Ação homologatória de reconhecimento e dissolução de sociedade de fato

A E, brasileiro, comerciante, separado judicialmente, portador da Cédula de Identidade RG/SSP/SP nº 000.000.00, e inscrito no
CPF/MF sob o nº 000.000.00, nascido em 03 de agosto de 1958, residente e domiciliado à Rua mnomnno, 000, apartamento 000,
Moema, nesta Capital, Estado de São Paulo e L S, brasileira, solteira, Advogada e Procuradora do Estado, portadora da Cédula de
Identidade RG/SSP/SP nº 000.000.00 e inscrita no CPF/MF sob o nº 000.000.00e nascida em 00 de novembro de 0000, também
residente e domiciliada à Rua mnoon, 000, apartamento, 000, Moema, nesta Capital, vêm, pelo Advogado comum a ambos, mui
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente:

AÇÃO HOMOLOGATÓRIA DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE SOCIEDADE DE FATO

Pelas razões de fato e de direito a seguir elencadas:

DOS FATOS, DA DIVISÃO DOS BENS, PENSÃO ALIMENTÍCIA, GUARDA DAS FILHAS E REGIME DE VISITAS 

1. = Os separandos A e L, viveram em regime de União Sociedade de Fato, no período de abril de 1996 até a presente data.

2. = Durante a vigência da referida CONVIVÊNCIA, tiveram duas filhas, a saber: E, nascida em 15 de outubro de 1996 e A., nascida
em 25 de novembro de 2000;

3. = Não obstante vivam juntos há mais de 6 (seis) anos e meio, os separandos entenderam por bem que se tornou impossível uma
convivência comum entre ambos, por incompatibilidade de gênios;

4. = Todavia, preocupados com o pleno e sadio desenvolvimento dos filhos gerados durante a União, e afim de que haja segurança
jurídica a ambos, em relação aos deveres e obrigações de cada um, resolvem formalizar pedido de reconhecimento de sociedade de
fato, e também a homologação do acordo de vontades advindo da dissolução da mesma. Sendo assim, elencam abaixo a divisão dos
bens e a pensão devida às filhas A e E :

5. = Assim, pelo presente instrumento, as partes requerem a homologação da dissolução da sociedade de fato nos seguintes termos:

Dos bens

5.1 = A separanda L, doravante denominada apenas separanda, nada postula a si de patrimônio em relação ao período em que
conviveu, e durou, a sociedade de fato com o separando A;

5.2 = Especificamente, a separanda L renuncia, expressamente, a quaisquer direitos relativos aos frutos e rendimentos da empresa “D
D N”, ou quaisquer outros eventualmente existentes (partilhas sobre imóveis onde se localizam os estabelecimentos, por exemplo);

5.3 = A separanda L, ainda, renuncia expressamente, a quaisquer outros bens e empresas, e/ou seus frutos, adquiridos por A. no
período em que conviveram, já citado nesta exordial;

5.4 = Por seu turno, o separando A, doravante denominado apenas separando, também abre mão de quaisquer bens, e também de
seus frutos, que hajam sido adquiridos por L na vigência da sociedade de fato (União Estável);

6. = Contudo, a fim de ajudar de colaborar com as economias da separanda, o que somente trará benefícios diretos às suas filhas, o
separando, neste ato, sob as penas da Lei, assume a responsabilidade de transferir, até o dia 10 de dezembro de 2003, para o nome
da separanda o imóvel onde residem, situado à Rua nommno, 000, apartamento 000, Moema, nesta Capital, livre de ônus de quaisquer
espécies;

6.A = Até a transferência definitiva da escritura do imóvel à separanda-L, as despesas com benfeitorias úteis e ou necessárias serão
suportadas pelo separando-A. Despesas com cotas condominiais, e impostos, também serão suportadas pelo separando-A. Apenas as
despesas com benfeitorias necessárias serão suportadas pela separanda-L;

6.A.1 = Após a transferência da escritura definitiva do imóvel, apenas as cotas condominiais serão suportadas pela separanda-L. Fica,
desde já estabelecido que as despesas cartoriais relativas à transferência da escritura do imóvel mencionado ficarão a cargo do
separando-A;

6.2 = Tendo em vista que a proprietária do referido imóvel, conforme demonstra a escritura acostada, é a mãe do separando ela:

6.1.A = Neste ato aceita e concorda com os termos assina, nada podendo vir a postular futuramente, comprometendo-se a transferir,
sem criar embaraço algum à separanda, em relação ao disposto no item “ 3” desta petição;
__________________________________________(mãe do separando)

