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Tradição + Inovação

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Novo Código de Processo Civil - 15 inovações


Obra organizada pelo Instituto IOB – São Paulo: Editora IOB, 2015.

Informamos que é de inteira responsabilidade do autor a emissão dos conceitos.


Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a
prévia autorização do Instituto IOB. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei
nº 9.610/1998 e punido pelo art. 184 do Código Penal.
Sumário

Introdução. Estrutura do Novo Código de Processo Civil, 5

Inovação 1. Audiência de conciliação obrigatória, 6

Inovação 2 Citação sem contrafé em casos de família, 7

Inovação 3 Ônus dinâmico da prova, 7

Inovação 4. Nova fundamentação da sentença, 8

Inovação 5. Limites objetivos da coisa julgada, 9

Inovação 6. Ordem cronológica de julgamento, 10

Inovação 7. Combate à jurisprudência defensiva, 11

Inovação 8. Tentativa de estabilização da jurisprudência, 12

Inovação 9. Incidente de resolução de demandas


repetitivas, 13

Inovação 10. Contagem dos prazos processuais, 14

Inovação 11. Penhora de salários, 15

Inovação 12. Honorários em sede recursal, 15

Inovação 13. Fim da admissibilidade do REsp e RE na


origem, 16

Inovação 14. Fim dos Embargos Infringentes, 17

Inovação 15. Unificação do processo cautelar e da tutela


antecipada, 17
Novo código de Processo
civil
15 Inovações

Estrutura do NCPC

Antes de trabalharmos com as inovações de relevo do NPCP, importante verificar-


mos a sua estrutura.
O CPC de 1973 tem 5 livros:
Livro I: Do Processo de Conhecimento
Livro II: Do Processo de Execução
Livro III: Do Processo Cautelar
Livro IV: Dos Procedimentos Especiais
Livro IV: Disposições Finais e Transitórias.
O NCPC mudou no que tange à estrutura. A princípio, importa destacarmos
que atualmente tudo que se encontra na parte inicial do CPC/73 (Processo de
Conhecimento) aplica-se subsidiariamente aos outros processos e procedimentos.
Esta não foi a escolha do legislador que fez a reforma processual, que optou por
uma divisão entre Parte Geral e Parte Especial.
Na Parte Geral, temos:
Livro I: Das Normas Processuais Civis
Livro II: Da Função Jurisdicional
Livro III: Dos Sujeitos do Processo
Livro IV: Dos Atos Processuais
Livro V: Da Tutela Antecipada
Livro VI: Formação, Suspensão e Extinção do Processo
A Parte Especial ficou dividida em 3 livros:
Livro I: Do Processo de Conhecimento e do Cumprimento de Sentença
6 Novo Código de Processo Civil - 15 Inovações

Livro II: Do Processo de Execução


Livro III: Dos Processos nos Tribunais e dos Meios de Impugnação das
Decisões Judiciais
Por fim, temos um Livro Complementar, que seriam as disposições finais e
transitórias.
A nova estrutura demonstra que não há uma reprodução do que havia no
sistema processual de 1973. Veja-se, por exemplo, que o Processo Cautelar, da
forma como conhecemos hoje, acabou, e está inserido dentro do Livro V da Parte
Geral.
Passamos agora a analisar as 15 inovações do NCPC que escolhemos para
compor este curso.

Inovação 1. Audiência de conciliação


obrigatória
A primeira inovação é a criação de uma audiência obrigatória de “conciliação e
mediação”, antes da apresentação de contestação pelo réu.
Estamos diante de uma regra: o Processo de Conhecimento se inicia com esta
audiência. E mais: não há, no NCPC, a diferenciação entre rito sumário e rito or-
dinário. Existe apenas o Procedimento Comum, que começa com esta audiência
obrigatória, que não será realizada pelo juiz e que marca, caso não haja acordo,
o início do prazo de contestação.
A previsão legal encontra-se no art. 334 do NPCP:
Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e
não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará
audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de
30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte)
dias de antecedência.
§ 1º O conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessaria-
mente na audiência de conciliação ou de mediação, observando o dis-
posto neste Código, bem como as disposições da lei de organização
judiciária.
(...)
§ 4º A audiência não será realizada:
I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse
na composição consensual;
II - quando não se admitir a autocomposição.
Novo Código de Processo Civil - 15 Inovações 7

(...)
§ 8º O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à
audiência de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da
justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da vanta-
gem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor
da União ou do Estado.

