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ESTUDO DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES

TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES

RESUMO

O presente, artigo versa sobre a teoria geral das obrigações, tendo como ponto de
partida uma simplória analise sobre o Direito das Obrigações, Discorrendo a cerca dos
elementos essenciais da obrigação, vínculo jurídico da obrigação, particularidades
entre Direito Real e Direito Obrigacional, classificação das obrigações, e extinção das
obrigações. Tal artigo foi confeccionado de forma a propiciar uma fácil compreensão
dos institutos elencados.

1 INTRODUÇÃO

É suma importância o direitos das obrigações pois este compreende as relações


jurídicas por meio das quais se constituem as mais desenvoltas projeções da
autonomia privada na esfera patrimonial. Exercendo influência no meio econômico,
gerenciando assim as relações da infraestrutura social de relevância política, de
produção e as de troca. Também é no âmbito do direito obrigacional que se vislumbram
as limitações impostas à liberdade de ação dos particulares retratando a estrutura
econômica da sociedade.

O vocábulo obrigação hora estabelecido pelo Código Civil comporta vários sentidos.
Atribuindo-lhe o lado ativo, denominado crédito, e o lado passivo, denominado débito.

Obrigação nada mais é que crédito considerado sob a ótica jurídico; e o crédito
obrigação sob a ótica econômica. O mais remoto conceito atribuído as obrigações
primando ser um vínculo jurídico pelo meio do qual o Sujeito passive (credor) fica
adstrito à vontade do sujeito ativo (credor) no cumprimento de determinada prestação.

Evidencia-se que a obrigação é uma relação jurídica transitória entre o (S.A) credor e o
(SP) devedor caracterizada pelo vínculo jurídico, denominando o objeto a ser prestado
e em caso de descumprimento, estipular-lhe formas de penalização as quais
repousarão sobre aquele que descumprir sua obrigação.

2 DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

Para melhor compreensão deste instituto primeiramente, farce-á necessário


compreender o que é obrigação? Assim sendo então vejamos.

O termo obrigação, advém do Latim – Obligatio, Obligationis, o qual significa o ato de


obrigas, ou o fato de se estar obrigado a um dever; mediante lei, etc. Assim sendo
nestes termos entende-se como sendo elo jurídico que une uma parte a outra, da
relação obrigacional denominado sujeito ativo (Credor), e sujeito passivo (Devedor) em
que um fica obrigado a dar, a fazer ou não fazer alguma coisa, sendo esta positiva ou
negativa, em proveito do outro.

O direito das obrigações consiste em um conjunto normativo cujo qual tem por objetivo
disciplinar as relações jurídicas estabelecidas entre o sujeito ativo e o sujeito passivo

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de uma obrigação qual sejam (credor e devedor). Assim sendo. Tal normativa
estabelece o que cada sujeito da obrigação jurídica estará obrigado a prestar, um em
proveito do outro, tal prestação poderá ser de caráter econômico, ou material ficando
sujeito o patrimônio do devedor para fins de satisfação da obrigação em relação ao
credor.

A matéria obrigacional tem por escopo identificar as relações jurídicas as quais também
são conhecidas, por direitos de crédito, direitos pessoais ou obrigacionais.

A peculiaridade das obrigações se dá pelo fato desta ser um direito do credor e não
tanto um dever do devedor ou do obrigado. Conferindo ao credor todos meios para que
este exija do devedor o cumprimento da prestação para que se chegue ao objetivo da
obrigacional.

A primazia do direito das obrigações visa guarnecer os direitos ao credor inerentes,


resultantes de um negócio jurídico entre credor em desfavor do devedor. Assim sendo
o direito das obrigações vislumbrado por este prisma, fica evidente que, através das
relações jurídicas obrigacionais, se dá estimulo a economia social tendo em vista, que
é por meio delas que circulam os bens e as riquezas nacionais.

2.1 Conceitos de obrigação

Obrigação é a relação jurídica de caráter transitório, (uma vez que desta não se deseja
perpetuidade) a qual constrange a pessoa do devedor a prestação de algo ou alguma
coisa podendo esta ser, positiva ou negativa econômica ou material, sendo que esta
ocorre em benefício de outrem, cujo objeto consiste em prestação de dar, fazer ou não
fazer alguma coisa.

RUBENS LIMONGI FRANÇA afirma que “é o vincula jurídico ou de equidade, pelo


qual alguém está adstrito a em benefício de outrem, realizar uma prestação”.

Assinala WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO que:

Obrigação é a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre devedor e


credor e cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa,
devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através de seu
patrimônio.

ALVÁRO VILLAÇA AZEVEDO nos diz que:

A obrigação é a relação jurídica transitória, de natureza econômica, pela qual o


devedor fica vinculado ao credor, devendo cumprir determinada prestação positiva ou
negativa cujo inadimplemento enseja a este executar o patrimônio daquele para a
satisfação de seu interesse.

Fica-nos evidente nos conceitos anteriormente declinados, a presença de três


elementos, o sujeito, o objeto e o vínculo jurídico,

Partindo do prisma, de que a Obrigação é a relação jurídica, ou seja, o elo de ligação


entre sujeito ativo (credor) e sujeito passivo (devedor), pelo meio da qual se dá por
objeto uma prestação pessoal econômica, positiva ou negativa. Um exemplo de uma
obrigação positiva que melhor se enquadra seria compra e venda de um imóvel, e uma
obrigação negativa seria aquela em que o adquirente se obriga a não edificar, no

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terreno adquirido, edifício acima de determinada altura, ou a cabeleireira alienante que
se obriga a não abrir outro salão de beleza no mesmo bairro, por exemplo, assim
sendo devem cumprir o acordado. Se estes praticarem o ato de que se obrigaram a
não praticar, tornar-se-ão inadimplentes, podendo o credor exigir, com base no
art. 251 do Código Civil[4], o desfazimento do que foi realizado.

Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode
exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado
perdas e danos.

Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer,


independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.

Como já fora dito anteriormente a obrigação sempre tem caráter transitório, uma vez
que dela não se deseja perpetuidade, sendo esta uma característica dos direitos reais,
a obrigação tem caráter transitório porque nasce com um objetivo, superado este
extingue-se a obrigação, assim, satisfeito o credor, amigável ou judicialmente a
obrigação deixa de existir.

Obrigação na ótica jurídica enquanto objeto do direito das obrigações, é o elo, que une
credor e devedor, ficando o ultimo sujeito ao primeiro, quanto ao cumprimento da
obrigação. Podendo o patrimônio deste responder para o adimplemento da obrigação.

Vale lembrar que no Direito Romano quando da ocorrência do descumprimento da


obrigação, quem respondia era a pessoa do devedor, hoje quando da ocorrência em
destarte, quem responde é o patrimônio do devedor e não mais a pessoa deste.

2.2 Elementos essenciais da obrigação

Partindo do pré suposto de que toda a obrigação nasce da lei ou da vontade das
partes, (LEI= tributos, VONTADE = testamento), e sendo está um vínculo jurídico
pessoal em virtude do qual o devedor fica adstrito ao cumprimento de determinada
prestação, sendo que tal dar-se-á de forma espontânea ou judicialmente.

Os conceitos de obrigação os quais foram anteriormente declinados, apresentam três


elementos os quais são essenciais para existência de uma obrigação, (CREDOR)
sendo este o sujeito que se favorece da prestação; e o (DEVEDOR) sendo este a quem
se reputata o dever de prestar; e o (OBJETO) qual seja o que comporta a obrigação.

O beneficiado pela obrigação, qual seja o sujeito ativo denominado credor a quem se
deve cumprir a prestação. Em linhas gerais é o detentor do direito de cobrar no caso
inadimplemento da obrigação pactuada.

O sujeito passivo, ou seja, o devedor o qual se identifica por ser aquele o qual fica
adstrito a realização de determinada prestação a qual ocorrerá de forma amigável ou
coercitiva.

Para FÁBIO ULHOA COELHO “o sujeito ativo é o que titulariza o crédito; passivo, o
que deve a prestação”.

Assevera ainda FÁBIO ULHOA COELHO que “os sujeitos da relação obrigacional são
identificados de acordo com a posição que nela ocupam. Os que titularizam o direito

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(crédito) são os sujeitos ativos; os que devem a prestação (débito, os sujeitos
passivos”.

Cabe aqui evidenciar que o objeto da obrigação se restringe ao fato de que o SP,
obriga-se a entregar coisa certa ou incerta, ou fazer coisa positiva ou negativa, ou até
mesmo abster-se de alguma coisa.

2.3 Vínculo jurídico da obrigação

Para melhor compreensão acerca dos institutos obrigacionais na intima essência de tal,
ficar-nos-á mais fácil compreender, se analisarmos todos os seus aspectos, partindo da
ótica de que a obrigação é a legitima relação inter persona, a qual surge por meio de
um negócio jurídico, sendo este a fonte do vínculo obrigacional, em decorrência do qual
o devedor fica sujeito a realização de determinada prestação em favor do credor,
podendo este último se utilize o patrimônio do primeiro para fins de satisfação da
obrigação, nos casos de inadimplemento.

Estabelece o Código Civil, que em caso de descumprimento da obrigação por parte do


devedor, sujeitar-se-á este quanto ressarcimento do prejuízo causado:
Art. 389 CC “não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais
juros e atualização monetária segundo índices”.

Para melhor compreensão do direito das obrigações primeiramente precisa-se


compreender sua estrutura. Dentre está o vínculo jurídico o qual divide-se em débito e
responsabilidade: o debito consiste na responsabilidade que tem ou deve ter o
devedor, em satisfazer com pontualidade a obrigação em favor do credor.

A responsabilidade por sua vez, qual seja o vínculo material, confere ao credor
insatisfeito o direito de exigir do devedor o cumprimento da prestação obrigacional,
podendo esta ser de forma judicial. Nos casos de impossibilidade do cumprimento da
obrigação estipulada, é assegurado ao credor reparação por perdas e danos; por
exemplo: um fotografo contratado para cobrir uma cerimônia de casamento, uma vez
que este não compareça no dia e hora marcados, jamais poderá cumprir com o objeto
obrigacional, ficando facultado aos noivos que contrataram tal profissional ajuizar ação
por perdas e danos.

É de praxe que em todas as obrigações estejam presentes os dois vínculos


obrigacionais hora elencados, tendo como exceção deste a dívida prescrita, onde
encontramos o débito sem a responsabilidade.

Assevera FÁBIO ULHOA COELHO

A obrigação, portanto, importa a sujeição do devedor no sentido de que, uma vez não
cumprida espontaneamente a prestação correspondente (execução voluntária), pode o
credor exigir em juízo a entrega desta tal como esperada (execução judicial específica),
sua substituição por uma prestação equivalente capaz de produzir os mesmos
resultados ou por uma indenização em dinheiro (execução judicial subsidiária)

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Neste prisma, obrigação é o reflexo do negócio jurídico firmado entre as partes se
devendo confundir-lhes, este com aquele a obrigação é a própria consequência jurídica
do negócio.

2.4 Diferença entre direito real e direito obrigacional

O direito obrigacional situa-se na esfera do direito patrimonial o qual se fraciona em:


Direito Real, sendo o que repousa sobre a coisa conferindo a alguém poder sobre um
determinado bem, EX: Um exemplo seria a instituição de hipoteca para garantir a
compra e venda de determinado bem; se o devedor tiver vários credores, o credor que
tem a garantia da hipoteca tem preferência perante aos demais credores no
recebimento antecipado do crédito relativo à sua dívida. Havendo dois credores
hipotecários, o primeiro a receber é aquele que tiver a hipoteca mais antiga. Pode-se
dizer que ao direito real pertence o poder jurídico direto e imediato conferido ao titular
sobre o bem sendo este exclusivo e contra todos.

