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Direito Processual Civil

Recapitulo
 Jurisdição: Contenciosa; Voluntaria – autuação do Estado para resolução de lide;
 Ação: exigir do estado a prestação da tutela jurisdicional, é o ato de provocar o Estado;
 Processo: instrumento pelo meu do qual se provoca o exercício da prestação da tutela
jurisdicional (Unicidade da Jurisdição).

a) Conhecer: conhecer a lide


• Tutelas Jurisdicionais
• Declaratória: reconhecer a existência, inexistência ou um modo de ser (existência; validade
ou eficácia) de uma relação jurídica; (participação do réu é irrelevante)
• Constitutiva: criar, modificar ou extinguir uma relação jurídica; (participação do réu é
irrelevante)
• Condenação: Impor o cumprimento de uma prestação: que pode ser uma prestação de dar,
fazer ou não fazer.
• Dar: pagar, entregar ou restituir
• Fazer: é uma atividade, um serviço que vincula o devedor ao credor.
• Não fazer: é uma negativa, é o vínculo jurídico entre o credor e o devedor, pelo o qual o
devedor se compromete a não executar determinado ato, que podia livremente praticar, se não
estivesse obrigado em relação ao credor ou terceiro.
b) Convencer: Demonstrar alegações — Causa de pedir
c) Julgar: Concessão da tutela jurisdicional que foi levada ao conhecimento (lide)
• Procedente — natureza = pedido
• Improcedente — natureza declaratória
d) Satisfazer: dar cumprimento à pretensão (efetivar a decisão);
e) Prevenir (tutela provisória): garantir o resultado Útil e Eficaz de um processo.

Dos pressupostos Processuais

São requisitos para a constituição e desenvolvimento valido e regular do processo, sem


os quais é inadmissível o julgamento do mérito (Cândido Dina marco). Os pressupostos
processuais são previstos em lei e a sua aplicação não depende da vontade das partes ou do juiz.

Espécies
a. P.P. de Existência- Jurisdição; Petição Inicial; Citação
b. P.P. de Validade-- Competência absoluta; imparcialidade; petição inicial
apta; citação valida; capacidade de ser parte; capacidade processual;
capacidade postulatória
c. P.P. de Negativos—Litispendência; coisa julgada; perempção

Atos do juiz (CPC, Arts. 203 a 205)

 Pronunciamento do juiz: São atos pelos quais se manifesta a autoridade jurisdicional: a


sentença, a decisão interlocutória e o despacho.
 Despacho-- art. 203, §3- São os pronunciamentos do juiz praticados no processo, de
ofício ou a requerimento da parte. Tem como principal objetivo impulsionar o processo.
São atos que dizem respeito apenas ao andamento normal do processo, como, por
exemplo, o que determina a citação do réu ou nomeia perito. Em regra, não possui
conteúdo decisório ao pedido manifestado do processo
 Decisão interlocutória-- art. 203, §2- é todo o pronunciamento judicial de natureza
decisória que tem por finalidade resolver uma questão (incidente) surgida no processo e
que uma vez decidida não acarretara a extinção do processo, não se enquadra no
conceito de sentença. São proferidos no curso do processo, mas sem finaliza-lo. A
decisão judicial defere ou indefere um requerimento de liminar, sendo de caráter
interlocutória.
 Sentença-- art.203, §1- Sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com
fundamento nos Arts. 485 e 487 do CPC, põe fim a fase cognitiva do procedimento
comum, bem como extingue a execução. É o ato praticado pelo juiz sempre com
conteúdo decisório com a finalidade de decidir ou não o mérito da causa gerando a
extinção do processo, a extinção da fase do processo de conhecimento ou a extinção da
execução.

Prazos Próprios (CPC, art.226): são aqueles que acarretarão uma punição processual
denominada de preclusão (perda de uma pretensão) se não forem observados pelas partes no
tempo em que deveriam manifestar um ato processual. Pretensão: é o poder de reagir a violação
de um direito nos termos da lei.

 Relativos às partes- sua não observância, de modo geral, leva a um prejuízo para a
parte em função da preclusão;

Prazos Impróprios: são aqueles que se não forem observados pelo juiz ou serventuário da
justiça não acarretarão preclusão.
 Quanto aos prazos ao juiz (CPC, art.226): os juízes deveriam praticar
despachos em até 5 dias, decisões interlocutórias em 10 dias e sentenças em 30
dias.

Na contagem dos prazos processuais fixados em dias, somente serão contados os dias uteis
(NCPC, art. 219); O prazo processual é aquele estabelecido para prática de atos processuais que
são as manifestações de vontade formalizadas dentro de um processo.

Sentenças

 Sentença declaratória: declara a existência ou inexistência de uma relação jurídica.


 Sentença constitutiva: é aquela que cria, ou modifica uma relação jurídica.
 Sentença condenatória: condena o réu à prestação de uma obrigação.
 Sentença mandamental: contém uma ordem expedida para que alguma das partes
cumpra um fazer ou um não fazer. É aquela cuja se caracteriza por uma ordem, o juiz
não condena, ele ordena, essa ordem tem como principal escopo coagir o réu.
 Sentença Executiva: é aquela que se realiza através dos meios de execução direitos e
adequá-lo a tutelas especificas.

Recursos

Noções Gerais

O recurso é um ato processual praticado em processos em pelo andamento, com a


finalidade de corrigir error in procedendo e/ou error in judicando, o que levará possivelmente à
cassação, anulação, reforma, ou integração da decisão recorrida.

O recurso tem como natureza jurídica a extensão do direito de ação.

1. Error in procedendo: em sentido amplo significa a violação de norma de conteúdo


processual, acarretando à anulação/ cassação da decisão decorrida para que outra seja
proferida, porém com respeito à norma processual discutida;
2. Error in judicando: tal erro encerra a violação de norma de conteúdo material, levando
que a decisão recorrida seja reformada/ substituída por aquela proferida em decorrência
do recurso.

Princípios Recursais
 Principio da taxatividade: apenas será permitida a utilização de recursos que estejam
expressa e taxativamente previstos no CPC, não se admitindo a utilização de figuras
recursais oriundas de outros sistemas (Por exemplo: processo do trabalho, processo
penal e juizados especiais).

 Recurso adesivo
 Recurso de apelação
 Recurso de agravo de instrumento
 Recurso de agravo interno
 Recurso de embargos de declaração
 Recurso ordinário constitucional (ROC)
 Recurso extraordinário
 Recurso especial
 Embargos de divergência

 Princípio da correspondência: por tal princípio para cada tipo de pronunciamento


judicial haverá́ um recurso correspondente para atacá-lo.
 Principio da unirreconibilidade/ unicidade/ singularidade: de acordo com tal princípio
apenas será possível a interposição de um único recurso em face de um determinado
pronunciamento judicial. Não há de se falar em violação na necessidade de interposição
conjunta de recursos extraordinário e especial haja vista que o STF e o STJ têm
competências distintas, o que leva à necessidade de utilização dos dois recursos.
 Princípio da fungibilidade: significa a aceitação de um recurso em lugar de outro, desde
que presentes os requisitos autorizadores.
No sistema do CPC/39, havia disposição expressa no artigo 810, tendo como requisitos:

O Dúvida objetiva;
o Inexistência de erro grosseiro; o Interposição no prazo menor.

No CPC/73, o legislador tentou eliminar todas as situações que pudessem ocasionar


dúvida, razão pela qual não inseriu nenhuma disposição correspondente ao artigo 810 do CPC
anterior. Contudo, com a operatividade do sistema, surgiram situações duvidosas que fizeram
com que o princípio da fungibilidade voltasse a ser aplicado.

No sistema atual, o legislador fez a previsão expressa e de forma pontual da utilização


da fungibilidade, a saber:
o Embargos de declaração X Agravo interno;

o Recurso extraordinário X Recurso especial.


Nada obstante o desejo do legislador, a doutrina e a jurisprudência já detectaram algumas
situações duvidosas, como por exemplo a ação de prestação de contas (Art 550, §5 X Art 552),
onde se faz necessária a observância da fungibilidade.
Por fim, nas situações atuais não previstas o único requisito deve ser a inexistência de erro
grosseiro, tendo em vista que o NCPC unificou todos os prazos recursais em 15 dias, com
exceção dos embargos de declaração cujo prazo permanece em 5 dias.