3.1.B = Outorgará, no dia 25 de fevereiro de 2003, ao Advogado P P, signatário desta, a mãe do separando A, procuração pública em
caráter irrenunciável e irretratável, com a finalidade única e específica de transferir para a separanda a plena titularidade e domínio
do imóvel citado no item “ 3” desta petição. Assina, também a mãe do separando a presente cláusula a fim de que, não possa, no
futuro, alegar ignorância ou desconhecimento sobre o completo teor da mesma;

___________________________________________(mãe do separando)

6.1.C = Finalmente, neste ato, é concedido, até a transferência definitiva do imóvel em nome da separanda, que deverá acontecer,
conforme anotamos alhures, até o dia 10 de dezembro de 2003, o “usufruto” do imóvel à separanda e às filhas A e E. Assina, também
a mãe do separando, a presente cláusula, a fim de que não possa alegar ignorância sobre o completo teor da mesma;

7. = Considerando que o separando tem um irmão de nome (nome do irmão do A), que, em tese poderia postular uma fração do imóvel
supracitado para si, e, tendo em vista a plena segurança jurídica, tanto da separanda, quanto de suas filhas, neste ato o Sr. (irmão do
A) assina a presente cláusula, dando ciência e concordando com o estabelecido às cláusulas “ 6.1” , “6.1.A”, “6.1.B” e “6.1.C”,
comprometendo-se, neste ato, a nada postular em relação ao referido imóvel, situado à Rua nommno, 000, apartamento 000;

7. = O separando, pagará, apenas às suas filhas Ana e Eva, a pensão alimentícia mensal de R$ 4.490,00 (quatro mil e quatrocentos e
noventa reais) mensais, o que engloba:

7.1 = Despesas com supermercado, em torno de R$ 1.000,00 (um mil reais) por mês;

7.2 = Despesas com farmácia, estimada aqui em torno de R$ 350,00 (trezentos e cincoenta reais) por mês;

7.3 = Mensalidade da escola de Ana e Eva, no montante de R$ 1.350,00 (um mil e trezentos e cincoenta reais) por mês;

7.4 = Material escolar para A e E, estimado em R$ 200,00 (duzentos reais) por mês;

7.5 = Natação da filha A: R$ 150,00 (cento e cincoenta reais) por mês;

7.6 = Ballet da filha E: R$ 200,00 (duzentos reais) por mês;

7.7 = Atividades extracurriculares das filhas dos separandos, estimadas em R$ 200,00 (duzentos reais) por mês;

7.8 = Uniformes Escolares das filhas dos separandos, estimado em R$ 200,00 (duzentos reais) por mês;

7.9 = Despesas médicas não cobertas pelo Plano de Saúde, estimadas em R$ 600,00 (seiscentos reais) mensais;

7.10 = Transporte escolar das filhas dos separandos, no valor de R$ 140,00 (cento e quarenta reais mensais);

8. = Demais atividades extracurriculares, desde que devidamente comprovadas, e, também desde que não ultrapassem o montante de
10% (dez porcento) dos valores pagos às filhas dos separandos serão pagas pelo separando-A;

8.1 = O separando continuará pagando o Plano de Saúde “Interclínicas Gold” no qual continuarão como dependentes a separanda-L e
as filhas A e E;

8.2 = Demais despesas médicas e odontológicas, de A e E, desde que não cobertas pelo Plano de Saúde citado acima, serão pagas
pelo separando-A;

8.3 = Além da pensão alimentícia, estabelecida no item “ 7” desta petição, o separando-A pagará à separanda L, a fim de ajudar em
despesas domésticas, tais como empregados e condomínio, a título de ajuda de manutenção do lar, a importância de R$ 5.510,00
(cinco mil e quinhentos e dez reais);

6.4 = Assim, totalizando a “ajuda de manutenção do lar”, acima citada, e a pensão alimentícia propriamente dita, o separando pagará
mensalmente a importância de R$ 10.000,00 (dez mil reais), os quais serão depositados na conta da separanda (conta da L), nos dia
10 e 20 de cada mês, as imprtâncias respectivas de R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais) e R$ 5.500,00 (cinco mil e quinhentos
reais);
6.5 = O separando transferirá para o nome da separanda- o veículo Suzuki , (placa e ano), totalmente isento de débitos e multas;

DA GUARDA DAS FILHAS E O REGIME DE VISITAS

7. = Neste ato acordam os separandos em que a guarda das filhas E e A . fique com a separanda-L;

7.1 = Em relação ao regime de visitas, fica estabelecido que o regime de visitas será livre, inclusive no que concerne aos feriados,
férias, sempre objetivando as partes o pleno desenvolvimento e interesse das menores.

