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TRABALHO DE

PARTICIPAÇÃO INDIVIDUAL
Matriz

Disciplina: Processo Civil Turma: Turma 1

Nome: Daniela Clímaco Pereira Vieira ROL escolhida: Rol 2 – 18 de outubro de 2022.

Resenha crítica sobre a reunião On-line

ROL 2 - PROCEDIMENTO COMUM NO NOVO CPC


É possível que as partes se utilizem de um consenso para trazer um regramento
processual, dentro das cláusulas de um contrato. Isto foi ainda mais difundido com a reforma
do Código Processual Civil, ocorrida em 2015, que objetivava conceder as partes mais
autonomia para estipular em contrato aquilo que melhor as represente, pensando em um litígio
futuro. Tais acordos são denominados convenções processuais, são bastante benéficos pois
garantem mais economia processual e eficiência e podem, inclusive, obrigar herdeiros e
sucessores1.
No entanto, essa prerrogativa não é ilimitada, devendo ser mitigada pelo juiz, que irá
controlar a validade, sob a fundamentação do Art. 190, § único do CPC. Depreende-se,
portanto, que é possível fazer convenção processual tanto em direitos disponíveis, quanto em
direitos indisponíveis, pois em uma convenção processual não se atinge o direito material e
sim, o rito do processo.
No que tange a atuação do juiz e seu controle acerca da validade da convenção
processual, Tricia Navarro demarca2:
“(...) O juiz pode exercer dois papeis nas convenções processuais:
a) o de controlador da validade da convenção; e b) o de parte e, ainda assim, exercer
o controle do acordo.
Em relação ao comportamento do magistrado frente às convenções em tema de
processo, deve ser ressaltado que elas não podem ser conhecidas por iniciativa do juiz,
precisando de provocação das partes.

1
Enunciado 115 do Fórum Permanente de Processualistas Civis. DIDIER JR., Fredie (coordenador) et. al.
Enunciados do Fórum Permanente de Processualistas Civis. 24, 25 e 26 de março de 2017. Florianópolis, SC.
Disponível em https://institutodc.com.br/wp-content/uploads/2017/06/FPPC-Carta-de-Florianopolis.pdf. Acesso
em 31 de outubro de 2022.
2
CABRAL, Tricia Navarro Xavier. Podem as partes convencionar sobre a atividade probatória do juiz? 7
de agosto de 2017. Disponível em: https://processualistas.jusbrasil.com.br/artigos/485490334/podem-as-partes-
convencionar-sobre-a-atividade-probatoria-do-
juiz#:~:text=N%C3%A3o%20h%C3%A1%20d%C3%BAvidas%20de%20que,perito%20que%20realizar%C3%
A1%20os%20trabalhos. Acesso em 31 de outubro de 2022.

