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PROCESSO CIVIL-IVAN TRISTÃO

Método de Resolução de Conflitos:

Processo: É o procedimento realizado pelo contraditório animado por uma


relação jurídica processual.
O Estado possui 2 espécies de tutela jurisdicional:
Cognição: Lide de pretensão contestada. Há necessidade de definir a vontade
concreta da lei para solucioná-la. Deve culminar por uma sentença de mérito que
contenha a resposta definitiva ao pedido formulado pelo autor.
Execução: Lide de pretensão apenas insatisfeita (por o direito do autor já estar
previamente definido pela própria lei como líquido, certo e exigível). A efetiva
satisfação do direito do credor é o provimento nessa modalidade de processo.
A diferença dos dois são os provimentos judiciais com que o juízo responde ao
exercício do direito de ação.
Espécies de Processos:
Processo de Conhecimento ou Cognição (Livro I da Parte Especial do CPC):
Contraditório Pleno; acertamento do direito.
Processo de Execução (Livro II da Parte Especial do CPC): Efetivar a satisfação
do direito do credor
Processo Cautelar: A tutela cautelar ainda existe, sendo tratada como um
incidente processual:
Tutela provisória: Urgência: Cautelar (natureza cognitiva e executiva); Antecipada
(Satisfativa).
Evidência.
Na prática, os procedimentos mesclam atividades de cognição e execução.
Procedimento: É o rito do processo. Enquanto o processo é uma unidade, como
relação processual em busca da pretensão jurisdicional, o procedimento é a
exteriorização dessa relação e, por isso, pode assumir diversas feições ou modos de ser.
A essas várias formas exteriores de se movimentar o processo aplica-se a denominação
de procedimentos.

Procedimentos no Processo de Conhecimento:


Procedimento Comum: Regulamentado de maneira completa e exaustiva. É o
que se aplica a todas as causas para as quais a lei processual não haja instituído um rito
próprio ou específico. Seu âmbito é delimitado por exclusão: Onde não houver previsão
legal de um procedimento especial, a causa será processada sob as regras do
procedimento comum.
Art 318: Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição em
contrário deste Código ou de lei.
Parágrafo único. O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos demais
procedimentos especiais e ao processo de execução.
Procedimentos Especiais: São os ritos próprios para o processamento de
determinadas causas selecionadas pelo legislador. Exemplo: Lei 9099/95 sobre os
Juizados Especiais.
Procedimentos Especialíssimos: Negócio Jurídico Processual.
Art 190: Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às
partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às
especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e
deveres processuais, antes ou durante o processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das
convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de
nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se
encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.
OBS: O novo CPC não regulou os ritos ordinários e sumários, presentes no
CPC/73. Para os casos em que tais leis preveem o procedimento sumário, a regra é de
que agora em diante será observado o procedimento comum com as modificações
previstas na própria lei especial, se houver.
Procedimentos especiais: Jurisdição contenciosa e jurisdição voluntária:
Jurisdição Contenciosa: Quando há a pretensão resistida. Se referem à solução
de litígios. Quase sempre é uma simbiose de cognição e execução, gerando em uma só
relação processual, um complexo de atividades que configuram as chamadas ações
executivas “lato sensu” (ações possessórias, divisórias, demarcatórias, de consignação
em pagamento, de despejo, etc.). Com eles, o Código pretende adequar o procedimento
às particularidades e exigências do direito material cogitado no litígio.
Jurisdição Voluntária: Administração judicial de interesses privados não
litigiosos. Não há processos, mas apenas procedimentos que constituem a coordenação
formal de atos não processuais. Nele, o juiz não exerce função jurisdicional, mas tão só
administrativa, tendente à formação de negócios jurídicos em que a lei houve por bem
exigir a participação de órgãos da Justiça para aperfeiçoamento e eficácia. É o que
ocorre com as alienações judiciais, as nomeações de tutores e curadores, o divórcio e a
partilha consensual.
Fases do Procedimento comum: O Procedimento Comum é o mais completo e
o mais apto à perfeita realização do Processo de Conhecimento. Ele está estruturado em
fases lógicas; nem sempre nitidamente separadas e às vezes se interpenetram.
Fase Postulatória: Dura da propositura da ação até a resposta do réu. Contém:
Petição inicial; Citação do réu; Audiência de conciliação e mediação; Resposta do réu;
Impugnação à contestação.
Fase Saneadora: O juiz exerce uma atividade destinada a verificar a
regularidade do processo, mediante decretação das nulidades insanáveis e promoção do
suprimento daquelas que forem sanáveis.
Contém: Diligências de emenda ou complementação da inicial (Art 321).
Art 321: O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts.
319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o
julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende
ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição
inicial.
Providências preliminares (art 347 a 353).
Saneamento do processo (art 357).
Art 357: Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em
decisão de saneamento e de organização do processo:
I - resolver as questões processuais pendentes, se houver;
II - delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória,
especificando os meios de prova admitidos;
III - definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373 ;
IV - delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito;
V - designar, se necessário, audiência de instrução e julgamento.
§ 1º Realizado o saneamento, as partes têm o direito de pedir esclarecimentos ou
solicitar ajustes, no prazo comum de 5 (cinco) dias, findo o qual a decisão se torna
estável.
§ 2º As partes podem apresentar ao juiz, para homologação, delimitação consensual
das questões de fato e de direito a que se referem os incisos II e IV, a qual, se
homologada, vincula as partes e o juiz.
§ 3º Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito, deverá o juiz
designar audiência para que o saneamento seja feito em cooperação com as partes,
oportunidade em que o juiz, se for o caso, convidará as partes a integrar ou esclarecer
suas alegações.
§ 4º Caso tenha sido determinada a produção de prova testemunhal, o juiz fixará prazo
comum não superior a 15 (quinze) dias para que as partes apresentem rol de
testemunhas.
§ 5º Na hipótese do § 3º, as partes devem levar, para a audiência prevista, o respectivo
rol de testemunhas.
§ 6º O número de testemunhas arroladas não pode ser superior a 10 (dez), sendo 3
(três), no máximo, para a prova de cada fato.
§ 7º O juiz poderá limitar o número de testemunhas levando em conta a complexidade
da causa e dos fatos individualmente considerados.
§ 8º Caso tenha sido determinada a produção de prova pericial, o juiz deve observar o
disposto no art. 465 e, se possível, estabelecer, desde logo, calendário para sua
realização.
§ 9º As pautas deverão ser preparadas com intervalo mínimo de 1 (uma) hora entre as
audiências.
Fase instrutória/probatória: Destina-se à coleta do material probatório, que
servirá de suporte à decisão do mérito. Reconstituem-se por meio dela os fatos
relacionados à lide.
Contém: Realização de perícias; Recolhimento dos depoimentos das partes e
testemunhas.
Fase decisória: Se destina à prolação da sentença de mérito. Realiza-se após o
encerramento da instrução quando o juiz encerra a coleta das provas orais e permite às
partes produzir suas alegações finais.
Há possibilidade de antecipação da fase decisória (julgamento conforme o estado do
processo); Há possibilidade de extrema abreviação do procedimento, em situações de
decisão que extingue o processo no nascedouro, como o indeferimento liminar da
petição inicial (art 330) e a decretação liminar de improcedência do pedido (art 332).
Art 330: A petição inicial será indeferida quando:
I - for inepta;
II - a parte for manifestamente ilegítima;
III - o autor carecer de interesse processual;
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321 .
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o
pedido genérico;
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
§ 2º Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de
empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de
inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que
pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito.
§ 3º Na hipótese do § 2º, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e
modo contratados.
Art 332: Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da
citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de
Justiça;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de
Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
§ 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar,
desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.
§ 2º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da
sentença, nos termos do art. 241 .
§ 3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.
§ 4º Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a
citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para
apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.
Adequação do procedimento: A previsão legal de determinado procedimento é
matéria de ordem pública; Não há liberdade para as partes e para o juiz substituir um
rito pelo outro, mas pode ser convencionado negócio jurídico processual atípico.
Se era caso de procedimento especial, tramitou sob procedimento comum e é julgado,
não deve ser anulado, desde que não haja prejuízo ao contraditório e ampla defesa: O
que é valorizado não é a forma em si, mas o objetivo visado pela norma procedimental.
Erro de forma não causa necessariamente nulidade: Incumbe ao juiz, diante de eventual
irregularidade ordenar a adaptação da causa ao procedimento adequado, qualquer que
seja a fase que se encontre, aproveitando os atos já praticados, dos quais não tenha
decorrido prejuízo para as partes ou para a jurisdição.
Pedidos cumulados: Art 332: É lícita a cumulação, em um único processo,
contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.
§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que:
I - os pedidos sejam compatíveis entre si;
II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.
§ 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será
admitida a cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do
emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais
a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as
disposições sobre o procedimento comum.
§ 3º O inciso I do § 1º não se aplica às cumulações de pedidos de que trata o art. 326 .

