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19 de Setembro de 2019

Classificação dos Contratos de Direito Civil

Quanto aos efeitos: Unilaterais, bilaterais e plurilaterais

Unilaterais criam obrigações unicamente para uma das partes. Ex:


doação pura, mútuo, comodato, mandato, fiança.

Prestação a cargo de uma só parte, mesmo envolvendo duas partes e


duas declarações de vontade.

Bilaterais geram obrigações para ambos os contratantes. Ex: compra e


venda, locação, contrato de transporte.

Obrigações são recíprocas. A prestação de um representa, de acordo


com a vontade de ambas as partes, a contraprestação, a compensação
pela outra. Não é necessário que as prestações sejam equivalentes
segundo um critério objetivo, basta que cada parte veja na prestação da
outra uma compensação suficiente à sua própria.

Basta que as prestações principais tenham esse nexo de reciprocidade,


podendo haver prestações acessórias ou deveres de conduta apenas de
uma das partes.

Nestes, pode uma das partes recusar-se à prestação que lhe incumbe,
se, depois de concluído o contrato, sobrevier ao outro contratante
diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar
duvidosa a prestação pela qual se obrigou.
Plurilaterais contêm mais de duas partes. Há várias partes, como
ocorre no contrato de sociedade, em que cada sócio é uma parte.
Rotatividade dos membros. Principal característica: mediante sua
realização, as partes perseguem um fim comum. Exclusão do rol dos
contratos por ser na verdade um ato coletivo e haver a ausência do
elemento ‘consentimento’.

A classificação em unilateral e bilateral é feita sob o prisma dos efeitos


dos contratos e não sob o da formação.

Parte da doutrina vislumbra uma doutrina intermediária: contrato


bilateral imperfeito. É o unilateral que por circunstância acidental,
ocorrida no curso da execução, gera alguma obrigação para o
contratante que não se comprometera. Pode ocorrer com o depósito ou
o comodato quando surgir para o depositante ou comodante a
obrigação de indenizar certas despesas realizadas pelo comodatário e
pelo depositário. Ou aquele contrato que já na sua celebração atribui
prestações às duas partes, mas não em reciprocidade.

O contrato bilateral imperfeito subordina-se ao regime dos contratos


unilaterais porque aquelas contraprestações não nascem com a avença,
mas de fato eventual, posterior à sua formação, não sendo, assim,
consequência necessária de sua celebração.

Contratos gratuitos/ benéficos e onerosos

Quanto às vantagens patrimoniais que podem produzir, podem ser


gratuitos ou onerosos.

Gratuitos são aqueles em que apenas uma das partes aufere benefício
ou vantagem. Ex: doação pura, comodato, reconhecimento de filho.
Para a outra, só há sacrifício, obrigação. Outorgam-se vantagens a uma
das partes sem exigir contraprestação da outra.
Nos contratos onerosos, ambas as partes obtêm proveito, ao qual
corresponde um sacrifício. Impõem ônus e ao mesmo tempo acarretam
vantagens a ambas as partes. Sacrifícios e benefícios recíprocos. Ambos
buscam um proveito, ao qual corresponde um sacrifício. Dividem-se
em:

Contratos comutativos

Prestações certas e determinadas. As partes podem antever as


vantagens e os sacrifícios, que geralmente se equivalem, decorrentes de
sua celebração, porque não envolvem nenhum risco.

Na ideia de comutatividade está presente a de equivalência das


prestações.

Contratos aleatórios por natureza

Pelo menos um dos contraentes não pode antever a vantagem que


receberá, em troca da prestação fornecida. É que a perda ou o lucro
dependem de um fato futuro e imprevisível. Ex: contratos de jogo,
aposta e seguro. O contrato de seguro é comutativo porque o segurado
o celebra para se acobertar contra qualquer risco. No entanto, para a
seguradora sempre é aleatório, pois o pagamento ou não da
indenização depende de um fato eventual.

Contratos acidentalmente aleatórios

Contratos tipicamente comutativos que em razão de certas


circunstâncias, tornam-se aleatórios. Duas espécies: a) venda de coisas
futuras; b) venda de coisas existentes mas expostas a risco. Nos que
tem por objeto coisas futuras, o risco pode referir-se à própria
existência da coisa e à sua quantidade.

Do risco respeitante à própria existência da coisa tem-se a hipótese da


venda da esperança, isto é, da probabilidade de as coisas ou fatos
existirem.
Quanto à formação:

Contratos paritários e de adesão. Contrato-tipo

Paritários são do tipo tradicional em que as partes discutem livremente


as condições porque se encontram em situação de igualdade. Há uma
fase de negociações preliminares na qual as partes discutem as
cláusulas e condições do negócio.