Direito pessoal ou obrigacional qual seja aquele que confere à alguém o direito de
exigir de outrem prestação de natureza monetária. Exemplo: compra e venda de um
veículo, ao vendedor pertence o direto de receber o valor acertado, ao tempo do
recebimento do valor pago por parte do comprador finda-se a relação entre estes.
Assim sendo fica evidente o elo que une S.P e S.A quanto ao cumprimento de alguma
prestação obrigacional podendo estas ser de dar, fazer, e de não fazer alguma coisa.

O direito real vale erga omnes, sendo assegurado por intermédio da lei o respeito entre
as partes envolvidas na relação jurídica obrigacional, sendo vedado qualquer ato
atentatório ao exercício do direito real conferido a seu titular.

Vale lembrar que só existirá direito real se este for criado por lei, tendo em vista que
não é conferido as partes o poder de criarem direitos reais, uma vez que a estes só é
facultado o poder de criarem direitos obrigacionais. Exemplo: contratos
(art. 425 do CC), os quais nascem por meio do estabelecimento de vontades entre as
partes. Sendo vedado as partes, à criação de direito reais tendo em vista que estes são
juridicamente mais poderosos ficando assim restritos a sua criação, apenas a lei.

2.5 Classificação das obrigações

a) Obrigações de dar ou restituir: é aquela em que fica adstrito a entregar alguma


coisa a alguém, no caso ao credor, tal coisa poderá ser certa (determinada ou
especifica). Quando esta se tratar de objeto individualizado EX: relógio em ouro marca
Rolex. Esta será incerta (indeterminada ou genérica), se pelo gênero tão somente for
indicada EX: relógio, uma saca de café.

Em linhas gerais, a obrigação incerta disserta a respeito de coisas fungíveis, em


contrapartida a obrigação certa ou determinada, dispõem a cerca de coisas infungíveis,
quais sejam as que não podem ser substituídas por outras, ainda que mais valiosa.

b) Obrigações de fazer: sendo aquela pela qual o SP fica adstrito de determinada


prestação, EX: um fotografo contratado para fazer o registro fotográfico de um
casamento.

Neste sentido quanto a obrigação de fazer, quando esta é assumida deverá o seu
sujeitado (SP), satisfazer seu credor (SA), com o cumprimento do objeto estipulado

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pela relação obrigacional, podendo o credor exigir a efetiva realização do trabalho por
estes acordados.

c) Obrigação de não fazer: esta tem caráter negativo, uma vez que sobre esta
repousa uma abstenção obrigatória por parte do (SP), como por exemplo: não revelar a
formula da coca cola.

d) Obrigação simples: configure-se com existência de tão somente um devedor (SP) e


um credor (SA), e um objeto.

e) Obrigações Complexas: consiste na existência de mais de um credor, mais de um


devedor, ou mais de um objeto.

f) Obrigações Cumulativas: em linhas gerais são estas classificadas como sendo


aquelas em que há mais de uma prestação obrigacional, haja vista que o devedor só se
exonera com a satisfação de todas.

g) Obrigação Alternativa: em tese está se assemelha com a anterior, sendo distintas


pelo fato de que nesta, o (SP), apenas se exonera com o cumprimento de uma das
obrigações cuja qual este escolhera.

h) Obrigações Facultativas: identificam-se estas quando da estipulação de apenas


uma obrigação, todavia o (SP) exonera-se de tal obrigação entregando coisa diversa
da contratada, se esta estiver de acordo com a lei, ou por vontade das partes.

i) Obrigações Divisíveis: sobre estas repousa a possibilidade de que o devedor terá


em fracionar a obrigação.

j) Obrigações Indivisíveis: esta é contraria a anterior, não sendo admitido ao devedor


fracionar a obrigação.

l) Obrigações Solidárias: Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre


mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida
toda. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.

Quando a solidariedade ocorre entre credores, recebe o nome de solidariedade ativa e


quando entre devedores, solidariedade passiva.

Solidariedade Ativa:

Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da


prestação por inteiro. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o
devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar. Vale lembrar que o
pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que
foi pago.

Solidariedade passiva:

O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou


totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais
devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. Vale lembrar que O
pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não

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aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou
relevada.

m) Obrigações de Resultado: como o próprio nome já diz, esta considera-se de persi,


ou seja, com obtenção do resultado aspirado.

n) Obrigações de Meio: esta repousa na responsabilidade, em que o devedor (SP)


assume no comprometimento de empenhar-se no cumprimento de determinado
resultado; exemplo: um advogado em relação ao seu cliente.

2.6 Natureza da obrigação

Será a natureza da obrigação em três espécies sendo esta pessoal, personalíssima e


material.

Obrigação Pessoal: é aquela, mesmo que contraída pelo devedor poderá, esta ser
adimplida por terceiro interessado.

Obrigação Personalíssima: esta será o oposto da anterior, uma vez que o


adimplemento cabe tão somente ao devedor.

Obrigação Material: consiste na obrigação imputada ao devedor, para que este


entregue um determinado objeto.

2.7 Cláusula penal

Cláusula penal, também denominada pena convencional, por meio da qual as partes
em comum acordo incluem à obrigação principal, cláusula especial para que do, não
cumprimento, está se ative em desfavor do devedor, acarretando assim no pagamento
de mora no inadimplemento da obrigação. OBS: o valor em penalidade não poderá
exceder o da obrigação principal.

2.8 Extinção das obrigações

Extingue-se a obrigação no ato da prestação do objeto desta, por parte do devedor em


favor do credor, podendo tal ser efetuada de duas formas: pelo efetivo cumprimento da
prestação a que se deveria prestar, pela substituição desta por outra conforme acordo
entre as partes, ou pela anulação da obrigação em ênfase. Em linhas gerais a extinção
de uma obrigação se dá pelo pagamento ou devido cumprimento de seu objeto,
entretanto também se extingue uma obrigação por meio de outros institutos, qual
sejam: a novação, compensação a confusão e a remissão.

2.8.1 Pagamento

Como anteriormente declinado a obrigação se extingue com o cumprimento da


prestação do objeto desta; sendo tal executado por quem o deveria fazê-lo no caso o
(Devedor), sendo o ato da prestação denominado pagamento.

Entende-se por pagamento o cumprimento da prestação por parte do devedor e,


portanto uma das causas da extinção da obrigação.

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Todavia não se deve deixar de mencionar uma peculiaridade quanto ao pagamento,
uma vez que este seja feito pelo devedor original, se dará por extinta a obrigação;
porem se o pagamento for efetuado por terceiro interessado está se dará por extinta
apenas com relação ao credor. Vale salientar que o terceiro cujo qual cumprir a
prestação em nome do devedor original, entre estes a dívida subsistirá, podendo o
terceiro por força de sub-rogação cobrar do devedor original a quantia paga.

Existe um dito popular no meio jurídico o qual retrata mui bem o instituto do
pagamento, qual seja “quem paga mal paga duas vezes”, tal dito de fato encontra
respaldo jurídico o CC[8] exige de modo geral, Para que o pagamento seja considerado
válido, deverá este ser efetuado diretamente à pessoa do credor. Toda via o próprio
artigo traz uma discrepância uma vez que admite, e confere validade ao pagamento
feito a quem de direito represente o credor. Art. 308: “o pagamento deve ser feito ao
credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele
ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito”.

Já vimos que satisfeito o credor por meio do cumprimento da prestação, a dívida ou


obrigação se dará por extinta findando o elo existente entre credor e devedor certo?
errado! Neste prisma se faz ausente um elemento essencial para o efetivo e legal
rompimento do elo obrigacional que os uni; qual seja a prova do pagamento pelo meio
da qual se dará a extinção definitiva da dívida. À esta prova se dá o nome de recibo,
cujo qual em regra deverá contar, o valor da dívida quitada, o nome do devedor, no
caso de a quitação ser efetuada por terceiro, o nome deste, bem como a data e o lugar
do pagamento, e a assinatura do credor. Em caso de recusa por parte do credor em
relação ao fornecimento do recibo de quitação, o devedor deverá reter o pagamento
até que lhe seja devidamente confeccionado o recibo.

“Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o
pagamento, enquanto não lhe seja dada”.

Em regra o pagamento deverá ser feito no domicílio do devedor, podendo as partes


acordarem com relação, ao local do pagamento, local este o qual lhes melhor convir;
ou se do contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias.

Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes


convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da
obrigação ou das circunstâncias.

Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles.

2.8.2 Espécies de Pagamento

a) Pagamento Real: é aquele em que, quem deveria pagar paga, a época em que
deveria extinguindo assim a obrigação, tal instituto também é chamado de pagamento
puro e simples. Pois está se dá pelo simples fato de uma vez assumindo o devedor
uma obrigação de dar ou fazer alguma coisa certa ou incerta e cumprindo este a
prestação devida satisfazendo o credor extingue-se o elo de ligação jurídica entre
ambos.

b) Pagamento por Consignação: é uma modalidade da qual se utiliza o devedor com


o intuito de findar o elo obrigacional deste com aquele, fazendo-o por meio de depósito
judicial da coisa ou valor devido.

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Neste prisma fica-nos evidente que o pagamento não é tão somente uma obrigação do
devedor, mas também um direito a ele inerente de forma que, do surgimento de
circunstancias que impeçam ou dificultem o pagamento, é assegurado ao devedor que
efetue o pagamento por outas formas as quais alcancem o mesmo objetivo, evitando
assim que sobre este recaiam as consequências do inadimplemento

c) Pagamento com Sub-rogação: sub-rogação vem do grego dir.civ dir.com que


significa substituição. Como visto o próprio termo pré supõem o fato, qual seja da
ocorrência de sub-rogação nas obrigações, esta não se dará por extinta, pelo contrário
a obrigação continuará existindo o que muda é o sujeito da obrigação, ou seja ocorrerá
sub-rogação quando um terceiro interessado satisfaz a prestação da obrigação no
lugar do devedor original, podendo este terceiro posteriormente cobrar do devedor
original o valor pago. Entretanto deverá o devedor ser comunicado e manifestar
concordância em relação ao pagamento por parte do terceiro; todavia se este não
concordar, ficara escuso de ressarcir o terceiro que efetuou o pagamento.

d) Pagamento por Imputação: está se dá quando o devedor se obriga a múltiplas


prestações de mesma natureza a um único credor. Entretendo ficara ao critério deste
indicar qual destas deseja satisfazer em relação ao credor. Porém só caberá imputação
se todas as prestações estiverem vencidas.

e) Dação em Pagamento: ocorrerá doação quando, da anuência do credor em receber


coisa diversa da estipulada pela relação obrigacional se houver consentimento por
parte do credor, se dará por extinta a obrigação no ato da prestação do novo objeto
estipulado em forma de pagamento.

f) Novação: consiste na substituição de uma obrigação por outra, ou pela substituição


das partes envolvidas, ou do objeto da obrigação. Quando da ocorrência de referida
substituição acarretará então em uma nova relação jurídica, pelo meio da qual se
extingue a anterior substituindo-a pela atual.

g) Compensação: esta ocorrerá quando houver equiparada equivalência dos débitos


entre as partes envolvidas na obrigação. Neste prisma se dará por extinta a obrigação
quando na quando ambas as partes envolvidas na relação obrigacional passarem a
será o mesmo tempo credoras e devedoras entre si. Para melhor compreensão, será
também admitido o instituto da compensação nos casos em que se colidirem débitos
líquidos e vencidos

h) Transação: só se utilizará a transação quando as partes estiverem de comum


acordo, aspirando o fim do litígio. Ex.: quando o credor opta por receber do devedor
uma quantia menor do que a obrigada para evitar a morosidade.