Negócio Jurídico Processual:


Art 190: Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é
lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo
às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e
deveres processuais, antes ou durante o processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das
convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de
nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se
encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.
O CPC adotou a teoria dos negócios jurídicos processuais: Confere
flexibilização procedimental ao processo, respeitados os princípios constitucionais.
Pode-se criar procedimentos especialíssimos, que podem coexistir ao lado do
procedimento comum e dos procedimentos especiais.
Requisitos do negócio jurídico atípico:
a) Causa deve versar sobre direitos que admitam autocomposição;
b) Partes plenamente capazes;
c) Convecção deve limitar-se aos ônus, poderes, faculdades e deveres processuais das
partes, não podendo atingir os poderes do juiz.
Exemplo de possibilidades de negócio jurídico processual atípico: Rateio de
despesas processuais; dispensa de assistente técnico; eliminar efeito suspensivo da
apelação; afastar a possibilidade de execução provisória; reduzir prazos processuais;
regular o ônus da prova.
Exemplo de intervenção indevida nos poderes do juiz: Vetar a iniciativa de
prova do juiz; controle dos pressupostos processuais e das condições da ação; qualquer
outra atribuição que envolva matéria de ordem pública inerente à função judicante;
afastar deveres cuja inobservância represente litigância de má-fé; autorizar decisão não
fundamentada.
O negócio jurídico processual não se sujeita a um juízo de conveniência pelo
juiz (independe de homologação). A avaliação judicial ocorre após consumado o
negócio processual, a título de verificação de sua legalidade.
O negócio processual pode ser prévio ou incidental:
Prévio: Ocorre antes do ajuizamento da causa, como na convenção arbitral ou
na pactuação do for de eleição.
Incidental: Ocorre no processo já em curso, como nos casos de acordo sobre
suspensão do processo ou alteração de prazos.
Limites da negociabilidade procedimental: Não pode dispor sobre a situação
jurídica do magistrado. Exemplo: Saneamento consensual das cláusulas complexas e no
estabelecimento de calendário processual.
3 Modalidades de participação do juiz no negócio jurídico processual:
a) Aqueles em que o negócio produz sua plena eficácia por força da própria
convenção entre os litigantes, sem depender de qualquer autorização judicial, como se
dá na eleição de foro ou na renúncia ao direito de recorrer;
b) Aquelas em que o ato independe de autorização ou aprovação judicial,
mas só produz eficácia no processo depois de homologado pelo juiz.
c) Aquelas, enfim, em que o próprio negócio processual só se aperfeiçoa
com a participação do juiz na sua formulação, como corre no saneamento consensual e
no estabelecimento do calendário processual.

Controle judicial em torno dos limites do negócio processual:


Negócios processuais típicos: A lei estabelece os parâmetros de controle pelo
juiz.
Negócios processuais atípicos: Dimensão de cláusula geral; é mais complexo.
Limites constitucionais da liberdade de praticar o negócio jurídico processual:
Deve-se manter núcleo e o conteúdo mínimo das garantias constitucionais. Não pode
aniquilar ou anular totalmente uma garantia constitucional, por exemplo: Acesso à
justiça (Exigir diligências preparatórias em que o custo seja maior que o bem tutelado);
Sobre a boa-fé; Sobre a duração razoável do processo (Prorrogação de prazos
excessivamente longos ou indefinidos); Sobre contraditório (Modifique o ônus da
prova, que implique prova diabólica); Sobre duplo grau de jurisdição (pode
convencionar sobre o não cabimento de recurso? Sim. Princípio não é absoluto).
Limites deduzidos dos negócios típicos: Se o negócio jurídico atípico versar
sobre matéria correlata a negócio jurídico típico, o intérprete pode fazer um cotejo entre
eles. Não pode violar o que se encontra normatizado no direito positivo.

