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18/12/2020 · Processo Judicial Eletrônico

JUSTIÇA ELEITORAL
 019ª ZONA ELEITORAL DE TANGARÁ DA SERRA MT 

AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL (11527) Nº 0600460-25.2020.6.11.0000 / 019ª ZONA


ELEITORAL DE TANGARÁ DA SERRA MT
REPRESENTANTE: PROMOTOR ELEITORAL DO ESTADO DO MATO GROSSO
Advogado do(a) REPRESENTANTE: JEAN MICHEL SANCHES PICCOLI - MT15877/O
REPRESENTADO: VANDER ALBERTO MASSON
Advogado do(a) REPRESENTADO: VILSON SOARES FERRO - MT11830

SENTENÇA
 
 
VISTOS.

Trata-se de ação de investigação judicial eleitoral proposta por JEAN MICHEL SANCHES PICCOLI
em face de VANDER ALBERTO MASSON, com fundamento na Lei Complementar nº 64/1990.

Na peça de ingresso, o representante sustenta, em síntese, que o representado teria praticado


atos de campanha com abuso de poder econômico, em razão da contratação antecipada dos
serviços da pessoa de Maurício José Escobar para produção de redes sociais, lives, marketing e
com o aluguel da chácara denominada “Brutus”, para realização de eventos de campanha, sem
que as respectivas despesas tenham transitado pelas contas de campanha, já que todas foram
realizadas antes do marco inicial dessa fase do processo eleitoral. Com esses fundamentos,
pretende, com fundamento no art. 22, XIV, da Lei Complementar nº 64/1990, a cassação do
registro ou diploma do representado, declarando-o inelegível.

Originalmente apresentada perante o E. Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso, aquela a.


Corte declinou da competência para o julgamento da representação, determinando a remessa
dos autos a esta Zona Eleitoral (ID 10459355).

Apresentou uma primeira emenda à petição inicial (ID 10459361), na qual sustenta que o
representado, além de abusar de seu poderio econômico, teria também utilizado indevidamente
veículos ou meios de comunicação social, pela contratação de páginas e perfis no Facebook e
Instagram, que passaram a veicular notícias falsas sobre o representante. Apresenta ainda novo
fato que importaria em abuso de poder econômico, consistente na veiculação, no dia 27.09.2020,
de jingles de campanha produzidos antecipadamente pela produtora de Maurício José Escobar.

Citado/notificado, o representado apresentou defesa no ID 11499793, argumentando, em


síntese, que as contratações descritas na petição inicial e na primeira emenda nunca foram
realizadas pelo representado, mas pelo PSDB. Além disso, afirma que essa contratação ocorreu
com as pessoas jurídicas de razão social Vanderlei Escobar Vaz 28648714249 e Larissa Ariane
Grella 05664083921, e não com as pessoas físicas mencionadas na representação. Da mesma
f ã d lã d f d i d bé f i f i l
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forma, sustenta que a contratação do salão de festas denominado “Brutus” também foi feito pelo
Partido e por apenas um dia (09.09.2020), para realização da Convenção Municipal do PSDB, e
não para realização de atos de campanha do representado. Outrossim, sustenta que os perfis de
redes sociais mencionados pelo representante são independentes e nunca foram contratados
pelo representado. Requer, assim, a improcedência da representação.

O representante apresentou uma segunda emenda à petição inicial (ID 14320848), reiterando e
acrescendo argumentos para sustentar a representação primeva e a primeira emenda,
ressaltando a prática de abuso do poder econômico pela ocorrência de “Caixa 2”, e o uso
indevido dos meios de comunicação pela contratação de um pacote de publicidade que envolvia
a utilização dos perfis de redes sociais mencionados, com o objetivo de veicular notícias falsas e
criar boatos que refletem de forma negativa na campanha de outros candidatos.

O representante apresentou ainda uma terceira emenda (ID 38774812), na qual reitera e
reformula novamente a argumentação dos fatos já mencionados na inicial e nas duas primeiras
emendas, inclusive com base nos elementos de prova anexados à contestação. Na referida
emenda, o representante acresce um fato novo ao conflito, consistente em acordo realizado
entre o representado e o Presidente do PSL e da Câmara de Vereadores, Ronaldo Quintão, que
incluiria a contratação por este da assessora de imprensa Larissa Ariane Grella, para reduzir os
custos de campanha do representado, já que os salários da referida profissional seriam pagos
pela Casa Legislativa e, consequentemente, com dinheiro público. Afirma ainda que a contratação
da referida profissional constituiria ilícita porque é vedada publicidade no período eleitoral,
situação que inclusive resultou no ajuizamento do Processo nº 0600889-32.2020.6.11.0019.
Apresenta ainda fato novo, por ele denominado como “5º fato”, consistente na alteração de nota
fiscal pela profissional Larissa Ariane Grella, que caracterizaria a utilização, pelo representado, de
subterfúgios para tentar descaracterizar o abuso de poder econômico e o caixa 2 em sua
campanha.

Diante da apresentação das novas emendas, o representado apresentou nova petição de defesa
(ID 41869300), na qual reitera as razões da petição do ID 11499793 e acresce razões para rebater
os novos argumentos do representante. Em especial, sustenta que não há ilegalidade na
coligação do PSL para apoio ao representado e que o ato de contratação da profissional Larissa
Ariane Grella é de responsabilidade do presidente da Câmara e que isso não fazia parte de
nenhum acordo para viabilizar a coligação. Sustenta ainda, no ponto, que a Câmara Municipal
contratou a pessoa física, enquanto o PSDB contratou a pessoa jurídica e que o representado
nunca utilizou dos serviços da referida repórter sob pagamento da Câmara. Argumenta que a
alteração na nota fiscal citada na emenda foi decorrente de equívoco da mencionada profissional,
cuja empresa, no momento de sua emissão, já prestava serviços ao representado e não mais ao
PSDB, tratando-se de operação normal e corriqueira. Afirma que todos os gastos, inclusive os da
nota em questão, foram devidamente contabilizados nas contas de campanha do representado,
assim como todas as despesas realizadas pelo PSDB, que são legais e serão contabilizadas no
momento oportuno, não configurando, esses atos, o mencionado abuso de poder econômico e
“Caixa 2”.

Tendo em vista que o representado, na petição do ID 41869298, não se opôs à apresentação das
emendas, inclusive as que sobrevieram aos autos após sua citação, as emendas apresentadas no
ID 10459361, ID 14320848 e ID 38774812 foram recebidas, designando-se data para realização de
audiência de instrução, nos termos do art. 22, V, da Lei Complementar nº 64/1990.