1
Porém, uma vez alegadas, devem produzir efeitos imediatos no processo, com o
mesmo regime jurídico das declarações de vontade de que trata o artigo 200, CPC/15,
não necessitando de homologação do juiz, o qual aplicará a norma da convenção
processual simplesmente por ser válida, salvo disposição legal em contrário.
Assim, o controle judicial sobre a declaração de vontade das partes será sempre
essencial para a produção de efeitos no processo, ainda que limitado ao aspecto de sua
validade também para impulsionar o feito. Desse modo, competirá ao juiz efetuar a
devida conferência quanto aos limites e à existência de vícios materiais e processuais
e, caso não haja máculas à sua validade, aplicar as regras convencionadas, sem a
necessidade de um pronunciamento homologatório próprio, a não ser que a lei exija.”
Logo, de acordo com o Enunciado 135 do Fórum Permanente de Processualistas Civis,
o juiz recusaria a aplicação da convenção processual apenas em caso de nulidade ou de
inserção abusiva em contrato de adesão ou ainda, quando alguma parte se encontra em
manifesta situação de vulnerabilidade.
Entende-se também como situação de vulnerabilidade, quando a parte celebra um
acordo de procedimento, sem que haja assistência técnico-jurídica, segundo o Enunciado 18
do Fórum Permanente de Processualistas Civis.
Antes do processo, é comum se determinar foro de eleição, arbitragem e regras
processuais das partes no futuro. Porém, as partes podem convencionar a qualquer momento
do processo, desde que seja antes do despacho saneador.
Uma convenção processual, apesar de ter a possibilidade de ampliar prazos, não
poderia intervir em atos regidos por norma de ordem pública. Ou seja, não são admitidas
convenções que criem novas hipóteses de recursos, que modifiquem competência de maneira
absoluta ou que suprimam a primeira instância, que afastem os motivos de impedimento de
juiz ou que excluam a intervenção do Ministério Público como um fiscal da ordem jurídica.3
Faz-se pertinente destacar o RESP nº 1.810.44/SP, no qual fora julgado que as partes
também não poderiam, através de convenções processuais, dispor sobre poderes, deveres e
faculdades do magistrado, também em razão de se tratar de ato regido por norma de ordem
pública.
O Direito abarca ainda a possibilidade da Fazenda Pública celebrar um negócio
jurídico processual, em razão de, como já exposto, o direito permanecer indisponível, se
transacionando somente a forma de seu exercício4.
Segundo a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, em cartilha divulgada que tratava
de convenções processuais, as transações podem versar sobre modos de constrição ou
alienação de bens, sobre aceitação e avaliação de garantias, sobre planos de amortização do
débito fiscal e, finalmente, sobre a calendarização da execução fiscal.
Como anteriormente mencionado, a reforma do Código Processual Civil difundiu
ainda mais a autonomia das partes, para que transacionassem questões processuais que melhor
as representassem. Nesse cenário, houve a ampliação dos negócios processuais atípicos, já
previstos no Código, e se permitiu que fossem realizadas convenções processuais atípicas, não

3
Idem, enunciados 20 e 254 do Fórum Permanente de Processualistas Civis.
4
Idem, enunciado 256 do Fórum Permanente de Processualistas Civis.

2
previstas em lei, como acordos de rateio de despesas processuais e perícias, ou a
impenhorabilidade de um imóvel específico.

Calendarização:
A chamada calendarização é um negócio plurilateral típico, celebrado entre juiz, autor
e réu, onde estes fixam datas para a realização dos atos processuais, que ficam pré-agendados,
contribuindo para a duração razoável do processo, por torna-lo mais célere, ao dispensar a
intimação, com vista no Art. 191 do CPC/15.
Podendo ser fixado em audiência específica designada para este fim, ou através de
convenção contratual, tal negócio pode vir a ser realizado em qualquer fase, apesar de ser
recomendável que ocorra até o saneamento, para que oriente a instrução probatória.
Existem centros judiciários de solução de conflitos e cidadania, onde as causas cíveis
em geral e de família, podem ser objetos de conciliação ou mediação, que ocorrem antes do
processo. Obtendo-se um acordo, este é homologado pelo juiz e terá eficácia de título
executivo judicial.
Como a Conciliação/Mediação é pré-processual, acarreta em redução de custos e maior
celeridade. A medida foi tal benéfica que, em razão da COVID-19, foi instaurada também a
mediação empresarial pré-processual em diversos Tribunais pelo país, sob o incentivo do CNJ.

Contestação – Concentração dos atos/ simplificação da defesa.


A Contestação, ato de defesa do réu, passou a contemplar as alegações, os
requerimentos, impugnações ao valor da causa, gratuidade de justiça, competência, além de
passar a ser admitida a reconvenção, circunstância prevista no Artigo 343 do CPC/15, na qual
o réu manifesta sua pretensão própria, desde que conexa com o que fora pedido na petição
inicial.
Um exemplo disto seria a hipótese onde a autor propõe uma Ação Declaratória de
Inexistência da Relação Jurídica, e o Réu pretende dar continuidade a esta cobrança gerada
pela obrigação. Neste caso, poderia reconvir, vez que a cobrança, caso a relação jurídica seja
declarada como existente, é um exercício regular de seu direito.
O mesmo é possível em uma ação de reintegração de posse, onde o réu alega ser
possuidor do imóvel e preenche o requisito temporal para a configuração do usucapião – ainda
que não sejam partes os confinantes, o Art. 343, §3º do CPC/15 permite que a reconvenção
seja proposta pelo réu contra o autor e terceiros