Petição Inicial:
Representação processual: quem tem capacidade postulatória?
Art 133, CF: O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo
inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.
Art 103: A parte será representada em juízo por advogado regularmente
inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil.
Parágrafo único. É lícito à parte postular em causa própria quando tiver habilitação
legal.
Art 106: Quando postular em causa própria, incumbe ao advogado:
I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço, seu número de inscrição
na Ordem dos Advogados do Brasil e o nome da sociedade de advogados da qual
participa, para o recebimento de intimações;
II - comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço.
§ 1º Se o advogado descumprir o disposto no inciso I, o juiz ordenará que se supra a
omissão, no prazo de 5 (cinco) dias, antes de determinar a citação do réu, sob pena de
indeferimento da petição.
§ 2º Se o advogado infringir o previsto no inciso II, serão consideradas válidas as
intimações enviadas por carta registrada ou meio eletrônico ao endereço constante dos
autos.
Procuração e substabelecimento:
Art 104: O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração,
salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato
considerado urgente.
§ 1º Nas hipóteses previstas no caput, o advogado deverá, independentemente de
caução, exibir a procuração no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual
período por despacho do juiz. §
2º O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele em cujo nome
foi praticado, respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e danos.
Ad negotia: A expressão é usada nas procurações que são outorgadas a alguém
para concluir negócios em nome do outorgante.
Ad judicia: O mandatário pode atuar em todo e qualquer processo judicial em
que esteja envolvido o mandante ou apenas no processo especificamente discriminado
na procuração.
Ad judicia et extra: É uma procuração com poderes especiais e abrange todas as
fases processuais de um caso, salvo disposição expressa em contrário. Isso significa que
o outorgado pode realizar todos os atos necessários para a procedência do pedido em
uma ação judicial, inclusive no cumprimento de sentença.
Art 105: A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento público ou
particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do
processo, exceto receber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido,
transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, receber, dar
quitação, firmar compromisso e assinar declaração de hipossuficiência econômica, que
devem constar de cláusula específica.
§ 1º A procuração pode ser assinada digitalmente, na forma da lei.
§ 2º A procuração deverá conter o nome do advogado, seu número de inscrição na
Ordem dos Advogados do Brasil e endereço completo.
§ 3º Se o outorgado integrar sociedade de advogados, a procuração também deverá
conter o nome dessa, seu número de registro na Ordem dos Advogados do Brasil e
endereço completo.
§ 4º Salvo disposição expressa em sentido contrário constante do próprio instrumento,
a procuração outorgada na fase de conhecimento é eficaz para todas as fases do
processo, inclusive para o cumprimento de sentença.
Substabelecimento possui 2 tipos:
Com reserva de poderes;
Sem reserva de poderes.
Petição Inicial e seus requisitos:
Art 319: A petição inicial indicará:
I - o juízo a que é dirigida;
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o
número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da
Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de
mediação.
§ 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na
petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção.
§ 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que
se refere o inciso II, for possível a citação do réu.
§ 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II
deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente
oneroso o acesso à justiça.
Documentos Indispensáveis:
Art 320: A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à
propositura da ação.
Irregularidades Sanáveis:
Art 321: O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts.
319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o
julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende
ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição
inicial.

Competência: Jurisdição é diferente de competência:


Jurisdição: Poder-dever de prestar a tutela jurisdicional a todo cidadão que tenha
uma pretensão resistida por outrem, inclusive por parte de algum agente do próprio
Poder Público. A jurisdição vem a ser a função pública em virtude da qual se determina
o direito das partes com o objetivo de dirimir seus conflitos e controvérsias de
relevância jurídica, mediante decisões com autoridade de coisa julgada, eventualmente
passíveis de execução. Resumidamente, é o poder de julgar e executar, que todo órgão
judicial detém.
Competência: É o critério de distribuir entre os vários órgãos judiciários as
atribuições relativas ao desempenho da jurisdição. São os limites dentro dos quais a
jurisdição é exercida por determinado órgão judicial.
Todos os juízes têm jurisdição, mas nem todos se apresentam com competência
para conhecer e julgar determinado litígio.
Distribuição da Competência: A definição se faz por meio de normas
constitucionais, de leis processuais e de organização judiciária. Os critérios legais levam
em conta a soberania nacional, o espaço territorial, a hierarquia de órgãos jurisdicionais,
a natureza ou o valor das causas, as pessoas envolvidas no litígio.
A competência da justiça local, ou estadual, assume feição residual, ou seja, tudo
o que não toca à Justiça Federal ou às Especiais é da competência dos órgãos judiciários
dos Estados.
Classificação da competência: Competência Internacional: Definem as causas
que a Justiça brasileira deverá conhecer e decidir.
Competência Interna: Apontam quais os órgãos locais que se incumbirão
especificamente da tarefa, em cada caso concreto.
Estrutura do Duplo Grau de Jurisdição:
Juízos (órgãos de 1º grau) X Tribunais (órgãos de 2º grau).
Instância (designa diversos graus de jurisdição; processo ou relação processual)
X Entrância (grau de classificação administrativa da comarca; designa cada um dos
níveis entre os quais se distribuem os cargos de juiz de primeira instância).
Foro: Circunscrição territorial; Território em que o juiz exerce a jurisdição. Em
um só foro pode haver um ou mais juízos (varas, etc.).
Competência Internacional: Traçam objetivamente os limites da jurisdição dos
tribunais brasileiros diante da jurisdição dos órgãos judiciários de outras nações.
Espécies de competência internacional:
a) Cumulativa/Concorrente: Ação tanto pode ser ajuizada aqui como em
outra nação. Estão tipificadas noa rt 21 e 22 do CPC:
Art 21: Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que:

I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;


II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil
a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.
Art 22: Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as
ações:
I - de alimentos, quando: a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) o réu
mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de
renda ou obtenção de benefícios econômicos;
II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou
residência no Brasil;
III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional.
b) Exclusiva: Se alguma ação sobre eles vier a ser ajuizada e julgada no
exterior nenhum efeito produzirá em nosso território, se submetendo com absoluta
exclusividade à competência da Justiça Nacional.
Está tipificado no art 23.
Art 23: Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento
particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da
herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território
nacional;
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à
partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade
estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.
c) Competência Concorrente e Litispendência: Nada impede que a ação
depois de proposta em outro país venha também a ser ajuizada perante nossa justiça.
Está tipificada no Art 24: A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz
litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma
causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados
internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil.
Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a
homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no
Brasil.
Cooperação Internacional: Necessidade de colaboração entre os Estados.
Nesse cenário, os tratados internacionais ganham extrema relevância na medida em que
ditam regras de cooperação para a prática de atos processuais entre os diversos países.
Art 26: A cooperação jurídica internacional será regida por tratado de que o
Brasil faz parte e observará:
I - o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente;
II - a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou não no
Brasil, em relação ao acesso à justiça e à tramitação dos processos, assegurando-se
assistência judiciária aos necessitados;
III - a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na legislação
brasileira ou na do Estado requerente;
IV - a existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de
cooperação;
V - a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras.
§ 1º Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá realizar-se
com base em reciprocidade, manifestada por via diplomática.
§ 2º Não se exigirá a reciprocidade referida no § 1º para homologação de sentença
estrangeira.
§ 3º Na cooperação jurídica internacional não será admitida a prática de atos que
contrariem ou que produzam resultados incompatíveis com as normas fundamentais
que regem o Estado brasileiro.
§ 4º O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central na ausência de
designação específica.
Art 27: A cooperação jurídica internacional terá por objeto:
I - citação, intimação e notificação judicial e extrajudicial;
II - colheita de provas e obtenção de informações;
III - homologação e cumprimento de decisão;
IV - concessão de medida judicial de urgência;
V - assistência jurídica internacional;
VI - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira.
Modalidades:
Ativa: Quando o Brasil requerer a prática de determinado ato a algum Estado
estrangeiro.
Passiva: Quando a autoridade estrangeira quem solicita a realização de ato em
território nacional.
Seja ela ativa ou passiva, pode se dar por meio de:
Auxílio Direto: Destinado ao intercâmbio entre órgãos judiciais e
administrativos de Estados diversos, cuja prática independe de carta rogatória ou de
homologação de sentença estrangeira. Muitas vezes, a medida solicitada é de natureza
administrativa e pode ser prestada por meio de informações dos registros públicos, atos
policiais ou alfandegários, quando então poderá, até mesmo, ser atendida sem
participação direta da justiça.
Art 30: Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil faz parte, o auxílio
direto terá os seguintes objetos:
I - obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento jurídico e sobre
processos administrativos ou jurisdicionais findos ou em curso;
II - colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo, em curso no
estrangeiro, de competência exclusiva de autoridade judiciária brasileira;
III - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira.
Carta Rogatória: É o instrumento de cooperação utilizado para a prática de ato
como citação, intimação, notificação judicial, colheita de provas, obtenção de
informações e cumprimento de decisão interlocutória, sempre que o ato estrangeiro
constituir decisão a ser executada no Brasil.
O procedimento da carta rogatória, que é de competência do STJ, é de jurisdição
contenciosa, devendo assegurar às partes as garantias do devido processo legal. A
defesa limitar-se-á à discussão quanto ao atendimento ou não dos requisitos para que o
pronunciamento estrangeiro judicial produza efeitos no país. Em qualquer hipótese, a
autoridade judiciária brasileira não pode rever o mérito do pronunciamento judicial
estrangeiro.
Art 36: O procedimento da carta rogatória perante o Superior Tribunal de
Justiça é de jurisdição contenciosa e deve assegurar às partes as garantias do devido
processo legal.
§ 1º A defesa restringir-se-á à discussão quanto ao atendimento dos requisitos para que
o pronunciamento judicial estrangeiro produza efeitos no Brasil.
§ 2º Em qualquer hipótese, é vedada a revisão do mérito do pronunciamento judicial
estrangeiro pela autoridade judiciária brasileira.