A Transação esta estipulada no Título VI do Código Civil, o qual versa sobre as


inúmeras espécies de contratos, “Art. 840 CC. É lícito aos interessados prevenirem ou
terminarem o litígio mediante concessões mútuas”.

i) Compromisso: o código civil de 1916, previa o compromisso em seus


artigos 1.037 a 1.048, os quais posteriormente foram revogados por meio da lei
n: 9.307/96.

Em destarte só acontecera o compromisso uma vez que em comum acordo as partes


envolvidas no conflito escolhem um terceiro para solucionar este ficando facultados as

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partes por meio deste comprometendo-se a respeitarem a decisão proferida por este
terceiro.

j) Confusão: ter-se-á confusão nas hipóteses em que, credor e devedor forem a


mesma pessoa Ex: assim sendo, configure-se confusão quando da fusão da pessoa do
devedor e do credor, ou seja, quando estes passam a ser a mesma pessoa no
exercício do direito, na ocorrência de tal, extingue-se a obrigação.

l) Remissão: a remissão sé da pelo perdão parcial ou total da obrigação, advindo este


por parte do credor em favor do devedor. Entretanto tal ato dependerá da anuência do
devedor.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O direito das obrigações compreende o conjunto de normas que tratam das relações
jurídicas entre devedor e credor. Tais normas regulam a responsabilidade que o
devedor tem, perante o credor, de cumprir determinada prestação de natureza
econômica, garantindo seu compromisso mediante seu patrimônio.

As obrigações caracterizam-se pelo fato de serem um direito do credor e não tanto um


dever do devedor ou do obrigado, consistindo exatamente em fornecer meios ao credor
para exigir do devedor o cumprimento da prestação.

O direito das obrigações procura resguardar o direito do credor que resultou


diretamente de um negócio jurídico contra o devedor.

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MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES E CLASSIFICAÇÃO

A parte especial do Código Civil de 2002 é inaugurada pelo livro de Direito das
Obrigações, sendo reservado do artigo 233 ao 420 para o exaurimento da matéria.

As obrigações podem ser conceituadas como relações jurídicas estabelecidas de forma


transitória pelo sujeito ativo (credor) e pelo sujeito passivo (devedor), tendo como
objeto uma prestação econômica que pode ser positiva (obrigações de dar e de fazer)
ou negativa (obrigação de não fazer) e que se inadimplida terá como garantia o
patrimônio do devedor.

A prestação econômica, denominada o elemento objetivo da obrigação, é o objeto da


obrigação e deve ser lícito, possível e economicamente apreciável e pode constituir-se
em: dar, fazer e não fazer.

A fonte da obrigação pode ser um contrato, um ato ilícito ou um ato unilateral de


vontade, que caracterizam o vínculo jurídico, ou seja, o liame legal que une os sujeitos
da obrigação.

O ponto crucial da matéria muito cobrado nos exames da Ordem e concursos públicos
são as modalidades de obrigações, levando em consideração a classificação e
distinção de cada uma delas. As obrigações dividem-se em: obrigação de dar coisa
certa, obrigação de dar coisa incerta, obrigações de fazer e não fazer, e seus
desdobramentos: obrigação divisível e indivisível e obrigações solidárias.

Passemos a analisar as principais características de cada uma das modalidades de


obrigações:

 Obrigação de dar coisa certa:

Previsão legal: Artigo 233 a 242 do Código Civil.

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A obrigação de dar coisa certa se caracteriza pela entrega de coisa certa, ou seja, o
devedor deverá entregar ao credor coisa individualizada. Dispondo expressamente
o CC que a obrigação abrange também os acessórios dela embora não mencionados,
salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso (artigo 233).

Cumpre destacar que para se desonerar o devedor deve entregar ao credor


exatamente a coisa determinada, o que significa dizer que o credor não será obrigado a
receber outro bem, ainda que mais valioso.

Outro ponto importante acerca da matéria é o relacionado ao pertencimento da coisa


até que seja efetuada a tradição. O artigo 237 é pontual ao estabelecer que a coisa,
juntamente com os seus melhoramentos e acréscimos, bem como os frutos percebidos
são do devedor até a tradição desta, podendo o devedor inclusive exigir o aumento do
preço pelos melhoramentos e acréscimos e ante a recusa do credor, resolver a
obrigação.

Perda ou deterioração da coisa:

A regra equivale a res perit domino (a coisa perece para o dono). Deste modo, se a
coisa certa for perdida sem culpa do devedor antes da tradição, sofrerá o credor a
perda e a obrigação se resolverá.

Na hipótese de culpa do devedor pela perda da coisa, este responderá pelo


equivalente em dinheiro e perdas e danos experimentados pelo credor.

Se tratando da deterioração da coisa, sem culpa do devedor, o credor poderá resolver


a obrigação ou aceitar a coisa com o devido abatimento do preço, levando em
consideração o valor perdido em face de deterioração. Já na hipótese de deterioração
da coisa por culpa do devedor pode o credor exigir o equivalente em dinheiro, ou
aceitar a coisa no estado em que se acha, reservando a lei o direito do credor em
ambos os casos de requerer indenização das perdas e danos suportados.

 Obrigação de dar coisa incerta:

Previsão legal: Artigos 243 a 246 do CC.

Nesta modalidade de obrigação, o objeto constitui algo indeterminado, sendo indicado


apenas pelo gênero e quantidade, ou seja, sendo indeterminada a qualidade da coisa.

Um dos pontos principais da matéria diz respeito à escolha do objeto, já que para o
cumprimento da obrigação a coisa deverá ser determinada, individualizada através da
escolha que competirá a quem foi determinado no contrato ou no caso de omissão ao
devedor. Importante frisar que no momento desta escolha é que se aperfeiçoa a
obrigação, transformando-se a obrigação de dar coisa incerta em obrigação de dar
coisa certa e uma vez cientificado o credor quanto a escolha, as regras atinentes a
obrigação de dar coisa certa são as que passam a reger a obrigação.

Antes da escolha não pode o devedor ainda que por força maior ou caso fortuito alegar
a deterioração ou perda da coisa, tendo em vista a ausência da individualização e

12
consequente aperfeiçoamento da obrigação que consoante mencionado se dá com a
efetiva escolha da coisa, ou seja, determinação e individualização.

Por fim, o devedor não poderá dar coisa pior e nem tão pouco ser obrigado a dar coisa
melhor.

 Obrigação de fazer:

Previsão legal: Artigo 247 a 249.

A obrigação de fazer constitui um ato ou serviço do devedor, envolvendo uma atividade


humana, tendo em vista que o devedor obriga-se a realização do ato ou serviço,
podendo ser realizada pessoalmente por este (obrigação de fazer infungível) ou
realizada por terceiro (obrigação de fazer fungível).

Quando do inadimplemento da obrigação for por impossibilidade sem culpa do devedor


a obrigação será considerada resolvida. Já na hipótese de recusa voluntária do
devedor, incorrerá este na obrigação de indenizar o credor em perdas e danos.

Importante destacar que se tratando de obrigação de fazer fungível, ou seja, quando


couber a execução por um terceiro, o credor poderá mandar executar a obrigação às
custas do devedor, sem prejuízo da indenização cabível. Agora, se a obrigação foi
infungível, isto é, quando não couber a execução por pessoa se não o devedor,
o Código de Processo Civil estipula medidas que podem ser adotadas pelo Juiz que
afetam ao patrimônio do credor na busca de incentivá-lo honrar com a obrigação, como
as chamadas astreintes (multas periódicas).

 Obrigações de não fazer:

Previsão legal: Artigos 250 e 251 do CC.

O objeto desta modalidade de obrigação constitui uma abstenção do devedor, isto é,


uma ausência de comportamento, a qual se comprometeu a não fazer, restando
inadimplente quando da execução do ato que se devia abster. O Código Civil prevê que
o credor poderá exigir do devedor que desfaça o ato, sob pena de se desfazer à sua
custa, sem prejuízo da indenização por perdas e danos, podendo o credor, por
expressa autorização da lei, em caso de urgência, desfazer ou mandar desfazer o ato,
independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.

Classificação das obrigações:

 Obrigações alternativas:

As obrigações podem ser simples ou compostas. Sendo que a obrigação simples é


aquela em que há apenas um credor, um devedor e uma prestação, isto é, caracteriza-
se pela existência de apenas um de cada tipo de elemento da obrigação. No caso de
haver a faculdade de troca de uma prestação por outra, teremos uma obrigação
facultativa. Importante destacar que a prestação prevista desde o inicio é uma só,
havendo apenas a eventual possibilidade de troca.

Ao contrário, a obrigação composta é aquela em que pode haver não só a pluralidade


de objeto (prestações), como também de sujeitos (credores e devedores).

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Quando há a pluralidade de objetos, ou seja, mais de uma prestação. A obrigação
poderá ser: cumulativa ou também chamada de conjuntiva, neste caso para o
adimplemento da obrigação deverá o credor cumprir as duas ou mais prestações
cumulativamente; ou, alternativa ou disjuntiva, em que o devedor para cumprir a
obrigação deverá adimplir com uma ou outra prestação prevista desde o início pelos
sujeitos da obrigação.

Vale para as obrigações alternativas as mesmas regras pertinentes à escolha da coisa


se tratando de obrigação de dar coisa incerta, ou seja, caberá a escolha dentre as
prestações devidas aquele a quem foi incumbido no contrato firmado entre as partes e
se esse for omisso, a escolha caberá ao devedor que não poderá obrigar o credor a
receber parte em uma prestação e parte em outra.

 Obrigações divisíveis e indivisíveis:

As prestações divisíveis são aquelas que pode haver o fracionamento da prestação ou


do próprio objeto da prestação, sendo que nesta hipótese havendo mais de um credor
ou mais de um devedor de uma obrigação divisível, esta será dividida em obrigações
iguais e distintas de acordo com o número de credores ou devedores.

Já as obrigações indivisíveis como o próprio nome aduz a prestação é única, não


podendo ser dividida entre seus credores e devedores, seja pela própria natureza do
bem, por motivo de ordem econômica ou dada a razão determinante do negócio
jurídico. Neste caso, quando da existência de dois ou mais devedores e ante a
impossibilidade de divisão da prestação, cada um dos devedores será obrigado pela
dívida inteira, sendo que sub-rogara-se no direito do credor aquele que pagar a divida
integralmente, ou seja, podendo exigi-la dos outros coobrigados.

Se a pluralidade for de credores a estes também caberá exigir a divida toda, hipótese
em que o devedor deverá pagar todos conjuntamente ou apenas um, exigindo deste
que dê caução de ratificação dos demais credores, desobrigando-se o devedor e em
contrapartida obrigando o credor que recebeu a prestação por inteiro a parte devida
aos demais credores.

No caso de um dos credores remitir a dívida, ou seja, perdoar, não há que se falar na
extinção de obrigação para os demais credores, que poderão exigir a prestação
mediante o desconto da quota pertencente ao credor remitente.

 Obrigações solidárias:

Quando em uma obrigação concorrer mais de um devedor ou mais de um credor,


haverá a solidariedade, sendo que cada um destes estará obrigado ou com direito,
respectivamente, à dívida toda.

A lei é expressa ao determinar que a solidariedade não se presume, apenas resulta da


lei ou da vontade das partes.

