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A RELAÇÃO OBRIGACIONAL
A relação obrigacional tem sempre dois polos (cada um deles pode ser titulado por mais de um sujeito, ou seja, pode haver
obrigações plurais, quer pelo lado ativo, quer pelo lado passivo. E os devedores (art 595) e/ou os credores (art 577) podem
mudar sem que altere a relação.
PASSIVO - devedor
ATIVO – credor
Os sujeitos são os titulares de tal relação. O credor é o sujeito ativo, titular do direito subjetivo de crédito; o devedor, por
outro lado, é o sujeito passivo, já que sobre ele incide o dever de prestar. A seu turno, o objeto da obrigação corresponde à
prestação que deve ser realizada pelo devedor a fim de satisfazer o interesse do credor, ao passo que o vínculo representa o
enlace entre esse direito à prestação e o dever de prestar.
Mediato – Prestação
Imediato – coisa ou fato
COISA POSITIVA DAR/ENTREGAR
FACTO
NÃO FAZER
NEGATIVO
TOLERAR
Deveres secundários - podem ou não existir, podem surgir com o contrato ou depois do facto constitutivo da
obrigação, por exemplo o dever de conservar a coisa num contrato de compra e venda. Correspondem a prestações
autónomas ainda que especificamente acordadas com o fim de complementar a prestação principal, sem a qual não
fazem sentido.
Assim, nos exemplos acima referidos, o devedor, além de se obrigar a entregar o automóvel ou a repará-lo, pode
secundariamente comprometer-se a encher o depósito ou proceder ainda a uma lavagem.
Muitas vezes estes deveres secundários de prestação são mesmo estabelecidos por lei, como sucede com a obrigação
de entrega dos documentos relativos à coisa (art. 882o, no 2). Como deveres de prestação, estão naturalmente
sujeitos à acção de cumprimento (art. 817o) e, existindo um contrato sinalagmático, são abrangidos pelo sinalagma,
permitindo ao credor utilizar a exceção de não cumprimento do contrato (art. 428o) ou a resolução em caso de não
cumprimento (art. 801o, no 2)
o Deveres Acessórios – são acessórias da prestação principal auxiliam/são necessários para o correto
cumprimento da prestação principal, podendo ser de prestação cumulativa – exemplo - transporte do
bem vendido
o Deveres autónomos - a sua existência já não se justifica pelo correto cumprimento da prestação
principal tem em conta a satisfação de um interesse diferente – exemplo o dever de indemnização num
contrato não visa o correto cumprimento da prestação principal. Ex. O seguro.
Deveres acessórios de conduta – são diferentes dos deveres acessórios de prestação, são deveres
laterais que podem ser convencionados pelas partes, podem resultar da lei ou ainda do princípio da
boa-fé (que transporta uma regra de conduta numa relação obrigacional as partes devem agir de
modo leal, correto e honesto para com a contraparte é fonte de deveres acessórios de conduta. São
impostos a ambas as partes (devedor e credor) arts 762 º/ 2 334 º, 227 º CC
Os deveres acessórios de conduta, impostos através do princípio da boa fé, que se destinam a
permitir que a execução da prestação corresponda à plena satisfação do interesse do credor e que
essa execução não implique danos para qualquer das partes, (de acordo com a sistematização de
Menezes Cordeiro, os deveres acessórios podem classificar-se em deveres acessórios de
informação, proteção e lealdade).
É o que sucede designadamente nas relações contratuais duradouras como a sociedade ou o
trabalho, em ordem a não frustrar a intensa relação de confiança e colaboração que deve vigorar
entre as partes, mas também em todas as relações obrigacionais em que se justifique a tutela de
uma situação de confiança. Estes deveres resultam do princípio da boa fé e têm por função
assegurar a realização do dever de prestação principal, em termos que permitam tutelar o interesse
do credor, mas também evitar que a realização da prestação possa provocar danos para as partes.
Assim, o devedor não estaria unicamente vinculado ao dever de prestar, mas também a outros
deveres de proteção, informação e lealdade perante o credor em ordem a permitir a satisfação do
seu interesse e assegurar a não existência de danos. Por sua vez, o credor também estaria vinculado
a deveres acessórios perante o devedor, por forma a evitar a verificação de danos para este. No
exemplo acima referido, relativo ao fornecimento de um automóvel novo, o devedor teria o dever
de informar o credor do seu funcionamento adequado. Mas, por exemplo, se o credor pedisse a
reparação em virtude de ter ocorrido um curto-circuito no motor, deveria informar o devedor dos
riscos que a sua ligação poderia acarretar. Em relação aos deveres acessórios, não se concebe a
acção de cumprimento, mas apenas outras sanções como a indemnização pelos danos sofridos com
a violação ou eventualmente a resolução do contrato (cfr. art. 1003o a)). Os deveres acessórios são,
aliás, independentes do dever de prestação principal, pelo que podem surgir antes ou após a sua
extinção (deveres pré-contratuais e pós-contratuais) e inclusivamente tutelar a situação de terceiros
ao contrato (eficácia de proteção em relação a terceiros).4
, não são facilmente reconhecidas pela contraparte. Exemplo o contrato de crédito das
instituições bancárias, não vem expressamente na lei que o devem fazer, mas parte do
princípio da boa fé das entidades.