Ação de Homologação de Sentença Estrangeira:


Art 960: A homologação de decisão estrangeira será requerida por ação de
homologação de decisão estrangeira, salvo disposição especial em sentido contrário
prevista em tratado.
§ 1º A decisão interlocutória estrangeira poderá ser executada no Brasil por meio de
carta rogatória.
§ 2º A homologação obedecerá ao que dispuserem os tratados em vigor no Brasil e o
Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça.
§ 3º A homologação de decisão arbitral estrangeira obedecerá ao disposto em tratado
e em lei, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições deste Capítulo.
Disposições comuns ao auxílio direto e à carta rogatória:
Em todos os casos de cooperação internacional ativa, a autoridade brasileira
enviará o pedido à autoridade central acompanhado dos documentos que o instruem,
devidamente traduzidos para a língua oficial estrangeira, a qual o remeterá ao Estado
requerido para lhe dar o devido andamento.
O pedido passivo de cooperação jurídica internacional, qualquer que seja ele,
não poderá ser acolhido no Brasil quando configurar manifesta ofensa à ordem pública
nacional.
Os atos de execução de decisão judicial estrangeira não podem ser submetidos à
cooperação internacional direta, uma vez que só se admite seu processamento no Brasil
quando postulados por meio de carta rogatória ou processados através de ação de
homologação de sentença estrangeira.
O novo Código reduziu as formalidades da cooperação, dispensando a
ajuramentação, a autenticação ou qualquer outro procedimento de legalização de
documentos estrangeiros, sempre que o pedido for encaminhado ao Estado brasileiro
por meio de autoridade central ou por via diplomática. Entretanto, quando necessário, o
Estado brasileiro poderá aplicar o princípio da reciprocidade de tratamento.
Competência Interna: Divide a função jurisdicional entre os vários órgãos da
Justiça Nacional.
Competência da Justiça Federal: São de competência da Justiça Federal: As
causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem
interessadas, na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de
recuperação judicial, falência, insolvência civil e as de acidente de trabalho, cuja
competência é sempre da Justiça estadual.
As causas entre Estado estrangeiro, ou organismo internacional, e município ou
pessoa domiciliada ou residente no Brasil.
Os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal,
salvo as hipóteses de competência originária do Supremo Tribunal e a dos Tribunais das
Justiças Especiais.
Causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou
organismo internacional.
A disputa sobre os direitos indígenas.
Execução de carta rogatória após o exequatur e de sentença estrangeira após
homologação.
Causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à
naturalização.
Causas relativas a direitos humanos, quando verificada a hipótese prevista no ss
5º do art 109 da CF.
Competência da Justiça Estadual: As questões não atribuídas à Justiça Federal
são da competência das Justiças Estaduais ou locais.
A própria CF exclui algumas causas que seriam da competência da Justiça
Federal para atribuí-las explicitamente às Justiças locais. É o que ocorre com:
As causas de interesse da Previdência Social, cujo objetivo for benefício de
natureza pecuniária, sempre que a comarca do domicílio do segurado ou beneficiário
não for sede de Vara da Justiça Federal.
Os processos falimentares, mesmo que haja interesse da União perante a massa
falida.
Os litígios relativos a acidentes do trabalho.
Outras causas definidas por lei para comarcas onde inexiste vara do juízo
federal. Exemplo: Executivo fiscal.
Operação para determinar a competência:
Competência originária: Do STF ou do STJ;
Competência de Jurisdição: Qual a Justiça competente? Comum ou Especial?
Competência originária: Dentro da Justiça competente, o conhecimento da causa
cabe ao órgão superior ou inferior?
Competência de foro: Se a atribuição é do órgão de primeiro grau de jurisdição,
qual a comarca ou seção judiciária competente?
Competência de juízo: Se há mais de um órgão de primeiro grau com as mesmas
atribuições jurisdicionais, qual a vara competente?
Competência Interna: Quando numa mesma Vara ou Tribunal servem vários
juízes, qual ou quais deles serão competentes?
Competência Recursal: A competência para conhecer do recurso é do próprio
órgão que decidiu originariamente ou de um superior?
Cooperação Nacional:
Art 67: Aos órgãos do Poder Judiciário, estadual ou federal, especializado ou
comum, em todas as instâncias e graus de jurisdição, inclusive aos tribunais
superiores, incumbe o dever de recíproca cooperação, por meio de seus magistrados e
servidores.
Art 69: O pedido de cooperação jurisdicional deve ser prontamente atendido,
prescinde de forma específica e pode ser executado como:
I - auxílio direto;
II - reunião ou apensamento de processos;
III - prestação de informações;
IV - atos concertados entre os juízes cooperantes.
§ 1º As cartas de ordem, precatória e arbitral seguirão o regime previsto neste Código.
§ 2º Os atos concertados entre os juízes cooperantes poderão consistir, além de outros,
no estabelecimento de procedimento para:
I - a prática de citação, intimação ou notificação de ato;
II - a obtenção e apresentação de provas e a coleta de depoimentos;
III - a efetivação de tutela provisória;
IV - a efetivação de medidas e providências para recuperação e preservação de
empresas;
V - a facilitação de habilitação de créditos na falência e na recuperação judicial;
VI - a centralização de processos repetitivos;
VII - a execução de decisão jurisdicional.
§ 3º O pedido de cooperação judiciária pode ser realizado entre órgãos jurisdicionais
de diferentes ramos do Poder Judiciário.
Critérios de Determinação da Competência Interna:
Absoluta: É a competência insuscetível de sofrer modificação, seja pela vontade
das partes, seja pelos motivos legais de prorrogação. Trata-se de regra fixada em
atenção ao interesse público. As competências são absolutas quando envolvem:
Matéria: Natureza da causa (ratione materiae).
Pessoa: Qualidade das partes (ratione personae).
Funcional: Atribuições dos diversos órgãos e de seus componentes. Pelas fases
do procedimento (penhora, testemunha, rescisória); Pelo grau de jurisdição; Pelo objeto
do juízo (embargos de terceiros, com penhora em outra comarca).
Relativa: É a competência passível de modificação por vontade das partes ou por
prorrogação oriunda de conexão ou continência de causas, porque atende
principalmente ao interesse particular. São relativas as competências que decorrem do
valor ou do território.
Competência de foro e competência do juiz: Foro competente vem a ser a
circunscrição territorial onde determinada causa deve ser proposta. Juiz competente é
aquele, entre os vários existentes na mesma circunscrição, que deve tomar
conhecimento da causa, para processá-la e julgá-la.
Cumulatividade de juízos competentes: Quando, em um foro, vários são os
juízes em exercício, a cada um se atribui uma vara. Pode ser dividida em 2 critérios:
Por distribuição: Quando a competência de todos os órgãos é homogênea (ex:
diversas varas cíveis da mesma Comarca). Envolve principalmente a competência
relativa. A ação considera-se proposta pelo protocolada petição inicial para a respectiva
distribuição. A competência definida pela distribuição é relativa e, não sendo
impugnada, torna-se definitiva, ainda que equivocada.
Art 312: Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for
protocolada, todavia, a propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos
mencionados no art. 240 depois que for validamente citado.
Art 284: Todos os processos estão sujeitos a registro, devendo ser distribuídos
onde houver mais de um juiz.
Art 285: A distribuição, que poderá ser eletrônica, será alternada e aleatória,
obedecendo-se rigorosa igualdade.
Parágrafo único. A lista de distribuição deverá ser publicada no Diário de
Justiça.
Ratione materiae: Quando há heterogeneidade de competência entre os diversos
órgãos, de modo que cada grupo de lides é atribuído a um tribunal ou uma vara
específica.
Perpetuatio iurisdictionis: A competência é determinada no momento da
propositura da ação, ou seja, no momento em que a petição inicial é registrada ou
distribuída. A partir de então, é irrelevante as modificações do estado de fato ou de