No referido ato (ID 52715583), foram ouvidas duas testemunhas apresentadas pelo
representante e uma testemunha apresentada pelo representado.

O representante apresentou alegações finais no ID 53939670, reiterando toda a argumentação e


ratificando os pedidos formulados na representação, além de anexar novos documentos aos
autos.
O d l i dê i d ã f l õ
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O representado, por sua vez, pugna pela improcedência da representação, conforme alegações
finais do ID 53940678, requerendo ainda o desentranhamento dos documentos anexados no ID
52526232, porquanto foram juntados inoportunamente e por terceiro estranho à lide.

O i. representante do Ministério Público apresentou o ilustrado parecer do ID 54726910, pelo


qual opina pela improcedência da representação.

É o relatório do necessário.

DECIDO.

Antes da análise do mérito da representação, necessário deliberar sobre o requerimento


formulado pelo representante na petição do ID 38774812, ainda não apreciado pelo Juízo, para
quebra do sigilo bancário e de terceiros, providência pela qual pretende a demonstração dos
fatos alegados na inicial.

O requerimento não comporta acolhimento, porquanto não é possível, especialmente após a


colheita da prova oral em audiência, visualizar a menor pertinência na determinação de quebra
do sigilo bancário do representado ou de terceiros.

O direito à intimidade e à privacidade, inclusive de dados bancários, constitui-se em direito


constitucional fundamental do cidadão. Em que pese não se trate de um direito absoluto, para
que seja possível sua violação, a ordem judicial que determina a quebra do sigilo deve estar
lastreada em elementos concretos que indiquem não só o interesse público (que sempre está
presente em situações da espécie), mas também que existam elementos ao menos indiciários da
prática de alguma das condutas que se pretende investigar.

Assim, a determinação de quebra do sigilo bancário do representado demanda a existência de


indícios de abuso de poder econômico consistente na arrecadação e dispêndio de recursos de
campanha eleitoral não contabilizados, bem como a necessidade de se aferir a verdadeira origem
e destino dos recursos utilizados na pré-campanha.

Nesse sentido, a jurisprudência pacífica, inclusive do C. Tribunal Superior Eleitoral:

AGRAVO REGIMENTAL. RHC. LIMINAR DEFERIDA. ALEGAÇÃO DE EQUÍVOCO. QUEBRA DE SIGILO.


AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. EXIGÊNCIA DO ART. 93, INCISO IX, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
MANTIDOS OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO. A decisão de quebra de sigilo bancário, segundo
exigência constitucional, deve elencar concretamente os motivos pelos quais o magistrado
escolheu, dentre tantas outras medidas, a invasão da privacidade do cidadão, não servindo para
tanto a mera menção à necessidade do interesse público. Decisão concessiva da liminar a ser
mantida por seus próprios fundamentos. Agravo regimental desprovido.

(TSE. Ac. de 11.11.2014 no AgR-RMS nº 17156, rel. Min. Maria Thereza Rocha de Assis Moura).
(http://inter03.tse.jus.br/InteiroTeor/pesquisa/actionGetBinary.do?
tribunal=TSE&processoNumero=17156&processoClasse=RMS&decisaoData=20141111)

RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. TERCEIRO.


REPRESENTAÇÃO. CAPTAÇÃO DE SUFRÁGIO. FUNDAMENTAÇÃO. NECESSIDADE. 1. A garantia
constitucional da intimidade não tem caráter absoluto. No entanto, a quebra de sigilo há que ser
devidamente fundamentada, sob pena de desvirtuar-se a destinação dessa medida excepcional,
resultando em grave violação a um direito fundamental do cidadão. 2. O afastamento da
incidência de direito fundamental é providência que se reveste de caráter de exceção, a depender

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de um profundo juízo de ponderação, à luz do princípio da proporcionalidade entre o interesse
público na produção da prova visada e as garantias constitucionais em questão. 3. Recurso
ordinário provido.

(TSE. Ac. de 23.2.2010 no RMS nº 583, rel. Min. Marcelo Ribeiro.)


(http://www.tse.jus.br/sadJudInteiroTeor/pesquisa/actionGetBinary.do?
tribunal=TSE&processoNumero=583&processoClasse=RMS&decisaoData=20100223)

ELEIÇÕES 2016. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. MANDADO DE


SEGURANÇA. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL (AIJE). QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO.
MEDIDA EXCEPCIONAL. PREMATURIDADE DA MEDIDA. OPORTUNIDADE DA PROVA. EXAME NA
INSTÂNCIA EXTRAORDINÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA Nº 30/TSE. NÃO PROVIMENTO.

Histórico da demanda

1. Contra o juízo negativo de admissibilidade do recurso especial eleitoral que interpôs - em face
de acórdão pelo qual concedida a segurança para cassar a decisão que determinou a quebra de
sigilo bancário do agravado -, manejou agravo de instrumento o Ministério Público Eleitoral.

2. Negado seguimento ao recurso, impossibilitado o exame da oportunidade e conveniência da


prova nesta instância extraordinária, diante da necessidade de apreciação pormenorizada dos
demais elementos de convicção contidos na ação principal, aplicada a Súmula nº 30/TSE.

Do agravo regimental

3. Firmada pela Corte Regional a prematuridade da quebra de sigilo fiscal do agravado ante (i) a
limitação do conteúdo probatório a "conversa de whatsapp entre os investigados" (fl. 175), na
qual afirmam o recebimento de recursos para pagamento de despesas de campanha (fl. 173); e
(ii) a possibilidade de que informações oriundas da quebra de sigilo dos próprios investigados
sejam "suficientes para embasar ação eleitoral contra estes e, eventualmente, contra o
impetrante" (fl. 176), a pretensão ministerial encontra óbice na impossibilidade de dilação
probatória nesta seara, indispensável ao exame da oportunidade e conveniência da prova.

Conclusão

Agravo regimental ao qual se nega provimento.

(TSE. Agravo de Instrumento nº 21490, Acórdão, Relator(a) Min. Rosa Weber, Publicação:  DJE -
Diário de justiça eletrônico, Tomo 94, Data 14/05/2018, Página 93/94)

AGRAVO REGIMENTAL. QUEBRA DE SIGILO BANCARIO. MEDIDA DE EXCEÇÃO. TERCEIROS.


DECRETAÇÃO. AIJE. FUNDAMENTAÇÃO. MOMENTO. PONDERAÇAO DE INTERESSES. NECESSIDADE.
RECURSO PROVIDO.

 1.   A garantia constitucional da intimidade não tem caráter absoluto, vez que permite o direito à
prova. Contudo, o afastamento da incidência desse direito fundamental é providência que se
reveste em medida de exceção, que impõe profundo juízo de ponderação entre o direito
fundamental e o interesse público na produção da prova. 

