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NATUREZA E ESPÉCIES
■ 1. INTRODUÇÃO
O processo consiste em uma sucessão de atos que se encadeiam
logicamente e que visam alcançar o provimento jurisdicional.
São atos processuais os atos humanos realizados no
processo. Não se confundem com os fatos processuais, que são
acontecimentos naturais, que podem ter grande relevância ou
repercussão no processo, mas que não dependem de condutas
humanas. Por exemplo: a morte de uma das partes é um fato
processual de grande relevância. Da mesma forma, uma catástrofe
natural, que provoque o desaparecimento dos autos. Podem ainda
ser consideradas fatos processuais as condutas humanas que não
têm nenhuma relação com o processo, mas que sobre ele
repercutem, como uma greve ou uma guerra, que prejudiquem o
funcionamento forense.
Os atos processuais devem ser praticados em conformidade com
o que determina a lei. Esta preestabelece a sequência em que eles
devem ser realizados e, em regra, a forma que devem obedecer. O
processo é público, e, em princípio, não pode haver disposição do
juiz ou da parte a respeito da sequência e da forma dos atos proces-
suais. No entanto, o CPC flexibiliza essa regra, em especial no art.
190, ao permitir que, nos processos em que se admite a
autocomposição, as partes capazes possam estipular mudanças no
procedimento e convencionar sobre os seus ônus, poderes,
faculdades e deveres processuais, antes ou depois do processo,
com o controle do juiz. A disponibilidade do direito material
repercutirá numa possível flexibilização do procedimento, pelas
partes capazes. Em capítulo próprio, será examinada a negociação
processual e a possibilidade de flexibilização do procedimento.
■ 2. CONCEITO DE ATO PROCESSUAL
Pode ser definido como a conduta humana voluntária que tem
relevância para o processo. Isso afasta os atos irrelevantes e os
que não se relacionem com o processo. Os atos processuais
distinguem-se dos atos jurídicos em geral em razão de sua ligação
com um processo e a repercussão que têm sobre ele. Não se
confundem com os fatos processuais, conforme visto no item
anterior.
■ 3. OMISSÕES PROCESSUALMENTE RELEVANTES
Os atos pressupõem atividade comissiva. Mas as omissões
podem ser de grande relevância para o processo civil, porque a
lei pode prever importantes consequências processuais. A omissão
só será processualmente relevante quando a lei determina a prática
de determinado ato e impõe consequências para a sua não
realização. Assim, a omissão quanto ao ônus de oferecer
contestação trará graves consequências processuais para o réu.
■ 4. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
São várias as maneiras pelas quais se pode classificar um ato
processual. Cada qual leva em consideração determinado critério. O
CPC utiliza a classificação que leva em conta o sujeito, distinguindo
entre atos das partes e atos judiciais.
■ 4.2.1. Sentenças
De acordo com o CPC, art. 203, § 1º, “ressalvadas as disposições
expressas dos procedimentos especiais, sentença é o
pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts.
485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem
como extingue a execução”.
O art. 485 trata da extinção do processo sem resolução de mérito.
As hipóteses, se verificadas, porão fim ao processo. Já o art. 487
cuida de situações em que há resolução de mérito, quando, em
caso de procedência, não se porá fim ao processo, mas à fase
cognitiva em que a sentença foi proferida, prosseguindo-se
oportunamente com a fase de cumprimento de sentença.
O conceito de sentença formulado pela lei vale-se de seu possível
conteúdo (arts. 485 e 487), mas é determinado, sobretudo, pela
aptidão de pôr fim ao processo, ou à sua fase cognitiva. O
conteúdo do pronunciamento não é determinante, pois, com a
admissão do julgamento antecipado parcial do mérito, haverá
também decisões interlocutórias de mérito. Mas elas não poderão
ser confundidas com a sentença, porque, sendo interlocutórias, são
proferidas no curso do processo, sem pôr-lhe fim e sem encerrar a
fase cognitiva. O prazo para o juiz proferir sentença é de 30 dias
(art. 226, III, do CPC).
O art. 204 ainda menciona, entre os pronunciamentos judiciais, os
acórdãos, atribuindo essa denominação aos julgamentos dos
Tribunais. São decisões proferidas por órgão colegiado.
■ 2.4. Preclusão
É mecanismo de grande importância para o andamento do
processo, que, sem ele, se eternizaria.
Consiste na perda de uma faculdade processual por:
■ não ter sido exercida no tempo devido (preclusão temporal);
■ incompatibilidade com um ato anteriormente praticado
(preclusão lógica);
■ já ter sido exercida anteriormente (preclusão consumativa).
■ 2.4.1. Preclusão temporal
Os prazos próprios são aqueles que, se não respeitados, implicam
a perda da faculdade de praticar o ato processual. Haverá a
preclusão temporal para aquele que não contestou ou não recorreu
no prazo estabelecido em lei.