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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA CÍVEL DA

COMARCA DE FLORIANÓPOLIS/SC.

Autos nº xxxxxxx

BELA MUSA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob nº xxx,
sediada na Rua XXX, nº XXX, Florianó polis–SC, por sua representante legal,
regularmente representada por sua procuradora que esta subscreve, constituído
na forma do incluso instrumento de mandato, vem a presença de Vossa Excelência
apresentar CONTESTAÇÃO, nos presentes autos da AÇÃ O DE INDENIZAÇÃ O
proposta por GABRIELA, brasileira, modelo, portador do CPF/MF nº xxx, com
Documento de Identidade de n° xxx, residente e domiciliado na Rua xxx nº xxx,
Florianó polis–SC , consubstanciado nos motivos fá ticos e de direito a seguir
aduzidos:

I – PRELIMINARES

I.I – Da concessão indevida de gratuidade da justiça

Ao proferir o despacho inicial, este Juízo concedeu à parte autora, ex officio, o


benefício da gratuidade de justiça, com fundamento no art. 98 do CPC.

Contudo, observa-se dos fatos narrados na inicial, bem como nos documentos
acostados aos autos, que a autora possui plenas condiçõ es de arcar com as
despesas processuais sem prejuízo do seu pró prio sustento ou de sua família.

Assim, com base no artigo 337, XIII, do CPC, pugna-se pela revogaçã o da concessã o
do benefício.

I.II – Da extinção por litispendência

Nota-se, por meio dos documentos juntados, que há em trâ mite açã o judicial
idêntica a presente demanda, protocolada dois anos antes e distribuída à 2ª Vara
Cível desta Comarca.

Reza o artigo 337, VI e §§ 1º e 3º:

“Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:

(...)

VI - litispendência;
(...)

§ 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se


reproduz açã o anteriormente ajuizada.

(...)

§ 3º Há litispendência quando se repete açã o que está em curso.”

Assim, comprovada a existência de litispendência, de rigor a extinçã o do processo


sem resoluçã o de mérito, de acordo com o art. 485, V, do CPC.

II – DOS FATOS NARRADOS NA INICIAL

A autora pleiteia o total de R$ 706.000,00 a título de reparaçã o de danos materiais,


morais e estéticos em funçã o de falha em procedimento estético realizado na
empresa ré.

Alega a autora que, durante procedimento para remoçã o de mancha em sua pele na
perna direita, por meio de sessõ es a laser, o funcioná rio da empresa ora
contestante aplicou o laser de maneira equivocada, fazendo-o na perna esquerda.
Afirma ainda que a aplicaçã o causou uma grave queimadura em sua perna, sendo
necessá rio tratamento hospitalar de emergência.

Por fim, a autora assevera que, em decorrência do ocorrido, perdeu diversas


oportunidades de trabalho, além de transtornos financeiros devido aos gastos com
o tratamento médico.

Eis a síntese do necessá rio.

III – DA VERDADE DOS FATOS

Inicialmente, necessá rio destacar que, antes de iniciar o tratamento, a autora foi
expressamente orientada a evitar contato com o sol durante o período de uma
semana imediatamente anterior à realizaçã o do procedimento, conforme contrato
de prestaçã o de serviços em anexo.

Entretanto, percebe-se, inclusive pela juntada de fotos retiradas de pá gina da rede


social da requerente, que, em que pese o aviso para nã o se expor ao Sol antes do
procedimento, ela frequentou praias e piscinas em quase todos os dias da semana
anterior à realizaçã o da primeira sessã o.