 2.   A quebra de sigilo bancário de pessoas físicas e jurídicas, como medida de exceção, deve ser
devidamente fundamentada e com lastro concreto em suporte fático idôneo, sob pena de se
desvirtuar a sua destinação, resultando em grave violação a direito fundamental, especialmente
ao envolver terceiros alheios à relação processual. 

3 l éi d i ã i b d i il b ái b
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 3.   Revela-se genérica e prematura a decisão que autoriza quebra de sigilo bancário com base
em suposto indício criado na comparação dos gastos de campanha e dos nomes de doadores,
sem observância dos demais meios de prova atinentes à instrução processual. Faz-se necessário
demonstrar de plano os fatos concretos e precisos referentes às pessoas sob investigação, para
relativização do direito fundamental à privacidade. 

(TRE-MT. Agravo Regimental em Ação Cautelar n 24108, ACÓRDÃO n 23358 de 03/10/2013,


Relator: FRANCISCO ALEXANDRE FERREIRA MENDES NETO, Publicação: DEJE - Diário de Justiça
Eletrônico, Tomo 1529, Data 07/11/2013, Página 3-12 )

Neste caso concreto, não visualizo com a pujança necessária a presença desses indícios, nem
mesmo com a superveniência da prova oral colhida em audiência.

Dos elementos de prova produzidos no feito, não é possível visualizar, além das afirmações do
representante, a presença de elementos suficientes para justificar a medida.

A documentação anexada à petição inicial e às demais manifestações que ocorreram no decurso


do feito não são suficientes para tanto, situação que não se alterou com a produção da prova oral
neste ato, a qual será explorada no momento oportuno, nesta sentença.

Consequentemente, as meras razões apresentadas, desfalcadas de suporte probatório mínimo,


não constituem motivos suficientes para determinar a quebra do sigilo bancário do
representado, motivo pelo qual indefiro a pretensão.

Outrossim, também é necessário deliberar sobre os documentos anexados aos autos no ID


52526232, bem como às alegações finais, sobre os quais o representado se manifestou
requerendo seu desentranhamento.

É fato que a documentação em questão foi anexada extemporaneamente, como aliás muitos
outros documentos foram assim anexados a esmo pelo representante no feito. Porém, sequer é
necessário deliberar sobre o pedido de exclusão, já que sua análise não interfere, de qualquer
maneira, no julgamento do conflito. O conteúdo dos referidos documentos é absolutamente
irrelevante e, por não exercer influência alguma na resolução da demanda, não se visualiza
impedimento a que permaneçam nos autos, ressalvando este Juízo que, por sua completa
irrelevância, não serão considerados para a formação da livre convicção deste magistrado.

No mais, o processo está em ordem; não há irregularidades a sanar ou nulidades a declarar.

Passo à análise do mérito da pretensão contida na representação, a qual, conforme o arguto e


bem lançado parecer do Ministério Público Eleitoral, não comporta procedência.

Tendo em vista o emaranhado de fatos articulados na inicial e nas sucessivas emendas


apresentadas pelo representante, necessário elencar e aglutinar os argumentos utilizados na
representação, para melhor compreensão e escorreita resolução do conflito.

O representante pretende sejam aplicadas ao representado as sanções descritas no art. 22, XIV,
da Lei Complementar nº 64/1990, tendo em vista a prática de atos que configurariam abuso de
poder econômico e a utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social.

Sob a primeira rubrica, o reclamante sustenta, basicamente, que o representado teria atuado
com abuso do poder econômico, em razão da prática do denominado “Caixa 2”, já que teria
praticado vários atos antecipados de campanha, em período que precede o seu início, em
violação à legislação eleitoral.

Nesse passo, afirma o representante (que também foi candidato a Prefeito nas Eleições 2020)
que teria sido procurado pela pessoa de Maurício José Escobar, que teria se oferecido para
trabalhar na sua campanha, propondo um pagamento de R$ 100.000,00 pelos serviços.
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Por ter recusado a proposta, a qual considerou desde logo um ilícito eleitoral, o representante
teria sido comunicado por Maurício que havia sido contratado pelo representado VANDER, a
quem já teria iniciado a prestação de serviços de campanha, em período ainda vedado.

Assim, o representante sustenta que teriam sido realizados atos de campanha em período não
permitido, consistentes em:

1) prestação de serviços por Maurício José Escobar, relativos a produções em redes sociais,
realização de lives e marketing de campanha;

2) o aluguel da chácara de propriedade do contratado (“Brutus”), para a realização de eventos da


campanha do representado, especialmente de evento realizado em data de 09.09.2020, cujo
pagamento foi realizado apenas no dia 24.09.2020;

3) contratação da repórter Larissa Ariane Grella como apresentadora das lives produzidas por
Maurício em favor do representado;

4) utilização dos perfis do Facebook e Instagram TANGARAZUEI para fazer publicidade do


representado;

5) contratação do jornalista Alexandre Rolim, do site tangaraemfoco.com.br;

6) veiculação, no dia 27.09.2020, de jingles de campanha produzidos antecipadamente pela


produtora de Maurício Escobar, com o artista regional Luiz Dimensão;

7) produção de vídeo (ID 14325956) com a repórter Larissa Ariane Grella, que prestava serviços
ao representado (e não ao PSDB), antes mesmo da pré-campanha;

8) contratação de empresa de celulares para produção de material de campanha;

9) valores dos serviços prestados pela empresa seriam irrisórios considerando os praticados pelo
mercado, coincidindo com o total do capital social da empresa;

10) nova identidade visual dada, por Maurício Escobar, em data de 05.06.2020, à página do
representado no Facebook;

11) contratação da repórter Larissa Ariane Grella, pelo Presidente da Câmara de Vereadores, Sr.
Ronaldo Quintão, como parte de um acordo entre referida pessoa e o representado, para
viabilizar o apoio do PSL à candidatura deste último e para redução dos custos da campanha do
representado, já que ela seria remunerada pelo Poder Púbico;

12) realização de publicidade institucional em período vedado, pela assessora de imprensa da


Câmara de Vereadores, Larissa Ariane Grella, que resultou no ajuizamento de representação
eleitoral (Processo nº 0600889-32.2020.6.11.0019 – 19ª Zona Eleitoral);

13) cancelamento de nota fiscal emitida pela repórter Larissa Ariane Grella, aos 27.09.2020,
emitida inicialmente em favor do PSDB, sendo novamente emitida para o representado.