• Principio do duplo grau de jurisdição: não tem previsão expressa no texto constitucional,
decorrendo do fato de a Constituição prever tribunais com competência recursal.
Tal princípio tem duas finalidades: Evitar decisões discricionárias;
o Garantir melhor justiça, na medida em que os tribunais são compostos por julgadores com
maior experiência.

• Princípio da proibição da “reformatis in pejus”: o recurso como extensão do direito de


ação encerra uma manifestação do princípio dispositivo, onde a parte provoca o exercício da
jurisdição de acordo com aquilo que almeja. O recorrente, ao interpor seu recurso, visa melhorar
a sua situação fática e/ou jurídica. Com isso, não é dado ao órgão julgador na apreciação do
recurso piorar a situação do recorrente, ou seja, ele não pode sair com menos daquilo que ele
tinha quando da interposição do recurso. Há que se esclarecer que quando a piora da decisão
decorrer do conhecimento de matéria de ordem pública ou do acolhimento do recurso da outra
parte não se terá presente qualquer violação ao princípio.

Pressupostos Recursais

Intrínsecos

São aqueles ligados a existência do direito de recorrer.

 Cabimento: é a previsão do recurso utilizado como forma de atacar determinada decisão


judicial.
Por expressa disposição de lei, os despachos são irrecorríveis, tendo em vista a falta de
conteúdo decisório apto a causar gravame às partes.
 Interesse Recursal: nada mais é do que a imprescindibilidade do recurso como único
meio para a melhoria para o recorrente no plano fático e/ou
Extrínsecos

jurídico (necessidade), assim como que o recurso utilizado seja adequado

para os fins buscados.

 Legitimidade Recursal:
 Inexistência de fato: há uma quarta categoria de pressupostos intrínsecos,

Qual seja a inexistência de fatos impeditivos, modificativos, ou extintivos do direito de


recorrer, tendo como exemplos:

a) Aceitação tácita ou expressa da decisão;

b) Renúncia ao direito de recorrer;

c) A prática de ato processual incompatível com o de interpor recurso (preclusão


lógica) de o condicionamento do exercício recursal ao depósito do valor relativo a multa
aplicada em decorrência de embargos de declaração manifestamente protelatórios e
reiterados. Tal parcela da doutrina entende que a verificação de quaisquer destes fatos
fulmina o interesse recursal.

São os pressupostos relacionados ao exercício do direito de recorrer.

• Tempestividade:

 Seu prazo é de 15 dias úteis – exceção 5 dias em embargos de declaração.


 Poder Público em juízo o prazo é em dobro

Litisconsórcio: pode ser dobrado nas hipóteses:

a) Quando todos os requisitos (processo físico, procuradores diferentes, não podem integrar o
mesmo escritório) se fizerem presentes.

b) Todos os litisconsortes devem ser sucumbentes - Quando houver a figura do litisconsórcio


em um dos polos e a decisão proferida causar prejuízo exclusivamente a um único litisconsorte,
o prazo para recorrer não será́ computado em dobro, de acordo com a súmula 641 do STF.

 Prazo recursal e feriado local – todas as vezes em que houver


 feriado local, a parte recorrente deverá comprovar feriado no ato da interposição do
recurso.
 Recurso interposto pelo correio – A tempestividade do recurso interposto pelo correio
será́ aferida com a data da postagem e não com a data da recepção na secretaria do
tribunal.

 o prazo de todos os recursos é de 15 dias:


 devem ser observadas as situações de dobra legal dos prazos: Poder Público e
existência de litisconsórcio com todos os requisitos;
 os embargos de declaração encerram exceção de o prazo é de 5 dias;
 os dias são úteis e não corridos;
 deve ser ter atenção à Súmula 641 do STF, onde só se observa a dobra legal
quanto todos os litisconsortes tiverem interesse recursal. Se o interesse for
apenas de uma, ainda que até aquele momento os prazos fossem computados
em dobro, para a prática dessa ato recursal o prazo será simples.
 em relação à aferição da tempestividade, o NCPC estabeleceu que caso a
interposição ocorra pelo correio, a tempestividade será examinada com a data
da postagem e não com a data da recepção do recurso na sede do tribunal;
 como vimos, o terceiro interessado pode interpor recurso, mas como ele não
participa do processo, surgiu, na vigência do CPC anterior e também em sede
de doutrina e jurisprudência dúvidas sobre à partir de qual momento se iniciaria
o prazo, o NCPC dispôs de forma expressa que o prazo para o terceiro se inicia
no mesmo momento em que o das partes.

PREPARO

 O preparo nada mais é do que o adiantamento pelos serviços forenses que serão
prestados em 2º Grau de Jurisdição.

 No âmbito da Justiça Estadual há leis estaduais regulamentando o valor em cada estado


da federação e em se tratando de Justiça Federal é preciso ver as resoluções em cada
uma das regiões administrativas.

 Não se pode confundir preparo com porte de remessa e de retorno, esse último é o valor
que se paga para remeter os autos do processo ao Tribunal responsável pela apreciação
do recurso (REMESSA) e também o que se paga para devolver os autos depois de
apreciado o recurso (RETORNO).

 Por expressa disposição de lei, não é possível a cobrança de porte de remessa e de


retorno de recursos oriundos de autos eletrônicos. Como se trata de vedação oriunda de
lei federal, não há espaço para que os estados legislem de forma diferente.

 Em relação ao preparo, seguem as observações importantes:

 a sua comprovação é imediata, ou seja, o seu recolhimento deve ser comprovado no ato
da interposição do recurso, com a juntada da guia comprobatória, exceção feito ao
recurso inominado no âmbito dos Juizados Especiais em que sem tem o prazo de até 48
horas após a interposição:

o qualquer problema com a guia, não levará à deserção imediata do recurso, mas
à intimação da parte recorrente para sanar o vício no prazo de 5 dias, sob pena
de não o fazendo ter o recurso não apreciado;
o caso haja problema com o horário de funcionamento do banco, é permitida a
juntada da guia comprobatória no primeiro dia útil subsequente.

 o recolhimento do prepara de forma insuficiente - recolhimento de valor menor - não


levará à imediata deserção, mas a parte, antes, será intimada para completar o valor
faltante no prazo de 5 dias, caso não faça, ai sim o recurso não será apreciado;

 a falta de recolhimento de preparo - importante ausência de recolhimento é diferente de


insuficiência - também não levará à imediata deserção, mas o recorrente será intimada
para recolher o valor do preparo de forma dobrada no prazo de 5 dias, caso o
recolhimento não seja efetuado no prazo, o recurso não será apreciado.

 os beneficiários da gratuidade da justiça estão dispensados do recolhimento do prepara,


assim como o Poder Público quando for parte recorrente.

REGULARIDADE FORMAL
 A Regularidade formal é a necessidade que o recurso interposto tem de respeitar os
requisitos formais previstos em lei para cada uma das espécies. Cada figura recursal tem
propriamente seus requisitos especificados na norma.

 O vício mais comum que se tem apresentado no âmbito recursal e os tribunais têm sido
implacáveis é a chamada “impugnação genérica”, ou seja, as razões apresentadas no
recurso não atacam de forma direta e especifica os fundamentos da decisão recorrida.

 A falta de enfrentamento específico leva ao não conhecimento do recurso, ante a falta


de regularidade formal, nos estritos termos do art. 932, inc. III, parte final do CPC.

 A falta de impugnação específica é a causa de não conhecimento da maior parte dos


recursos extraordinário e especial, assim como dos agravos de inadmissão (recurso
interposto ante a negativa de seguimento do recurso extraordinário e/ou especial).

 Especificamente em relação aos Tribunais superiores, sem prejuízo do art. 932, inc. III,
parte final, do CPC, vide Súmulas 83 e 182 do Colendo Superior Tribunal de Justiça
que já abordavam o tema.

JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE E JUÍZO DE MÉRITO

 Falar em Juízo de admissibilidade, significa analisar o preenchimento dos


pressupostos de admissibilidade intrínsecos (atinentes à existência do direito de
recorrer. Lembrem-se da pergunta: “Eu posso recorrer dessa decisão?”) e dos
pressupostos de admissibilidade extrínsecos (atinentes ao exercício do direito de
recorrer. Lembrem-se da pergunta: “Se eu posso recorrer da decisão, como devo
fazer?”), quando houver qualquer vício no preenchimento dos pressupostos, o recurso
não será CONHECIDO, sendo, portanto, essa terminologia.