Importante destacar que relativamente a estes deveres, existem relações obrigacionais em que não existem deveres
de prestação, mas existem deveres acessórios de conduta, que uma vez violados dão lugar a obrigação de
indemnizar. Por exemplo:
Situações de responsabilidade pré contratual
Situações de responsabilidade pós negocial – por exemplo no prédio da nova morada do Ex arrendatário
Contratos com eficácia de proteção de terceiros – ou seja, um terceiro que não intervém na relação obrigacional,
mas pode vir a ser protegido por essa relação – exemplo conviventes do arrendatário.
As sujeições, como contraponto a algumas situações jurídicas potestativas que competem ao credor
Quanto às sujeições, contrapostas às situações jurídicas potestativas, poderemos incluir entre elas situações como:
o a faculdade de interpelação nas obrigações puras, que coloca o devedor na situação de mora (cfr. art. 805o,
no 1),
o ou a resolução do contrato em consequência do incumprimento (art. 801o, no 2). Verifica-se, assim que o
direito de crédito, não sendo estruturalmente um direito potestativo, pode incluir no seu seio elementos de
carácter potestativo.
Os poderes ou faculdades, que o devedor pode exercer perante o credor e as exceções, que consistem na faculdade
de paralisar eficazmente o direito de crédito.
Quanto aos poderes ou faculdades, podemos referir
o a faculdade de o devedor oferecer a todo o tempo a prestação nas obrigações puras (art. 777o, no 1) que,
não sendo aceite, importa a colocação do credor em mora (art. 813o)
o e as faculdades de determinar a prestação nas obrigações genéricas (art. 539o) e alternativas (art. 543o, n2).
2. A RELAÇÃO OBRIGACIONAL
A relação obrigacional tem sempre dois polos (cada um deles pode ser titulado por mais de um sujeito, ou seja, pode haver
obrigações plurais, quer pelo lado ativo, quer pelo lado passivo. E os devedores (art 595) e/ou os credores (art 577) podem
mudar sem que altere a relação.
PASSIVO - devedor
ATIVO – credor
Os sujeitos são os titulares de tal relação. O credor é o sujeito ativo, titular do direito subjetivo de crédito; o devedor, por
outro lado, é o sujeito passivo, já que sobre ele incide o dever de prestar. A seu turno, o objeto da obrigação corresponde à
prestação que deve ser realizada pelo devedor a fim de satisfazer o interesse do credor, ao passo que o vínculo representa o
enlace entre esse direito à prestação e o dever de prestar.
Mediato – Prestação
Imediato – coisa ou fato
COISA POSITIVA DAR/ENTREGAR
FACTO
NÃO FAZER
NEGATIVO
TOLERAR
Deveres secundários - podem ou não existir, podem surgir com o contrato ou depois do facto constitutivo da
obrigação, por exemplo o dever de conservar a coisa num contrato de compra e venda. Correspondem a prestações
autónomas ainda que especificamente acordadas com o fim de complementar a prestação principal, sem a qual não
fazem sentido.
Assim, nos exemplos acima referidos, o devedor, além de se obrigar a entregar o automóvel ou a repará-lo, pode
secundariamente comprometer-se a encher o depósito ou proceder ainda a uma lavagem.
Muitas vezes estes deveres secundários de prestação são mesmo estabelecidos por lei, como sucede com a obrigação
de entrega dos documentos relativos à coisa (art. 882o, no 2). Como deveres de prestação, estão naturalmente
sujeitos à acção de cumprimento (art. 817o) e, existindo um contrato sinalagmático, são abrangidos pelo sinalagma,
permitindo ao credor utilizar a exceção de não cumprimento do contrato (art. 428o) ou a resolução em caso de não
cumprimento (art. 801o, no 2)
o Deveres Acessórios – são acessórias da prestação principal auxiliam/são necessários para o correto
cumprimento da prestação principal, podendo ser de prestação cumulativa – exemplo - transporte do
bem vendido
o Deveres autónomos - a sua existência já não se justifica pelo correto cumprimento da prestação
principal tem em conta a satisfação de um interesse diferente – exemplo o dever de indemnização num
contrato não visa o correto cumprimento da prestação principal. Ex. O seguro.