Em que pese o esforço argumentativo do representante, nas longas e reiteradas manifestações


apresentadas, não há nos autos prova sequer indiciária da ocorrência de qualquer dos fatos
acima mencionados.

Ao contrário do que sugere, não há nenhuma evidência a denotar a realização de despesas


antecipadas pelo representado, a configurar o “caixa 2” sugerido pelo representante.

De início, necessário ponderar que não há nenhuma evidência que confirme a alegação do
representante no sentido de que teria ocorrido a contratação do Sr. Maurício José Escobar pelo
representado, para realização de atos de campanha, muito menos pelo valor de R$ 100.000,00,
sugerido na petição inicial.

A l õ d id ã d i õ
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As conclusões do representante nesse sentido não passam de suposições, sem suporte
probatório algum. Não há nenhum documento que indique essa contratação e nenhuma das
testemunhas ouvidas na audiência de instrução puderam confirmar a realização do referido
negócio jurídico.

A própria testemunha Maurício confirmou que o custo aproximado da campanha eleitoral


efetivamente giraria em torno do valor mencionado pelo representante; porém, a testemunha foi
absolutamente clara no sentido de que esses custos seriam relativos a toda a campanha eleitoral,
e não à pré-campanha.

No ponto, não é possível visualizar qualquer evidência de que o valor cobrado para realização
dos atos de pré-campanha, fixado em R$ 10.000,00, esteja sendo “subfaturado”, como sugere o
representante, para disfarçar outros gastos maiores que teriam sido supostamente realizados
pelo representado. Não há, repita-se, nenhuma prova sequer indiciária nesse sentido e nenhuma
das testemunhas apresentadas pelo reclamado puderam confirmar a alegação. Por outro lado,
tratando-se de atos que efetivamente demandam menor organização e estrutura, é evidente que
os atos de pré-campanha têm um custo muito menor que aqueles realizados durante o período
de campanha, sendo absolutamente coerente o valor de R$ 10.000,00 gasto com a publicidade
realizada no período pré-eleitoral.

Por outro lado, os documentos anexados pelo representado à defesa demonstram


categoricamente que referida despesa de pré-campanha não foi realizada por ele pessoalmente,
mas sim pelo PSDB (ID 11504202 e ID 11504207). Os contratos e notas fiscais anexadas aos autos
não deixam qualquer dúvida quanto a isso, não havendo elementos para se supor que elas não
estampem a realidade dos gastos do Partido.

Também não há qualquer relevância no fato dessas despesas de pré-campanha terem sido
autorizadas pelo representado, porque o foram na condição de Presidente do Partido, e não
como candidato ou pré-candidato.

Não há, portanto, ilegalidade alguma na utilização desse expediente.

O acolhimento da tese do representado importaria, por vias transversas e na prática, em impedir


a realização de atos de gestão de interesse do Partido pelo simples fato de ter sido seu
Presidente aclamado para concorrer a determinado cargo público. Não há na legislação nenhuma
norma que impeça que o Presidente de um Partido político seja candidato, assim como não há
nenhuma norma que determine seu afastamento dessa função para que seja escolhido como
candidato. Essa conclusão resulta de um dos postulados constitucionais de maior expressão em
nosso ordenamento jurídico, o qual determina que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer
algo senão em virtude de lei (art. 5º, II, da Constituição Federal). Se não há norma que a impeça,
impossível tachar de ilícita a conduta do representado, como Presidente do Partido ao qual está
filiado, de ordenar e realizar despesas de qualquer ordem.

Também há que se fazer referência ao fato de que a documentação anexada à inicial demonstra
que, além de terem sido as despesas realizadas pelo PSDB e não pessoalmente pelo
representado, os contratos foram realizados com as pessoas jurídicas VANDERLEI ESCOBAR VAZ e
LARISSA ARIANE GRELLA.

Esse é um fato demonstrado categoricamente pelo representado, não tendo o representante


produzido nenhuma prova de que referidas empresas tenham sido utilizadas de forma indevida
para, como sugere, encobrir gastos ilícitos ou despesas não declaradas.

Assim, tendo em vista que as únicas despesas relativas à pré-campanha demonstradas nos autos
são as que constam das notas fiscais anexadas à defesa, que foram realizadas pelo Partido e não
pessoalmente pelo representado, impossível concluir, como sugere o representante, a ocorrência
de “caixa 2”.

O já i d i d i d i 2 d ã li d
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Ora, como já mencionado anteriormente, o denominado “caixa 2” ocorre quando são realizadas
despesas que não transitam pelas contas de campanha. Se essas despesas foram realizadas pelo
Partido e não pelo candidato, impossível atribuir a este eventual responsabilidade pela ausência
de sua indicação na prestação de contas. Ainda que isso ocorra (o que ainda sequer é possível
presumir, já que ainda não foram apresentadas as contas do Partido), a responsabilidade por
eventual omissão recai única e exclusivamente sobre o Partido.

Por outro lado, além de ser absolutamente irrelevante a constatação do fato, não há nenhuma
prova de que a contratação tenha recaído sobre a pessoa de Maurício José Escobar.

A prova indica que referida pessoa é, aparentemente, prestador de serviços na empresa


Vanderlei Escobar Vaz, de titularidade de seu irmão. Seja qual for o tipo de vínculo que o liga à
referida empresa (e qualquer que seja a forma de sua remuneração), não se visualiza nenhuma
ilegalidade na postura do Partido (na pré-campanha) e do próprio representado (já na
campanha), na contratação da empresa em questão, ainda que seja fato que o Sr. Maurício nela
trabalhe.

Ora, por se tratar de pessoa jurídica, é evidente que quem executa todos os atos inerentes à
prestação de serviços são pessoas físicas; a pessoa jurídica é uma mera ficção legal e,
obviamente, não executa nenhum ato sozinha. Se não fosse o Sr. Maurício, seria alguma outra
pessoa que realizaria esse trabalho e não haveria, da mesma forma, qualquer ilicitude nisso. O
fato é que a prova colhida evidencia que o Sr. Maurício é um preposto (independentemente da
natureza do vínculo, cuja apuração aqui é desnecessária) da empresa do irmão e não há nenhum
impedimento à prestação de serviços nessa condição, seja ao Partido ou mesmo ao próprio
representado.

Da mesma forma, é completamente irrelevante o fato de a empresa Vanderlei Escobar Vaz ter
como atividade econômica principal a comercialização de celulares. Ainda que se parta da
premissa de que referida empresa não esteja legalmente habilitada para a realização de lives e
outra espécie de publicidade, eventuais consequências somente poderão recair sobre o Partido
que a contratou, não ao candidato. Porém, nem mesmo sob esse aspecto seria possível acolher
os argumentos do representante, já que o representado anexa à defesa documentos (ID
41876653) que indicam categoricamente que a comercialização de celulares não é a única
atividade econômica da empresa, restando evidente que ela está plenamente habilitada à
realização dos atos de publicidade objeto da representação.