Julgamento antecipado parcial do mérito:


De acordo com o Art. 355 do CPC/15, o juiz pode julgar antecipadamente o pedido,
proferindo sentença com resolução de mérito quando não houver necessidade de produção de
outras provas ou ainda, quando o réu for revel e não solicitar a produção de provas, pois neste
caso, ocorre a presunção da veracidade dos fatos, prevista no Art. 344 do CPC/15.

3
Quanto a segunda hipótese de admissão do julgamento antecipado do mérito, ressalta-
se que a mera revelia, por si só, nem sempre autoriza o julgamento antecipado do mérito.
Ademais, a lei, em seu Art. 356, admite ainda que o juiz decida parcialmente o mérito,
quando um dos pedidos formulados se mostra incontroverso ou estiver em condições de
julgamento imediado (Art. 355 do CPC).
Desta maneira, pode se reconhecer a existência de obrigação líquida ou ilíquida e,
consequentemente, a parte poderá executar a obrigação reconhecida na decisão que julgou
parcialmente o mérito, independentemente de caução e mesmo que a outra parte tenha
interposto recurso.
Quanto ao recurso, é cabível o agravo de instrumento, por se constituir em uma decisão
interlocutória de mérito, por não terem sido julgados os demais pedidos. Findo o prazo
recursal, a decisão terá transitado em julgado e será definitiva. Já quando ocorre em execuções,
sua natureza é de sentença.
Muitos compreendem que o julgamento antecipado da lide poderia, de algum modo,
cercear a defesa de uma das partes. Neste prisma, o STJ vem se posicionando no sentido de
que, sendo precedida de análise cautelosa, não haveria cerceamento de defesa, pois o feito já
estaria instruído de matéria probatória suficiente para o convencimento do magistrado.
Vejamos:
"Não configura cerceamento de defesa o julgamento antecipado
da lide quando o Tribunal de origem entender adequadamente
instruído o feito, declarando a prescindibilidade de produção
probatória, por se tratar de matéria eminentemente de direito ou
de fato já provado documentalmente"
(AgInt no AREsp 556695 / SC - 4ª Turma - Rel. Min. Raul
Araújo - J. em 13/12/2021 - DJe 16/12/2021).

Indeferimento da petição inicial (Art. 321) e improcedência liminar do pedido


(Art. 332):
Por fim, cabe expor a diferença entre o indeferimento da petição inicial e a
improcedência liminar do pedido.
O indeferimento da petição inicial ocorre quando o autor é intimado pra corrigir vício
sanável, e, não corrigindo ou ficando inerte, se profere decisão terminativa de extinção. Já na
hipótese de improcedência liminar do pedido, esta ocorre quando, mesmo antes da citação do
réu, há uma decisão de mérito que reconhece prescrição, decadência ou pedido contrário ao
disposto em súmulas vinculantes ou IRDR’S.

4
BIBLIOGRAFIA:
CABRAL, Tricia Navarro Xavier. Podem as partes convencionar sobre a atividade
probatória do juiz? 7 de agosto de 2017. Disponível em:
https://processualistas.jusbrasil.com.br/artigos/485490334/podem-as-partes-
convencionar-sobre-a-atividade-probatoria-do-
juiz#:~:text=N%C3%A3o%20h%C3%A1%20d%C3%BAvidas%20de%20que,perito%
20que%20realizar%C3%A1%20os%20trabalhos. Acesso em 31 de outubro de 2022.
DIDIER JR., Fredie (coordenador) et. al. Enunciados do Fórum Permanente de
Processualistas Civis. 24, 25 e 26 de março de 2017. Florianópolis, SC. Disponível em
https://institutodc.com.br/wp-content/uploads/2017/06/FPPC-Carta-de-
Florianopolis.pdf. Acesso em 31 de outubro de 2022.

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