A solidariedade ativa é aquela em que há a pluralidade de credores, podendo estes


receberem o pagamento na integralidade. O código civil traz no bojo dos
artigos 267 a 274 algumas regras importantes nesse sentido:

a) Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da


prestação por inteiro (art. 267);

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b) Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, o
devedor poderá pagar a qualquer um deles (art. 268);

c) O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do


que foi pago (art. 269);

d) Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá


direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão
hereditário (a não ser que a obrigação seja indivisível e não possa ser cindida) (art.
270);

e) Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a


solidariedade (art. 271);

f) O credor que tiver perdoado (remitido) a dívida ou recebido o pagamento responderá


aos outros pela parte que lhes caiba (art. 272);

g) O devedor não pode opor, a um dos credores solidários, as exceções pessoais


oponíveis aos outros (art. 273);

h) O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais; já o


julgamento favorável lhes aproveita (a não ser que esteja fundado em exceção pessoal
ao credor que o obteve) (art. 274).

Necessária se faz também a análise das regras cabíveis quando da solidariedade


passiva, em que há a pluralidade de devedores, sendo que poderá o credor exigir, que
um devedor, individualmente, honre com a totalidade da dívida. Neste sentido, os
artigos 275 a 285 do Código Civil:

a) O credor tem o direito de exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial


ou totalmente, a dívida comum (art. 275);

b) Se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados


solidariamente pelo resto (art. 275);

c) Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra


um ou alguns dos devedores (art. 275, parágrafo único);

d) Se um dos devedores solidários morrer deixando herdeiros, nenhum destes será


obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário (salvo se
a obrigação for indivisível); mas todos reunidos serão considerados como um devedor
solidário em relação aos demais devedores (art. 276);

e) O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não
aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou
relevada (art. 277);

f) Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos


devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem
consentimento destes (art. 278);

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g) Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste
para todos o encargo de pagar o equivalente – mas pelas perdas e danos só responde
o culpado (art. 279);

h) Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido
proposta somente contra um – mas o culpado responde aos outros pela obrigação
acrescida (art. 280);

i) O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e
as comuns a todos, não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro codevedor (art.
281);

j) O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os


devedores (art. 282);

k) Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos


demais (art. 282, parágrafo único);

l) O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos
codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o
houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os codevedores (art. 283);

m) No caso de rateio entre os codevedores, contribuirão também os exonerados da


solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente (art.
284);

n) Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá


este por toda ela para com aquele que pagar (art. 285).

O tema é extenso, as regras são pontuais e a melhor forma de assimilar o conteúdo é,


sem dúvida, após o estudo do tema e a leitura da legislação atinente a matéria, praticar
a resolução de questões de provas anteriores, seja da prova da Ordem ou de
concursos públicos. Vejamos alguns exemplos de como o assunto é abordado em
provas:

(OAB – 2010) Acerca das obrigações de dar, fazer e não fazer, assinale a opção
correta.

a) No caso de entrega de coisa incerta, se houver, antes da escolha, perda ou


deterioração do bem, ainda que decorrente de caso fortuito ou força maior, a obrigação
ficará resolvida para ambas as partes.

b) Em caso de obrigação facultativa, o perecimento da coisa devida não implica a


liberação do devedor do vínculo obrigacional, podendo-se dele exigir a realização da
obrigação devida.

c) É divisível a obrigação de prestação de coisa indeterminada.

d) Tratando-se de obrigação de entrega de coisa certa, a obrigação será extinta caso a


coisa se perca sem culpa do devedor, antes da tradição ou mediante condição
suspensiva. Parte inferior do formulário.

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(OAB – 2009) No que se refere às modalidades de obrigações, assinale a opção
correta.

a) O compromisso de compra e venda configura obrigação de dar quando o promitente


vendedor se obriga a emitir declaração de vontade para a celebração do contrato
definitivo, outorgando a escritura pública ao compromissário comprador, depois de
pagas todas as prestações.

b) Caracteriza obrigação de meio o ato de o advogado assumir defender os interesses


dos clientes, empregando seus conhecimentos para obtenção de determinado
resultado; nesse tipo de obrigação, o advogado não fará jus aos honorários
advocatícios quando não vencer a causa.

c) Nas obrigações solidárias passivas, se a prestação se perder, convertendo-se em


perdas e danos, o credor perderá o direito de exigir de um só devedor o pagamento da
totalidade das perdas e danos.

D) A obrigação de dar coisa certa confere ao credor simples direito pessoal, e não real,
havendo, contudo, no âmbito do direito, medidas destinadas a persuadir o devedor a
cumprir a obrigação.

Regras da escolha na obrigação de dar coisa incerta

O elemento prestacional de uma obrigação sempre consistirá em dar, fazer ou não


fazer. Trata-se, portanto, de definir a conduta a que se obrigou o devedor.

Nas obrigações de dar coisa incerta, ou seja, aquelas em que o objeto da prestação é
indeterminado há o instituto da escolha.

Pode-se dizer que a obrigação de dar coisa incerta sempre será transitória. Com efeito,
haverá um momento em que a incerteza em relação ao objeto cessará, transmudando-
se a natureza da obrigação para a de dar coisa certa, ou seja, aquela em que o objeto
da prestação é determinado.

Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.

A escolha é o ato de seleção das coisas constantes da espécie, isto é, a identificação


quanto à qualidade da coisa a ser entregue. E através dela que será definida a
qualidade do objeto.

1ª REGRA: Sujeitos da escolha.

1. Cabe, em regra, ao devedor.

O devedor, naturalmente, é o titular do direito de escolha. O que significa dizer que na


ausência de acordo, presume-se que a escolha cabe ao devedor.

2. Poderá caber ao credor.

São duas as hipóteses em que o direito de escolha será transferido ao credor: quando
o devedor não exercê-lo ao tempo da tradição, ou ainda, quando avençado entre as
partes.

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3. Poderá ficar a cargo de terceiro.

Na hipótese em que ambos os sujeitos da relação obrigacional omitirem-se à escolha,


poderá um terceiro imparcial fazê-la, desde que haja a anuência das partes.

4. Caso o terceiro não queira ou não possa escolher, a escolha será judicial.

Na execução judicial da obrigação de dar coisa incerta, se a escolha couber ao


devedor, este deverá realizá-la no momento da apresentação de sua contestação.

A citação judicial conterá o mandamento de que se providencie a individualização da


coisa. Se a escolha pertencer ao credor, deverá este indica-la em sua petição inicial.

Logo, nos casos em que a situação se judicializar, após a impugnação da escolha,


decorrido o prazo, deverá ser realizada pelo juiz.

2ª REGRA: Objeto da escolha

O objeto a ser escolhido não poderá ser o melhor nem o pior; deve-se guardar o meio-
termo na escolha.

A segunda parte do art. 244 do Código Civil:

“... Mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.”

Exemplo: Antônio deve entregar cinco ovelhas de seu rebanho a José. No caso de a
escolha ficar a cargo de Antônio é natural que escolha as cinco piores ovelhas do
rebanho, enquanto se estivesse a cargo de José, este escolheria as cinco melhores.
Nesse caso, é necessário que se guarde o meio-termo no momento da escolha, ou
seja, as ovelhas a serem escolhidas não deverão ser a melhores, nem tão pouco as
piores.

3ª REGRA: Cientificação

Não importa quem escolhe; as partes devem ser cientificadas para o aperfeiçoamento
da escolha.

Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na seção antecedente.

O ponto em questão é que para que a escolha se aperfeiçoe é imprescindível que seja
dada ciência a outra parte.

Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da
coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.

Por fim, tratando-se de obrigação de dar coisa incerta, não pode o devedor alegar a
perda ou deterioração do objeto, haja vista sua inexistência material.

Logo, só depois de feita a escolha com ciência poderá falar-se em perdas e danos sem
culpa. Não havendo perdas e danos antes da escolha, de acordo com o princípio
“Genus nunquam perit” – o gênero nunca perece.

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QUESTÕES

A quem incumbe a escolha que define a obrigação de dar coisa incerta?

R: Nas obrigações de dar coisa incerta, a escolha, normalmente cabe ao devedor, mas
nada impede que as partes tenham estipulado o contrário, caso em que o credor é
quem poderá fazer a escolha que irá determinar especificamente a obrigação.

Adverte-se que o bom senso deverá prevalecer nessa relação, haja vista que o
devedor da obrigação não pode prestar a pior escolha, nem é obrigado a entregar a
melhor delas. Nesse sentido determina o art. 244 do CC/02:

19
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence
ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a
coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.

Antes da escolha, o devedor não pode alegar perda ou perecimento da coisa, ainda
que sem culpa. Isso porque como ainda não houve a escolha não há como saber qual
foi o objeto específico da obrigação. É o que diz a regra presente no art. 246 do CC/02:

Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da
coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.

Dessa forma, somente após a escolha é que as situações de perda ou deterioração da


coisa serão analisadas. Cumpre ressaltar que após a escolha, as obrigações de dar
coisa incerta se transformam em obrigações de dar coisa certa, seguindo as mesmas
regras quanto à perda ou deterioração com ou sem culpa do devedor.

O que é e como funciona uma obrigação de não fazer?

R: As obrigações de não fazer determinam que o devedor deixe de executar


determinado ato em virtude de um contrato estabelecido entre as partes. É uma
obrigação que se materializa na abstenção de um comportamento que poderia
normalmente ser exercido se não houvesse o contrato entre as partes.

Um exemplo seria o contrato de exclusividade de um artista a uma determinada


emissora de televisão; para garantir a exclusividade, o artista assina um contrato em
que se obriga a não conceder entrevista a outra emissora. A obrigação de não fazer é,
exatamente, se abster de conceder uma entrevista a outra emissora de televisão.

Esse tipo de obrigação, como todas as demais, pode sofrer o descumprimento por
parte do devedor. Nesse caso, quando não há culpa do devedor, a obrigação se
resolve, ou seja, o devedor restitui o valor pago, e a obrigação se extingue.

Quando há culpa por parte do devedor, o credor pode exigir que o devedor desfaça o
ato, ou determina que outro desfaça à custa do devedor, que ainda deverá ressarcir por
perdas e danos.

Em caso de urgência, o credor pode desfazer ou determinar que terceiro desfaça o ato,
independente de autorização judicial, sendo posteriormente ressarcido pelos prejuízos
sofridos. Essas regras estão presentes nos arts. 250 e 251 do CC/02.

O que é uma obrigação de fazer?

R: As obrigações de fazer não dizem respeito à entrega de uma coisa. Esse tipo de
obrigação se materializa no dever de exercer determinada conduta, ou seja,
desenvolver determinado trabalho físico ou intelectual, prestar um tipo de serviço, etc.

Na obrigação de fazer, quando o devedor se recusa a exercer determinada conduta


pela qual se obrigou, a obrigação é convertida em indenização por perdas e danos,
pois não há como de forçar o devedor a cumprir esse tipo de obrigação. Esse fato faz
com as obrigações de fazer se distanciem das obrigações de dar, pois nestas o
devedor pode ser obrigado a entregar a coisa pela qual havia se obrigado, ainda que
contra a sua vontade.

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Em relação às obrigações de fazer, elas podem ser fungíveis ou infungíveis. Serão
fungíveis as obrigações que podem ser prestadas por quem quer que seja, pois o
importante é a obrigação em si, e não quem irá exercê-la. Para exemplificar tem-se a
obrigação do conserto de um carro. Ora, trata-se de obrigação fungível, pois qualquer
oficina tem condições de consertar o carro.