Registre-se, por oportuno, que sequer é possível visualizar qual a relevância de serem os valores
dos serviços prestados pela empresa “irrisórios” (como dito pelo representado) considerando os
praticados pelo mercado, coincidindo com o total do capital social da empresa. Ora, o capital
social da empresa não serve para pautar a quantidade ou dimensão de seus negócios. É muito
comum que pequenas empresas realizem negócios jurídicos em valor superior ao seu capital
social. Não se visualiza ilicitude alguma nisso, o que só revela, com alta probabilidade, que a
empresa esteja com desempenho satisfatório o bastante para o seu próprio crescimento. Além
disso, como demonstrado, o valor efetivamente contratado, conforme apurado nos autos, não é
de vulto como sugere o representante.

Assim, não há qualquer evidência nos autos de ilicitude na contratação, pelo PSDB, das pessoas
jurídicas Vanderlei Escobar Vaz e Larissa Ariane Grella, para realização de atos de pré-campanha.
Assim como não há nenhuma evidência de que tenha o representado, pessoalmente, realizado
referida contratação para a pré-campanha.

Também não se visualiza qualquer ilicitude na conduta do Partido, ainda que por intermédio do
ora representado, acerca do aluguel da chácara “Brutus”, mencionado na petição inicial.

O d à d f d i di i i d
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O representado anexa à defesa documentos que indicam categoricamente que o mencionado
aluguel foi contratado também pelo PSDB, especificamente para realização da convenção do
Partido (ID 11504214, ID 11504236 e ID 41876667).

Completamente irrelevante a discussão acerca de quem seria o titular do aludido imóvel. A


documentação anexada pelo representado aos autos indica satisfatoriamente que o referido
local era, ao tempo da locação, administrado pelo Sr. Dijalma Mendonça de Freitas, pessoa que
figura como locador, tendo sido inclusive emitido o respectivo recibo de pagamento da locação.
Os documentos demonstram inclusive que o Sr. Dijalma utiliza referido espaço para
empreendimento justamente de realização de eventos, que tem nome de fantasia “D Produções
e Eventos”.

Em que pese referido imóvel seja efetivamente de titularidade de Maurício José Escobar, é fato
que o bem está sendo locado ao Sr. Dijalma, que o utiliza para o seu negócio. Na qualidade de
locador, evidente que o Sr. Dijalma pode dar ao imóvel a destinação que melhor lhe aprouver,
não se visualizando nenhum impedimento para que subloque o local a terceira pessoal. Mas uma
vez, não é possível visualizar qual seria a ilicitude sugerida pelo representante com essa prática.

Frise-se, como já mencionado, que toda essa discussão é absolutamente irrelevante, porque
ainda que o imóvel estivesse sob a administração do Sr. Maurício José Escobar, não haveria
nenhum impedimento legal para que ele o locasse ao Partido, ou mesmo ao representado para a
realização de atos de campanha. O que importa, no caso, para que não se incorra no famigerado
“caixa 2”, tão propalado pelo representante, é que as despesas respectivas transitem pelas contas
respectivas e sejam devidamente declaradas, não havendo nenhuma evidência de que o Partido
ou o representado tenham se furtado a esse dever.

Como já mencionado, o representante sugere ainda que, decorrente da contratação antecipada


de serviços pelo representado, o Sr. Maurício Escobar ou a Sra. Larissa Ariane Grella teriam dado
“nova identidade visual” à página do representado no Facebook. Porém, além de não ser possível
visualizar em que medida isso seria ilícito, o fato é que não há nenhuma evidência de que as
alterações no visual do perfil do representado na referida rede social tenham sido realizadas
pelas referidas pessoas. Não há prova alguma nesse sentido.

A alteração de imagens em páginas do Facebook é algo muito comum e, por não ter
complexidade alguma, não demanda auxílio profissional para ser realizada, de modo que é
plenamente possível que o próprio representado ou até mesmo um familiar ou amigo tenha
realizado essa tarefa.

Outrossim, não há pertinência alguma na afirmação quanto à suposta contratação do repórter


Alexandre Rolim pelo representado. Não há, da mesma forma, nenhuma prova, sequer indiciária,
de que isso tenha ocorrido. Em que pese o representante pretenda, com os prints de conversas
travadas pelo aplicativo de mensagens WhatsApp, sugerir a contratação do referido profissional
pelo representado em período vedado, é possível inferir pelos diálogos que não há, em qualquer
momento, informação segura sobre a realização do referido negócio jurídico. A conclusão
extraída pelo representante da citada conversa, quando afirma que o interlocutor (Alexandre
Rolim), não confirma nem nega a contratação, evidentemente não serve de suporte probatório
sequer mínimo para demonstração do suposto contrato.

Como consequência da completa ausência de provas quanto à alegação de que teria ocorrido a
contratação do Sr. Maurício Escobar, como sugere o representante, impossível atribuir ao
representado qualquer responsabilidade pelos conteúdos das mensagens publicadas pela
referida pessoa no perfil TANGARAZUEI nas redes sociais.

Como dito, além de ser fato que a contratação se deu entre o PSDB e a pessoa jurídica de razão
social Vanderlei Escobar Vaz, todas as postagens realizadas pelo Sr. Maurício em suas redes
sociais é de sua única e exclusiva responsabilidade. Conclusão diversa somente seria possível
h ã d h d fi
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caso houvesse comprovação de que tenha o representado, como afirma o representante,
adquirido referidos serviços. Porém, como já exaustivamente mencionado, não há prova alguma
nesse sentido; não há nenhum documento e as testemunhas ouvidas em audiência não
confirmam, nem minimamente, o alegado.

Consequentemente, à míngua de prova de que o representado tenha, de qualquer maneira,


aderido à conduta do Sr. Maurício, a única conclusão possível é no sentido de que a
responsabilidade pelo teor das publicações, caso sejam tidas por ilícitas (o que não cabe deliberar
nestes autos), somente pode recair exclusivamente sobre referida pessoa.

Também não vinga a tese sustentada pelo representante quanto à realização de despesas pela
veiculação, no dia 27.09.2020, de jingles de campanha produzidos antecipadamente pela
produtora de Maurício Escobar, com o artista regional Luiz Dimensão.