Inovação 2. Citação sem contrafé em casos


de família
A citação do réu ocorrerá sem contrafé, nas ações de família, para que compareça
à audiência de conciliação.
O réu, em processos de família, não receberá a contrafé quando da citação
para a audiência mencionada no item anterior. Ou seja: o réu não terá acesso à
cópia da inicial no momento da citação.
A inovação é constitucional?
Os defensores desta inovação sustentam que o conhecimento prévio de uma
inicial em casos de família acaba por “estimular a raiva” de modo que chegando
à esta primeira audiência de conciliação estariam mais propensos ao acordo.
A previsão legal desta inovação está nos artigos abaixo transcritos:

Art. 693. As normas deste Capítulo aplicam-se aos processos con-


tenciosos de divórcio, separação, reconhecimento e extinção de união
estável, guarda, visitação e filiação.
(...)
Art. 695. Recebida a petição inicial e, se for o caso, tomadas as
providências referentes à tutela provisória, o juiz ordenará a citação do
réu para comparecer à audiência de mediação e conciliação, observa-
do o disposto no art. 694.
§ 1º O mandado de citação conterá apenas os dados necessários
à audiência e deverá estar desacompanhado de cópia da petição ini-
cial, assegurado ao réu o direito de examinar seu conteúdo a qualquer
tempo.

Inovação 3. Ônus dinâmico da prova


8 Novo Código de Processo Civil - 15 Inovações

Existe agora a possibilidade de o juiz redistribuir o ônus da prova, no que pode


ser denominado de “ônus dinâmico da prova” ou “carga dinâmica da prova”.
Esta técnica já vem sendo usado atualmente por alguns juízes – e o NCPC
estipula que isso deve ser informado pelo juiz.
Em regra, quem alega deve fazer prova do quanto alegado. Contudo, por
vezes aquele que faz a alegação não tem as melhores condições de fazer a prova
do fato.
A decisão é feita no momento do saneamento. Observe a regulamentação,
que está no art. 373 do CPC:

Art. 373. O ônus da prova incumbe:


I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou
extintivo do direito do autor.
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da cau-
sa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir
o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção
da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de
modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em
que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que
lhe foi atribuído.

Inovação 4. Nova fundamentação da


sentença
Impõe-se, agora, que o magistrado que aprecie, tópico por tópico, os argumen-
tos levantados pelas partes, sob pena de nulidade.
A ideia é evitar situações ilegais, que temos hoje, no sentido de que o juiz não
precisa apreciar todos os argumentos trazidos pela parte. Trata-se de norma polê-
mica e houve pedido de veto, pela Associação dos Magistrados, mas a presidente
não acatou tal pedido.
Veja-se a redação do art. 489:

Art. 489. São elementos essenciais da sentença:


(...)
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja
ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
Novo Código de Processo Civil - 15 Inovações 9

I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato nor-


mativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o
motivo concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra
decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo ca-
pazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem
identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o
caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou pre-
cedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção
no caso em julgamento ou a superação do entendimento.

Observe que, em especial, o inciso IV deste artigo poderá gerar um sem nú-
mero de embargos de declaração.
Ainda neste sentido, observe que o próprio NCPC traz a previsão de que, se
a sentença estiver mal fundamentada, o tribunal pode fazer a fundamentação e
afastar a nulidade.

Inovação 5. Limites objetivos da coisa


julgada
Ocorre no NCPC uma mudança nos limites objetivos da coisa julgada, não mais
existindo a ação declaratória incidental.
Para relembrarmos, o no sistema do CPC/73, apenas o dispositivo fica aco-
bertado pela coisa julgada. Pode ocorrer, contudo, de surgir uma questão an-
tecedente à questão principal, de cuja decisão a resolução da questão principal
dependa. Neste caso, se a parte desejar que esta questão fique acobertada pela
ação declaratória incidental, poderá valer-se da chamada ação declaratória inci-
dental.
Com o NCPC, a questão prejudicial será coberta pela coisa julgada, indepen-
dentemente de pedido das partes:

Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem


força de lei nos limites da questão principal expressamente decidida.
10 Novo Código de Processo Civil - 15 Inovações

§ 1º O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudi-


cial, decidida expressa e incidentemente no processo, se:
I - dessa resolução depender o julgamento do mérito;
II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se
aplicando no caso de revelia;
III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para
resolvê-la como questão principal.
§ 2º A hipótese do § 1º não se aplica se no processo houver restri-
ções probatórias ou limitações à cognição que impeçam o aprofunda-
mento da análise da questão prejudicial.

O tema traz insegurança jurídica, e ainda deixa em aberto outro debate: será
necessário que conste do dispositivo da sentença a questão prejudicial decidida
para fins de aplicação deste artigo? Parece-nos que sim, mas o NCPC não é ex-
presso neste sentido, já havendo doutrinadores que entendem que não existe tal
necessidade.