direito que venham a ocorrer, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a
competência absoluta. Assim, a criação de vara especializada para certas causas pode
autorizar a redistribuição de feitos. Adota o nosso código o princípio da perpetuatio
iurisdictionis, que é norma determinadora da inalterabilidade da competência objetiva, a
qual, uma vez firmada, deve prevalecer durante todo o curso do processo. A
inalterabilidade diz respeito ao órgão judicial e não à pessoa do juiz.
A alteração do estado de fato pouco altera a competência já estabelecida.
A alteração do Estado de direito por alteração da lei, que venha a adotar outro
critério para a determinação de competência para o processo já gera uma grande
mudança, com os autos sendo encaminhados ao outro órgão que se tornou competente
para a causa.
Foro Comum: Para todas as causas não subordinadas a foro especial é o do
domicílio do réu, regra que se aplica inclusive às pessoas jurídicas.
Foros subsidiários ou supletivos:
Art 46: A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis
será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu.
§ 1º Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer
deles.
§ 2º Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser
demandado onde for encontrado ou no foro de domicílio do autor.
§ 3º Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será
proposta no foro de domicílio do autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação
será proposta em qualquer foro.
§ 4º Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão
demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor.
§ 5º A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua
residência ou no do lugar onde for encontrado. (Vide ADI nº 5737) (Vide ADI nº 5492)
Foros Especiais:
Ações reais imobiliárias:
Art 47: Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o
foro de situação da coisa.
§ 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se
o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e
demarcação de terras e de nunciação de obra nova.
§ 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa,
cujo juízo tem competência absoluta.
Foro da sucessão hereditária e da ausência:
Art 48: O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para
o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última
vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em
que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é
competente:
I - o foro de situação dos bens imóveis;
II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.
Foro da União, dos Estados e do Distrito Federal:
Art 51: É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja
autora a União.
Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no
foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no
de situação da coisa ou no Distrito Federal.
Art 52: É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja
autor Estado ou o Distrito Federal.
Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação
poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que
originou a demanda, no de situação da coisa ou na capital do respectivo ente federado.
(Vide ADI nº 5737) (Vide ADI nº 5492)
Foro ratione personae:
Art 53: É competente o foro:
I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e
reconhecimento ou dissolução de união estável: a) de domicílio do guardião de filho
incapaz; b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz; c) de domicílio
do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal; d) de domicílio da
vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de
2006 (Lei Maria da Penha); (Incluída pela Lei nº 13.894, de 2019)
II - de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem
alimentos;
III - do lugar: a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica; b)
onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica
contraiu; c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou
associação sem personalidade jurídica; d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a
ação em que se lhe exigir o cumprimento; e) de residência do idoso, para a causa que
verse sobre direito previsto no respectivo estatuto; f) da sede da serventia notarial ou
de registro, para a ação de reparação de dano por ato praticado em razão do ofício;
IV - do lugar do ato ou fato para a ação: a) de reparação de dano; b) em que
for réu administrador ou gestor de negócios alheios;
V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano
sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves.
Foro das pessoas jurídicas: O mesmo que do domicílio do réu.
Foro do Estados e municípios
Foros ratione loci em matéria de obrigações
Foro relativo à arbitragem
Foro do idoso
Foro central e foros distritais ou regionais
Prorrogação de competência: Dá-se a prorrogação de competência quando se
amplia a esfera de competência de um órgão judiciário para conhecer de certas causas
que não estariam, ordinariamente, compreendidas em suas atribuições jurisdicionais.
Aplicável aos casos de competência relativa.
A prorrogação pode ser legal: Quando decorre de imposição da própria lei.
Ou voluntária: Quando decorre de ato de vontade das partes, como no for de
eleição ou na falta de alegação de incompetência relativa em preliminar de contestação
ou de impugnação com base em convenção de arbitragem.
Prorrogação legal:
Conexão: Quando possui pedido ou causa de pedir comum.
A primeira forma se dá com o mesmo pedido. Ex: 2 ações voltadas contra 2
coobrigados de uma mesma dívida, pois a ambos os demandados se pede o mesmo
objeto: o pagamento da mesma dívida.
Ocorre também a conexão entre as várias execuções do devedor comum de que
surjam sucessivas penhoras do mesmo bem.
A segunda forma de conexão ocorre quando as várias ações tenham por
fundamento o mesmo fato jurídico.
Ex: A execução de título extrajudicial e a ação de conhecimento relativa ao
mesmo ato jurídico e as execuções fundadas no mesmo título executivo.
Outro exemplo é quando uma parte propõe a ação de nulidade do contrato e a
outra a sua execução ou a consignatória do respectivo preço; quando o senhorio propõe
a ação de despejo por falta de pagamento de aluguéis e o inquilino ajuíza a consignação
dos mesmos aluguéis; quando o credor executa a dívida constante do título que o
devedor, em ação de conhecimento, pretende anular ou rescindir.
Para haver identidade de causas de pedir, é preciso que ela seja exatamente a
mesma, seja pela causa próxima (fundamento jurídico do processo. Ex:
inadimplemento) e causa remota (questão de fato que precede ao fundamento de direito.
Ex: contrato).
Efeito prático da conexão: Verificando-se conexão, as ações propostas serão
reunidas, mediante apensamento dos diversos autos, a fim de que sejam decididas
simultaneamente, em uma só sentença.
Art 55: ss 1º: Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão
conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado.
Súmula 235, STJ: A conexão não determina a reunião dos processos, se um
deles já foi julgado.
Pode ocorrer a suspensão do processo de grau menor.
Continência: Se dá entre 2 ou mais ações quando houver identidade quanto às
partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das
demais. A relação é de continente para conteúdo, de modo que todos os elementos da
causa menor se fazem também presentes na maior.
Ex: Caso em que um mesmo credor ajuíza duas ações contra o mesmo devedor:
na primeira cobra prestações vencidas e, na posterior, reclama o total da dívida,
englobando o objeto da primeira.
Ação declaratória de dívida de R$10.000,00 (referente a contrato mútuo; que
será a causa de pedir) X ação pleiteando a condenação (contém a declaração).
Efeito prático da continência: Se a precedência for da ação continente, o
processo relativo à ação contida será extinto sem resolução de mérito. É que existirá
litispendência parcial entre elas de modo que a ação menor incorrerá na hipótese de
extinção prevista no Art 485, V.
Se a ação de pedido menor (a contida) for a que primeiro se ajuizou, a reunião
das ações será obrigatória. A regra se aplica se, naturalmente, os dois processos se
acharem em situações de desenvolvimento que permitam o julgamento simultâneo, pois
se a ação menor já tiver sido sentenciada, por exemplo, não haverá como reuni-la com a
continente.
Prevenção: Prevento é aquele juízo que prefere aos demais. Prevenção vem a ser
