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INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA

Ac.s STJ

12 de Fevereiro de 2004 (OLIVEIRA BARROS), Proc. 03B4377

I - A acessão é uma causa de aquisição originária, retroactiva, do direito de propriedade - arts.


1316º e 1317º, al.d), de que, no caso da acessão industrial imobiliária, regulada no art.1340º,
n.º 1, todos do C.Civ., são pressupostos ou requisitos: 1º - a incorporação de uma obra em
solo ou terreno alheio 2º- a boa fé definida no nº4º desse mesmo artigo ( cfr. também
art.1260º, nºs 1 e 2 ); e 3º - que o valor das obras seja superior ao valor do terreno antes da
incorporação
II - Justificada, em tal caso, interpretação extensiva do art.1340º, n.º 1, C.Civ. (ubi eadem
ratio legis, ibi eius dispositio), uma vez que o que verdadeiramente caracteriza e justifica a
acessão industrial imobiliária é a natureza inovadora e transformadora das obras, desde que
não se trate de simples obras de melhora mento ou de reparação, as obras em prédio alheio
susceptíveis de determinar acessão podem ter lugar tan to no solo, como em construção nele
existente, podendo, pois, ser objecto de acessão um prédio urbano em que tenham sido
realizadas obras que tenham alterado efectiva e radicalmente a sua substância.

No mesmo sentido, 11 de Abril de 2019 (BERNARDO DOMINGOS), Proc. 138/14.7T8ABF.E1.S1

12 de Dezembro de 1996 (FERNANDO FABIÃO), Proc. JSTJ00032071

O "uso determinado" a que alude o artigo 1137 n. 1 do CCIV66 é só aquele em que se delimita a necessidade
temporal que o comodatário visa satisfazer.
III - O artigo 1140 do CCIV66 é aplicável, por interpretação extensiva ou por maioria de razão, ao caso de se
não ter convencionado prazo para o comodato e não decorrer o tempo necessário para o uso concedido

INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA
09 de Julho de 2015 (ABRANTES GERALDES), Proc. 1242/10.6YYPRT-A.P1.S1

1. Constitui uma questão de direito saber se o promitente-comprador interveio no


contrato-promessa de compra e venda na sua qualidade de “consumidor” ou de
“não consumidor”, mas apesar de a sua apreciação ser de conhecimento oficioso,
mesmo pelo Supremo Tribunal de Justiça, não prescinde da oportuna alegação dos
factos pertinentes.

2. A ampliação da matéria de facto pelo Supremo Tribunal de Justiça, nos termos


dos arts. 682º, nº 2, e 674º, nº 3, do NCPC, justifica-se nas situações em que não
tenham sido valorados elementos demonstrativos de factos essenciais e já não
quando estejam em causa simplesmente factos meramente instrumentais cuja
pertinência, para efeitos de afirmação ou de denegação dos factos essenciais, é da
competência das instâncias.

3. A norma do art. 759º, nº 2, do CC, segundo a qual é atribuída prevalência ao


direito de retenção sobre a hipoteca, deve ser interpretada restritivamente
excluindo os casos em que o direito de retenção conferido ao promitente-
comprador nos termos do art. 755º, nº 1, al. f), do CC, concorre com uma hipoteca
legal constituída pelo credor para garantia do direito de alimentos, de acordo com o
art. 705º, al. d), do CC.

4. Tal interpretação restritiva:

a) Encontra justificação nas circunstâncias que, nas reformas de 1980 e de 1986,


sustentaram a atribuição do direito de retenção ao promitente-comprador, com
preferência sobre outros credores, maxime sobre os credores com hipoteca
voluntária (elemento histórico);

b) Explica-se especialmente quando o confronto é estabelecido com uma hipoteca


legal para garantia da prestação de alimentos fixada por acordo entre os cônjuges
no âmbito de uma acção de divórcio destinada a cobrir os encargos assumido por
um deles relativamente a um filho de ambos em estado de incapacidade por via da
interdição (elemento teleológico);

c) Potencia uma interpretação mais conforme com a Constituição (elemento


sistemático).

5. Por violação dos princípios da protecção da confiança e da proporcionalidade


seria inconstitucional o disposto no art. 759º, nº 2, do CC, numa interpretação
segundo a qual o direito de retenção conferido ao promitente-comprador, nos
termos do art. 755º, nº 1, al. f), do CC, prevaleceria, em qualquer circunstância,
sobre hipoteca legal anterior constituída para garantia do direito de alimentos.

19 de Setembro de 2017 (PINTO DE ALMEIDA), Proc. 2201/15.8T8CTB.C1.S1

1. As doações entre casados não são admitidas sem reservas, sendo-lhes opostas,
no fundo, razões idênticas às que justificam que não seja permitido alterar
livremente o regime de bens.
2. Para combater as causas de suspeição destas doações constante matrimonio, está
prevista a livre revogabilidade destas: a todo o tempo, sem que seja lícito renunciar
a este direito – art. 1765º, nº 1, do CC.

3. Este regime não abrange, porém, as doações feitas por um cônjuge ao outro,
depois de separados de pessoas e bens, uma vez que, com esta separação, cessam
as referidas causas de suspeição destas doações.

4. O art. 1765º, nº 1, deve, pois, ser interpretado restritivamente, no sentido de que


aí estão previstas apenas as doações entre casados não separados judicialmente de
pessoas e bens.

5. Não beneficiando as doações entre cônjuges, separados de pessoas e bens, do


regime especial das doações entre casados, não lhes é também aplicável o regime
da caducidade, previsto no art. 1766º, nº 1, al. c), do CC.

6. De todo o modo, não faria sentido que, nesse caso, a doação caducasse com o
divórcio, uma vez que a referida separação já constituía, em pé de igualdade com o
divórcio, causa de caducidade da doação entre casados.

7. Por outro lado, tendo em conta que o "benefício" há-de ser recebido "em vista do
casamento ou em consideração do estado de casado" – "apenas porque a razão dos
benefícios era a constância do casamento" – não será a igualmente aplicável a tal
doação o regime do art. 1791º do CC (onde poderiam também caber as doações
entre casados).

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