Deveres acessórios de conduta – são diferentes dos deveres acessórios de prestação, são deveres
laterais que podem ser convencionados pelas partes, podem resultar da lei ou ainda do princípio da
boa-fé (que transporta uma regra de conduta numa relação obrigacional as partes devem agir de
modo leal, correto e honesto para com a contraparte é fonte de deveres acessórios de conduta. São
impostos a ambas as partes (devedor e credor) arts 762 º/ 2 334 º, 227 º CC
Os deveres acessórios de conduta, impostos através do princípio da boa fé, que se destinam a
permitir que a execução da prestação corresponda à plena satisfação do interesse do credor e que
essa execução não implique danos para qualquer das partes, (de acordo com a sistematização de
Menezes Cordeiro, os deveres acessórios podem classificar-se em deveres acessórios de
informação, proteção e lealdade).
É o que sucede designadamente nas relações contratuais duradouras como a sociedade ou o
trabalho, em ordem a não frustrar a intensa relação de confiança e colaboração que deve vigorar
entre as partes, mas também em todas as relações obrigacionais em que se justifique a tutela de
uma situação de confiança. Estes deveres resultam do princípio da boa fé e têm por função
assegurar a realização do dever de prestação principal, em termos que permitam tutelar o interesse
do credor, mas também evitar que a realização da prestação possa provocar danos para as partes.
Assim, o devedor não estaria unicamente vinculado ao dever de prestar, mas também a outros
deveres de proteção, informação e lealdade perante o credor em ordem a permitir a satisfação do
seu interesse e assegurar a não existência de danos. Por sua vez, o credor também estaria vinculado
a deveres acessórios perante o devedor, por forma a evitar a verificação de danos para este. No
exemplo acima referido, relativo ao fornecimento de um automóvel novo, o devedor teria o dever
de informar o credor do seu funcionamento adequado. Mas, por exemplo, se o credor pedisse a
reparação em virtude de ter ocorrido um curto-circuito no motor, deveria informar o devedor dos
riscos que a sua ligação poderia acarretar. Em relação aos deveres acessórios, não se concebe a
acção de cumprimento, mas apenas outras sanções como a indemnização pelos danos sofridos com
a violação ou eventualmente a resolução do contrato (cfr. art. 1003o a)). Os deveres acessórios são,
aliás, independentes do dever de prestação principal, pelo que podem surgir antes ou após a sua
extinção (deveres pré-contratuais e pós-contratuais) e inclusivamente tutelar a situação de terceiros
ao contrato (eficácia de proteção em relação a terceiros).4
, não são facilmente reconhecidas pela contraparte. Exemplo o contrato de crédito das
instituições bancárias, não vem expressamente na lei que o devem fazer, mas parte do
princípio da boa fé das entidades.
Importante destacar que relativamente a estes deveres, existem relações obrigacionais em que não existem deveres
de prestação, mas existem deveres acessórios de conduta, que uma vez violados dão lugar a obrigação de
indemnizar. Por exemplo:
Situações de responsabilidade pré contratual
Situações de responsabilidade pós negocial – por exemplo no prédio da nova morada do Ex arrendatário
Contratos com eficácia de proteção de terceiros – ou seja, um terceiro que não intervém na relação obrigacional,
mas pode vir a ser protegido por essa relação – exemplo conviventes do arrendatário.
As sujeições, como contraponto a algumas situações jurídicas potestativas que competem ao credor
Quanto às sujeições, contrapostas às situações jurídicas potestativas, poderemos incluir entre elas situações como:
o a faculdade de interpelação nas obrigações puras, que coloca o devedor na situação de mora (cfr. art. 805o,
no 1),
o ou a resolução do contrato em consequência do incumprimento (art. 801o, no 2). Verifica-se, assim que o
direito de crédito, não sendo estruturalmente um direito potestativo, pode incluir no seu seio elementos de
carácter potestativo.
Os poderes ou faculdades, que o devedor pode exercer perante o credor e as exceções, que consistem na faculdade
de paralisar eficazmente o direito de crédito.
Quanto aos poderes ou faculdades, podemos referir
o a faculdade de o devedor oferecer a todo o tempo a prestação nas obrigações puras (art. 777o, no 1) que,
não sendo aceite, importa a colocação do credor em mora (art. 813o)
o e as faculdades de determinar a prestação nas obrigações genéricas (art. 539o) e alternativas (art. 543o, n2).