De adesão são os que não permitem essa liberdade, devido à


preponderância da vontade de um dos contratantes, que elabora todas
as cláusulas. O outro adere ao modelo de contrato previamente
confeccionado, não podendo modifica-las: aceita-as ou rejeita-as, em
bloco. Ex: contratos de seguro, consórcio, de transporte, celebrados
com as concessionárias de serviços públicos.

Neste nos deparamos com uma restrição mais extensa ao tradicional


princípio da autonomia da vontade. Comumente é celebrado em
relação de consumo, sendo regido pelo CDC. Na dúvida, a
interpretação deve favorecer o aderente, porque quem estabelece as
condições é o outro contratante, que tem a obrigação de ser claro e
evitar dúvidas.

São nulas as cláusulas que estipulem renúncia antecipada do aderente


a direito resultante da natureza do negócio.

Contrato-tipo ou contrato de massa. É apresentado por um dos


contraentes, em fórmula impressa ou datilografada, ao outro, que se
limita a subscrevê-lo. Não lhe é essencial a desigualdade econômica e
admite discussão sobre o conteúdo. As cláusulas não são impostas,
apenas pré-redigidas. Em geral, são deixados claros, a serem
preenchidos pelo concurso de vontades.

Os contratos de adesão são endereçados a um número indeterminado


de pessoas, enquanto os contratos-tipo destinam-se a pessoas ou
grupos identificáveis.
Podem ser acrescentadas às impressas, cláusulas datilografadas ou
manuscritas.

Quanto ao momento da execução:

Contratos de execução instantânea, diferida e de trato


sucessivo

Momento em que devem ser cumpridos.

De execução instantânea são os que se consumam num só ato, sendo


cumpridos imediatamente após sua celebração. Ex: compra e venda à
vista. Cumprida a celebração, exaurem-se. Extingue-se a obrigação. A
nulidade ou resolução por inadimplemento reconduz as partes ao
estado anterior.

De execução diferida ou retardada são os que devem ser cumpridos em


um só ato, mas em momento futuro. A prestação de uma das partes
não se dá imediatamente após a formação do vínculo, mas a termo.

De trato sucessivo ou execução continuada são os que se cumprem por


meio de atos reiterados. A ação para exigir o cumprimento das
prestações vencidas, nos contratos de trato sucessivo, começa a fluir da
data do vencimento de cada prestação.

Quanto ao agente:

Contratos personalíssimos e impessoais

Personalíssimos são os celebrados em atenção às qualidades pessoais


de um dos contraentes. O obrigado não pode fazer-se substituir por
outrem, pois essas qualidades tiveram influência decisiva no
consentimento do outro contratante. São intransmissíveis aos
sucessores e não podem ser objeto de cessão. Havendo erro essencial
sobre a pessoa do outro contratante, são anuláveis.
Impessoais são aqueles cuja prestação pode ser cumprida,
indiferentemente pelo obrigado ou por terceiro.

Contratos individuais e coletivos

No individual as vontades são individualmente consideradas, ainda


que envolva várias pessoas. Não é a singularidade da parte que o
identifica.

Os coletivos perfazem-se pelo acordo de vontades entre duas pessoas


jurídicas de direito privado, representativas de categorias profissionais,
sendo denominados convenções coletivas. Não tem eles
verdadeiramente natureza contratual, constituem um acordo
normativo. Porém a doutrina em geral tem admitido essa classificação
e a natureza contratual. Gera deliberações normativas, que poderão
estender-se a todas as pessoas pertencentes a uma determinada
categoria profissional, independente do fato de terem ou não
participado da assembleia que votou a aprovação de suas cláusulas.

Quanto ao modo porque existem:

Contratos principais e acessórios. Contratos derivados

Acessórios dependem de outro como premissa indispensável. Tem sua


existência subordinada à do contrato principal. Ex: cláusula de fiança.
Tem como função principal garantir o cumprimento do principal
(maioria).

Principais são autônomos, têm existência própria.

Nulo o contrato principal, nulo o acessório, mas a recíproca não é


verdadeira. A prescrição da obrigação principal acarretará a da
acessória, mas a recíproca também não é verdadeira.
As partes podem convencionar a extinção do contrato principal em
virtude do desparecimento do acessório. Ex: nos contratos de locação
pode haver uma cláusula resolutória baseada no falecimento, na
falência ou na interdição do fiador, salvo se o locatário dentro de certo
prazo apresentar outro fiador idôneo a critério do locador.

Os contratos acessórios podem ser preparatórios, integrativos ou


complementares.

