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DIREITO PROCESSUAL CIVIL I | UNIFACOL | PROF.

OZIAS COSTA

ATOS PROCESSUAIS

ATOS PROCESSUAIS – São todos as condutas praticadas pelos sujeitos processuais


e que tem relevância para o processo.

Classificação dos atos processuais:


1) Atos Postulatórios – todos aqueles praticados pelas partes objetivando o
pronunciamento do juiz sobre a lide. Basicamente o ato postulatório do autor é a petição
inicial e o ato postulatório do réu é a contestação.
2) Atos Instrutórios – aqueles praticados pelas partes com o intuito de apresentar
elementos de provas com as quais pretende demonstrar seu direito.
3) Atos Dispositivos – são aqueles em que as partes dispõem de algum direito ou
vantagem tal qual ocorre na conciliação.
4) Atos Reais ou Materiais – aqueles em que as partes praticam uma conduta
processual concreta, como o pagamento de custas , juntada de procuração,
comparecimento em audiência, etc.

Da forma dos atos processuais


Princípio da Instrumentalidade das Formas – art. 188 do NCPC – “os atos e os
termos processuais independem de forma determinada, salvo quando a lei
expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe
preencham a finalidade essencial.” Ex: citação na qual não havia o aviso de revelia, ou
não havia acostada a cópia da petição inicial, sem o endereço da vara.
Princípio da Publicidade dos Atos Processuais – art. 189 do NCPC – O processo é
público, é acessível é a qualquer pessoa, é possível assistir audiência, requerer
certidão. Exceção: processo que corre em segredo de justiça para preservar a
intimidade das partes, trata-se de uma publicidade especial.
Uso do vernáculo - art. 192 do NCPC e 13 da CF – Em todos os atos e termos do
processo é obrigatório o uso da língua portuguesa, em nome do princípio da
publicidade.

CONVENÇÕES PROCESSUAIS E CALENDARIZAÇÃO DO PROCESSO (ARTS. 190


E 191DO CPC)
Em se tratando de direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes
plenamente capazes estipular mudanças no procedimento de uma eventual ação, com
base no Princípio da Adequação Processual. Trata-se de uma convenção, um negócio
jurídico processual. Necessita de um controle que é feito pelo Juiz de ofício ou a
requerimento das partes.
De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos
processuais quando for o caso, em situações excepcionais, devidamente justificadas,

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pode haver modificação de data. Há vinculação das partes ao Juiz. Dispensa-se a


intimação das partes para a prática do ato processual ou a realização de audiência
cujas datas tiverem sido designadas no calendário.

ATOS DAS PARTES


Art. 200 do NCPC – Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou
bilaterais de vontade, produzem imediatamente a constituição, modificação ou extinção
de direitos processuais.
Significa dizer que quando a parte pratica um ato dentro do processo já produz
imediatamente seus efeitos, não pode se retratar, com base no Princípio da
Irretratabilidade.
Exceção: parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeitos após a
homologação judicial.
Basicamente os atos das partes consistem na apresentação da petição inicial pelo
autor, da contestação da pelo réu, na participação das audiências e a prática das
diligências determinadas pelo Magistrado.

ATOS DO JUIZ
Destacam-se os atos decisórios, atos de documentação e atos reais:
1) Atos decisórios – consiste nos pronunciamentos do juiz, conforme previsão do art.
203, que se perfazem por meio de sentenças, decisões interlocutórias e despachos.
Vale salientar que despacho não é considerado ato decisório, mas sim instrumento pelo
qual o juiz põe em prática o impulso oficial, ou seja, dá andamento ao processo.
§ 1º - Sentença – pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts.
485 e 487, põe fim á fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a
execução.
§ 2º - Decisão interlocutória - todo pronunciamento judicial no qual não se enquadre na
sentença, ou seja, é todo ato realizado pelo juiz por meio do qual ele resolve uma
questão incidente.
§ 3º - Despacho -Não possui efeito decisório, portanto é irrecorrível.
2) Atos instrutórios - voltados à busca de elementos de prova necessários para
proferir sentença. O juiz pode determinar produção de provas que considere
indispensáveis para a resolução da lide.
3) Atos de documentação – pelos quais se procura reduzir a termo os atos praticados
verbalmente como depoimento, assentada de instrução e julgamento etc.
4) Atos reais – Atos praticados no dia a dia, juntada de peças, rubrica de folhas,
assinatura de termos etc. Muitos desses atos são praticados pelos auxiliares.

