

O cumprimento de sentença efetuar-se-á perante:

Inciso I – Os Tribunais, nas causas de sua competência originária (quem


conhecerá pela primeira vez a ação é TJ / TRF / STJ / STF – ex: ação contra
governador – STJ). Atrelado ao processo de conhecimento. Competência
funcional, absoluta – não admite prorrogação.

Inciso II – o juízo que decidiu a cauda no primeiro grau de jurisdição, mesmo que
o processo tenha “subido” para o Tribunal em função de recurso. Atrelado ao
processo de conhecimento. Também é competência funcional (não unânime).

Inciso III – juízo cível, quando se tratar de: sentença penal condenatória,
sentença arbitral e sentença estrangeira ou de Tribunal Marítimo.
Sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (ato de
soberania) e executada na Justiça Federal (art. 109, X, CF)

Parágrafo único (hipóteses dos incisos II e III) - opção exequente, que requererá
o cumprimento de sentença no juízo escolhido: atual domicílio executado, local
onde se encontram bens, local onde deve ser cumprida obrigação de fazer ou
não fazer. - Objetivo: Tornar a execução mais rápida

Competência para execução de título extrajudicial (art. 781)

Inciso I – foro do domicílio do executado, foro de eleição (ajustado pelas partes


no título – ex: contratos bancários), local em que estejam situados os bens.

Inciso II – Tendo o executado mais de um domicílio, elege-se qualquer um deles.

Inciso IV – litisconsórcio passivo – qualquer dos domicílios dos executados.

Inciso V – local do ato/fato de origem (ex: local em que foi celebrado negócio
jurídico)

Princípios gerais da Execução:

O que são princípios (segundo Celso Antônio Bandeira de Melo)?: mandamentos


nucleares / determinado sistema / verdadeiro alicerce.

- normas básicas inquestionáveis

- Princípios que regem a execução civil:

A – Nulla executio sine titulo: não há execução sem título que a embase. Porque:
invasão do patrimônio do executado / executado tem situação processual de
desvantagem. É necessário haver probabilidade de que o crédito exista.

Questão: A decisão interlocutória é executável?

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Resposta: Sim. O artigo 515, inciso I, prevê que as DECISÕES de pagar quantia;
fazer e não fazer; e de entregar coisa são títulos executivos judiciais
(diferentemente do que previa o CPC/73, que falava em SENTENÇA).

B – Princípio da patrimonialidade: bens do executado serão atingidos para


satisfação da obrigação (execução sempre real, nunca pessoal).

Ideia de humanização do processo de execução (Ex: Lei das Doze tábuas –


divisão do corpo do devedor)
Exceções: artigo 833, CPC, Lei 8009/90.

C – Princípio do desfecho único (art. 924, II) - Daniel Assumpção

Final normal do processo executivo ocorre quando a obrigação é satisfeita


(execução bem sucedida).

Final anômalo ocorre quando a execução se encerra sem a satisfação do débito.


Hipóteses: inciso I – petição inicial indeferida (art. 485 – extinção sem resolução),
inciso III – qualquer outro meio que leve à extinção (Ex: remissão; novação),
inciso IV – exequente renuncia ao crédito (abre mão), inciso V – prescrição
intercorrente (c/c art 921, inciso III, e § § 1° e 2° - se o executado não possuir
bens, suspende-se o processo por 1 ano, e após tal lapso voltará a correr
prescrição).

Questão: Qual a natureza jurídica da decisão que reconhece a prescrição da


ação executiva?

Resposta: Decisão de mérito, que impede a repropositura da ação (STJ – Resp


1.030.066/RS)

D – Princípio da disponibilidade da execução (art. 775)

O exequente poderá, a qualquer momento, independentemente da concordância


do executado, desistir da ação ou de parte dos atos executivos (Ex: Execução de
entrega de coisa, abre mão das astreintes, restando apenas busca e apreensão)

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Desistência é diferente de renúncia ao direito (que é ato de direito material, abre
mão do direito ao crédito).

Consequência: na renúncia não poderá repropor a execução, na desistência sim


(mas deverá pagar custas e honorários para repropor a ação (§ 2° do artigo 486)).

Limitação da desistência: prática de atos que possam causar prejuízos ao


executado

Ex 1: Arrematação de bem em leilão judicial

Ex 2: Obrigação já satisfeita

E – Princípio da utilidade da execução

Finalidade da execução: entregar ao vitorioso aquilo que tem direito de receber.

Conceito: Juiz deverá negar prática de atos inúteis, que não farão com que
execução atinja seu fim.

Execução não é um fim em si mesmo. Não é forma de vingança privada.

Ex 1: art. 836 – hipótese de não realização da penhora

Ex 2: não aplicação astreintes quando prestação tornou-se impossível (caso da


morte de animal que deveria ser entregue)

F – Princípio da menor onerosidade (art 805)

Conceito: A execução deverá ser promovida de forma menos gravosa ao


executado, com proporcionalidade dos atos executivos.

Havendo 2 caminhos, opta-se pelo menos gravoso ao executado.

Parágrafo único – é ônus do executado apontar caminho menos gravoso.

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Ex 1: art 891 – em leilão judicial com bens do executado não será aceito lance
por preço vil (abaixo do valor estipulado no edital ou 50% do valor da avaliação).
Forma de tutelar patrimônio do executado.

* Não pode prejudicar o princípio da efetividade da execução (satisfação crédito).

Ex 2: Substituição da penhora de dinheiro por fiança bancária dada em instituição


idônea (para que o executado tenha condições de praticar atos urgentes)

Ex 3: art 835 – a ordem legal dos bens penhoráveis é relativa (Súmula 417 STJ: a
penhora em dinheiro não possui caráter absoluto), §1º: juiz pode alterar a ordem.

G – Princípio da lealdade e boa-fé processual: as partes na execução deverão


agir de forma honesta, sem tentativa de enganar o juízo.

Proc. conhecimento – arts. 77/80

* Art. 774 – atos atentatórios à dignidade da justiça

I – fraude à execução – atos artigo 792

II – ardis – conduta dissimulada (ex: nega propriedade do bem)

III e IV – dificulta ou embaraça a penhora (ex: esconde veículo)

Parágrafo único – punição: multa de até 20% do débito em proveito do exequente


e outras sanções (ex: crime de desobediência)

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