Alguns são denominados derivados ou subcontratos. Derivados têm


por objeto direitos estabelecidos em outro contrato. Ex: sublocação,
subempreitada e subconcessão. Tem em comum com os acessórios que
também dependem de outrem, mas diferem dos mesmos por participar
da própria natureza do direito versado no principal.

Quanto à forma: Contratos solenes e não solenes

Como se aperfeiçoam.

Solenes devem obedecer à forma prescrita em lei para se aperfeiçoar. A


forma é exigida como condição de validade do negócio. Constitui a
substância do ato. Não observada, o contrato é nulo. Ex: escritura
pública na alienação de imóveis, pacto antenupcial, testamento
público. A vontade das partes não basta à formação do contrato.

Não solenes são os de forma livre. Basta o consentimento para sua


formação. Em regra, os contratos têm forma livre, salvo expressas
exceções.

Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à


validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência,
modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor
superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente.
As partes podem convencionar que determinado contrato só poderá ser
celebrado por instrumento público. Nesse caso este será ‘substância do
ato’. O contrato que não seria, em princípio, formal, passa a sê-lo.

Distinção entre solenes e formais: solenes exigem escritura pública e


formais exigem apenas a forma escrita.

Contratos consensuais e reais

Consensuais são aqueles que se formam unicamente pelo acordo de


vontades, independentemente da entrega da coisa e da observância de
determinada forma.

Reais são os que exigem, para se aperfeiçoar, além do consentimento, a


entrega da coisa que lhe serve de objeto, como os de depósito,
comodato, mútuo e alguns poucos. Não se formam sem a tradição da
coisa. Antes pode existir a promessa de contratar.

Quanto ao objeto:
Contratos preliminares e definitivos

Preliminar é aquele que tem por objeto a celebração de um contrato


definitivo. Assim tem um único objeto. Também denominado de pré-
contrato. Quando tem por objeto a compra e venda de imóvel é
denominado promessa de compra e venda ou compromisso de compra
e venda, se irretratável e irrevogável.

Quando o contrato preliminar gera obrigações para apenas uma das


partes, constituindo promessa unilateral, denomina-se opção. Uma
parte assume uma obrigação enquanto a outra não. Na sua formação a
opção é negócio jurídico bilateral, mas nos efeitos é contrato unilateral.
A parte que recebe a oferta verificará a conveniência de aceita-la ou
não. Seu exercício pode culminar em outro contrato preliminar ou em
um definitivo. Se para a aceitação do destinatário da promessa não se
estabeleceu o termo, este pode ser fixado pelo juiz.

Definitivo tem objetos diversos, de acordo com a natureza de cada


avença.

Quanto à designação:
Contratos nominados e inominados, típicos e atípicos, misto
e coligados. União de contratos

Contratos nominados têm designação própria. Espécies contratuais


que têm nome jurídico e servem de base à fixação dos esquemas,
modelos ou tipos de regulamentação específica da lei.

23 contratos no CC. O legislador não consegue prever todas as


situações que levam as pessoas a se relacionar e a contratar. Contratos
não tipificados são chamados inominados e atípicos. Não tem
denominação própria.

Contratos típicos são regulados pela lei, tem o seu perfil nela traçado.
Todo contrato nominado é típico e vice-versa.

Atípicos são os que resultam de um acordo de vontades, não tendo,


porém, as suas características regulados na lei. Para que sejam válidos
basta o consenso, que as partes sejam livres e capazes e o seu objeto
lícito, possível, determinado ou determinável e suscetível de apreciação
econômica.

A celebração de contratos dessa espécie justifica-se como aplicação dos


princípios da liberdade de obrigar-se e do consensualismo.
O contrato típico não requer muitas cláusulas, pois passam a integrá-lo
todas as normas regulamentadoras estabelecidas pelo legislador. Já o
contrato atípico exige uma minuciosa especificação dos direitos e
obrigações de cada parte, por não terem disciplina legal.

O contrato misto resulta da combinação de um contrato típico com


cláusulas criadas pela vontade dos contratantes. Deixa de ser um
contrato essencialmente típico, mas não se transforma em outro
totalmente atípico. A nova combinação gera uma nova espécie
contratual.

Pode ser atípico misto. Não se enquadra em nenhum tipo contratual


legal mas reúne em seu conteúdo dois ou mais tipos contratuais
previstos. Pode ainda ser atípico misto em sentido amplo, quando
reúne em seu conteúdo elementos que apenas apresentam afinidades
com outros institutos jurídicos.

Disponível em: https://bsauricino.jusbrasil.com.br/artigos/229764604/classi cacao-dos-


contratos-de-direito-civil

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