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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS – CCSO


DEPARTAMENTO DE DIREITO
DIREITO CIVIL II – OBRIGAÇÕES

OBRIGAÇÕES: modalidades conforme a legislação pátria

SÃO LUÍS – MA
2020
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 3

2 DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 3


2.1 CONCEITO 3
2.2 FONTES 4
2.3 ELEMENTOS 5

2.4 MODALIDADES 6

2.5 EXTINÇÃO 6

3 CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 7

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 8

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 9

1 INTRODUÇÃO
O estudo em tela tem por objetivo precípuo trazer uma reflexão acerca da
teoria geral das obrigações de modo a contextualizar a temática sob a égide de seus
principais elementos, modalidades, vínculos, suas classificações bem como apontar
os principais desdobramentos na conjuntura da lei brasileira. Quando se fala em
obrigação, há dois tipos principais, aquelas caracterizadas como obrigações
jurídicas e aquelas não jurídicas. As primeiras têm como elemento constitutivo
primordial a intervenção do Estado, enquanto as segundas não possuem este fator.
O presente estudo ater-se-à às obrigações em sentido jurídico.
Antes de iniciar a discussão acerca da temática proposta, é importante
destacar que na relação obrigacional há duas figuras importantes: o credor e o
devedor. A compreensão dessas duas figuras influencia no entendimento do Direito
das obrigações. No que se refere às fontes, o direito obrigacional possui três
gêneses: a Lei, o Contrato e o Ato ilícito. Um exemplo da fonte legislativa é a
obrigação alimentícia na qual o pai, ou a mãe tem a obrigação de prover o sustento
da prole. No tocante ao contrato, há uma infinidade de obrigações provenientes e
pode ser verbal ou assinado em papel.
A pesquisa está compendiada em três partes principais. Na primeira, buscou-
se trazer os conceitos iniciais acerca do direito das obrigações como conceito,
fontes, elementos, modalidades, extinção e transmissão. Posteriormente, trouxe-se
a classificação das obrigações consoante as principais doutrinas adotadas no país.
E, por fim, alguns conceitos extras que complementam o entendimento da temática
obrigacional como arbitragem, inadimplemento e perdas e danos.

2 DIREITO DAS OBRIGAÇÕES


Como já dito, a temática em questão possui duas figuras principais, o credor e
o devedor. Ao estudo das relações jurídicas entre esses dois personagens dedica-se
o direito das obrigações. Larrouse (2004) traz que a palavra obrigação vem do latim
Obligatio Obligationis e representa a ação de obrigar. Obrigar no sentido de
vinculação jurídica na qual alguém possui obrigatoriedade de dar, fazer ou não fazer
algo em proveito de outrem.
2.1 CONCEITO
Werner (2014), inicialmente, conceitua relação jurídica como uma vida em
sociedade que tem o reconhecimento e atuação do Direito. O autor também salienta
o que já foi descrito como dois personagens primordiais da relação obrigacional: o
sujeito passivo, “que é a pessoa que está adstrita a realizar determinada atividade
(dar, fazer ou não-fazer algo)” (WERNER, 2014, p. 4) e o sujeito ativo, “que é a
pessoa que tem a prerrogativa de exigir a realização da atividade e que pode, face à
recusa, contar com a intervenção do Estado em seu favor” (WERNER, 2014, p. 4).
Gonçalves (2011, p. 427) conceitua o direito das obrigações como:
Consiste num complexo de normas que rege relações jurídicas de ordem
patrimonial, as quais têm por objeto prestações de um sujeito em proveito
de outro. Disciplina as relações jurídicas de natureza pessoal, visto que seu
conteúdo é a prestação patrimonial, ou seja, a ação ou omissão do devedor
tendo em vista o interesse do credor, o qual, por sua vez, tem o direito de
exigir o seu cumprimento, podendo, para tanto, movimentar a máquina
judiciária, se necessário2 . Na verdade, as obrigações se caracterizam, não
tanto como um dever do obrigado, mas como um direito do credor. A
principal finalidade do direito das obrigações consiste exatamente em
fornecer meios ao credor para exigir do devedor o cumprimento da
prestação.