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ATOS DO ESCRIVÃO OU CHEFE DE SECRETARIA – arts. 206 a 211 do NCPC

DO TEMPO DOS ATOS PROCESSUAIS (arts. 212 a 216 do NCPC)


O tempo de realização do ato processual distingue-se do horário forense, posto que
este último é determinado na lei de organização judiciária local, depende de cada
Estado.
O NCPC no art. 212 determina que os atos processuais podem ser realizados nos dias
úteis das 6:00 às 20:00 horas.
Se algum ato for iniciado no horário previsto, mas se estender após as 20 horas, e se
o seu adiamento for prejudicial, poderá ser concluído seguidamente.
Obs: § 2º - deve-se respeitar a inviolabilidade domiciliar conforme previsão
constitucional.
A prática de ato processual eletrônico pode ocorrer em qualquer horário até as 24 horas
do último dia do prazo.

DO LUGAR DO ATOS PROCESSUAIS (art. 217 do NCPC)


Devem ser praticados na sede do juízo, em princípio, porém existem exceções como
oitiva de testemunhas que não podem se locomover até o fórum, ou em caso de
inspeção judicial. (exceções: arts. 454, 481e 449, parágrafo único do NCPC)

INEXISTÊNCIA E NULIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS


Atos inexistentes – É aquele que não preenche os atos essenciais à sua constituição,
por exemplo, petição inicial não assinada, sentença assinada por quem não é juiz,
realização de audiência de instrução e julgamento sem a presença do magistrado etc.
Atos defeituosos quanto a existência não produz efeitos jurídicos.
Ato nulo – é a sanção imposta em razão da prática de um ato em desconformidade
com o preceito legal, ele contamina o processo, exemplo, o juiz admite no processo
prova ilícita como um documento falso como base para inquirir a testemunha, os dois
atos são nulos, porque um contamina o outro.

DOS PRAZOS PROCESSUAIS


Intervalo de tempo para que pratique um ato processual dentro do processo.
Prazos legais – art. 218 – fixados em lei
Prazos judiciais – art. 218, § 2º - fixados pelo juiz de acordo com a complexidade do
ato, quando a lei for omissa.
Prazo subsidiário – art. 218, § 3º - na omissão da lei e na omissão do juiz será de 05
dias o prazo para a prática dos atos processuais.
Art. 218 - § 4º - rejeita a tese da intempestividade por antecipação – considera-se
tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.

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DA CONTAGEM DOS PRAZOS PROCESSUAIS


Art. 219 do NCPC – Computar-se-ão somente em dias úteis
Parágrafo único – não se aplica aos prazos de direito material (prescricionais e
decadenciais)
Art. 216 do NCPC – Além dos declarados em lei, são feriados, para efeito forense, os
sábados, os domingos e os dias em que não haja expediente forense.
Art. 224 do NCPC – serão contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do
vencimento.

SUSPENSÃO DOS PRAZOS – FÉRIAS PARA ADVOGADOS PRIVADOS –


CONQUISTA DA OAB
Art. 220 do NCPC – de 20 de dezembro a 20 de janeiros os prazos ficarão suspensos.
§ 2º - durante a suspensão do prazo, não se realizarão audiências nem sessões de
julgamento.

PRECLUSÃO TEMPORAL – perda do direito de praticar um ato processual, se dá de


forma automática, não precisa de declaração judicial, se a prova provar justa causa, um
evento alheio que a impediu de praticar o ato, o juiz decidirá pela possibilidade da
prática do ato. (art. 223 do NCPC).