De início, necessário ressaltar que não há qualquer proibição para a veiculação da referida
propaganda na data mencionada, já que ela coincide exatamente com o início do período
permitido para realização da propaganda eleitoral dos candidatos.

Por outro lado, impossível concluir pela realização de despesas em “caixa 2” pela produção
antecipada da mídia, porque não há elementos mínimos para se inferir que teria o representado,
pessoalmente, realizado essas despesas antecipadamente.

A produção da mídia pode perfeitamente ter sido realizada pelo próprio Partido ao qual o
representado é filiado, não existindo ilegalidade nenhuma nisso, porquanto o expediente está
plenamente autorizado pelo art. 17 da Resolução TSE nº 23.604/2019.

Eventual ilicitude seria resultante de eventual realização da respectiva despesa sem declaração
nas contas do partido, o que é evidentemente impossível inferir neste momento, já que, como já
mencionado, o partido sequer apresentou suas contas ainda. Sendo assim, não é possível nem
mesmo identificar ainda se efetivamente houve gastos para a produção da referida mídia.

Em outro aspecto da representação, o representante sugere que o representado teria realizado


despesas de campanha antes do período eleitoral, em razão da produção do vídeo do ID
14325956 com a repórter Larissa Ariane Grella, que, segundo afirma, prestava serviços ao
representado (e não ao PSDB).

Aqui a conclusão segue a mesma premissa da análise dos fatos anteriormente descritos: não há
nenhuma evidência de que o representado tenha contratado pessoalmente a repórter em
questão. Ao revés, há prova documental indicando que foi o PSDB quem contratou a referida
profissional na pré-campanha. Por seu turno, não se visualiza ilicitude nenhuma no conteúdo do
vídeo em questão, já que seu teor retrata apenas e tão somente aspectos da vida pessoal e
empresarial do representado. Não há menção sequer à pré-candidatura, muito menos pedidos
de votos. Consequentemente, não há ilicitude alguma na produção e divulgação do referido
material.

Em outro aspecto da representação, objeto de uma das emendas apresentadas posteriormente


ao ingresso da petição inicial, o representante sugere que teria ocorrido a contratação da
repórter Larissa Ariane Grella, pelo Presidente da Câmara de Vereadores, Sr. Ronaldo Quintão,
como parte de um acordo entre referida pessoa e o representado, para viabilizar o apoio do PSL
à candidatura deste último e para redução dos custos da campanha do representado, já que ela
seria remunerada pelo Poder Púbico.

Sem maiores digressões, a exemplo de todos os demais fatos alegados e já analisados


anteriormente nesta sentença, a afirmação do representante sob esse aspecto não passa de
mera ilação, sem suporte probatório algum. Não há documento ou mesmo prova oral
confirmando o que sugere o representante. Consequentemente, evidente que não é possível

ib i d l d d b d d ô i l ili ã d b
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atribuir ao representado o alardeado abuso do poder econômico pela utilização de verbas
públicas em sua campanha. Trata-se de grave acusação, que demanda a apresentação de prova
contundente, inexistente no feito.

Da mesma forma, absolutamente impertinente e irrelevante para o julgamento desta


representação a realização de publicidade institucional em período vedado, pela assessora de
imprensa da Câmara de Vereadores, Larissa Ariane Grella.

Ora, impossível inferir como é possível pretender atribuir ao representado qualquer


responsabilidade por esse fato.

Aliás, como informa o próprio representante, a irregularidade em questão é objeto de outro


procedimento (Processo nº 0600889-32.2020.6.11.0019) em trâmite nesta 19ª Zona Eleitoral, que
já conta inclusive com sentença, na qual foi atribuída, a quem de direito, a responsabilidade pelo
ilícito lá apurado.

Não há como fazer relação alguma do referido fato com um suposto abuso de poder econômico
pelo representado. Não é possível sequer conceber como o representante chegou a essa
conclusão.

Por fim, completamente irrelevante o fato de ter ocorrido o cancelamento de nota fiscal emitida
pela repórter Larissa Ariane Grella, aos 27.09.2020, emitida inicialmente em favor do PSDB, sendo
novamente emitida para o representado. Isso não indica, sob qualquer ângulo, qualquer
realização de despesas ilícitas e não declaradas. Aliás, tudo indica, como informa o representado,
que tal ocorreu porque realmente parece ter ocorrido um equívoco na emissão, pela profissional,
da nota fiscal em nome do Partido, já que se tratavam de despesas da campanha, de
responsabilidade do representado como candidato. Além disso, o valor da prestação do serviço
em questão é completamente irrisório para uma campanha eleitoral.

Por todo o exposto, conclui-se pela absoluta impertinência da representação sob o aspecto de
abuso de poder econômico.

Na lição do Professor Rodrigo Lópes Zilio, “Caracteriza-se o abuso de poder econômico, na esfera
eleitoral, quando o uso de parcela do poder financeiro é utilizada indevidamente, com o intuito
de obter vantagem, ainda que indireta ou reflexa, na disputa do pleito. Vale dizer, abuso de poder
econômico consiste no emprego de recursos financeiros em espécie ou que tenham mensuração
econômica para beneficiar determinado candidato, partido ou coligação, interferindo
indevidamente no certame eleitoral. Pode-se configurar o abuso de poder econômico,
exemplificativamente, no caso de descumprimento das normas que disciplinam as regras de
arrecadação e prestação de contas na campanha eleitoral (v.g., arts. 18 a 25 da LE). (...) O TSE tem
entendido que “o abuso de poder econômico ocorre pelo uso exorbitante de recursos
patrimoniais, sejam eles públicos ou privados, de forma a comprometer a isonomia da disputa
eleitoral e a legitimidade do pleito em benefício de determinada candidatura (AgRg-Respe nº
105717/TO – j. 22.10.2019)” (Zilio, Rodrigo López. Direito Eleitoral – 7 ed. – Salvador: Editora
Juspodivm, 2020. Pág. 652/653).

No entanto, conforme já exaustivamente fundamentado, não há, além da afirmação do


representante, nenhuma evidência de que o próprio representado tenha assumido despesas de
pré-campanha; não há nenhum elemento de prova, sequer indiciário, nesse sentido, ao contrário,
a prova é inconcussa no sentido de que as despesas foram realizadas pelo PSDB.

Por outro lado, não há da mesma forma nenhuma evidência de que os respectivos gastos não
tenham transitado pelas contas de campanha, especialmente porque estas ainda não foram
sequer apresentadas.

í l l i l ê i d l did i 2 i í l f i
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Impossível, nesse passo, concluir pela ocorrência do aludido “caixa 2”, porque impossível aferir
que as despesas provadas não irão constar na prestação de contas do Partido. Além disso, como
já mencionado, caso elas não constem na prestação de contas, o responsável pela irregularidade
é o próprio Partido e não o representado.