Por outro lado, as obrigações infungíveis são aquelas que não podem ser exercidas por
outra pessoa, senão aquela que se obrigou. Neste tipo de obrigação, o grau maior de
importância baseia-se na pessoa que irá exercer a conduta, e não na obrigação em si.
Um exemplo seria a contratação de um show com o cantor Roberto Carlos. Não
adianta que outro cantor vá realizar o show; o importante é que o cantor Roberto Carlos
realize o show. Por essa impossibilidade de substituição da pessoa que exerce a
obrigação, diz-se que as obrigações infungíveis são intuitu personae.

Quais são as peculiaridades das obrigações de dar dinheiro?

R: A obrigação de dar dinheiro está no rol das obrigações de dar. Essa modalidade de
obrigação ocorre quando o objeto da obrigação for dinheiro em si, como no caso de um
empréstimo, ou quando ocorrer perda ou deterioração no objeto de determinada
obrigação, que enseje a conversão desta em dinheiro.

Sabe-se que a obrigação de dar dinheiro se orienta por diretrizes específicas por se
tratar da moeda nacional.

Nesse sentido vem a tona a diretriz que determina o curso forçado da moeda, que
significa que contratos de direito interno somente podem ser estipulados em moeda
nacional. Mas isso não significa que os contratos que possuam cláusulas determinado
o pagamento em ouro ou moeda estrangeira serão considerados nulos; na realidade, o
que vai ocorrer será a nulidade da referida cláusula e a conversão da obrigação devida
em moeda nacional.

Nesse sentido determina o art. 318 do CC:

Art. 318. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira,


bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional,
excetuados os casos previstos na legislação especial.

Ressalta-se que os únicos contratos que podem ser estipulados em moeda estrangeira
são os contratos de comércio exterior, que seguem as normas do decreto 857/69.

O que ocorre quando uma pessoa é devedora de uma obrigação de dar coisa
certa e a coisa se deteriora (sofre estragos) antes da entrega ao credor?

R: No caso de haver apenas a deterioração da coisa (estragos) sem culpa do devedor,


o credor terá duas escolhas: ou recebe a coisa no estado em que se encontra,
abatendo no preço o valor proporcional aos prejuízos percebidos na coisa, ou não
recebe a coisa, e exige restituição do valor pago acrescido de correção monetária,
conforme a regra presente no art. 235 do CC/02:

Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver
a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.

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Para exemplificar a situação acima descrita retorna-se ao caso colar. Imagina-se que
antes da entrega do colar, este cai no chão, sem culpa do devedor, e perde algumas
pedras. Nesse caso, conforme já fora explicado, o credor pode desfazer o negócio e ter
restituição do seu valor pago, ou aceitar o colar, mesmo faltando algumas pedras,
desde que o devedor faça um abatimento no preço, proporcional ao prejuízo havido na
coisa.

O que é uma obrigação de dar e quais são as suas classificações?

R: As obrigações de dar se traduzem em obrigações positivas, em que o devedor tem o


dever de entregar algo ao credor, transferindo, dessa forma, a propriedade do objeto
devido, que antes se encontrava no patrimônio do devedor.

As obrigações de dar, por sua vez, se subdividem em: obrigações de dar coisa certa
ou de dar coisa incerta, cada qual com suas peculiaridades.

As obrigações de dar coisa certa se referem àquelas em que seu objeto é certo e
determinado. A obrigação, então, se liga diretamente a um objeto específico que não
pode ser trocado por outro.

Já as obrigações de dar coisa incerta também se baseiam na entrega de uma coisa,


só que há uma especificidade: o objeto da obrigação não é certo e determinado; a
obrigação é genérica pela indeterminação do objeto.

As obrigações de dar coisa incerta são determinadas apenas pelo gênero e pela
quantidade. Um exemplo seria a obrigação de dar um celular: a obrigação de dar coisa
incerta pois é uma obrigação de entrega de uma coisa, mas genérica, determinada
somente pelo gênero, que é um aparelho de telefone celular, e a quantidade, que é
uma unidade.

O que ocorre quando o devedor não cumpre uma obrigação de fazer?

R: Quando uma obrigação de fazer não puder ser cumprida, sem haja culpa do
devedor, a obrigação se extingue com a restituição do valor pago ao credor.

Se, por outro lado, houver culpa do devedor, além da restituição do valor a ser pago, o
devedor arcará com o pagamento de indenização por perdas e danos do credor. Nesse
sentido determina o art. 248 do CC/02:

Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-
se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.

Em se tratando de obrigação fungível, ou seja, que pode ser realizada por terceiro, o
credor pode determinar que outro a faça à custa do devedor, diante da demora ou
recusa deste. Essa possibilidade não exclui a indenização que o credor faz jus. Assim é
a regra do art. 249 do CC/02:

Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo
executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da
indenização cabível.

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Se a situação anterior se revestir do caráter de urgência, o credor pode determinar que
terceiro a faça, ainda que sem autorização judicial, sendo que depois o credor será
devidamente ressarcido.

Quais são os elementos das obrigações jurídicas?

R: As obrigações jurídicas apresentam 3 elementos principais: sujeito, objeto e o


vínculo jurídico.

O termo “sujeito” se refere às partes que participam da relação, por exemplo: se a


obrigação for a de pagar um tributo, as partes serão o poder público, de um lado, e o
cidadão contribuinte do outro; já, se a obrigação se originar de um contrato de compra
e venda, as partes serão o comprador e o vendedor que avençaram a compra e venda
de determinado objeto.

O vínculo, por sua vez, se refere à lei, ou ao contrato, que fez surgir a obrigação entre
as partes.

O objeto refere-se ao conteúdo da obrigação, que pode ser o pagamento de uma


quantia em dinheiro, um comportamento, ou entrega de algo, dentre outros,
dependendo da natureza da obrigação.

Em se tratando de obrigação de dar coisa certa, o que acontece se a coisa se


perde ou deteriora por culpa do devedor antes da entrega ao credor?

R: Quando se verifica culpa do devedor, as consequências da perda ou deterioração na


coisa antes da entrega são bem diferentes, pois a lei pretende punir o devedor culpado
que prejudicou a obrigação. Por isso, nesses casos há a figura da indenização por
perdas e danos.

Assim, quando a coisa se perde por culpa do devedor, este fica obrigado a restituir o
preço pago pelo credor, acrescido de correção monetária além das perdas e danos
sofridos pelo não recebimento da coisa. Nesse sentido dispõe o art. 234, segunda parte
do CC/02:

Art. 234 (...) se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente
e mais perdas e danos.

Essa situação pode ser exemplificada no caso da obrigação de entrega de um carro.


Ora, antes da entrega, o devedor alcoolizado, sai com o veículo e acaba batendo se
envolvendo em um acidente, que ocasiona a perda total do veículo.

Nesse caso, o devedor, além de restituir o valor corrigido, deverá indenizar o credor
pelas perdas e danos sofridas, apurados pelo prejuízo efetivamente suportado pelo
credor, bem como o que os lucros que deixou de perceber em virtude da perda da
coisa.

Se, por exemplo, o credor tivesse comprado um carro para transportar uma
mercadoria perecível (de curta conservação) para um cliente seu. Nesse caso, o
devedor deverá restituir o valor corrigido, bem como fazer face aos prejuízos do
contrato que o credor deixou de cumprir.

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Observação importante: quando os prejuízos suportados pelo credor não puderem
ser quantificados, o devedor arcará com a restituição do valor pago corrigido acrescido
de juros.

Quando a coisa apenas se deteriorar por culpa do devedor, o credor também poderá
escolher. Aceita a coisa no estado em que se encontra, com abatimento no preço
acrescido pela indenização por perdas e danos; ou exige a restituição do valor pago,
corrigido também acrescido da indenização de perdas e danos. Essa regra está
prevista no art. 236 do CC/02:

Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a
coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso,
indenização das perdas e danos.

Para fornecer exemplificar resgata-se o caso automóvel. Se em vez de ter sido perda
total, o devedor alcoolizado tivesse apenas amassado o veículo, o credor poderia
receber o carro, no estado em que se encontra com abatimento no preço, ou exigir a
restituição do valor já pago corrigido; lembre-se de que em ambas as hipóteses o
credor tem direito à indenização por perdas e danos.

O que são obrigações patrimoniais e não patrimoniais?

R: É importante dizer que, dentro da órbita das obrigações jurídicas, pode-se distinguir
dois grandes grupos: obrigações patrimoniais e obrigação não patrimoniais.

As obrigações patrimoniais são aquelas que podem ser convertidas em dinheiro, como
no caso do pagamento do tributo ou cumprimento de um contrato, etc.

Já as obrigações não patrimoniais são aquelas que nunca serão convertidas em


dinheiro pela própria natureza da obrigação. Um exemplo seria o dever de fidelidade
entre os cônjuges, o dever de guarda e educação dos filhos pelos pais, o dever do filho
de se submeter ao poder parental exercido pelos pais, dentre outros.

Analise os elementos subjetivos da obrigação.

R: Referem-se aos elementos pessoais, sujeitos ou pessoas envolvidas na relação


jurídica obrigacional, a saber:

a) Sujeito ativo ou credor é o beneficiário da obrigação, pode ser uma pessoa física
ou jurídica, ou ainda um ente despersonalizado tal como espólio, massa falida e, etc, a
quem é devida a prestação. É aquele que tem direito de exigir o cumprimento da
obrigação. É também chamado de accipiens, referindo-se àquele que recebe a
prestação pactuada.

b) Sujeito passivo ou devedor é aquele que assume um dever, na ótica civil, de


cumprir o conteúdo da obrigação, sob pena de responder com o seu patrimônio.
Recomenda-se a utilização da expressão “deveres” que consta no art. 1º do Código
Civil Brasileiro em detrimento do termo obrigações, previsto

No art. 2º do Código Civil Brasileiro de 1916 que fora revogado e está completamente
superado.

24
Prevê expressamente o Código Civil vigente que: “toda pessoa é capaz de direitos e
deveres na ordem civil”. O devedor é também chamado de solvens aquele que paga a
prestação combinada.

Por que podemos considerar a obrigação como relação complexa e dinâmica?

R: Pois é formada de direitos, obrigações e situações jurídicas, compreendendo uma


série de deveres de prestação, de direitos formativos e outras situações jurídicas.

Enfim a obrigação como processo (ou seja, uma série de atos relacionados entre si)
que desde o início se encaminha a uma finalidade à qual se dirige a relação dinâmica.

Além da tradicional perspectiva de subordinação do devedor ao credor existe o bem


comum da relação obrigacional, voltada para o adimplemento de forma mais satisfativa
do credor e menos onerosa ao devedor.

Analise o elemento objetivo ou material da obrigação.

R: Trata-se do conteúdo da obrigação. O objeto imediato da obrigação, é a prestação


que pode ser positiva ou negativa.

Se for positiva, a prestação terá como o conteúdo de entregar coisa certa ou incerta
(obrigação de dar coisa certa, ou de dar coisa incerta) ou dever de cumprir determinada
tarefa (obrigação de fazer).

Sendo negativa, o conteúdo se traduz em abstenção (obrigação não fazer).

A prestação é o fulcro da obrigação, é o seu alvo prático. Distingue-se do dever geral


de abstenção dos direitos reais, porque o dever jurídico de prestar é um dever
específico (que apenas atinge o devedor), enquanto o dever geral de abstenção é um
dever genérico que abrange todos os não titulares do direito (real ou de personalidade).

Já o objeto mediato da obrigação pode ser uma coisa ou uma tarefa a ser
desempenhada, positiva ou negativamente.