a prefixação de competência, para todo o conjunto das diversas causas, do juiz a quem
primeiro foi registrada ou distribuída a petição inicial de uma das lides coligadas por
conexão ou continência.
Portanto, a regra legal é a de que a competência a ser prorrogada é a do juízo em
que uma das causas ligadas por conexão ou continência for primeiro registrada ou
distribuída.
A conexidade e a competência absoluta: Na competência absoluta não se aplica
a regra de prevenção. Em alguns casos, o segundo processo, se for de competência
absoluta, pode atrair o primeiro. Porém, processos que tramitam em justiças diferentes =
Suspensão, em razão da inderrogabilidade das competências absolutas.
Outros casos de prorrogação legal: Ações acessórias = Ocorrerá distribuição por
dependência. Ex: Ação de exigir contas do inventariante; restauração de autos;
habilitação incidente, a ação de depósito; e outras do terceiro interveniente (como a
oposição e os embargos de terceiros); e as chamadas incidentais, como a reconvenção e
as ações de garantia (nos casos de garantia da evicção ou de direito regressivo contra
terceiros).
Prorrogação voluntária: Ocorre quando a modificação provém de ato de vontade
das partes, o que é possível em duas circunstâncias previstas pelo Código:
Vontade: Eleição de foro contratual.
Art 63: As partes podem modificar a competência em razão do valor e do
território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações.
§ 1º A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e
aludir expressamente a determinado negócio jurídico.
§ 2º O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.
§ 3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser
reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do
foro de domicílio do réu.
§ 4º Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro
na contestação, sob pena de preclusão.
Inércia: Falta de alegação da incompetência relativa em preliminar de
contestação:
Art 65: Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a
incompetência em preliminar de contestação.
Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério
Público nas causas em que atuar.
Falta de alegação baseada em convenção de arbitragem:
Art 337 ss 6º: A ausência de alegação da existência de convenção de
arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e
renúncia ao juízo arbitral.
Verificação de Competência: Primeiro dever do juiz quando recebe a petição
inicial: verificar se é competente para tomar conhecimento da causa.
Reconhecimento da competência (positivo ou negativo):
Espontânea: É de forma tácita. É implícita, pelo deferimento da inicial. O juiz
não precisa dizer nada.
Provocada: Deve ser expressa. Quando a parte expõe dúvida.
As controvérsias em torno da competência podem ser solucionadas por meio de
dois incidentes:
A alegação de incompetência, absoluta ou relativa, em preliminar de
contestação.
O conflito de competência.
Alegação de incompetência: Não importa a modalidade da incompetência, pois
qualquer uma deverá ser arguida pelo demandado como matéria de defesa na
contestação. Não fica preclusa a incompetência absoluta, já que, por ser de ordem
pública, poderá ser reconhecida a qualquer tempo.
Contudo, da inércia do réu, que deixa de alegar a incompetência relativa na
contestação, decorre a automática ampliação da competência do juízo da causa. Não
pode o juiz afirmar sua incompetência relativa, mas o MP pode alega-la nas causas em
que atuar.
Entretanto, quando se tratar de foro de eleição, o juiz pode de ofício declarar a
ineficácia da cláusula, se nela reconhecer abusividade, caso em que declinará da
competência para o foro de domicílio do réu, determinando a remessa dos autos ao juízo
competente. Ex: Contratos de adesão, especialmente nas relações de consumo, seria
abusiva a cláusula imposta pela parte mais forte para deslocar a competência do foro
natural do domicílio do consumidor.
Incompetência absoluta pode ser declarada pelo juiz a qualquer tempo, até
mesmo de ofício. Da mesma forma, o réu pode alegar incompetência absoluta a
qualquer tempo.
A incompetência do juízo não é causa de extinção do processo sem resolução do
mérito. Reconhecida a incompetência, o juiz remeterá os autos ao juízo competente e,
salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos da decisão
proferida pelo juízo incompetente, até que outra seja proferida, se for o caso, pelo órgão
realmente detentor da competência.
Pode, assim, ser objeto de invalidação por meio de ação rescisória a sentença
transitada em julgado, prolatada por juiz absolutamente incompetente.
Conflito de competência: Diversos juízes se dão por competentes para um
mesmo processo ou todos se recusam a funcionar no feito, dando origem a um conflito.
Há conflito de competência quando: 2 ou mais juízes se declaram competentes
(conflito positivo); 2 ou mais juízes se declaram incompetentes, atribuindo um ao outro
a competência (conflito negativo); entre 2 ou mais juízes surge controvérsia acerca da
reunião ou separação de processos.
A competência para julgar o conflito é do Tribunal hierarquicamente superior
aos juízes conflitantes. Se, porém, a divergência for entre tribunais, bem como entre
tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos,
competirá ao STJ a respectiva solução.
A competência será do STF quando o conflito se instalar entre o STJ e qualquer
outro Tribunal, ou entre Tribunais Superiores, ou ainda entre Tribunal Superior e
qualquer outro Tribunal.
A legitimação para suscitar o conflito cabe ao juiz; à parte; e ao Ministério
Público.
Procedimento do conflito: Quando a iniciativa é do juiz, o incidente é iniciado
por meio de ofício endereçado ao Tribunal Superior. Se a arguição for da parte ou do
representante do Ministério Público, deverá ser formulada ao tribunal por meio de
petição. Tanto o ofício como a petição serão instruídos com os documentos necessários
à prova do conflito.
No Tribunal, o Presidente, recebendo a petição ou o ofício, promoverá sua
distribuição, conforme as normas de organização judiciária local. Após a distribuição, o
relator determinará a oitiva dos juízes em conflito ou, se um deles for suscitante, apenas
do suscitado; no prazo designado pelo relator, incumbirá ao juiz ou aos juízes prestar as
informações. O prazo de pronunciamento dos juízes é fixado pelo relator.
Assim, decorrido o prazo marcado pelo relator, com informações ou sem elas,
será ouvido, em cinco dias, o representante do MP, de Segunda Instância, quando deva
intervir. E, em seguida, o conflito irá a julgamento.
Ao decidir o conflito, o tribunal declarará qual o juízo competente,
pronunciando-se também sobre a validade dos atos do juízo incompetente.
É também permitido ao relator proferir decisão singular sobre o mérito do
conflito, caso em que julgará em nome do Tribunal. Isso acontecerá quando a questão
suscitada na arguição do conflito se fundar em súmula do STF, do STJ ou do próprio
tribunal; e tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção
de competência.
Efeitos do conflito: Se o conflito é negativo, a causa restará, naturalmente,
paralisada, no aguardo da definição do Tribunal. Os autos ficarão retidos em poder do
juiz suscitante.
Quando o conflito for positivo, poderá o relator, de ofício, ou a requerimento das
partes, determinar seja sobrestado o processo. Mas, seja no conflito negativo ou no
positivo em que houver sobrestamento, caberá ao relator designar um dos juízes
conflitantes para resolver, em caráter provisório, as medidas urgentes.
Uma vez julgado o incidente, os autos do processo, em que se manifestou o
conflito serão remetidos ao juiz declarado competente.
Pedido:
O núcleo da petição inicial é o pedido. É a revelação da pretensão que o autor
espera ver acolhida e que é deduzida em juízo.
O pedido é a conclusão da exposição dos fatos e dos fundamentos jurídicos.
Princípio da Congruência ou Adstrição: vinculação do juiz aos limites do
pedido. Ou seja, “O pedido é o projeto da sentença” (Bueno)
Art. 2o O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso
oficial, salvo as exceções previstas em lei.
Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe
vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da
parte.
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem
como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi
demandado.