Da mesma forma, também não há pertinência na alegação da representante no sentido da


prática vedada de utilização indevida de veículos ou meios de comunicação.

Na representação, o representante sustenta ainda que o representado teria utilizado


indevidamente veículos ou meios de comunicação, basicamente pela prática dos seguintes atos:
1) utilização do perfil TANGARAZUEI no Facebook e Instagram, serviço constante do pacote de
publicidade contratado junto a Maurício José Escobar, para veiculação de notícias falsas e criar
boatos que refletem negativamente na campanha do representante e de outros candidatos; 2)
mensagens falsas (fake news) com sugestão de que o representante não teria proposta de
governo.

A resolução do conflito sob esse aspecto perpassa pelas mesmas conclusões obtidas
anteriormente quanto à alegação de utilização do referido perfil de rede social como forma de
prática abusiva de poder econômico.

Não há nenhuma prova concreta quanto à contratação da pessoa física de Maurício Escobar para
a realização de atos de campanha ou pré-campanha; a contratação se deu, como demonstrado à
saciedade, entre o representado (na campanha) e o Partido (na pré-campanha) e a empresa
Vanderlei Escobar Vaz.

Consequentemente, impossível presumir, como pretende o autor da representação, que o


representado tenha contratado referidos perfis de rede social para atos de campanha, seja em
seu favor, seja como forma de propaganda negativa para os outros candidatos.

Nesse sentido, impossível atribuir ao representado qualquer responsabilidade pelo conteúdo das
mensagens publicadas pela referida pessoa no perfil TANGARAZUEI nas redes sociais.

Assim, todas as postagens realizadas pelo Sr. Maurício em suas redes sociais são de sua única e
exclusiva responsabilidade. Conclusão diversa somente seria possível caso houvesse
comprovação de que tenha o representado, como afirma o representante, adquirido referidos
serviços. Porém, como já exaustivamente mencionado, não há prova alguma nesse sentido; não
há nenhum documento e as testemunhas ouvidas em audiência não confirmam, nem
minimamente, o alegado.

Consequentemente, à míngua de prova de que o representado tenha, de qualquer maneira,


aderido à conduta do Sr. Maurício, a única conclusão possível é no sentido de que a
responsabilidade pelo teor das publicações, caso sejam tidas por ilícitas (o que, ressalte-se, não
pode ser apreciado nestes autos), somente pode recair exclusivamente sobre referida pessoa.

Deve ser observado ainda que não há como inferir qual o alcance das publicações em questão, já
que se trata de veículo de comunicação de acesso muito restrito. Ainda que se trate de perfil
aberto ao público, é fato que somente aqueles eleitores que acessaram o perfil tiveram
conhecimento das mensagens e vídeos mencionados na representação; e não há evidência
alguma de quantas pessoas teriam visualizado os posts e lives, já que não há informação nos
autos indicando a quantidade de acessos às referidas redes sociais. Por essa razão, impossível
inferir qual o alcance das divulgações e qual seria o seu potencial de influência no pleito.

No mesmo sentido, não há nenhuma ilegalidade (sob o aspecto eleitoral pelo menos) nas
matérias feitas por veículos de comunicação locais (a exemplo das realizadas pelo site
abroncapopular.com.br). Além de não existir também mínima prova de que o representado
tenha, como sugere o representante, se utilizado dos aludidos veículos de comunicação como

i d h ã há d i d b ídi j i
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instrumento de campanha, não há como deixar de observar que a mídia, seja impressa ou
eletrônica, têm regime jurídico distinto dos demais meios de comunicação (como rádio e
televisão) e estão dotadas de maior margem para exercício de liberdade de expressão.

O C. Tribunal Superior Eleitoral já teve oportunidade de declarar que “a mídia impressa pode
posicionar-se favoravelmente a determinada candidatura sem que isso caracterize de per si uso
indevido dos meios de comunicação social, devendo ser punidos pela Justiça Eleitoral os
eventuais excessos” (AgRg-RO nº 250310/PA – j. 1202.2019).

No ponto, necessário ressaltar – em que pese não haja mais necessidade (por força da
superveniência da Lei Complementar nº 135/2010) de que esteja demonstrado o nexo de
causalidade entre a prática do ilícito e o resultado das eleições –, é possível inferir, pela dicção do
art. 22, XVI, da Lei Complementar nº 64/1990, que é imprescindível, para configuração do ato
abusivo, que esteja cabalmente demonstrada a gravidade das circunstâncias que o caracterizam.

Ou seja, embora modernamente haja desvinculação entre a potencialidade e a efetiva lesividade


da conduta para o pleito, ainda remanesce a necessidade de se demonstrar, baseado em
evidências concretas, que o ato abusivo teve gravidade suficiente a exercer influência indevida
sobre o eleitorado.

A título de ilustração, pede-se vênia para novamente trazer à colação as lições de Rodrigo López
Zilio, na mesma obra acima mencionada, onde o eminente Professor adverte quanto à
necessidade de demonstração da efetiva gravidade da conduta, para que seja passível de sanção.

“A AIJE visa proteger a normalidade e legitimidade do pleito, na forma prevista


pelo art. 14, § 9º, da CF. Por conseguinte, para a procedência da AIJE é
necessária a incidência de uma das hipóteses de cabimento (abuso de poder
econômico, abuso do poder de autoridade ou político, utilização indevida de
veículos ou meios de comunicação social e transgressão de valores pecuniários),
além da prova de que o ato abusivo rompeu o bem jurídico tutelado, isto é, teve
potencialidade de influência na lisura do pleito (ou, na dicção legal do art. 22,
XVI, da LC nº 64/1990, a prova da “gravidade das circunstâncias” do ato abusivo).

(...)