Como exemplo de objeto mediato da obrigação, pode ser citado um automóvel ou a


casa em relação a um contrato de compra e venda. Alguns doutrinadores apontam que
o objeto mediato da obrigação ou o objeto imediato da prestação é o bem jurídico
tutelado ou o próprio bem da vida posto em circulação, esse entendimento é bastante
plausível (Gagliano).

Enfim, o elemento imediato é a prestação e o elemento mediato é a coisa, tarefa ou


abstenção, ou seja, o bem jurídico posto em circulação.

Por que é importante o estudo das relações obrigacionais?

R: Tanto as obrigações como o contrato assumem hoje o ponto central do Direito


Privado. Sendo apontados por muitos juristas como um dos mais importantes institutos
jurídicos de todo Direito Civil.

Além de que as normas de Direito das obrigações ser aquelas aplicadas com maior
frequência e, estão em maior quantidade, tanto nas relações diárias entre homens
como também na atividade empresarial.

25
Quais os elementos constitutivos da obrigação?

A) Elementos subjetivos: o credor (sujeito ativo) e o devedor (sujeito passivo).

B) Elemento objetivo imediato: a prestação (que pode ser uma obrigação de dar, de
fazer ou de não fazer).

C) Elemento imaterial, virtual ou espiritual o vínculo existente entre as partes.

Como podemos destacar a função social das obrigações?

Fernando Noronha elenca as três categorias de obrigações: as negociais, as de


responsabilidade civil e de enriquecimento sem causa.

Destacando que na atual sociedade de massas se exige uma acrescida proteção, em


nome da justiça social, daqueles interesses que aglutinam grandes conjuntos de
cidadãos.

E, quanto à boa-fé objetiva, Judith Martins-Costa prega uma nova metodologia quanto
ao direito das obrigações e uma nova construção da relação obrigacional que deve ser
tida como relação de cooperação.

Por que podemos considerar a obrigação como relação complexa e dinâmica?

R: Pois é formada de direitos, obrigações e situações jurídicas, compreendendo uma


série de deveres de prestação, de direitos formativos e outras situações jurídicas.

Enfim a obrigação como processo (ou seja, uma série de atos relacionados entre si)
que desde o início se encaminha a uma finalidade à qual se dirige a relação dinâmica.

Além da tradicional perspectiva de subordinação do devedor ao credor existe o bem


comum da relação obrigacional, voltada para o adimplemento de forma mais satisfativa
do credor e menos onerosa ao devedor.

Qual é a origem da doutrina que faz menção da obrigação como um processo?

R: É referência ao trabalho de Clóvis de Couto e Silva que se inspirou na doutrina


alemã e, ensina que a obrigação deve ser encarada como um processo de contínua
colaboração efetiva entre as partes.

Analise os elementos subjetivos da obrigação.

R: Referem-se aos elementos pessoais, sujeitos ou pessoas envolvidas na relação


jurídica obrigacional, a saber:

a) Sujeito ativo ou credor é o beneficiário da obrigação, pode ser uma pessoa física
ou jurídica, ou ainda um ente despersonalizado tal como espólio, massa falida e, etc, a
quem é devida a prestação. É aquele que tem direito de exigir o cumprimento da
obrigação. É também chamado de accipiens, referindo-se àquele que recebe a
prestação pactuada.

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b) Sujeito passivo ou devedor é aquele que assume um dever, na ótica civil, de
cumprir o conteúdo da obrigação, sob pena de responder com o seu patrimônio.
Recomenda-se a utilização da expressão “deveres” que consta no art. 1º do Código
Civil Brasileiro em detrimento do termo obrigações, previsto no art. 2º do Código
Civil Brasileiro de 1916 que fora revogado e está completamente superado.

Prevê expressamente o Código Civil vigente que: “toda pessoa é capaz de direitos e
deveres na ordem civil”. O devedor é também chamado de solvens aquele que paga a
prestação combinada.

O que é sinalagma obrigacional?

R: Na maioria das vezes as pessoas assumem a posição de credor ou devedor em


uma relação sendo, ao mesmo tempo, credor e devedoras entre si, presente a
proporcionalidade de prestações que é denominada sinalagma conforme ocorre na
compra e venda.

Deveres

O sinalagma é o famoso e popular: “toma lá, dá cá”.

De fato, o sinalagma é equilibrado e quando é quebrado, justifica-se a ineficácia ou a


revisão da obrigação.

A quebra do sinalagma é tida como geradora de onerosidade excessiva, do


desequilíbrio negocial, como o efeito gangorra,

Analise o elemento objetivo ou material da obrigação.

R: Trata-se do conteúdo da obrigação. O objeto imediato da obrigação, é a prestação


que pode ser positiva ou negativa.

Se for positiva, a prestação terá como o conteúdo de entregar coisa certa ou incerta
(obrigação de dar coisa certa, ou de dar coisa incerta) ou dever de cumprir determinada
tarefa (obrigação de fazer).

Sendo negativa, o conteúdo se traduz em abstenção (obrigação não fazer).

A prestação é o fulcro da obrigação, é o seu alvo prático. Distingue-se do dever geral


de abstenção dos direitos reais, porque o dever jurídico de prestar é um dever
específico (que apenas atinge o devedor), enquanto o dever geral de abstenção é um
dever genérico que abrange todos os não titulares do direito (real ou de personalidade).

Já o objeto mediato da obrigação pode ser uma coisa ou uma tarefa a ser
desempenhada, positiva ou negativamente.

Como exemplo de objeto mediato da obrigação, pode ser citado um automóvel ou a


casa em relação a um contrato de compra e venda. Alguns doutrinadores apontam que
o objeto mediato da obrigação ou o objeto imediato da prestação é o bem jurídico
tutelado ou o próprio bem da vida posto em circulação, esse entendimento é bastante
plausível (Gagliano).

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Enfim, o elemento imediato é a prestação e o elemento mediato é a coisa, tarefa ou
abstenção, ou seja, o bem jurídico posto em circulação.

O que será indispensável para que a obrigação seja válida juridicamente?

R: A presença de todos os elementos mencionados, incluindo a prestação e seu


objeto, deve ser lícitos, possíveis (física e juridicamente) determinados, ou pelo menos
determináveis e, por fim, ter forma prescrita e não defesa em lei.

(cf. Art. 104 do C. C.)

A violação dessas regras gera a nulidade da relação obrigacional, sendo aplicado o art.
166 do C. C.

A partir dos seus elementos fundamentais quais as quatro características


fundamentais da obrigação?

São:

a) Patrimonialidade – posto que a obrigação deve ser avaliável m dinheiro, ou em


valor (conteúdo econômico).

b) Mediação ou colaboração devida - uma vez que o credor não pode exercer direta
e imediatamente o seu direito, necessitando da colaboração do devedor para obter a
satisfação do seu interesse;

c) A relatividade - posto que gera efeitos somente entre seus participantes;

d) A autonomia – pela existência de uma disciplina própria dentro do Direito Civil, qual
seja o Direito das Obrigações.

Com relação à patrimonialidade a tendência contemporânea de associar o conteúdo da


obrigação a valores existenciais relativos à dignidade humana (o que traduz a
personalização do direito civil).

Assim são os contratos que trazem como conteúdo valores como a saúde, a moradia
entre outros que são protegidos pela Constituição Federal de 1988 (art. 6º).

Por isso, o descumprimento da obrigação pode gerar danos morais na esteira do


Enunciado 411 aprovado na V Jornada de Direito Civil, realizada pelo CJF em
novembro de 2011.

Analise o elemento imaterial da obrigação.

R: Trata-se do vínculo jurídico obrigacional, ou seja, o elo que sujeita o devedor a


determinada prestação (seja positiva ou negativa) em favor do credor, constituindo um
liame jurídico que une as partes envolvidas.

A melhor definição desse vínculo consta no art. 391 do Constituição Civil, com a
previsão de que todos os bens do devedor respondem no caso de inadimplemento da
obrigação.

28
Tal dispositivo consagra a responsabilidade patrimonial do devedor, sendo certo que a
prisão civil por dívidas não constitui regra em nosso ordenamento jurídico, mas
exceção.

Atualmente só é cabível a prisão civil em casos de inadimplemento voluntário e


inescusável de obrigação alimentícia.

O STF afastou a possibilidade de prisão civil por dívida de depositário infiel, havendo
depósito típico, atípico ou judicial.

Conclui-se que a EC45/2004 deu aos tratados internacionais de direitos humanos


o status constitucional ou supre legal. O Brasil é signatário da Convenção
Interamericana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) que proíbe a
prisão civil por descumprimento obrigacional ou contratual.

Por fim, o STF editou a Súmula Vinculante nº 25 que expressou ser ilícita a prisão civil
do depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.

Como podemos situar o bem de família em face da responsabilidade patrimonial


do devedor?

R; Cabe analisar o art. 391 do C. C.[1] em conjunto com os arts. 389 e 390 que
consagram a responsabilidade civil contratual ou negocial presente nos casos em que
uma obrigação assumida por uma das partes não é cumprida.

O art. 389 do C. C. É aplicável aos casos de obrigação positiva (de dar e de fazer)
enquanto que o art. 390 do C. C. No caso de obrigação negativa.

Para denotar a responsabilidade civil contratual não devem ser utilizados os arts. 186 e
927 do C. C., pois tais dispositivos se referem à responsabilidade civil extracontratual
ou aquiliana.

Ainda prevalece em doutrina a visão clássica de divisão clássica (em contratual e


extracontratual). Adverte-se, contudo, que a tendência é a unificação do tema conforme
ocorreu no CDC.

O teor do art. 391 do C. C. Aponta que todos os bens do devedor, sendo integral a
responsabilidade que abrange todos os bens do devedor.

Mas é notório que existem alguns bens do devedor que estão protegidos posto que
sejam reconhecidos como impenhoráveis. Melhor redação apresenta o
art. 591 do CPC[2] que ressalva as restrições estabelecidas em lei.

Podemos ver que o bem de família conta com dupla proteção em nosso sistema
jurídico, eis que o Código Civil vigente protege o bem de família voluntário e o
convencional (arts. 1.711 ao art. 1.722[3]) enquanto que a Lei 8.009/90 ampara
particularmente o bem de família legal.

Também o CPC em seu art. 649 alterado pela Lei 11.382/2006[4] consagra os bens
que são absolutamente impenhoráveis.

Com destaque que o último inciso do art. 649 do CPC protege os valores depositados
em caderneta de poupança.

29
Com a inspiração no mínimo patrimonial para que a pessoa viva com dignidade de
acordo com o estatuto jurídico do patrimônio mínimo, de Luiz Edson Fachin.

Sobre o elemento intencional obrigacional, deve-se compreender que está superada a


teoria monista ou unitária da obrigação que seria consubstanciada por um único
elemento: o vínculo jurídico que une a prestação e os elementos subjetivos.

Prevalece atualmente na doutrina contemporânea a teoria dualista ou binária de origem


alemã, na qual a obrigação é concebia a partir do estudo de dois elementos básicos da
obrigação: o débito (schuld) e a responsabilidade (haftung).

Schuld é o dever legal cumprir com a obrigação, o dever existente por parte do
devedor. Havendo o adimplemento da obrigação surgirá apenas esse conceito.

Mas, por outro lado, se a obrigação não é cumprida, surgirá


o haftung (responsabilidade).

Pode-se utilizar como sinônimos de schuld, a palavra latina debitum e de haftung, a


palavra obligatio.

É possível identificar uma situação em que há schuld sem haftung, ou


seja, debitum sem obligatio é o caso da obrigação natural, que apesar de existente
não, pode ser exigida posto que seja uma obrigação incompleta.