Inovação 6. Ordem cronológica de


julgamento
Em tese, não é mais possível o julgamento de uma simples ação de indeni-
zação se foi à conclusão para sentença posteriormente a um complexo processo
coletivo.
Aparentemente, esta regra seria aplicação de isonomia, e, portanto, digna de
aplausos. Contudo, pode advir dela uma série de problemas do ponto de vista de
gestão de gabinete, atravancando ainda mais o problema de demora do sistema
judiciário.
Importa consignar que não há qualquer previsão de sanção do magistrado
quando da não observância desta determinação legal. E mais: há discussão acerca
da constitucionalidade desta norma, tendo este dispositivo sido objeto de pedido
de veto pela Associação dos Magistrado.
Vejamos a redação:

Art. 12. Os juízes e os tribunais deverão obedecer à ordem crono-


lógica de conclusão para proferir sentença ou acórdão.
§ 1º A lista de processos aptos a julgamento deverá estar perma-
nentemente à disposição para consulta pública em cartório e na rede
mundial de computadores.
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§ 2º Estão excluídos da regra do caput:


I - as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo
ou de improcedência liminar do pedido;
II - o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese
jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos;
III - o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolu-
ção de demandas repetitivas;
(...)
VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho
Nacional de Justiça;
(...)
IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida
por decisão fundamentada.

Inovação 7. Combate à jurisprudência


defensiva
Combate-se a jurisprudência defensiva, em relação à admissibilidade dos recur-
sos.
Jurisprudência defensiva seria o exagero e a rigidez excessiva na análise dos
requisitos de admissibilidade recursal.
De acordo com o prof. Luiz Dellore, “A jurisprudência defensiva consiste,
grosso modo, em um conjunto de entendimentos — na maioria das vezes sem
qualquer amparo legal — destinados a obstaculizar o exame do mérito dos recur-
sos, principalmente de direito estrito (no processo civil, Recursos Extraordinário e
Especial) em virtude da rigidez excessiva em relação aos requisitos de admissibi-
lidade recursal.”
Ao longo do NCPC, temos uma série de dispositivos que combatem esta téc-
nica. Citamos dois:

Art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos


em lei.
(...)
§ 4º Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo
inicial do prazo.
12 Novo Código de Processo Civil - 15 Inovações

Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade


da representação da parte, o juiz suspenderá o processo e designará
prazo razoável para que seja sanado o vício.
(...)
§ 2º Descumprida a determinação em fase recursal perante tribunal
de justiça, tribunal regional federal ou tribunal superior, o relator:
I - não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorren-
te;
II - determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a provi-
dência couber ao recorrido.

Inovação 8. Tentativa de estabilização da


jurisprudência
Preza-se pelo o maior respeito aos precedentes por parte dos tribunais e juízes.
Observe os artigos abaixo transcritos:
Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e
mantê-la estável, íntegra e coerente.
(...)
Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:
I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentra-
do de constitucionalidade;
II - os enunciados de súmula vinculante;
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de
resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos ex-
traordinário e especial repetitivos;
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em
matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria
infraconstitucional;
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estive-
rem vinculados.

Os precedentes dos tribunais são agora equiparados à súmulas vinculantes.


E mais. Temos inclusive com a possibilidade de modulação dos efeitos das
decisões judiciais, especialmente no caso de mudança de entendimento jurispru-
dencial.
Novo Código de Processo Civil - 15 Inovações 13

Observe:

Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:


(...)
§ 3º Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Su-
premo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda
de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos
da alteração no interesse social e no da segurança jurídica.

Esta norma evita uma série de recursos, uma série de ações rescisórias e traz
segurança jurídica.

Inovação 9. Incidente de resolução de


demandas repetitivas
Criou-se o incidente de resolução de demandas repetitivas, para que causas mas-
sificadas sejam julgadas pelos tribunais e, a partir daí, sirvam como precedente
para os demais.
Em tese, cada tribunal pode julgar seu Incidente de Resolução de Demandas
Repetitivas (IRDR), e em sentidos inversos. Trata-se de instrumento que encontra-
rá um grande ponto de conflito com o processo coletivo.
A determinação legal está no art. 976:

Art. 976. É cabível a instauração do incidente de resolução de de-


mandas repetitivas quando houver, simultaneamente:
I - efetiva repetição de processos que contenham controvérsia so-
bre a mesma questão unicamente de direito;
II - risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.
(...)
Art. 985. Julgado o incidente, a tese jurídica será aplicada:
I - a todos os processos individuais ou coletivos que versem sobre
idêntica questão de direito e que tramitem na área de jurisdição do res-
pectivo tribunal, inclusive àqueles que tramitem nos juizados especiais
do respectivo Estado ou região;
II - aos casos futuros que versem idêntica questão de direito e que
venham a tramitar no território de competência do tribunal, salvo revi-
14 Novo Código de Processo Civil - 15 Inovações

são na forma do art. 986.


§ 1º Não observada a tese adotada no incidente, caberá reclama-
ção.

Importa lembrar que foi vetada a possibilidade de conversão de causa indivi-


dual em causa coletiva.