 Todas as vezes que lerem ou ouvirem que um determinado recurso deixou de ser
conhecido, significa dizer que não se fizeram presentes todos os pressupostos de
admissibilidade recursal.

 IMPORTANTE 1: pela nova disposição do CPC, art. 932, parágrafo único, quando o
vício detectado for passível de sanação (ser corrigido), o recorrente tem o direito
subjetivo de corrigi-lo. Com isso, apenas depois de ser dada a oportunidade de
regularização no prazo de 5 dias é que será possível deixar de conhecer o recurso.

 IMPORTANTE 2: Há recursos que passam por duplo juízo de admissibilidade (Recurso


Extraordinário e Recurso Especial, por exemplo): um juízo prévio feito pelo Juízo a
quo (órgão em que houve a interposição do recurso) e outro feito pelo Juízo ad
quem (órgão responsável pelo julgamento do recurso), o que significa dizer que o fato
de ele ser admitido em um primeiro momento, não quer dizer que o tribunal ad
quem não possa deixar de conhecê-lo.

 Já o Juízo de mérito, nada mais é do que a análise da pretensão recursal do recorrente,


ou seja, aquilo que ela almeja à partir do recurso interposto, correção de error in
procedendo ou de erros in judicando e, portanto, a anulação/cassação, reforma ou
integração da decisão recorrida. A análise do juízo de mérito levará ao provimento ou
desprovimento de um recurso. Assim, um recurso pode ser:

 não conhecido - não se apreciou a pretensão recursal, pois o Juízo de admissibilidade


foi negativo;
 conhecido e desprovido - o Juízo de admissibilidade foi positivo, mas não se acolheu a
pretensão recursal;
 conhecido e provido - o Juízo de admissibilidade foi positivo e se acolheu a pretensão
recursal;
 conhecido e parcialmente provido - o Juízo de admissibilidade foi positivo e se
acolheu parcialmente a pretensão recursal.

EFEITO DEVOLUTIVO
 O ato de recorrer nada mais é do que pedir a reapreciação da matéria ao órgão
competente. Com isso, ao se recorrer, devolve-se ao órgão julgador a matéria
recorrida para análise.
 O efeito devolutivo é inerente a todo e qualquer recurso.

EFEITO SUSPENSIVO
 É o impedimento da imediata execução do decisório impugnado. O NCPC estabelece
que tal efeito é exceção, tendo apenas o recurso de apelação efeito suspensivo
automático.
 Excepcionalmente, o efeito suspensivo poderá ser retira

EFEITO SUBSTITUTIVO
 O efeito substitutivo é atribuído pelo art. 1.008 do CPC aos recursos em geral.
Consiste ele na força do julgamento de qualquer recurso de substituir, para todos os
efeitos, a decisão recorrida, nos limites da impugnação.
 Conforme comentado nas aulas, todas as vezes em que o objetivo do recurso for
atacar error in procedendo e ele for alcançado em sua plenitude, não ocorrerá a
substituição da decisão recorrida, mas a sua cassação para que outra seja proferida,
agora, sem os erros procedimentais anteriores.

EFEITO EXPANSIVO
 Trata-se de variação do efeito devolutivo.
 O efeito em tela delimita a área de cognição e decisão do órgão julgador, consiste em
reconhecer que a devolução operada pelo recurso não restringe às questões resolvidas
na sentença, compreendendo também as que poderiam ter sido decididas, seja porque
suscitadas pelas partes, seja porque conhecíveis de ofício.

EFEITO TRANSLATIVO
 Trata-se da limitação de cognição do tribunal, com exceção das matérias de ordem
pública, uma vez que elas podem e devem ser conhecidas pelo Tribunal ainda que não
tenham sido reconhecidas objeto de recurso.

Recurso de Apelação – Art. 1009 CPC

1. Noções gerais:
 É um recurso excelência, pois não há limitação de matérias que possam ser
levadas a apreciação do tribunal.
 Não há restrição de matérias; a sua fundamentação é livre, porém quando
devolvida é restringida pelo tribunal;
 é interposto em face de uma sentença;
 O recurso de apelação além de atacar a sentença, interponível em face dela,
também se prestara a acatar as decisões interlocutoras proferidas no curso do
procedimento sobre as quais não incidir a preclusão – Art. 1.009, §1º CPC
 As decisões que estiverem elencadas no rol do artigo 1.015 CPC deverão ser
proferidas de imediata, por agravo de instrumento, não sendo possível revisão
no tribunal em decisão interlocutória (aquelas no curso do procedimento) em
recurso de apelação;
 Na apreciação, o tribunal pode aumentar o valor dos honorários, em vertente
da interposição do recurso. O relator pode aumentar, de até 20% sob o valor
da causa.
2. Regularidade formal:
Há necessidade de petição dirigida a juízo de primeiro grau, nesta petição deve haver
os quesitos de admissibilidade - Art. 1.110 CPC. Conterá:
I. Os nomes e a qualificação das partes;
II. A exposição do fato e do direito;
III. As razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade;
IV. O pedido de nova decisão.
3. Procedimento:
 Prazo para interposição da apelação é de 15 dias úteis;
 Uma vez interposto, há intimação da parte contraria, denominada apelada,
para que responda no prazo de 15 dias;
 se o apelado apresentar recurso adesivo, o juiz deverá determinar a intimação
do apelante para apresentar contrarrazões, em 15 dias. Ou seja, o apelado
além de responder, ele poderá também apresentar contrarrazões para serem
respondidas (Art. 1.010, §1º CPC).
 Distribuída a apelação no tribunal, serão os autos conclusos ao relator. Cabe
ao relator conceder ou não efeito suspensivo ao recurso de apelação,
analisando o art. 1.012, §§ 1º e 3º, CPC.
 O relator poderá decidir monocraticamente a apelação, nas seguintes
hipóteses (Art.1.011, inc., c/c art. 932, inc. III a V, CPC)
I. Não conhecer de recurso:

Art. 932, III CPC. “Não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado


ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos os
fundamentos da decisão recorrida;”

II. Negar provimento:


Art. 932, IV CPC. “Negar provimento a recurso que for contrário
a:
a) Súmula do supremo tribunal federal, do superior tribunal de
justiça ou do próprio tribunal;
b) Acordão proferido pelo supremo tribunal federal ou pelo
Superior tribunal de justiça em julgamento de recursos
repetitivos;
c) Entendimento firmado em incidente de resolução de
demandas repetitivas ou de assunção de competência;

III. Dar provimento:


Art. 932, V CPC. Depois de facultada a apresentação de
contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida
for contrária a:
a) Sumula do supremo tribunal federal, do superior tribunal ou
do próprio tribunal;
b) Acordão proferido pelo supremo tribunal federal ou pelo
superior tribunal de justiça em julgamento de recursos
repetitivos;
c) Entendimento firmado de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;

 Caberá agravo interno contra tal decisão monocrática do relator,


no prazo de 15 dias, que deverá ser dirigido ao órgão competente
para o julgamento do recurso, de acordo com o regimento do
tribunal. A seguir, será intimada a outra parte para apresentar
contrarrazões, no mesmo prazo. Se não houver retratação, o
relator levará o agravo para julgamento ao órgão colegiado,
solicitando a sua inclusão em pauta; provido o agravo interno, o
recurso terá seguimento.
4. Efeitos do recurso de Apelação
 A apelação sempre terá o efeito devolutivo. Como regra, também deverá ser
recebida no efeito suspensivo (art. 1.012, CPC)
 Em hipóteses excepcionais legalmente previstas, entretanto, deverá ser
recebida apenas no efeito devolutivo (sem efeito suspensivo) sentenças que:
(art. 1.012, §1º CPC)
I. Homologa divisão ou demarcação de terras
II. Condena a pagar alimentos
III. Extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os
embargos do executado;
IV. Julga procedentes o pedido de instituição de arbitragem;
V. Confirma, concede ou revoga tutela provisória;
VI. Decreta interdição.