DISPOSIÇÕES FINAIS

8. = Neste ato, estabelecem as partes que, não obstante seja de comum acordo que as disposições contidas nesta petição retroajam
ao dia da distribuição da mesma na Vara de Família, a fim de não se procurar criar qualquer espécie de trauma às crianças, o
separando-A deixará o lar conjugal apenas no dia 31 de março de 2003.

8.1 = Abrem mão, expressamente os separandos de quaisquer direitos sucessórios que por ventura possam vir a ter em razão do
falecimento de qualquer um deles.

8.2 = Os honorários advocatícios do Dr. P P, signatário da presente, serão pagos pelo separando-A.

8.3 = O separando Allan, pagará a instalação de armários no imóvel da Rua nommno, 000, apartamento 000, no valor
de__________________.

8.4 = Todos os móveis que guarnecem a residência, exceto aqueles particulares e/ou de origem familiar e/ou valor afetivo do
separando-A, ficarão com a separanda-L.

DO DIREITO

9. = Regulamentada a Sociedade de Fato entre homem e mulher, pelas Leis 8971/94, 9278/96 e no novo Código Civil [Lei
10.406/2002], através dos artigos 1723 à 1727, é notório que a mesma equipara-se ao casamento, para fins legais;

9.1 = Contudo, o artigo 5º da Lei 9.278/96, estabelece que as partes podem formular um regime de bens que melhor atenda aos seus
interesses. Citamos abaixo a literalidade do artigo 5º da referida Lei:

Os bens móveis e imóveis adquiridos por um ou por ambos os conviventes, na constância da união estável, são considerados frutos do
trabalho e da colaboração comum, passando a pertencer a ambos, em condomínio, e em partes iguais, salvo estipulação em contrário.

10. = Assim, desde que não se lese o interesse dos filhos, as partes, como o estão fazendo, legalmente podem dispor, da maneira que
melhor lhes aprouver do regime de bens a ser estabelecido entre ambos;

11. = Justifica-se, contudo, a propositura da presente ação de natureza meramente homologatória, uma vez que o interesse de dois
menores de idade envolvidos, razão pela qual é imperiosa, sob pena de nulidade de todos os atos praticados, a intervenção do
Ministério Público. Senão vejamos:

CPC artigo 82:

Compete ao Ministério Público intervir:
I – nas causas em que há interesses de incapazes;

Mais adiante

CPC artigo 84

Quando a Lei considerar obrigatória a intervenção do Ministério Público, a parte promover-lhe-á a intimação sob pena de nulidade do
processo.

12. = Assim, considerando-se a exigência legal da intervenção do Ministério Público quando há interesses de menores, e,
considerando-se que a falta de participação deste, neste caso, acarretaria a nulidade de todo o procedimento, não há como deixar de
ser obrigatória, a homologação judicial da dissolução da sociedade de fato, sob pena de carrear-se nulidade absoluta a todos os atos
praticados.

DO PEDIDO

13. = Assim, ante todo o exposto, é a presente para requerer:

13.1 = Seja reconhecida a sociedade de fato existente entre A e L;

13.2 = Seja homologada a dissolução da mesma sociedade de fato;

13.3 = Seja homologada a divisão de bens, e os proventos destinado ao sustento das filhas dos separandos estabelecidos nas
cláusulas: “ 5.1” à “ 6.5” e também na “ 8.1” ;

13.4 = Seja homologada a guarda das crianças, bem como o regime de visitas estabelecido nos itens “ 7” e “ 7.1” ;

13.5 = Desnecessária a citação no presente feito, uma vez que ambas as partes são representadas pelo mesmo Advogado, ora
signatário;

13.6 = Requer-se a intimação do Ministério Público para que, na qualidade de Fiscal da Lei, em entendendo necessário, manifeste-se
sobre os termos aqui apresentados;

13.7 = Dá-se à causa, nos termos do artigo 259 do Código de Processo Civil, o valor, equivalente a 12 (doze) vezes pensão
alimentícia, de R$ 54.000,00 (cincoenta e quatro mil reais).

Nestes termos,

r. deferimento.

São Paulo, 19 de fevereiro de 2003

SEPARANDO 1) A E

SEPARANDO 2) L S