Ressalta-se que o funcioná rio da empresa requerida orientou a requerente a nã o


realizar o tratamento naquele momento, pois sua pele estava mais sensível do que
poderia. Mesmo assim, a autora assumiu o risco de realizar a sessã o, afirmando
que tinha pressa em retirar a marca da perna, por motivos pessoais e profissionais.
No que toca as cobranças feitas pela requerida, cumpre informar que a requerente
foi devidamente informada acerca da possível necessidade de mais sessõ es para a
retirada da marca de sua pele. Além disso, desde o início do tratamento, foram
agendadas mais sessõ es para que o resultado fosse obtido a contento da autora. Ou
seja, as sessõ es já estavam marcadas, bastando a requerente comparecer nos dias
marcados para dar continuidade ao tratamento. Frisa-se que, em decorrência do
agendamento prévio das sessõ es, a empresa requerida despendeu gastos com
materiais e funcioná rios a fim de atender a requerente.

Portanto, nã o há que se falar em cobrança indevida, uma vez que a cobrança foi
feita de acordo com o que a empresa requerida gastou para atender a autora que,
sem apresentar nenhuma justificativa, deixou de comparecer à s sessõ es.

Quanto a alegaçã o de erro na aplicaçã o do laser na perna esquerda, aduz a empresa


requerida que a pró pria autora solicitou, pouco antes de realizar a sessã o, que
fosse retirada uma pequena “pinta” em sua perna esquerda, o que acabou por ser
realizado, atendendo ao pedido.

II – DA TEMPESTIVIDADE

Insta consignar que a presente contestaçã o é tempestiva, haja vista que o prazo
para sua apresentaçã o é de quinze dias ú teis, nos moldes dos arts. 219 e 335, do
CPC.

III – DO DIREITO

De acordo com o art. 14, § 3º, inciso II do CDC, o fornecedor de serviços nã o será
responsabilizado quando provar culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros.
No caso em tela, a empresa requerida provará , por todos os meios admitidos em
direito, que a culpa foi exclusiva da parte autora, isentando-se de qualquer
indenizaçã o a parte ré.

Observa-se, nos documentos juntados, que a nã o observâ ncia, por parte da autora,
dos cuidados necessá rios para o início do tratamento, foi o que deu causa a todo o
transtorno desta demanda.

Ademais, conforme narrado, a empresa nã o se eximiu de prestar todas as


informaçõ es necessá rias à parte autora antes de iniciar a prestaçã o de serviços,
cumprindo, assim, com o disposto no art. 6º, inciso III, do CDC, que diz:

“Art. 6º Sã o direitos bá sicos do consumidor:

(...)

III - a informaçã o adequada e clara sobre os diferentes produtos e


serviços, com especificaçã o correta de quantidade, características,
composiçã o, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre
os riscos que apresentem;”

Portanto, ausente um dos elementos da responsabilidade civil, qual seja, a conduta


ilícita por parte da empresa requerida, uma vez que prestou todas as informaçõ es
devidas, demonstrando a boa-fé em meio à relaçã o de consumo.

Desta feita, requer deste douto Juízo, julgue improcedente todos os pedidos
elencados pela autora, com a consequente extinçã o do processo com resoluçã o de
mérito, nos moldes do art. 487, I, do CPC.

IV – DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto, requer:

a) A revogaçã o do benefício da gratuidade de justiça, com base nos artigos 100


e 337, inciso XIII, ambos do CPC;
b) A extinçã o do processo sem julgamento de mérito, com fulcro no artigo 485,
I, do CPC, reconhecendo-se a litispendência;
c) Nã o sendo este o entendimento de Vossa Excelência, requer seja julgada
totalmente improcedente a presente demanda, por nã o configurada a
responsabilidade civil, com base no art. 487, I, do CPC.
d) A condenaçã o da parte autora ao pagamento das despesas processuais e dos
honorá rios advocatícios, nos moldes do art. 85, §§ 2º e 6º, do CPC.

Pugna-se pela produçã o de todos os meios de prova admissíveis em direito,


sobretudo pela prova testemunhal e juntada de documentos.

Nestes termos,

pede e espera deferimento.

Florianó polis, 28/03/2021.

XXX

ADVOGADA

OAB Nº XXX

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