PRAZOS DIFERENCIADOS
Art. 229 do NCPC – Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de
escritórios de advocacia distintos, terão prazo em dobro, para todas as suas
manifestações. § 1º cessa a contagem em dobro se havendo apenas 2 réus, é oferecida
defesa por apenas um deles.
Art. 180 do NCPC – O MP gozará de prazo em dobro a contar da sua intimação
pessoal. Obs: § 1º e 2º
Art. 183 do NCPC – A União, os Estados, o DF, os Municípios e suas respectivas
autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as
suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação
pessoal.

COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS


CITAÇÃO – art. 238 do NCPC – É o ato pelo qual são convocados o réu, o executado
ou o interessado para integrar a relação processual.
Com a citação está formada a triangularização processual, tem por finalidade cientificar
e integrar.

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É indispensável para a validade do processo, ressalvadas as hipóteses de


indeferimento da inicial ou de improcedência liminar do pedido, que serão estudados
em momento oportuno.
§1º - o comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade
da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou
embargos à execução.

EFEITOS DA CITAÇÃO VÁLIDA – art. 240 do NCPC

1) Induz litispendência – após a citação, estando completa a triangularização


processual, se o autor entrar com outra ação idêntica, induzirá a litispendência, ou seja,
haverá repetição de ação judicial que já está em curso, atentando contra a segurança
jurídica, o que pode levar a extinção do processo sem resolução do mérito.
2) Torna litigiosa a coisa – após a citação válida, o bem (objeto) da ação torna-se
litigioso.
3) Constitui em mora o devedor – a partir do momento que o réu é citado o seu atraso
está configurado, mora é o injusto retardamento no cumprimento de uma obrigação.
Art. 242 do NCPC – A citação será pessoal, podendo, no entanto, ser feita na pessoa
do representante legal ou do procurador do réu, do executado ou do interessado.
§3º - A citação das pessoas jurídicas de direito público será realizada perante o órgão
de Advocacia Pública responsável por sua representação judicial.
Art. 244 do NCPC – Restrições à efetivação da citação – salvo para evitar
perecimento do direito, como nos casos de prescrição e decadência.
I – de quem estiver participando de ato de culto religioso;
II – de cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente do morto, consanguíneo ou
afim, em linha reta ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos
7 dias seguintes;
III – de noivos, nos 3 primeiros dias seguintes ao casamento;
IV – de doente, enquanto grave o seu estado.

Modalidades de citação – art. 246 do NCPC


I – pelo correio – disciplinada pelo art. 248 do NCPC – Se dá através de carta com
A.R. – O Escrivão ou Chefe de Secretaria é o responsável pela confecção da citação
com os requisitos do art. 250, os mesmos do mandado. Em regra, deve ser recebida e
assinada pelo citando, mas outra pessoa pode receber sem que haja prejuízo, trata-se
do Princípio da Instrumentalidade das Formas. O A.R volta para a Vara para ser juntado
ao processo, e a partir da juntada o prazo para a apresentação da contestação começa
a contar.
Obs: Exceções da citação pelo correio – art. 247 do NCPC

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II – por Oficial de Justiça – pessoalmente ou por hora certa.