O pedido possui Dupla Finalidade: Obter a tutela jurisdicional do Estado e fazer


valer um direito subjetivo frente ao réu.
O pedido é a forma de exercitar o direito de ação, sendo dirigida contra o Estado,
mas visa atingir o réu em suas últimas consequências.
Requisitos do pedido:
O pedido deve ser certo e determinado.
Certo: O pedido deve ser expresso, pois não se admite que possa o pedido do
autor ficar apenas implícito. Ex: Juros legais, correção monetária e verbas de
sucumbência, inclusive honorários advocatícios; Prestações sucessivas (323)
Determinado: Estabelece os limites da pretensão. Somente é determinado o
pedido se o autor faz conhecer com segurança, o que pede que seja pronunciado pela
sentença. O objeto imediato do pedido nuca poderá ser genérico. A indeterminação
nunca pode ser total ou absoluta. A indeterminação ficará restrita à quantidade ou a
qualidade.
Art. 322. O pedido deve ser certo.
§ 1º Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as
verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios.
§ 2º A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e
observará o princípio da boa-fé.
Art. 323. Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestações
sucessivas, essas serão consideradas incluídas no pedido, independentemente de
declaração expressa do autor, e serão incluídas na condenação, enquanto durar a
obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las.
Art. 324. O pedido deve ser determinado.
§ 1º É lícito, porém, formular pedido genérico:
I – nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados;
II – quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou
do fato;
III – quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de
ato que deva ser praticado pelo réu.
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção.
Pedido concludente:
O pedido deve ser concludente, isto é, deve estar de acordo com o fato e o
direito expostos pelo autor, que são a causa de pedir.
A estrutura da petição tem de ser lógica e jurídica, de maneira que da motivação
há de decorrer necessariamente a conclusão a que chega o pedido.
O pedido é a conclusão da exposição dos fatos e dos fundamentos jurídicos.
Nele se consubstancia a demanda, sem a qual não pode atuar a jurisdição e fora da qual
não pode decidir o órgão judicial.
Pedido alternativo:
O pedido alternativo é o que reclama prestações disjuntivas: ou uma prestação
ou outra. Refere-se ao pedido mediato, ou seja, ao bem jurídico que o autor pretende
extrair da prestação jurisdicional.
Um exemplo é a pretensão do depositário que pede a restituição do bem
depositado ou o equivalente em dinheiro. Outro exemplo é em que se pode pedir
complementação da área do imóvel ou abatimento do preço.
Art. 325. O pedido será alternativo quando, pela natureza da obrigação, o
devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo.
Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao
devedor, o juiz lhe assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro
modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo.
Pedido subsidiário:
Conhecer do pedido posterior, em não podendo acolher o anterior •
Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de
que o juiz conheça do posterior, quando não acolher o anterior.
Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido, alternativamente, para
que o juiz acolha um deles.
Pode se referir ao pedido imediato, a própria tutela jurisdicional.
Exemplos: Rescisão do contrato com perdas e danos, ou, não sendo configurada
a rescisão, a condenação do réu a pagar a prestação vencida; anulação do casamento, ou,
se inviável, à decretação do divórcio.
Pedido cominatório:
Há dois meios utilizáveis para aplicar a sanção ao devedor que deixa de cumprir
a prestação devida, que são os meios de sub-rogação e os meios de coação.
Nas obrigações por quantia certa e nas obrigações de dar, a sub-rogação consiste
em o Estado agredir o patrimônio do devedor para dele extrair o bem ou valor a que tem
direito o credor. Dessa forma, o Estado sub-roga-se na posição do devedor e efetua, em
seu lugar (mesmo contra sua vontade), o pagamento ao credor.
Nos casos em que as prestações decorrem de obrigações de fazer e não fazer, o
direito encontra o óbice de não ser possível atuar para coagir fisicamente o devedor a
cumprir a prestação a que se obrigou. A coação, portanto, se dá por meio de sanção
econômica, consistente em impor multa crescente em função do tempo do retardamento
do pagamento da prestação.
Pedido de prestação indivisível:
Quando vários credores são titulares, em conjunto, de uma relação jurídica que
representa obrigação indivisível, isto é, insuscetível de cumprimento fracionado ou
parcial, qualquer deles é parte legítima para pedir a prestação por inteiro. Não há
litisconsórcio, pois cada um dos credores tem direito próprio a exigir toda a prestação,
cabendo-lhe acertar posteriormente com os demais credores as partes que lhes tocarem.
Art. 328. Na obrigação indivisível com pluralidade de credores, aquele que não
participou do processo receberá sua parte, deduzidas as despesas na proporção de seu
crédito.
Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a
dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando:
I - a todos conjuntamente;
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.”
Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos
outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total.”
Pedido em ação relacionada com contratos de empréstimos, financiamento
ou alienação de bens:
Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de
empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de
inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que
pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito.
O valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo contratados.
Ex.: compra e venda de móveis ou imóveis para pagamento a prazo.
Pedidos cumulados:
Os pedidos devem ser compatíveis entre si; o juízo deve ser competente para
todos os pedidos; o tipo de procedimento deve ser adequado para todos os pedidos.
Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu [vide
RESp 727.233/STJ, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.
§ 1o São requisitos de admissibilidade da cumulação que:
I - os pedidos sejam compatíveis entre si;
II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.
§ 2o Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento,
será admitida a cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo
do emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos procedimentos
especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem
incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum.
§ 3o O inciso I do § 1o não se aplica às cumulações de pedidos de que trata o
art. 326.
Cumulação Própria (Quando é possível a procedência simultânea):
Cumulação simples: Acolhimento ou rejeição de um não afeta o outro. Ex:
Cobrança do preço de duas vendas de mercadoria entre as mesmas partes.
Cumulação sucessiva: Acolhimento de um pedido pressupõe o do pedido
anterior. Ex: Rescisão do contrato e consequente perdas e danos; investigação de
paternidade e petição de herança.
Cumulação Imprópria (somente um deles pode ser concedido):
Cumulação subsidiária/eventual: Ordem de preferência. Ex: Rescisão de contrato
em razão de nulidade por abusividade; subsidiariamente a revisão de cláusula para
diminuir taxas de juros.
Cumulação alternativa: Não estabelece ordem de preferência, a escolha fica a
cargo do juiz. Não gera interesse recursal.
Cumulação superveniente (Quando ocorre a denunciação da lide ou o
chamamento ao processo, no curso da ação principal).
Interpretação do pedido:
A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o
princípio da boa-fé.
Interpreta-se segundo os padrões de honestidade e lealdade.
Porquanto o pedido deve ser extraído a partir de interpretação lógico- sistemática
de toda a petição inicial, sendo desnecessária a sua formulação expressa na parte final
desse documento, podendo o Juiz realizar análise ampla e detida da relação jurídica
posta em exame.
Enunciado 285/FPPC - A interpretação do pedido e dos atos postulatórios em
geral deve levar em consideração a vontade da parte, aplicando-se o art. 112 do Código
Civil.
Enunciado 286/FPPC - Aplica-se o § 2o do art. 322 à interpretação de todos os
atos postulatórios, inclusive da contestação e do recurso.
Aditamento e Modificação do Pedido:
Art. 329. O autor poderá:
I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir,
independentemente de consentimento do réu;
II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir,
com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de
manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de
prova suplementar.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à reconvenção e à respectiva
causa de pedir.