Exemplificando:

A dívida prescrita que pode ser paga nas não pode ser exigida ou cobrada. Mas se
paga não poderá solicitar a repetição de indébito (art. 882 C. C.[5])

Haverá haftung sem schuld, ou seja, obligatio sem debitum na fiança, garantia pessoal
prestada por alguém (fiador) em relação a determinado credor.

O fiador assume a responsabilidade, mas a dívida é de outra pessoa. O contrato de


fiança é pactuado entre o fiador e o credor. E pode até ser celebrado sem
consentimento do devedor e até mesmo contra a sua vontade (art. 820 do C. C.).

Analise os conceitos de dever jurídico e responsabilidade no direito das


obrigações.

R: O conceito de dever jurídico é o mais amplo de todos e, está inserido em regra geral
no conceito de obrigação.

O dever jurídico se contrapõe ao direito subjetivo sendo o primeiro constituído por uma
situação passiva que se caracteriza pela necessidade do devedor observar certo
comportamento, compatível com o interesse do titular do direito subjetivo.

Dever jurídico é comando imposto pelo direito objetivo, dirigido a todas as pessoas
para observaram certas conduta, sob pena de sanção pelo não cumprimento.

Dever jurídico engloba não só as relações obrigacionais ou de direito pessoal, mas


também aquelas de natureza real relacionada com o Direito das Coisas.

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Mas, pode surgir também no Direito de Família, Direito das Sucessões, Direito da
Empresa e os direitos de personalidade. Seja no direito privado ou no público.

A ideia de obrigação refere-se ao dever oriundo à relação jurídica creditória (pessoal,


obrigacional).

Em correspondência a este dever de prestar estará o direito subjetivo à prestação (do


credor), que se violado, em caso de inadimplência por parte do devedor, admitirá que o
credor busque no patrimônio do devedor o necessário para a satisfação compulsória,
ou à reparação do dano causado, se este for o caso.

Responsabilidade surge apenas quando a obrigação não é cumprida.

Analise os conceitos de ônus e estado de sujeição no direito das obrigações.

R: Ônus jurídico consiste na necessidade de observar determinado comportamento


para a obtenção ou conservação de uma vantagem para o próprio sujeito e não para a
satisfação de interesses alheios.

É a necessidade de agir de certo modo par a tutela de interesses próprios.

São exemplos de ônus: levar o contrato ao registro de títulos e documentos para ter
validade perante a terceiros; inscrever o contrato de locação no registro de imóveis,
para impor a sub-rogação ao adquirente do prédio.

O desrespeito do ônus gera consequências somente para aquele que o detém. O ônus
da prova ex vi o art. 333, I do CPC[6].

É na definição de direito potestativo que se pode encontrar o conceito do estado de


sujeição.

Direito potestativo é o poder que a pessoa tem de influir na esfera jurídica de outrem,
sem que este possa fazer algo que não se sujeitar. Opera na esfera jurídica alheia sem
que tenha algum dever cumprir.

O exercício do direito potestativo pelo seu titular fará com aquele outro se sujeite às
consequências advindas das alterações produzidas.

Exemplificando:

Estado de sujeição ou situação jurídico com quem ajusta o contrato por prazo
indeterminado está sujeito a vê-lo denunciada a qualquer momento pelo outro
contratante;

Quem recebe mandato se subordina à vontade do mandante de cassar a outorga a


qualquer momento;

Quem é condômino se sujeita à pretensão de divisão de quaisquer outros comunheiros;


quem é vizinho de prédio encravado se sujeita a permitir passagem sobre seu terreno,
quando lhe exigir o confinante.

Não há saída, no estado de sujeição. É o caso dos impedimentos matrimoniais, as


causas de anulabilidade do casamento e, etc...

31
Quais são as fontes obrigacionais no direito brasileiro?

R: a) Lei; b) Contratos; c) Os atos ilícitos e abuso de direito. D) Os atos unilaterais (tais


como promessa de recompensa, confissão de dívida, gestão de negócios, do
pagamento indevido e do enriquecimento sem causa); e) Títulos de crédito.

Sobre os atos unilaterais como uma das fontes de direito obrigacional, enumere-
os e dê sua respectiva fundamentação jurídica.

R: Uma vez emitida a declaração de única parte, formando-se a obrigação no instante


em que o agente se manifesta com a intenção de assumir um dever obrigacional.

O Código Civil brasileiro prevê expressamente os seguintes atos unilaterais:

a) Promessa de recompensa (arts. 854 ao 860 do C. C.);

b) Gestão de negócios (arts. 861 ao 875 do C. C.);

c) Pagamento indevido (arts. 876 ao 883 do C. C.);

d) Enriquecimento sem causa (arts. 884 ao 886 do C. C.).

Quais são os requisitos para existir promessa de recompensa válida?

R: a) Capacidade civil plena da pessoa que emite a declaração de vontade;

b) Licitude e possibilidade do objeto;

c) o ato de publicidade.

É possível a revogação de promessa de recompensa?

R: Sim, conforme prevê o art. 856 do C. C. Sendo possível a revogação antes de


prestado serviço ou preenchida a condição e desde que seja feita com a mesma
publicidade que fora feita a declaração.

Se for fixado um prazo para a execução da tarefa haverá, em regra, renúncia ao direito
de revogação na vigência desse prazo.

Qual é o conceito contemporâneo de gestão de negócios?

R: É a atuação de um indivíduo, sem autorização do interessado, na administração de


negócio alheio, segundo o interesse, e vontade presumível de seu dono, assumindo
responsabilidade civil perante este e as pessoas com que tratar.

A gestão traduz-se numa atuação sem poderes, sem ter recebido expressamente
poderes, sem ter recebido expressamente a incumbência.

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Há um quase contrato. O gestor não tem direito a qualquer remuneração pela atuação
(negócio jurídico benévolo) e deve agir de acordo com a vontade presumível do dono
do negócio, sob pena de responsabilização civil.

[1] Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais
juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e
honorários de advogado.

Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia
em que executou o ato de que se devia abster.

Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.

[2] Art.5911 - O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com


todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei.

[3] Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou
testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que
não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição,
mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em
lei especial.

Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por testamento
ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de ambos os
cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada.

Art. 1.712. O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas
pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e
poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do
imóvel e no sustento da família.

Art. 1.713. Os valores mobiliários, destinados aos fins previstos no artigo antecedente,
não poderão exceder o valor do prédio instituído em bem de família, à época de sua
instituição.

§ 1º Deverão os valores mobiliários ser devidamente individualizados no instrumento


de instituição do bem de família.

§ 2º Se se tratar de títulos nominativos, a sua instituição como bem de família deverá


constar dos respectivos livros de registro.

§ 3º O instituidor poderá determinar que a administração dos valores mobiliários seja


confiada a instituição financeira, bem como disciplinar a forma de pagamento da
respectiva renda aos beneficiários, caso em que a responsabilidade dos
administradores obedecerá às regras do contrato de depósito.

Art. 1.714. O bem de família, quer instituído pelos cônjuges ou por terceiro, constitui-se
pelo registro de seu Título no Registro de Imóveis.

Art. 1.715. O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua
instituição, salvo as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de
condomínio.

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Parágrafo único. No caso de execução pelas dívidas referidas neste artigo, o saldo
existente será aplicado em outro prédio, como bem de família, ou em títulos da dívida
pública, para sustento familiar, salvo se motivos relevantes aconselharem outra
solução, a critério do juiz.

Art. 1.716. A isenção de que trata o artigo antecedente durará enquanto viver um dos
cônjuges, ou, na falta destes, até que os filhos completem a maioridade.

Art. 1.717. O prédio e os valores mobiliários, constituídos como bem da família, não
podem ter destino diverso do previsto no art. 1.712 ou serem alienados sem o
consentimento dos interessados e seus representantes legais, ouvido o Ministério
Público.

Art. 1.718. Qualquer forma de liquidação da entidade administradora, a que se refere o


§ 3º do art. 1.713, não atingirá os valores a ela confiados, ordenando o juiz a sua
transferência para outra instituição semelhante, obedecendo-se, no caso de falência,
ao disposto sobre pedido de restituição.

Art. 1.719. Comprovada a impossibilidade da manutenção do bem de família nas


condições em que foi instituído, poderá o juiz, a requerimento dos interessados,
extingui-lo ou autorizar a sub-rogação dos bens que o constituem em outros, ouvidos o
instituidor e o Ministério Público.

Art. 1.720. Salvo disposição em contrário do ato de instituição, a administração do bem


de família compete a ambos os cônjuges, resolvendo o juiz em caso de divergência.

Art. 1.721. A dissolução da sociedade conjugal não extingue o bem de família.

Parágrafo único. Dissolvida a sociedade conjugal pela morte de um dos cônjuges, o


sobrevivente poderá pedir a extinção do bem de família, se for o único bem do casal.

Art. 1.722. Extingue-se, igualmente, o bem de família com a morte de ambos os


cônjuges e a maioridade dos filhos, desde que não sujeitos a curatela.

[4] Art. 649 - São absolutamente impenhoráveis:

I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;

II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do


executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns
correspondentes a um médio padrão de vida; (Alterado pela L-011.382-2006)

III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de


elevado valor; (Alterado pela L-011.382-2006)

IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de


aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade
de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de
trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no
§ 3º deste artigo; (Alterado pela L-011.382-2006)

34
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros
bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão; (Alterado pela L-
011.382-2006)

obs. Dji. Grau.5: Legitimidade - Penhora da Sede do Estabelecimento Comercial -


Súmula nº 451 - STJ

VI - o seguro de vida; (Alterado pela L-011.382-2006)

VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem


penhoradas; (Alterado pela L-011.382-2006)

VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela
família; (Alterado pela L-011.382-2006)

IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação


compulsória em educação, saúde ou assistência social; (Alterado pela L-011.382-2006)

X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta


de poupança. (Alterado pela L-011.382-2006) (Acrescentado pela L-007.513-1986)

XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos, nos termos da lei, por partido
político. (Acrescentado pela L-011.694-2008)

[5] Art. 882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou
cumprir obrigação judicialmente inexigível.

[6] Art. 333 - O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu
direito;

II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do


autor.

Parágrafo único - É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da prova
quando:

I - recair sobre direito indisponível da parte; II - tornar excessivamente difícil a uma


parte o exercício do direito.

35
RESOLUÇÕES QUESTÕES DIREITODAS OBRIGAÇÕES: - Verdadeiro
ou Falso

Marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as afirmativas falsas:

1) Ficará sem efeito a quitação presumida pela entrega do título ao devedor se o credor
provar, em trinta dias, a falta do pagamento.

R: FALSA! O erro está em “trinta dias”, haja vista o prazo decadencial ser de 60
(sessenta) dias. Assim prevê o art. 324 do Código Civil: “A entrega do título ao devedor
firma a presunção do pagamento. Parágrafo único – Ficará sem efeito a quitação assim
operada se o credor provar, em sessenta dias, a falta do pagamento”. Logo, ter-se-á
uma presunção relativa da quitação pelo período de sessenta dias, admitindo-se prova
em contrário, transcorrido o prazo decadencial, falar-se-á, por hora, na presunção
absoluta de quitação quando, por consequência, se dará por extinta a obrigação.

2) O pai em relação ao filho menor impúbere é exemplo de representante legal, sendo


considerado também accipiens.