 Teoria da causa madura: possibilidade de o tribunal apreciar pela primeira


vez o mérito da causa – Art. 1.013, CPC
 Causa madura: Causa pronta para receber uma sentença de mérito
 Finalidade: anulação dos feitos adquiridos já dentro do processo
 Se o tribunal afastar a carência, pode-se julgar o mérito do processo em
detrimento da teoria da causa madura;

Agravo de instrumento

1) Noções gerais:
 É um recurso que se dirige diretamente a uma decisão interlocutória;
 Quantas decisões interlocutórias são proferidas no decurso? Várias.
 No código de 2015, o legislador buscou pretender com que a parte não tivesse a
liberdade de recorrer de toda decisão interlocutória, então delimitou a matéria,
diminuindo notadamente as hipóteses de incidência do recurso, restringindo as
matérias que podem ser objetos de agravo de instrumento.
 O recurso de agravo é destituído (ele não tem em regra efeito suspensivo) de efeito
suspensivo, sendo possível a parte agravante demonstrar a probabilidade obter êxito,
e transformá-lo em suspensivo.

2) Taxatividade do rol do artigo 1.015 CPC


 eleição de quais eram de recorribilidade imediata – com fundamento no
princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias, nem todas
as decisões interlocutórias são impugnáveis por meio de agravo de
instrumento. Por isso na fase de conhecimento são agraváveis apenas aquelas
decisões expressamente listadas no art. 1015 e em outros dispositivos de lei.
Portanto, o agravo de instrumento rege-se pela tipicidade das decisões
interlocutórias. Durante a fase de conhecimento, somente as decisões típicas,
podem ser objeto de agravo de instrumento.
 O rol nasceu taxativo, porém tornou-se mitigado;
Art. 1015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que
versam sobre:
I. Tutelas provisórias
II. Mérito do processo
III. Rejeição da alegação e convenção de arbitragem
IV. Incidente de desconsideração da personalidade jurídica
V. Rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua
revogação
VI. Exibição ou posse de documento ou coisa
VII. Exclusão de litisconsorte
VIII. Rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio
IX. Admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros
X. Concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à
execução
XI. Redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 370, §1°. CPC
XII. (vetado)
XIII. Outros casos expressamente referidos em lei

Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões


interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de
sentença, no processo de execução e no processo de inventário.

3) Necessidade de formação do instrumento:


 Razão da formação – petição do recurso e integralidade dos autos (se eletrônico); se
físico: além das razões recursais, precisa a parte contraria deverá juntar os autos;
 Peças: obrigatórias, essenciais e facultativas
 Obrigatórias: não podem deixas de ser juntadas: petição inicial e
documentos, contestação e documentos, cópia da decisão interlocutória
recorrida, e eventualmente, copia da petição que gerou a decisão a ser
recorrida e qualquer documento hábil para identificar tempestividade do
recurso.
 Essenciais: peça sem a qual não seja possível se ter um conhecimento
suficiente para que se tenha análise da decisão recorrida – motivo
 Facultativas: aquelas que não agregam aos autos
 Irregularidades ou falta de peças – consequências.
 Falta por inexistência: não consta nos autos do processo, o advogado
então declarara sua inexistência, justificando-a.
 Falta por Inexecução: a peça existia, porém não foi juntada – “é ônus do
agravante formar o instrumento com peças suficientes para o órgão
julgador” – se faltou peça, o recurso não será reconhecido por
irregularidade formal. Porquanto, isso mudou, foi-se dada a oportunidade
caso faltasse em primeiro momento a peça, a parte agravante fica intimado
em prazo de 5 dias estabelecido apresentar a juntada da peça, não sendo
punido em primeiro momento, se não juntada, consequentemente não há o
reconhecimento, o processo é dado como irregular, deficiente.

Procedimento

 Interposição – interposto diretamente no tribunal, se dará por meio de uma petição


apresentada de forma escrita no prazo de 15 dias.
 O recurso de agravo tem necessidade do recolhimento de preparo decorrente de
previsibilidade pela justiça Estadual, pelo porte de remessa e retorno, se processo
físico, pelo porte de retorno - (10 Ufesps)
 Uma vez interposto, será imediatamente sorteado um relator, onde este, resumirá o
processo, ou julgará de maneira monocrática (dentro das hipóteses).

Posturas do Relator

1. Monocraticamente fazer o juízo negativo de admissibilidade


2. Juízo negativo de mérito monocraticamente
3. Dar provimento monocraticamente – dando oportunidade ao agravado de apresentar
contraminutas.

Antecipar a tutela recursal, atribuindo o efeito suspensivo – Art. 1.019 CPC

a) Probabilidade de provimento
OU
b) Relevante fundamentação e prova de um risco de dano
grave ou de difícil reparação
O agravante quer ter do tribunal, o que não teve desde o início, em primeira instancia,
então busca o efeito suspensivo, enquanto não há apreciação do recurso de agravo.

 Intima-se o agravado no prazo de 15 dias, oferecer respostas ao recurso. Nesta


resposta o agravado poderá juntar peças para formar instrumentos, que lhe sejam
favoráveis,
 E o Relator, posteriormente intimará o órgão ministerial.

Art. 1.020. O relator solicitará dia para julgamento em prazo não superior a 1 mês da
intimação do agravado.

Informação ao Juízo “a Quo”

 Deve conter: a relação de documentos que formaram o agravo de instrumento, isso se


processo for físico.
 O agravante terá 3 dias uteis para informar ao juízo de primeiro grau, a interposição
do recurso de instrumento de agravo, e declarações
 Se deixado de comunicar, o agravado poderá comunicar o descumprimento do recurso
de agravo, pela inexecução da informação no prazo de 3 dias, e não reconhecimento
do recurso, isso no sistema de 1973.
 No sistema de 2015, em relação a esta transmissão, o contraditório é respeitado em
suma, isto é, tem-se os processos físicos e eletrônicos, quando eletrônico, pode-se
acessar de qualquer lugar, visto isso, a consequência de falta de informação não se
tem.
Se processo físico, a falta de informação, revestida pelos requisitos formais, levara ao
não conhecimento do recurso de agravo, desde que o agravado na preliminar da sua
contraminuta, alegue. Contudo é necessário que o agravado alegue e comprove o não
cumprimento.

Julgamento do recurso de agravo

 Julgado por 3 julgadores


 Unanime
 Divergência (maioria dos julgadores)
Tópicos essenciais de um recurso de agravo:

1) Endereçamento – interposição direta no tribunal


2) Qualificação das partes
3) Síntese da causa – exposição do fato e do direito
4) Razões de fato e de direito para a reforma ou anulação/ cassação da decisão recorrida
5) Pedido de atribuição de efeito suspensivo ou antecipação da tutela recursal – se for o
caso – Neste tópico há que se fazer a exposição da probabilidade do direito e do risco
de dano de difícil ou incerta reparação caso a medida não seja deferida liminarmente
6) Pedido de nova decisão
7) Nome e endereço dos advogados constituídos nos autos.

Agravo Interno

Art. 1021 CPC. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o
respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento
interno do tribunal.

 Recurso contra decisão monocrática (Art. 932, III, IV, V CPC);


 É um recurso cabível em qualquer pronunciamento de relator, em forma monocrática;
 O prazo de interposição é de 15 dias

Art. 1070. É de 15 dias o prazo para interposição de qualquer agravo, previsto em lei ou em
regimento interno de tribunal, contra decisão de relator ou outra decisão unipessoal
proferida em tribunal.

 Não há necessidade de preparo e recolhimento de remessa, pois já se fez presente o


que se fez o fato gerador, quando se interpôs o agravo, já foi pago as taxas.
 O agravo interno deverá ser interposto, por petição escrita, dirigida ao relator, em que
apresentará os fundamentos das suas razões de inconformidade, bem como requererá
novo julgamento.

Art. 1021, §1°. Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificamente os


fundamentos da decisão agravada.
 O relator da decisão monocrática recorrida deverá determinar a intimação do
agravado para apresentar contraminuta ao agravo interno, no prazo de 15 dias. Após
as contraminutas, o relator deverá fazer juízo de retratação.
 Caso mantenha a decisão impugnada, deverá levá-lo a
julgamento pelo órgão colegiado do tribunal, conforme
dispuser o regimento interno.