Art. 249 do NCPC - Nas hipóteses do art. 247 do NCPC e quanto frustrada a citação
por correio.
Desta forma o que se redige não é uma carta mais sim um mandado de citação, cujos
requisitos estão previstos no art. 250 do NCPC, é confeccionado pelo Escrivão ou
Chefe de Secretaria e entregue ao Oficial de Justiça que sairá em diligência.
A citação por Oficial pode ser pessoal – ocasião em que entrega o mandado ao réu
com cópia da PI, e por sua vez o réu assina a cópia do mandado através do qual no
verso o Oficial fará a certidão informando tudo o que ocorreu no cumprimento da
diligência e devolverá à Secretaria da Vara para após a juntada começar a contagem
do prazo para apresentação da defesa, se não optarem pela realização da audiência
de conciliação e mediação.
A citação por Oficial também pode ocorrer por hora certa – através de mandado
conforme os arts. 252 a 254 do NCPC.
Por duas vezes – requisito objetivo
Havendo suspeita de ocultação – requisito subjetivo
III – pelo escrivão ou chefe de secretaria se o citando comparecer em cartório;
IV – por edital – arts. 256 a 258 do NCPC – confeccionado pelo Escrivão ou Chefe de
Secretaria, será publicado no site do respectivo Tribunal, na plataforma do CNJ para
dar publicidade. O próprio Magistrado pode mandar publicar em um jornal local de
grande circulação, ou outra forma de publicação para alcançar o citando.
O juiz dará o prazo de 20 a 60 dias, passado esse prazo começa o início da contagem
para a apresentação da defesa.
É uma citação subsidiária, ou seja, excepcional, por ser muito demorada e com pouca
ou quase nenhuma eficácia. Se o réu for revel o juiz nomeará curador especial, que
será um membro da Defensoria Pública.
Causas que levam a citação por edital – art. 256 do NCPC
I – quando desconhecido ou incerto o citando;
II – quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar o citando;
III – casos expressos em lei (ação de usucapião de bem imóvel – não se sabe quem
são os potenciais interessados)
Requisitos da citação editalícia – art. 257 do NCPC
Multa pela indevida utilização do edital – o autor terá de pagar 5 salários mínimos que
será revertido ao réu – art. 258 do NCPC.
V – por meio eletrônico – preferencialmente, aplica-se também às intimações. É
regulada pela lei 11.419 de 2006. Obs: §§1º e 2º do art. 246 do NCPC.
CITAÇÃO REAL – aquela que se tem certeza de que o ato atingiu sua finalidade
(pessoal, postal e por meio eletrônico).

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CITAÇÃO FICTA OU PRESUMIDA – aquela que não se tem certeza se o ato atingiu
sua finalidade (por hora certa ou por edital).
Quando por hora certa ou por edital o réu for revel, o Juiz nomeará curador especial,
que será cumprida pela Defensoria Pública – art. 72, parágrafo único do NCPC.
INTIMAÇÃO – Art. 269 do NCPC – É o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos
e dos termos do processo.
 Intimação dos advogados – NOVIDADE – art. 269, §1º e 2º - intimação DIRETA
 Intimação indireta – tradicional – preferencialmente por meio eletrônico (art. 270 do
CPC)
 Art. 272 e 273 – quando não por meio eletrônico, os advogados serão intimados por
Diário Oficial, ou pessoalmente, ou por carta.
 § 1º - indicação da sociedade
 § 5º - indicação específica
 § 6º - carga dos autos
 § 7º - preposto
Intimação da partes – do representante legal das partes e dos demais sujeitos do
processo – arts. 274 e 275 – não dispondo a lei de outro modo, serão intimados pelos
correios ou na secretaria da vara, pessoalmente. Sendo frustrada por correios, o Oficial
intimará pessoalmente.
CARTAS (PRECATÓRIA, ROGATÓRIA, DE ORDEM E ARBITRAL)
São instrumentos de comunicação e colaboração entre os órgãos do Poder Judiciário
e também do Juízo Arbitral.
 Carta Rogatória – quando um órgão jurisdicional nacional tiver que citar ou intimar
alguém fora do Brasil, é enviada ao órgão jurisdicional estrangeiro.
 Carta de Ordem – Subordinação – enviada de órgão jurisdicional hierarquicamente
superior para inferior. Ex: TJ manda carta para o Juiz de Vitória.
 Carta Precatória – enviada de um órgão jurisdicional nacional para outro órgão
jurisdicional nacional, de mesma hierarquia. Ex: Juiz de Recife para Juiz de São Paulo
capital.
 Carta Arbitral – A arbitragem é uma via alternativa ao Poder Judiciário. Se a pessoa é
maior e capaz, e o direito de discutir tem caráter patrimonial, disponível, é possível
escolher se quer resolver o problema no Juízo Arbitral (Lei 9.307/96) ou no Poder
Judiciário.
A carta arbitral é o meio pelo qual vai ser possível a comunicação entre o Poder
Judiciário e o Juízo Arbitral, pode haver necessidade da prática de ato que não é da
competência do Árbitro e ele necessitará da colaboração do Juiz.
Atenção! Art. 236 do NCPC – admite-se a prática de atos processuais por meio de
videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em
tempo real.

Elaboração/organização: Prof. Julliana Valentim e Prof. Ozias Costa

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