Seguindo essa trajetória, Álvaro Villaça Azevedo (2000) aponta que um


conceito contemporâneo de obrigação se baseia em uma relação jurídica temporária
que parte de ordem econômica e extrai um vínculo entre credor e devedor cujo
adimplemento de determinada prestação possui a restituição do patrimônio de outro.
Já Gagliano e Pamplona Filho (2003) partem de um princípio muito mais amplo onde
há a observância do cumprimento, de maneira espontânea ou coativa, de uma
prestação patrimonial. Já tendo em vista um conceito clássico, Monteiro (1979)
apresenta o direito das obrigações como o adimplemento do devedor através do
seu patrimônio em favor do credor.
Nessa perspectiva, para finalizar a parte conceitual, traz-se o conceito de
direito das obrigações para Nelson Rosenvald (2005, p. 204):
A obrigação deve ser vista como uma relação complexa, formada por um
conjunto de direitos, obrigações e situações jurídicas, compreendendo uma
série de deveres de prestação, direitos formativos e outras situações
jurídicas. A obrigação é tida como um processo – uma série de atos
relacionados entre si –, que desde o início se encaminha a uma finalidade: a
satisfação do interesse na prestação. Hodiernamente, não mais prevalece o
status formal das partes, mas a finalidade à qual se dirige a relação
dinâmica. Para além da perspectiva tradicional de subordinação do devedor
ao credor existe o bem comum da relação obrigacional, voltado para o
adimplemento, da forma mais satisfativa ao credor e menos onerosa ao
devedor. O bem comum na relação obrigacional traduz a solidariedade
mediante a cooperação dos indivíduos para a satisfação dos interesses
patrimoniais recíprocos, sem comprometimento dos direitos da
personalidade e da dignidade do credor e devedor.

2.2 FONTES
Para falar das fontes do direito obrigacional é importante compreender alguns
conceitos. Entre eles, o princípio da imputabilidade e da teoria dualista das
obrigações. Este último princípio diz respeito há uma prestação que se dá por parte
do sujeito que se colocou nesse processo visando uma realização nos modelos
legais ou com caráter de acordo ou pacto. Isto é, quem der causa ao acontecimento
de inadimplência deverá promover adimplemento a quem causou prejuízo seja com
seu patrimônio ou quaisquer outros bens jurídicos respeitando a proporcionalidade
desse bem. Já acerca da Teoria Dualista das obrigações, entende-se que há dois
fatores intrínsecos ao vínculo das obrigações. Ambos podem ser resumidos como
débito e responsabilidade. Em outras palavras, há o débito sem que haja
responsabilidade de forma natural já que o credor possui o direito, mas não possui
meios de coerção que garantam o adimplemento. Exemplos disso são as dívidas de
jogos ou aquelas prescritas (PEREIRA, 2004).
Consoante o Código Civil Brasileiro, o direito das obrigações elenca três
principais fontes, as quais são o contrato, o ato ilícito e as declarações de vontade
una. Todavia, alguns doutrinadores também apontam alguns critérios mais plurais.
Acerca dos citados, valem algumas considerações: Acerca das obrigações oriundas
de vontade humana, ou seja, que possuem origem em contratos e manifestações de
vontade tem-se como exemplo os títulos ao portador. Já acerca daquelas que
surgem a partir de ato ilícito, se dão por ação ou omissão dolosa ou culposa que
resulte em algum prejuízo à vítima. Por fim, as obrigações que tem por fonte a lei.
Neste patamar, cabem os deveres de estado como guarda de filhos, prestação
alimentícia e também aqueles de origem de responsabilidade direta como os de
administração pública. (TARTUCE, 2019)
2.3 ELEMENTOS
Tartuce (2019) aponta que são elementos constitutivos da obrigação: os
elementos subjetivos, objetivo e o chamado imaterial, virtual ou espiritual. Dos quais,
os subjetivos são o credor, apresentado como sujeito ativo, devedor, o sujeito
passivo; como elemento objetivo o adimplemento e, por fim, o elemento imaterial
como sendo o vínculo entre as partes.
Não se pode afastar a constante influência que exercem os princípios da
eticidade e da socialidade sobre o direito obrigacional. Por diversas vezes,
no presente volume, serão invocadas a função social da obrigação e dos
contratos e a boa-fé objetiva, princípios estes relacionados com a
concepção social da obrigação e com a conduta leal dos sujeitos
obrigacionais. Será demonstrado que essa nova visualização é indeclinável,
o que vem ocorrendo na melhor doutrina e em inúmeros julgados.
(TARTUCE, 2019, p. 26)
2.4 MODALIDADES
No tocante à prestação tem-se: obrigação positiva de dar, que nada mais é
que a entrega ou ato de restituir. Na obrigação de dar coisa certa ocorre o fato de o
devedor ser obrigado a dar, entregar ou fazer restituição de algo singular. Havendo,
ainda, a proibição de constrangimento que não esteja contido no Artigo 313 do
Código Civil. Além disso, há a obrigação de restituir que se apresenta como sendo a
simples devolução do que o devedor recebeu. Também há a obrigação de dar coisa
incerta que consiste na entrega de algo que leve em conta espécie e quantidade,
nesse caso há indeterminabilidade do objeto. Há as obrigações de fazer fungíveis e
fungíveis, que diferem-se por qual sujeito pode fazer o adimplemento, enquanto o
primeiro pode ser feito por qualquer pessoa, o segundo tem que ser feito por pessoa
específica. Há também as modalidades que variam de acordo com o tempo, as
instantâneas que como o próprio nome diz se fazem em apenas um momento
enquanto as duradouras possui periodicidade. Já no caso da prestação de não fazer
implica em um movimento omissivo. (PAMPLONA FILHO, 2003)
Quanto ao elemento subjetivo, as obrigações podem ser fracionadas quando
há pluralidade nos sujeitos passivos ou ativos cuja parte corresponda há uma fração
da dívida; conjunta quando há pluralidade de devedores ou credores e a partir disso
há um pagamento em conjunto da dívida. Já as obrigações disjuntas que ocorre
quando um dos devedores paga a dívida e, com isso, os outros são exonerados do
adimplemento. (GONÇALVES, 2011)
É interessante rever duas modalidades de obrigação que muito interessam
à prática obrigacional. A primeira é a obrigação propter rem ou obrigação
híbrida. Esse último conceito é justificável porque o seu conteúdo é parte de
direito real e parte de direito pessoal. Em suma, a obrigação propter rem ou
própria da coisa está no meio do caminho entre os direitos pessoais
patrimoniais e os direitos reais. Consigne-se que as diferenças entre as
duas categorias constam do Volume 4 desta coleção, que trata do Direito
das Coisas. Essa obrigação pode ser conceituada como aquela de
determinada pessoa, por força de um direito real, pela relação que a mesma
tem com um bem móvel ou imóvel (obrigação ambulatória ou mista). Há
quem denomine a obrigação como reipersecutória, pois acompanha a coisa
onde quer que se encontre.