Súmula 116 STJ. A Fazenda e o Ministério público têm prazo em dobro para interpor
agravo regimental no Superior Tribunal de Justiça.

 Importante ressaltar, que o relator, deverá reproduzir o mesmo entendimento


utilizando linguagem diversa, não se limitando aos fundamentos já apresentado.

Art. 1021, §3°. É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão
agravada para julgar improcedente o agravo interno.

 Caso seja manifestamente improcedente em votação unanime: será imposta uma multa
ao agravante, de até 5% do valor da causa;
 O reconhecimento de um recurso ser improcedente deve se dar por votação
UNANIME. Se um entender ser procedente, livre ficará da multa o agravante, não se
aplica neste a teoria da maioria.

Art. 1021, §4°. Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou
improcedente em votação unanime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará
o agravante a pagar a pagar ao agravado multa fixada entre um a cinco por cento do valor
atualizado da causa.

 Não pagarão, na prática, a Fazenda Pública e o beneficiário da gratuidade judiciaria


essa multa;

Embargos de declaração
São cabíveis em face de qualquer pronunciamento judicial, trata-se de recurso
cabível contra decisão que contiver: omissão, obscuridade, contradição ou erro material, a fim
de que seja proferida outra decisão judicial sanando tais vícios.

 O prazo de interposição deste, é de 5 dias uteis, diferentemente dos outros recursos,


sendo exceção a regra. Podem ser dobrados estes;

Art. 1024. O juiz julgará os embargos em 5 dias.

 Não precisa ser preparado (recolhimento de custas) e nem recolhimento porte de


remessa e de retorno.
 São cabíveis contra: decisão interlocutória, sentença, decisão monocrática de relator e
acórdão;
 Não é cabível contra despachos, pois não possuem conteúdo decisório.

Hipóteses de Cabimento

Art. 1022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:

I. Esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;


II. Suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de
ofício ou a requerimento;
III. Corrigir erro material. – Por equívoco material, nomes de partes diferentes,
sendo estes possíveis de correção;

Paragrafo único. Considera-se omissa a decisão que:

I. Deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou


em incidentes de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;
II. Incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, §1°.

Porquanto, quando o pronunciamento judicial for:


 Omisso: quando houver falta de enfrentamento, posicionamento, em relação ao
pedido;
 Obscuro: algo que não seja de fácil entendimento, não pela matéria complicada ou
densa, mas sim, por não se fazer claro.
 Contraditório: temos a contradição interna sendo a exposição, a decisão em si, não
externamente com outros fatores inerentes ao processo, quando a decisão em si é
contraditória. Porquanto, existência de posicionamentos antagônicos que se excluem.

Contraditório eventual

Todas as vezes que os embargos de declaração puderem levar a oposição, o juiz


deverá oportunizar o contraditório, no prazo de 5 dias, intimando o embargado para que
ofereça a manifestação.

Art. 1023, §2°. O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5
dias, sobre os embargos opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da
decisão embargada.

Competência para julgamento

 Se a decisão foi embargada por juiz singular, será por primeira instancia, por ele
mesmo
 Se os embargos de declaração foram interpostos em face de decisão monocrática,
serão julgados pelo próprio relator
 Se a decisão embargada for proveniente de órgão colegiado, será pelo próprio órgão
colegiado.

Fungibilidade Recursal Explicita

 Quando diante de uma decisão monocrática do relator, para não se perder o recurso,
transformar-se-á, o recurso de embargos de declaração, no prazo de 5 dias uteis, em
agravo interno.
Art. 1024, §3°. O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo de
interno se entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação
do recorrente para, no prazo de 5 dias, complementar as razoes recursais, de modo a ajustá-
las às exigências do art. 1021, §1°.

Respeito ao princípio da complementariedade

 Quando há alteração do julgado: Intima-se o recorrente, para que ele no prazo de 15


dias, faça a adequação do seu recurso já interposto em virtude dos embargos de
declaração.

Art. 1024, §4°. Caso acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da
decisão embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra decisão
originária tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da
modificação, no prazo de 15 dias, contado da intimação da decisão dos embargos de
declaração.

 Quando não há alteração: será julgado e processado, independentemente de


ratificação, pois não houve alteração.

Art. 1024, §5°. Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão
do julgamento anterior, o recurso pela outra parte antes da publicação do julgamento dos
embargos de declaração será processado e julgado independentemente de ratificação.

Efeitos dos Embargos de Declaração

 Efeitos suspensivo: o prazo volta a contar pelo que falta;


 Efeito interruptivo: interpõe o recurso de embargos, terminado, volta a contar por
inteiro.

Art. 1026. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo
para a interposição de recurso.
 Os embargos de declaração podem ter efeito suspensivo, mediante petição dirigida a
aquele que detiver da competência para julgamento do recurso, com requisitos de
fundamentação.

Embargos de declaração com caráter protelatório

 Quando os embargos de declaração forem manifestamente protelatórios, com a


finalidade de postergar sentença, o juiz ou o tribunal, poderão condenar o embargante
a pagar ao embargado multa não excedente a 2% sobre o valor da causa.
 Na hipótese de reiteração de embargos protelatórios, a multa poderá ser elevada
ate 10%; a utilização, o manejo do recurso principal, seja o recurso que for, a sua
interposição estará condicionada a comprovação do recolhimento da multa.

Recurso Extraordinário e Especial

São recursos de fundamentação vinculada, pois somente são cabíveis se contiverem


determinados fundamentos.

Características

1. Exigem o prévio esgotamento das instancias ordinárias (Súmula 207 STJ)


2. Não são vocacionados a correção das injustiças dos julgados
3. Não se prestam a revisão de matéria de fato
4. Apresentam um sistema ade admissibilidade desdobrado ou bipartido
5. Os fundamentos específicos estão na constituição federal, não podendo ser
criados
6. É perfeitamente possível que se tenha cumprimento provisório da sentença

 O prazo para ambos os recursos é de 15 dias, a contar da intimação do


acórdão do tribunal de origem.
 Hipóteses de cabimento do recurso especial – Art. 105 CF – Caso venha ser
admitido, o recurso é julgado pelo STJ
 Hipóteses de cabimento do recurso extraordinário – Art. 102 CF – Após ser
admitido, compete ao STF.
 Ambos os recursos são dotados de efeito devolutivo, não possuintes de efeitos
suspensivos, ou seja, a decisão recorrida possui eficácia imediata.

Art. 995, caput. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou
decisão judicial em sentido diverso.

Súmula 5 STJ. Não se permite que nesses recursos se pretenda revisão de clausulas – “a
simples interpretação de cláusula contratuais não dá lugar a recuso extraordinário.”

Súmula 7 STJ. Não se permite que nesses recursos seja reexaminadas questões relativas a
provas – “a pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial.”

 Cabimento do recurso extraordinário: nas causas decididas em única ou última


instancia, quando decisão recorrida contrariar a constituição federal. Para que seja
cabível, a contrariedade à constituição federal precisa ser direta – Súmula 636 STF.
Não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípio constitucional da
legalidade, quando a sua verificação pressuponha rever a interpretação dada a
normas infraconstitucionais pela decisão recorrida.
 Cabimento do recurso especial: nas causas decididas, em única ou última instancia,
pelos tribunais regionais federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando a decisão recorrida contrariar lei federal.

Fundamentos do Recurso Extraordinário

 Contrariar dispositivo da constituição federal


 Declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal
 Julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta constituição
 Julgar válida lei local contestada em face de lei federal

Repercussão geral no recurso Extraordinário

A repercussão geral passou a ser um requisito específico para a interposição do recurso


extraordinário, no plano infraconstitucional, no art. 1035 CPC.
Art. 1035. O supremo tribunal federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso
extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral nos
termos deste artigo.

§1°. Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência ou não de questões
relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os
interesses subjetivos do processo. – Questões relevantes sob aspecto econômico, político,
social ou jurídico e que ultrapassem os interesses subjetivos da causa.

O recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais


discutidas no caso, que será examinada exclusivamente pelo STF (Art. 1035, §2° CPC).