R: VERDADEIRA! Pela regra do art. 308 do Código Civil, efetuar-se-á o pagamento ao


credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer após ulterior ratificação
ou reversão em seu proveito. Ademais, por disposição da lei, em casos de
incapacidade absoluta, será o incapaz devidamente representado, primeiramente por
seus pais, os quais exercem o poder familiar.

3) Dívida portable é aquela na qual compete ao credor receber o objeto da obrigação


no domicílio do devedor.

R: FALSA! Quanto ao lugar do pagamento, fala-se, pelo exposto acima, na


dívida querable (quesível), onde cumprir-se-á a obrigação no domicílio do devedor.
Prevê o art. 327 do Código Civil que, por via de regra, “efetuar-se-á o pagamento no
domicílio do devedor [...]”, atendo-se que, por assim ser, pode haver disposição
contratual em contrário, pelo teor do mesmo dispositivo, que assim sucede: “[...] salvo
se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da
natureza da obrigação ou das circunstâncias”. Dívida portable (portável) seria o oposto,
onde então dar-se-á o adimplemento no domicílio do credor. E, em havendo atraso,
estaria o devedor em mora, e não o contrário (o credor) como no narrado acima.

4) São anuláveis as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira,


bem como para compensar a diferente entre o valor desta e o da moeda nacional,
excetuados os casos previstos na legislação especial.

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R: FALSA! A afirmativa segue idêntica ao enunciado legal exposto ao códex privado,
com exceção ao fato de que tal negócio jurídico, celebrado com moeda diversa da
nacional (ou ouro), será nulo de pleno direito. Diz o teor do art. 318 do Código Civil:
“São NULAS as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem
como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional,
excetuados os caos previstos na legislação especial”.

5) A perda da garantia real ou fidejussória apresentada pelo devedor implica no


vencimento antecipado e imediato da obrigação.

R: FALSA! Não haverá propriamente o vencimento antecipado/imediato, mas sim o


direito do credor de, in casu, cobrar a dívida antes de esta se dar por vencida.
Outrossim, pelo teor do art. 333 do Código Civil: “Ao credor assistirá o direito de cobrar
a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste Código: [...]
"III – se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito,
fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforça-las”. Logo, pelo que
bem se observa, antes de qualquer coisa, deverá o devedor ser notificado/intimado,
negando-se reforçar a garantia prestada (real ou fidejussória) que tornou-se insuficiente
ou que cessou, terá o credor o direito de realizar a cobrança antes do termo avençado
para pagamento. Pelo parágrafo único do dispositivo normativo indigitado, “[...] se
houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros
devedores solventes”.

6) Para impedir que o terceiro que efetua o pagamento da dívida tenha direito a exigir
posteriormente contra o devedor (originário) o ressarcimento do valor pago, poderá o
devedor apresentar oposição consistente em meios jurídicos para impedir a cobrança
do credor.

R: VERDADEIRA! Se terceiro paga a dívida, em oposição ou desconhecimento pelo


devedor originário, o qual tinha meios para ilidir a cobrança (v.g. exceção de
prescrição, vício de consentimento, vício social), não ficará tal devedor (originário)
obrigado ao reembolso dos valores despendidos pelo terceiro que assim o fez, ex vi do
art. 306 do Código Civil.

Art. 306 do Código Civil: “O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou
oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha
meios para ilidir a ação”.

7) As obrigações personalíssimas não admitem o pagamento efetuado por terceiro.

R: VERDADEIRA! Pela expressão personalíssimas, somente a pessoa do devedor é


quem pode adimpli-las, logo, possuem caráter intuito personae. Exemplo é a obrigação
de fazer infungível, onde, em razão do caráter personalíssimo o qual possui, somente a
pessoa do devedor é quem pode efetivar o cumprimento. Ad argumentandum, se pode
trazer a exemplo o negócio jurídico personalíssimo, pois nessa categoria de negócios
jurídicos, depender-se-á de condição especial de um dos sujeitos nele envolvidos.
Outrossim, importantíssimo observar que obrigações em que importem a transmissão
de um direito real, poderão ser pagas, via de regra, tão somente pelo titular do
respectivo direito (real) - art. 307, caput, CC/2002.

8) Aquele que efetua o pagamento da dívida de uma amiga íntima será considerado
terceiro interessado em razão da amizade existente.

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R: FALSA! O interesse o qual a legislação se olvida é o interesse jurídico, logo, não há
de se falar em interesse afetivo, como nos moldes do caso em tela. No máximo, pela
amizade existente, será terceiro não interessado que, ou paga a dívida em nome e à
conta do devedor, quando terá direito à reembolso e sub-rogar-se-á nos direitos do
credor (art. 346, CC), ou o paga em nome próprio, quando faz jus somente ao
ressarcimento do valor despendido, não havendo de se falar em sub-rogação (art.
305, caput, CC).

9) Usiminas S/A é credora da quantia de R$ 500.000,00 em relação às


empresas Casas Ceará Ltda. e Lojas Quilombo Ltda., devedoras solidárias, cujo
vencimento da dívida está previsto contratualmente para o dia 16/07/2018 [modifiquei –
original: 2016], tendo sido decretada a falência da empresa Casas Ceará Ltda. na data
de hoje. Neste caso, poderá o credor (a empresa credora) cobrar a dívida
imediatamente e antes do seu vencimento, inclusive em relação à Lojas Quilombo
Ltda., em razão da solidariedade.

R: FALSA! Somente a empresa Casas Ceará Ltda. teve sua falência decretada, onde
eventualmente, instaurar-se-á o procedimento do concurso de credores. Logo, já que
não vencida ainda a obrigação “em relação a outra empresa devedora”, mesmo que
solidárias, não poderá a dívida ser cobrada face à esta. Assim prevê o
art. 333, parágrafo único, do Código Civil: “[...] se houver, no débito, solidariedade
passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes”.

10) Na consignação em pagamento extrajudicial, se o credor, notificado, não manifestar


recusa em trinta dias, será considerada extinta a obrigação.

R: FALSA! O prazo é de 10 (dez) dias, conforme expressa previsão ao art. 539, § 1º,
do NCPC. Aduz o art. 539, do Código de Processo Civil:

“Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de
pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.

§ 1º - Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em


estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento,
cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10
(dez) dias para a manifestação de recusa.

§ 2º - Decorrido o prazo do § 1\o, contado do retorno do aviso de recebimento, sem a


manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à
disposição do credor a quantia depositada.

§ 3 - Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, poderá


ser proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação, instruindo-se a inicial com
a prova do depósito e da recusa.

§ 4º - Não proposta a ação no prazo do § 3º, ficará sem efeito o depósito, podendo
levantá-lo o depositante.”

11) Na assunção de dívida, o consentimento expresso do devedor é condição para a


sua validade.

R: FALSA! O consentimento expresso do CREDOR é condição para validade da


cessão de débito, ora pois, não há sequer sentido lógico-jurídico em dizer que o

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devedor teria que consentir com algo que ele mesmo expressa plena vontade em
realizar/celebrar. Prevê o art. 299 do Código Civil: “É facultado a terceiro assumir a
obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o
devedor primitivo, salvo se aquele (o terceiro que assumiu), ao tempo da assunção, era
insolvente e o credor o ignorava. Parágrafo único – Qualquer das partes pode assinar
prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu
silêncio como recusa.”

12) Na cessão de crédito, as garantias prestadas por terceiros somente permanecerão


em relação ao cessionário se houver concordância daqueles.

R: FALSA! Seria do contrário, pois deveria haver previsão expressa para não se
abranger as garantias (e demais acessórios). Pois, por expressa previsão legal, do
art. 287 do Código Civil: “Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito
abrangem-se todos os seus acessórios”.

13) Mesmo tendo aceitado a assunção da dívida por terceiro, se o novo devedor era
insolvente na época da assunção e o credor desconhecia, esta assunção não terá
validade em relação ao credor.

R: VERDADEIRA! Perfeitamente correto, secundum legem. Prevê o art. 299, caput,


do Código Civil que terceiro pode assumir a obrigação do devedor, após ter consentido
expressamente o cedido (credor). Entretanto, se o cessionário (novo devedor) era
insolvente na época da assunção e o cedido (credor) ignorava o fato, perderá a
assunção a validade em relação a este.

14) É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento


expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo
da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.

R: VERDADEIRA! Inicialmente, esta assertiva, in fine, por estar plenamente correta,


responde a assertiva retro, ratificando a veracidade que se constatara. Doutro ponto,
está exatamente na literalidade do art. 299 do Código Civil.

15) O terceiro não interessado, que paga a dívida em nome do devedor, tem direito a
reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor.

R: FALSA! Pois, só não se sub-roga o terceiro não interessado que efetua o


adimplemento do débito em seu próprio nome (sem prejuízo ao direito de reembolso do
que pagar). Aquele que, ou interessado, ou não interessado que o paga em nome e à
conta do devedor, sub-roga-se legalmente nos direitos do credor (arts. 346 e 349,
do CC).

16) Na cessão de crédito o cedente somente fica responsável pela solvência do


devedor se houver cláusula contratual neste sentido.

R: VERDADEIRA! Pois, via de regra, a cessão é pro soluto, sendo pro


solvendo somente em disposição expressa neste sentido, a teor dos arts. 296 e 297,
ambos do Código Civil, respectivamente. Assim prevê a norma em referência –
art. 296, CC: “Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência
do devedor”; art. 297, CC: “O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do
devedor, não reponde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas

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tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a
cobrança”.

17) Sendo a quitação dos juros sem reserva do capital, este presume-se pago.

R: FALSA! A assertiva está invertida, pelo teor do art. 323 do Código Civil: “Sendo a
quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se pagos”. Ora pois, não
faria sentido dar-se quitação somente aos frutos civis, bens acessórios, como o é o
instituto dos juros, e extinguir a obrigação principal por essa decorrência. Contrario
sensu, seria plenamente possível, pois quitando-se (diretamente) o capital em realizado
o adimplemento de um mútuo, por exemplo, presumir-se-á quitados os juros, que são
meros rendimentos daí decorrentes.

18) Na cessão de crédito por título oneroso, o cedente, ainda que não se
responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em
que lhe cedeu, desde que tenha procedido de má-fé.

R: FALSA! Independente do princípio da bona fides, o cedente, quanto cede o crédito


a título oneroso (vende o crédito que lhe pertence), sempre responderá ao cessionário
pela existência desse até o momento da cessão. Doutro lado, se a cessão houver sido
celebrada à título gratuito (doa o crédito que lhe pertence), somente será
responsabilizado na forma mencionada quando proceder de má-fé. Diz o
art. 295 do Código Civil: “Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se
responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em
que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se
tiver procedido de má-fé”.

19) Na cessão de crédito, o cedente, responsável ao cessionário pela solvência do


devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros;
mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito
com a cobrança.

R: VERDADEIRA! Fala-se aqui na cessão pro solvendo, aquela em que o cedente é


responsável ao cessionário pela solvência do devedor, eximindo-se das
responsabilidades decorrentes do vínculo obrigacional somente quando efetuado o
pagamento pelo cedido (devedor), lembre-se de que deve haver previsão expressa
nesse sentido. Outrossim, a assertiva está em plena literalidade ao art. 297 do Código
Civil.

20) O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor,


não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação.

R: VERDADEIRA! Conforme já se disse à questão de n. 6, linhas anteriores, se o


devedor tinha meios para impedir a cobrança, alegando fato extintivo do direito do
autor, numa demanda, como o é a decadência, por exemplo, e mesmo assim o terceiro
efetua o pagamento, não terá direito à reembolso, pela inteligência do art. 306
do códex privado.

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