Inovação 10. Contagem dos prazos


processuais
Os prazos processuais são contados somente em dias úteis.
Esta regra traz importante modificações no sistema atual. Hoje, temos que o
prazo começa a correr somente em dias úteis; a nova norma determina que toda
a contagem somente se dá em dias úteis. E temos ainda a positivação das férias
para o advogado, com a suspensão dos prazos.
Os dispositivos que tratam do tema estão transcritos:

Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou


pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos
prazos processuais.
Art. 220. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias com-
preendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, inclusive.

Observe que este art. 220 não quer dizer que o fórum estará fechado, mas
apenas que não haverá contagem de prazo neste período.

Inovação 11. Penhora de Salários


O NCPC traz a possibilidade da penhora de salário acima de 50 salários-mínimos.
Aqui temos a quebra do paradigma absoluto da impenhorabilidade de salário
e vencimentos no direito processual brasileiro.
Vejamos a letra da lei:

Art. 833. São impenhoráveis:


(...)
Novo Código de Processo Civil - 15 Inovações 15

IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remu-


nerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e
os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de
terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ga-
nhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal,
ressalvado o § 2o;
(...)
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite
de 40 (quarenta) salários-mínimos;
(...)
§ 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese
de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independen-
temente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50
(cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o
disposto no art. 528, § 8o, e no art. 529, § 3o.

Inovação 12. Honorários em sede recursal


Criou-se os honorários recursais, ou seja, imposição de honorários além dos fixa-
dos em 1º grau.
Além da fixação dos honorários em primeiro grau de jurisdição, quando hou-
ver julgamento de um recurso haverá uma nova fixação.
Esta alteração é positiva em relação a matéria pacificada, mas onera indevida-
mente o litigante quando a situação jurisprudencial ainda está indefinida.

Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao


advogado do vencedor.
(...)
§ 2o Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o má-
ximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito
econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor
atualizado da causa (...)
(...)
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixa-
dos anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado
em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2o
16 Novo Código de Processo Civil - 15 Inovações

a 6o, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de ho-


norários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos
limites estabelecidos nos §§ 2o e 3o para a fase de conhecimento.
§ 12. Os honorários referidos no § 11 são cumuláveis com multas
e outras sanções processuais, inclusive as previstas no art. 77.

Inovação 13. Fim da admissibilidade do REsp e


RE na origem
Extingue-se do sistema processual civil a admissibilidade do REsp e do RE na ori-
gem, de modo que, interposto o recurso para Tribunal Superior, ele será imedia-
tamente remetido para o STF ou STJ.
Veja-se os dispositivos:

Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribu-


nal, o recorrido será intimado para apresentar contrarrazões no prazo
de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão remetidos ao respecti-
vo tribunal superior.
Parágrafo único. A remessa de que trata o caput dar-se-á indepen-
dentemente de juízo de admissibilidade.
Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de
primeiro grau, conterá:
(...)
§ 3º Após as formalidades previstas nos §§ 1o e 2o, os autos serão
remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admis-
sibilidade.

Inovação 14. Embargos Infringentes


Os Embargos Infringentes deixam de existir.
Observe, contudo que há inserção de uma técnica de julgamento (que não é
um recurso, porque não há vontade das partes) em que novos magistrados serão
chamados se houver decisão por maioria, independentemente de manifestação
das partes.
A disposição está no art. 942:
Novo Código de Processo Civil - 15 Inovações 17

Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o


julgamento terá prosseguimento em sessão a ser designada com a
presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos pre-
viamente definidos no regimento interno, em número suficiente para
garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado
às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas
razões perante os novos julgadores.
§ 1º Sendo possível, o prosseguimento do julgamento dar-se-á na
mesma sessão, colhendo-se os votos de outros julgadores que porven-
tura componham o órgão colegiado.
§ 2º Os julgadores que já tiverem votado poderão rever seus votos
por ocasião do prosseguimento do julgamento.

Inovação 15. Unificação do processo cautelar


e da tutela antecipada
Unificou-se o processo cautelar e a tutela antecipada, com o fim do processo
cautelar autônomo e de cautelares específicas.
Não há mais, no NCPC, as cautelares nominadas, mas isso não significa que
está resolvido o eterno debate entre cautelar e antecipação de tutela.
O NCPC trata do gênero tutela provisória, cujas espécies são:
1) Tutela de urgência (com perigo da demora)
2) Tutela da evidência (sem perigo da demora)
E mais: temos subespécies da tutela de urgência:
1.1) Tutela antecipada (satisfazer)
1.2) Tutela cautelar (resguardar)
Vejamos as disposições:

Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou


evidência.
Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou an-
tecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental.

Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemen-


te da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do
processo, quando:
18 Novo Código de Processo Civil - 15 Inovações

I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto


propósito protelatório da parte;
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas docu-
mentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetiti-
vos ou em súmula vinculante;

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