O STF somente pode inadmitir o recurso extraordinário, por ausência de repercussão


geral, pela manifestação de 2/3 de seus membros, isto é, pelo voto de 8 ministros (art. 102,
§3° CF)

Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que (Art. 1035, §3°
CPC)

I. Contrarie súmula ou jurisprudência dominante do supremo tribunal federal;


II. Tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos
do art. 97 CF.

 Cabe exclusivamente ao STF apreciar a existência de repercussão geral.


 A repercussão geral deverá ser demonstrada pelo recorrente em preliminar do recurso
extraordinário.

Fundamentos do Recurso Especial

 Contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência.


 Julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal.
 Der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal
a) a divergência neste, deve ser atual, os dois tribunais ainda devem ter a mesma
interpretação;
b) precisa-se demonstrar a divergência, pegando os dois acórdãos, destacando-os,
fazendo um paradigma comparativo, sendo necessário comprovar a decisão
paradigma, que será confrontada com a decisão recorrida.

Prequestionamento

É a exigência de que o RE e o REsp não versem sobre matéria inédita, ou seja, que
ainda não foi expressamente decidida pelas instancias ordinárias. Assim, o STF e o STJ, no
RE e no REsp, somente podem julgar matérias que já foram decididas. Se o tribunal não
decidir expressamente sobre a matéria, a parte tem que interpor embargos de declaração, com
a finalidade de prequestionamento.

Possibilidade de efeito diferenciado

 Não possuem em regra efeito suspensivo, porém é possível sua atribuição.


 O requerimento de concessão de efeito suspensivo poderá ser formulado pelo
recorrente mediante simples petição, demonstrando:
a) Probabilidade de êxito
SOMADA
b) Demonstração de dano de difícil ou incerta reparação

Art. 1029, §5° CPC. O pedido de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso
especial poderá ser formulado por requerimento dirigido:

I. Ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da


decisão de admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado
para seu exame prevento para julgá-lo;
II. Ao relator, se já distribuído o recurso;
III. Ao presidente ou ao vice presidente do tribunal recorrido, no período
compreendido entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de
admissão do recurso, assim como no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos
termos do art. 1037.
RE e REsp Repetitivos

Havendo multiplicidade de recursos especiais ou de recursos extraordinários sobre


idêntica questão de direito, haverá afetação para julgamento do STJ ou do STF.

 Esse mecanismo garante que as decisões, em múltiplas demandas de mesma matéria


de direito, tenham decisões distintas, podem casar insegurança jurídica, violando a
efetividade do processo justo.
 Seleção de dois ou mais recursos que representem controversas por um todo;
 Suspensão dos demais para aguardar a tese.

 A parte recorrente terá o prazo de 5 dias para manifestar-se sobre esse


requerimento, cabendo agravo interno ou agravo de instrumento da decisão que o
indeferir.
 O requerimento será dirigido ao juiz, se o processo sobrestado estiver em primeiro
grau; ao relator, se o processo estiver em tribunal de origem, ao relator do acórdão
recorrido, se for sobrestado recurso especial ou recurso extraordinário no tribunal
de origem; ao relator, no tribunal superior, de recurso especial ou de recurso
extraordinário cujo processamento houver sido sobrestado.
 A decisão que resolver o requerimento caberá agravo de instrumento, se o
processo estiver em primeiro grau e agravo interno, se a decisão for de
relator.

Fungibilidade entre os recursos RE e REsp

Art. 1032 CPC. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso
especial versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 dias para que o
recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão
constitucional.

Parágrafo único. Cumprida a diligência de que trata o caput, o relator remeterá o recurso ao
Supremo Tribunal Federal, que, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao Superior
tribunal de justiça
 Em ambos os casos, não se faz necessário novo juízo de admissibilidade dos recursos
que são convertidos, basta o mero encaminhamento ao outro tribunal superior.

Art. 1033 CPC. Se o Supremo tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à
constituição afirmada ao recuso extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação de
lei federal ou de tratado, remetê-lo-á ao Superior tribunal de Justiça para julgamento como
recurso especial.

ORDEM DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS

1- Noções gerais – em 1998, iniciou-se uma discussão sobre a possibilidade ou não de aderir
as sumulas vinculantes, pois retiraria a liberdade de julgamento do juiz, impedindo-lhe sua
convicção. Mas ai neste ponto, e neste momento, percebeu-se a resistência, acabou-se
moldando a jurisprudência, sendo inserido no código de processo civil de 1973 em seu artigo
557, apontando a contrariedade, ou seja, toda vez que houver, poderá monocraticamente, o
relator dar provimento, desde que se tivesse um precedente, uma sumula discutida sobre a
matéria, sendo então, plantada uma semente para a construção desta dentro do sistema. Por
meio da emenda constitucional n° 45 inseriu-se a sumula vinculante, no ordenamento
constitucional. No sistema de 2015, no artigo 926 dentro do tribunal a orientação deverá ser
uniforme, não existindo orientações diferente de mesma tese, ou seja, o legislador estabeleceu
que os precedentes deverão ser respeitados, ou seja, a que se ter: coesão, integridade e
uniformidade em todos os órgãos da federação.

 Verticalização dos precedentes


 Os tribunais manterão – trata-se de um manter – dever, cunho obrigatório, uma vez
editada a sumula, ela deverá ser coerente.

Teoria dos precedentes judiciais

Precedente é um pronunciamento judicial, proferido em um processo anterior, que é


empregado como base da formação de outra decisão judicial, prolatada em processo anterior.
Assim, pode-se definir precedentes como toda e qualquer decisão judicial ou súmula que
possa servir para fundamentar decisão futura.
A adoção da sistemática dos precedentes judiciais possui por objetivo conferir ao sistema
juridico estabilidade, continuidade, previsibilidade, segurança juridica, confiança, isonomia,
integridade do direito, agilidade e otimização no julgamento de recursos e demais
julgamentos, celeridade processual e eficiência judicial.

Efeitos dos precedentes

a) Efeito persuasivo: comporta neste a obrigatoriedade de segui-lo


b) Efeito permissivo de julgamento monocrático por relator: ocorre nas hipóteses em que
a lei autoriza, com base no procedente, que o recurso seja obstado pelo relator, ou
seja, que o relator julgue monocraticamente o recurso
c) Efeito vinculante: determina que alguns precedentes são de observância obrigatória,
ostentando eficácia normativa, ocorre em relação aos precedentes que, pela
constituição ou por lei, devem ser obrigatoriamente seguidos.

Precedentes qualificados

a) Decisões do Supremo tribunal Federal em controle concentrado de


constitucionalidade;
b) Sumulas vinculantes editadas pelo Supremo Tribunal Federal
c) Acórdãos de tribunais (de segunda instancia; ou do STF e do STJ, no caso de RE e
REsp) no julgamento de casos repetitivos;
d) Acórdãos de tribunais no julgamento do incidente de assunção de competência

2 – O que deve ser considerado por julgamento repetitivo (art. 928)

 Incidente de resolução de demandas repetitivas;


 Recursos especial e extraordinário repetitivos.

3 – Posturas do Relator

3.1 – Incumbências propriamente ditas


a) dirigir e ordenar o processo no Tribunal, inclusive quanto à produção de provas e,
sendo o caso, homologar autocomposição das partes

b) analisar os pedidos de tutelas provisórias;

c) não conhecer de recurso:

1. inadmissível;

2. prejudicado;

3. que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida.

d) negar provimento a recurso que for contrário à quadra vinculante;

e) depois de observado o contraditório dar provimento a recurso se a decisão for


contrária à quadra vinculante – Neste, precisa-se do rito contraditório;

f) decidir incidente de desconsideração da personalidade jurídica – como tem-se ações


de competência originaria e houver necessidade de desconsiderar e transferir aos sócios, este
incidente se fara pelo relator no tribunal;

g) determinar a intimação do MP, quando for o caso de sua intervenção.

3.2 - Esse rol de poderes-deveres é taxativo ou exemplificativo?

Trata-se de um rol meramente exemplificativo.