Valor da causa:
A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico
imediatamente aferível.
O valor não corresponde necessariamente ao objeto imediato material ou
imaterial. O valor do objeto pode influir nessa estimativa, mas nem sempre será
decisivo.
É o valor que se pode atribuir à relação jurídica que se afirma existir sobre tal
objeto, ou seja, expressão econômica da relação jurídica disputada no processo.
Ex 1: Direito de uso temporário do imóvel; preservação da posse; disputa do
domínio pleno ou apenas algum direito real limitação, como servidão ou usufruto,
enfim, são diversas relações que podem recair sobre o mesmo imóvel.

Ex 2: Tome-se o exemplo de uma execução hipotecária e de uma ação


reivindicatória versando sobre um só imóvel; na primeira, a expressão econômica da
causa será ditada pelo valor da dívida, garantida pelo imóvel, que pode ser muito maior
que o valor deste; e na segunda, será sempre o valor do próprio imóvel.

Reflexos do valor da causa:


Competência, conforme legislação extravagante e/ou leis de organização
judiciária:
Lei de Juízado especial: Art 3, Inciso I: as causas cujo valor não exceda a
quarenta vezes o salário mínimo;
Lei de Juízado Especial Federal: Art 3: Compete ao Juizado Especial
Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça
Federal até o valor de sessenta
salários mínimos, bem como executar as suas sentenças.
Lei n.o 12.153/2009 (Juizado Especial das Fazendas Públicas no âmbito
dos Estados)
◦ Art. 2o É de competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública
processar, conciliar e julgar causas cíveis de interesse dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios, até o valor de 60 (sessenta) salários
mínimos.
Critérios:
Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e
será:
I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do
principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data de
propositura da ação;
II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a
modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o
de sua parte controvertida;
III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo
autor;
IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação
da área ou do bem objeto do pedido;
V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor
pretendido;
VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à
soma dos valores de todos eles;
VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor;
VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal.
§ 1o Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, considerar-se-á o
valor de umas e outras.
§ 2o O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a
obrigação for por tempo indeterminado ou por tempo superior a 1 (um) ano, e, se por
tempo inferior, será igual à soma das prestações.
O valor da causa é usado em leis especiais, por exemplo nas ações locatícias (Lei
n.o 8.245/91):
Art. 58. Ressalvados os casos previstos no parágrafo único do art. 1o, nas ações
de despejo, consignação em pagamento de aluguel e acessório da locação, revisionais
de aluguel e renovatórias de locação, observar - se - á o seguinte: ◦ [...]
III - o valor da causa corresponderá a doze meses de aluguel, ou, na hipótese
do inciso II do art. 47, a três salários vigentes por ocasião do ajuizamento;
Art. 47. Quando ajustada verbalmente ou por escrito e com prazo inferior a
trinta meses, findo o prazo estabelecido, a locação prorroga-se automaticamente, por
prazo indeterminado, somente podendo ser retomado o imóvel: [...]
II - em decorrência de extinção do contrato de trabalho.
Cognição:
A cognição é prevalentemente um ato de inteligência, consistente em considerar,
analisar e valoras as alegações e as provas produzidas pelas partes, vale dizer, as
questões de fato e as de direito que são deduzidas no processo e cujo resultado é o
alicerce, o fundamento do judicium, do julgamento do objeto litigioso do processo.
É a técnica utilizada pelo juiz para, através da consideração, análise e valoração
das alegações e provas produzidas pelas partes, formar juízo de valor acerca das
questões suscitadas no processo, a fim de decidi-las.
A noção que se tem de cada tipo de processo (conhecimento ou execução)
estrutura-se a partir do grau de cognição judicial que se estabelece em cada um deles;
É uma importante técnica de adequação do processo à natureza do direito ou à
peculiaridade da pretensão a ser tutelada;
A cognição é útil como uma técnica para a concepção de diferentes tipos de
procedimentos, com vista à instrumentalidade do processo.
Sobre o que incide a atividade cognitiva do juiz?
Trinômio de questões: Questões processuais; Condições da ação; Mérito da
causa.
Objeto do processo é diferente de objeto da cognição judicial.

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