Portanto, houve uma desvinculação do conceito de potencialidade lesiva com o


critério aritmético do resultado do pleito. Conforme dispõe o inciso SVI do art.
22 da LC nº 64/1990, com a redação dada pela LC nº 135/2010, “para a
configuração do ato abusivo, não será considerada a potencialidade de o fato
alterar o resultado da eleição, mas apenas a gravidade das circunstâncias que o
caracterizam”. O dispositivo não torna superada a exigência da potencialidade
lesiva como uma primeira leitura da regra pode sugerir, mas apenas substitui a
aludida expressão pela “gravidade das circunstâncias”. O relevante, in casu, é a
demonstração de que o fato teve gravidade suficiente para violar o bem jurídico
que é tutelado, qual seja, a legitimidade e normalidade das eleições. Quando
esse novo dispositivo surgiu o TSE já havia superada a equivocada tese que
vinculava a potencialidade lesiva com o critério aritmético do resultado do
pleito. Em verdade, a potencialidade lesiva já era analisada sob o viés do ato
abusivo praticado e sua probabilidade de interferência na legitimidade da
eleição. Daí que o inciso XVI do art. 22 da LC nº 64/1990 apenas reforçou esse
entendimento pretoriano, assentando que o abuso não é constituído por
eventual alteração no resultado do pleito, mas é delineado pela “gravidade das
circunstâncias” do ato cometido. Nesse passo, o TSE já anotou que, “ao
modificar o art. 22, XVI, da Lei Complementar nº 64/1990, a Lei da Ficha Limpa
apenas cristalizou, normativamente, o entendimento anteriormente

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desenvolvido pela jurisprudência este Tribunal” (RO nº 418156/MS – j.
13.08.2018). O dispositivo despreza o critério de alteração do resultado da
eleição como único configurador do ato de abuso, o qual tem sua feição
constitutiva conferida pela “gravidade das circunstâncias” do ato abusivo.” (op.
cit., pág. 662)

A mesma interpretação ao novel dispositivo em comento, que sobreveio com a Lei da Ficha
Limpa, é dada pelo eminente processualista Antônio Veloso Peleja Júnior, que, com a maestria
que lhe é peculiar, observa a necessidade do intérprete identificar a proporcionalidade da sanção
à conduta e à lesão à normalidade do pleito:

“Ocorre que com o advento da referida norma “a potencialidade lesiva” deixou


de ser requisito da ação de investigação judicial eleitoral – AIJE, entrando em
cena como substituto o requisito da “proporcionalidade do ato” praticado pelo
candidato.

(...)

Assim, passou-se a dispensar a demonstração da potencialidade lesiva do ato


para que a ação seja julgada procedente.

A interpretação que se deve dar à novel redação é a de que basta a


demonstração proporcional entre a conduta praticada pelo candidato e a lesão
causada por ele, de tal forma que haja proporcionalidade entre a gravidade da
conduta e à lesão perpetrada ao bem jurídico protegido.

Dessa forma, não se exige mais a potencialidade, no sentido da necessidade da


influência do evento para desequilibrar as eleições. Contudo, exige-se a
proporcionalidade, no sentido de que a sanção seja proporcional à conduta e à
lesão, afastando-se, excepcionalmente, a irregularidade de pequena monta.”
(Peleja Junior, Antônio Veloso. Direito eleitoral: aspectos processuais, ações e
recursos. 6ª edição. Curitiba: Juruá, 2020. Pág. 165/166)

Assim, na esteira do entendimento doutrinário e jurisprudencial consolidado, tendo em


consideração que o objetivo da AIJE é a proteção da normalidade e legitimidade do pleito (art. 14,
§ 9º, da Constituição Federal) é necessária, para a procedência de representações da espécie, a
demonstração de que a conduta abusiva tenha ao menos potencial influência no resultado da
eleição, conclusão que deve resultar da real demonstração da gravidade das circunstâncias que a
caracterizam. Além disso, imprescindível que haja proporcionalidade entre a sanção e a conduta
potencialmente lesiva.

Como já mencionado anteriormente, além de não existir prova dos atos de abuso de poder
econômico elencados na representação, é fato que os valores que foram efetivamente
despendidos na pré-campanha são ínfimos. Com efeito, a única prova existente no feito que
indica a realização de despesas são as descritas no ID 11504202 (R$ 10.000,00), ID 11504207 (R$
6.000,00) e ID 11504214 (R$ 640,00), que somam apenas R$ 16.640,00. Ora, é evidente que não
há como presumir que a utilização de quantia tão módica (frente ao total normalmente gasto em
uma campanha) tenha influência no resultado da eleição.

O próprio resultado da eleição já indica, com clarividência, o quão improvável teria sido a
influência das referidas despesas na campanha, já que o representado se sagrou vitorioso com
72,73% dos votos válidos, ou seja, a esmagadora maioria do eleitorado tangaraense.

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Da mesma forma e pelos mesmos motivos, além de não existir prova de que tenha o
representado contribuído para as publicações consideradas ilícitas pelo representante, não há
também prova suficiente acerca do seu alcance, de modo que não é possível visualizar a
gravidade das circunstâncias exigida pela legislação para que se considere o ato abusivo.

Como consequência, fica evidente que a imposição das graves sanções decorrentes do
acolhimento da AIJE seria flagrantemente desproporcional, situação que claramente não se
justifica.

Como muito bem observado pelo Ministério Público Eleitoral no brilhante parecer final do ID
54726910, ao qual também nos apoiamos sem ressalvas, não há prova segura de nenhum dos
fatos elencados na representação, tampouco indicativos de façam inferir que tenha ocorrido
desequilíbrio na disputa eleitoral em análise.

O Ministério Público Eleitoral resume com maestria as únicas conclusões possíveis a serem
extraídas da prova colhida, cujo ônus é do autor da representação: não há prova alguma de que
os gastos da pré-campanha teriam sido realizados pessoalmente pelo representado e não pelo
Partido, aliás a prova indica exatamente o inverso; da mesma forma, não há qualquer evidência
de que as referidas despesas tenham desequilibrado o pleito.

Diante da enorme diferença de votos obtidos pelo candidato representado e os demais


candidatos, inclusive o ora representante, evidente que a aplicação das graves sanções previstas
na Lei Complementar nº 64/1990 somente se justificariam com provas robustas dos atos ilícitos
indicados, os quais não foram nem de longe demonstrados. Ausente prova segura do alegado na
representação, evidente que à Justiça Eleitoral resta somente sufragar e respeitar a vontade do
eleitor, principal protagonista do processo eleitoral, impondo-se, portanto, o julgamento de
improcedência da representação.

Ante o exposto, em consonância com o ilustrado parecer do Ministério Público Eleitoral e o


Direito aplicável à espécie, JULGO IMPROCEDENTE a representação. Como consequência, julgo
extinto o presente processo, com resolução do mérito, com fundamento no art. 487, I, do CPC.

Transitada em julgado, arquivem-se, com as baixas e anotações devidas.

Ciência ao Ministério Público Eleitoral.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Cumpra-se.

Tangará da Serra-MT, 17 de dezembro de 2020.

ANGELO JUDAI JUNIOR

Juiz Eleitoral
 
Assinado eletronicamente por: ANGELO JUDAI JUNIOR
17/12/2020 19:15:20
https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam
ID do documento: 61552628

20121719152089200000059248008

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