3.3) Sanabilidade geral

a) faculdade ou poder-dever? Trata-se de uma obrigatoriedade de sanar o vicio imposto pelo


legislador ao relator, não há liberdade de escolha do relator, o relator tem o poder-dever de
dar a parte liberdade de corrigir o vício, se sanável, permitindo-lhe correção. O recorrente tem
o direito subjetivo de corrigir o vício.

b) o que se deve considerar vício sanável? Falta de procuração por advogado que subscreve o
recurso, sem antes reconhecê-lo; falta de documento juntado ao processo.

c) art. 932 x 1.029 do CPC – para as cortes STF e STJ é facultativo, ou seja, no âmbito dos
tribunais, os vícios somente poderão ser corrigidos se assim forem entendidos ser corrigidos,
eles poderão desconsiderar. Já para o relator, se o vício for sanável, o relator deverá
proporcionar que o vicio seja sanado.

4 - Técnica de ampliação do colegiado

4.1 – Noções gerais

A técnica de ampliação do colegiado foi estabelecida como sucedâneo ao recurso dos


embargos infringentes, pois o código de processo civil vigente não prevê mais os embargos de
infringência, recurso que tinha por objeto decisões nas hipóteses de julgamento não unanime
de apelação, ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença, e no agravo de
instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito.

4.2 - Hipóteses em que ocorrerá:

a) julgamento não unânime de recurso de apelação;

b) ação rescisória julgada procedente por maioria de votos;

c) agravo de instrumento interposto em face de decisão interlocutória de mérito que reformar


a decisão por maioria de votos

4.3 – Procedimento
a) os julgadores que já votaram podem, eventualmente, rever seus votos – qualquer
desembargador pode mudar, antes da finalização do julgamento. O fariam por fato de se
convencer pelo voto dos demais;

b) a técnica pode ser aplicada na mesma sessão ou em outra – convoca-se o número suficiente
para fazer prevalecer o número suficiente; podem neste pedir o adiamento da sessão de
julgamento;

c) a quantidade de julgadores qualificantes será determinada pelo regimento interno do


tribunal – o regimento interno do tribunal pode prever de forma diferente a quantidade de
julgadores;

4.4 – Questões controvertidas:

a) conflito do caput com o §3º: maioria x dupla conformidade – em hipótese do julgamento do


recurso de apelação que se desgarra do recurso de agravo de instrumento e de ação rescisória,
só haverá extensão se a sentença for reformada por maioria de votos – Interpretação Histórica

5 – Inexistência da figura do Revisor

Consiste na segunda figura que detém do acesso do processo, em sua integra, isso no sistema
de 1973, no sistema de 2015, a figura do revisor foi abolida, ficando, abolida a figura de
revisão, funcionando: o recurso chega ao tribunal sendo analisada e levada pelo relator
sorteado, sendo passado para o segundo juiz e assim, passando-se ao terceiro juiz, ou seja, o
processo sai da figura do relator e vai direto para julgamento, onde só tomarão acesso por
meio deste, não sendo passado por uma revisão.

6 – Sustentação oral – significa um espaço de tempo previsto na legislação para que os


advogados possam sustentar oralmente as razões e contrarrazões os julgadores a acatarem as
suas pretensões (ato processual)

a) prazo – em regra, 15 minutos


b) ordem de sustentação – em primeiro lugar, recorrente, 15 minutos depois, se houver, o
recorrido e por último o Ministério Público.

 No caso de litisconsórcio, o legislador determinou que este prazo (15 minutos)


estabelecido será divido em partes iguais entre os recorrentes.
 Sustentar oralmente não é fazer leitura perante o órgão colegiado das razões
recursais, sustentar oralmente, a finalidade é plantar a dúvida na cabeça do
julgador.

c) recursos possíveis – Art. 937 CPC – Apelação; Recurso especial; Recurso Extraordinário;
Embargos de divergência; Ação Rescisória; Mandado de segurança; Reclamação; Agravo de
Instrumento.

Ação Rescisória

Noções Iniciais: Classificação de Coisa Julgada Formal e Coisa Julgada material

A coisa julgada é classificada em coisa julgada formal e coisa julgada material.

A coisa julgada formal torna a sentença indiscutível no processo em que foi proferida.
Ocorre coisa julgada formal quando não cabe mais recurso. Trata-se de um fenômeno
endoprocessual, isto é, produz efeito apenas dentro de determinado processo.

A ocorrência de coisa julgada material impede que se discuta aquela demanda julgada tanto
no processo em que foi proferida a sentença como também em todo e qualquer processo. Por
isso, diz-se que a coisa julgada material produz efeitos endo e panprocessuais.

A sentença definitiva – a que resolve o mérito – faz coisa julgada material.

Porquanto a Ação Rescisória:


Consiste em uma forma de desconstituir a coisa julgada, por sua vez, tem por objetivo
desconstituir a coisa julgada material, não tem natureza de recurso. Trata-se de ação autônoma
de impugnação de decisões judiciais.

 Ação constitutiva negativa


 A ação rescisória tem por finalidade reconstituir a decisão de mérito.

A ação rescisória possui pedido rescindente, de desconstituição da coisa julgada, e um pedido


rescisório, de novo julgamento da causa.

 A competência para ação rescisória é sempre de tribunal, juízo de 1ª instancia nunca


julga ação rescisória
 Os tribunais de 2ª instancia são competentes para processar e julgar ações rescisórias
de seus próprios julgados e de decisões de juízes de 1ª instancia a eles vinculados.

Objeto da Ação Rescisória

Sistema 2015

 Pronunciamento definitivo que tenha tocado o mérito e trânsito em julgado


 Sentença que embora não sendo de mérito impeça o re ajuizamento de ação posterior
 A decisão, pronunciamento que negue trânsito, decisão de inadmissão de um recurso
– elencada nos incisos do 966 CPC

Hipóteses de Cabimento – Incisos do artigo 966 CPC

1. Prevaricação, concussão ou corrupção do juiz


2. Impedimento do juiz (princípio da imparcialidade), e juízo absolutamente
incompetente
3. Utilização do processo com a finalidade exclusa, ou seja, há um processo, porém, a
finalidade dele é ilegal, simulando-o para obter uma vantagem
4. Ofender a coisa julgada – ou seja, já houve decisão julgada sobre o tema, e teve uma
nova ação visando uma nova decisão em prol, com as mesmas partes, causa de pedir e
pedido, ofende-se – equiparou a norma juridica quando a decisão não observar sumula
ou acordão repetitivo (deixar de observar um precedente qualificado)
5. A decisão violar a norma juridica – ou seja desrespeitar um princípio, uma norma
positivada, deixando-a de aplicar, ou aplicando-a de forma diferente da forma que a
foi disposta, aplicando-a de forma errada, ou equivocada;
6. Quando decisão da sentença criminal for fundada em prova falsa – o tipo de falsidade
a ser discutida: apenas a falsidade material. A prova falsa devera ser de tamanha
importância, que sem ela a decisão não se sustente, se a decisão se sustenta por outros
elementos de convicção, essa ação rescisória se torna desnecessária;
7. Depois da sentença o autor obtiver documento novo que ignorava (desconhecimento)
sua existência, denominada como prova nova, cuja são juntados em qualquer
momento do processo, sendo trazidos, sendo este, relevante ao processo;
8. Julgamento de fato inexistente – erro de fato que o leve a alteração da decisão.

Competência

 A ação rescisória é uma ação de competência originária dos tribunais, sempre será
iniciada pelos tribunais, portanto em 2° grau de jurisdição;
 Sempre ao tribunal que proferiu a última decisão de mérito;
 Se órgão de 1° grau proferiu decisão, será remetido ao órgão competente seguinte
hierarquicamente - define-se a competência para ação rescisória conforme o último
grau de jurisdição que se pronunciou sobre o mérito da causa cuja sentença pretende-
se rescindir.

A ação rescisória será


posta sempre em face
de uma decisão
inadmissível somada
(+) a um dos vícios
rescisórios;

 Inadmissão do recurso: sempre o juízo que for competente para admissão dos
requisitos;

Legitimidade para ação rescisória


 Todos aqueles que foram parte no processo possuem legitimidade para propor ação
rescisória, se estendendo para herdeiros (sucessão a título singular e universal);

Art. 967 CPC. Tem legitimidade para propor a ação rescisória:

I. Quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular;


II. O terceiro juridicamente interessado;
III. O ministério público
IV. aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção.

