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Vejamos o artigo 1185o e seguintes sobre o contrato de depósito como exemplo. Mediante
o artigo 1199o poderíamos afirmar que afinal o depositante também tem obrigações, em
que ficamos? Estas obrigações do depositante não surgem como correlativas das do
depositário, nomeadamente a da de restituir a coisa. O que está em causa aqui são casos
que podem ou não suceder, consoante a vontade das partes, sendo que o contrato de
depósito pode ser oneroso e aqui já será bilateral, como é o caso do artigo 1199o. Em todo
o caso, e regra geral, estas obrigações do depositante não são correlativas da obrigação
principal do contrato.
No sinalagma, aquilo que corresponde à vontade das partes é essa correlação intrínseca
entre as obrigações, sendo que uma deriva da outra e a vida de uma está condicionada pela
vida da outra, dado que uma não sobrevive sem a outra. Os romanos distinguiam entre
sinalagma genético, isto é, não há uma obrigação sem a outra e se uma for nula, a outra
também, e sinalagma funcional, sendo que esta ideia de interdependência acompanha o
contrato em toda a sua vida, no sentido de que se uma das prestações se impossibilitar, o
contrato deixa de produzir efeitos mediante a figura da caducidade. Basicamente, não se
pode exigir o cumprimento de uma das prestações sem se cumprir a outra.