Requisitos da petição inicial

1) Todos os requisitos elencados do artigo 319 CPC;


2) Indicação do valor da causa, correspondente ao valor atualizado da condenação que se
pretende reconstituir;
3) Comprovante do depósito equivalente a 5% do valor da causa – sendo anexados na
petição inicial, sendo destinados, revertidos em favor ao réu, a título de multa, quando
for julgada manifestamente incabível, ou improcedente por votação unanime
4) Copias da decisão rescindenda para que o tribunal possa avaliar a possibilidade da
ação rescisória
5) Cópia do trânsito em julgado

Prazo para ajuizamento da ação rescisória

 2 anos do trânsito em julgado da última decisão de mérito proferida no processo;


 O prazo é decadencial;
 Se o último dia do prazo cair em dia que não for útil será remetido ao primeiro dia útil
subsequente;
 O prazo para o ajuizamento que tem como fundamento a prova nova é 2 anos
contados a partir de 5 anos contados do trânsito em julgado da decisão.

Recursos
Contra decisões proferidas na ação rescisória, são cabíveis agravo interno (contra
decisão do relator), embargos declaratórios, recurso especial e recurso extraordinário. Além
disso, também será cabível a técnica de julgamento contra acórdão não unanime, prevista no
art. 942 CPC, quando o acordão (não unanime) julgar improcedente ou parcialmente
procedente a ação rescisória a decisão de mérito.

IRDR – Incidente de Resolução de demandas repetitivas

O CPC criou o incidente de resolução de demandas repetitivas com o objetivo de permitir que
o tribunal decida qual é a interpretação para determinada questão de direito, uniformizando a
jurisprudência interna do tribunal, bem como fixando a tese juridica que entender adequada, o
que é vinculativo para os demais órgãos do tribunal e para os juízos de primeira instancia a
eles vinculados.

 A criação de tal incidente tem por escopo proporcionar segurança juridica e assegurar
isonomia;
 Tratamento isonômico de diferentes processos que versam sobre a mesma matéria
juridica, gerando dessa forma segurança juridica, é justificativa do incidente ora
analisado;
 O incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR) tem por escopo racionalizar
o julgamento de conflitos em massa.

Cabimento

Necessário 3 requisitos positivos, de forma CUMULATIVA – Art. 976, CPC

a) Efetiva repetição de processos sem solução uniforme, no âmbito do mesmo tribunal


– é preciso que efetivamente ocorra a repetição de demandas. Não se justifica a
instauração do IRDR se há repetição de processos, mas as decisões têm sido
uniformes, ou seja, todos os juízos têm decidido no mesmo sentido. É necessária que
a repetição de processos ocorra dentro do mesmo tribunal que julgará o IRDR.
b) Controvérsia sobre a mesma questão unicamente de direito – No incidente será
decidida apenas a tese juridica, não havendo julgamento da questão fática, ainda que
haja controvérsia sobre os fatos.
c) Risco de ofensa a isonomia e à segurança juridica - tribunal deverá apreciar, diante
do pedido de instauração do incidente, se a possibilidade de julgamentos diferentes
para casos semelhantes, em demandas em massa, pode gerar risco à isonomia e à
segurança juridica.
 Para a admissão do incidente de resolução de demandas repetitivas há um requisito
negativo (ou seja, que não pode estar presente): a ausência de afetação dos tribunais
superiores acerca da tese sobre questão de direito repetitiva. – Pois o fato de existir
um recurso já é suficiente para existir um incidente, pois o objetivo do IRDR é
acelerar a criação de precedente qualificado.

Desistência do Incidente

Não prejudicam o julgamento do incidente de resolução de demandas repetitivas. No caso de


desistência ou abandono, de IRDR já instaurado, o Ministério Público deverá assumir a
titularidade do incidente.

Intervenção do Ministério Público

Quando não for requerente, atuará obrigatoriamente como fiscal da ordem juridica no
incidente. Se atuar como fiscal da lei, o Ministério Público, após a manifestação das partes e
interessados, será intimado para, querendo, no prazo de 15 dias, se manifestar.

 No caso de desistência, atuará como parte;

Legitimidade para o peido de instauração do incidente

 Juiz ou relator, por ofício


 As partes – Ministério Público ou a Defensoria Pública

Competência
A competência para processar e julgar originalmente o incidente de resolução de demandas
repetitivas é dos tribunais de justiça ou dos tribunais regionais (1ª instancia), os tribunais
superiores não tem competência originaria para julgar tal incidente, mas apenas para aprecia-
los em grau recursal, e, inclusive determinar a suspensão de todos os processos tramite no
território nacional sobre matéria idêntica à que será apreciada.

 Juizados especiais não detém de competência;

Processamento

Petição ou ofício de instauração

Deverão ser dirigidos ao presidente do tribunal, a quem caberá determinar a distribuição ao


órgão colegiado competente para o incidente, na forma do seu regimento interno.

Publicidade do incidente

A instauração e o julgamento do incidente de resolução de demandas repetitivas deverá ter


ampla divulgação e publicidade, inclusive com registro eletrônico no Conselho Nacional de
Justiça, além de serem disponibilizados em banco de dados eletrônicos sobre as questões
submetidas e julgadas no incidente.

Juízo de admissibilidade

Uma vez admitido o IRDR, haverá a suspensão dos processos no âmbito do respectivo
tribunal, e/ou em âmbito nacional.

Uma vez admitido o incidente, o relator deverá determinar que sejam suspensos todos os
processos pendentes, individuais ou coletivos que tramitam no Estado ou na região, conforme
o caso.

 A suspensão tem abrangência territorial específica, ou seja, a suspensão se dará em


relação a todos os processos que tramitarem na expansão abrangida daquele órgão
responsável pelo julgamento do IRDR;
 Essa suspensão durará até o trânsito em julgado do acórdão que julga o incidente;

Julgamento do Incidente

 Uma vez instaurado, tem prazo de 1 ano para julgamento, transcorrido esse prazo,
cessa a suspensão dos processos pendentes;

No julgamento do incidente, inicialmente o relator lerá o relatório. A seguir, poderão fazer


sustentação oral, na seguinte ordem:

a) O autor e o réu do processo do processo originário, pelo prazo de 30 minutos cada;


b) O ministério público, por 30 minutos;
c) Os demais interessados, desde que inscritos com pelo menos 2 dias de antecedência.
Terão o prazo total de 30 minutos, que deverá ser dividido entre todos eles.
Considerando o número de inscritos, o prazo poderá ser ampliado.

Recurso especial e extraordinário contra o acórdão que julga o incidente

 Contra o acórdão do tribunal que julga o mérito do incidente de resolução de


demandas repetitivas, é cabível recurso especial ou extraordinário, se atendidos os
seus requisitos;

Possibilidade de revisão da tese juridica pelo próprio tribunal

 A revisão da tese juridica firmada no incidente far-se-á pelo mesmo tribunal, de ofício
ou mediante requerimento dos legitimados mencionados no art. 977, inciso III:
1) Ministério publico
2) Defensoria Pública

Incidente de assunção de competência – IAC

É um incidente processual que tem por objetivo submeter a órgão colegiado do mesmo
tribunal, de maior amplitude, o julgamento de questões que envolvam grande repercussão
social.
Admissibilidade

a) O processo esteja no tribunal para julgamento de recurso, de remessa necessária ou de


processo de competência originária;
b) O processo envolva questão de direito;
c) Haja grande repercussão social da questão a ser decidida;
d) Não seja caso repetição em múltiplos processos.

Legitimidade

 As partes – Ministério Publico e Defensoria publico


 Por ofício – O juiz

Competência

A competência para julgar recurso, a remessa necessária ou o processo de competência


originaria será o órgão colegiado indicado no regimento interno do tribunal, de maior
amplitude em relação ao órgão do tribunal em que estava tramitando o processo.

 Caso haja decisão do incidente de assunção de competência sobre determinada


matéria, e o juiz ou outro órgão de hierarquia inferior dentro do tribunal, ao
julgar a causa, omitir-se sobre a sua aplicação, caberão embargos declaratórios.
 Se a decisão do juiz de primeira instancia ou de outro órgão de inferior
hierarquia do mesmo tribunal contrariar o acórdão proferido no julgamento da
assunção de competência, caberá reclamação.

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