2.5 EXTINÇÃO
A extinção consiste nas formas de eliminar o inadimplemento. A doutrina majoritária
elenca algumas delas. A primeira que citamos é o pagamento direto que exige
alguns requisitos entre eles há necessidade de vínculo obrigacional entre as partes,
a intenção de pagar de um modo voluntário, e a prestação exatamente como
acordada. Se realiza por meio da quitação. Há também o pagamento indireto como a
consignação. (DINIZ, 2007) Nas formas do Código Civil:

Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito


judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e
forma legais.
Art. 335. A consignação tem lugar:
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o
pagamento, ou dar quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e
condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado
ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do
pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister
concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os
requisitos sem os quais não é válido o pagamento.
Art. 345. Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores que se
pretendem mutuamente excluir, poderá qualquer deles requerer a
consignação.

Há também o pagamento por sub-rogação que implica em uma substituição


de quem pagou ou de uma coisa por outra. (DINIZ, 2007) Há também a imputação
do pagamento que significa que, segundo o Código Civil: “Art. 352. A pessoa
obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, tem o
direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e
vencidos.” Há ainda a novação que consiste na criação de uma nova dívida com o
fito de extinguir a dívida anterior (DINIZ, 2007).
3 CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

Modalidades Transmissão Adimplemento Inadimplemento


e extinção
Dar coisa certa Cessão de Pagamento: Mora
crédito - Em
consignação
- Com sub-
rogação
- Imputação de
pagamento
Dar coisa Assunção de Dação em Perdas e danos
incerta dívida (cessão pagamento
de débito)
Fazer Cessão de Novação Juros legais
contrato
Não fazer   Compensação Arras ou sinal
Alternativas   Confusão  
Divisíveis   Remissão da  
dívida
Indivisíveis      
Solidárias      

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo dedicou-se a analisar de maneira aprofundada as
principais características do direito das obrigações. Buscou-se esmiuçar a temática
de modo que fossem apresentadas as principais contribuições teóricas da doutrina
pátria sobre o assunto. Esse estudo traçou uma linearidade que iniciou a partir da
conceituação de direito obrigacional até a exposição de suas principais modalidades
e apresentação de elementos.
Vale ressaltar também a importância da discussão dessa temática que se faz
tão necessária tendo em vista sua compreensão da totalidade das relações jurídicas
que projetam conceitos importantes como a autonomia privada no âmbito patrimonial
bem como o impacto na situação financeira e econômica e também no tocante à
infra-estrutura da sociedade a partir do viés de relevância da política, produção e
conseqüente troca. A partir dessa análise se tornou possível perceber as limitações
e imposições a elementos tão caros em nossa sociedade como a liberdade de ação
individual que retrata o cenário da estrutura econômica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEVEDO, Álvaro Villaça. O novo Código Civil Brasileiro: tramitação; função
social do contrato; boa-fé objetiva; teoria da imprevisão e, em especial, onerosidade
excessiva (laesio enormis). In: DELGADO, Mário Luiz; ALVES, Jones Figueirêdo
(Coord.).Questões controvertidas no novo Código Civil. São Paulo: Método, 2000.

DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: teoria geral das obrigações.
22 ed. rev e atual. São Paulo: Saraiva, 2007.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Esquematizado. v.1 São Paulo:


Saraiva, 2011.

LARROUSE. Grande enciclopédia larrouse cultural. São Paulo: Nova Cultural,


vol.1, 2004.

PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Responsabilidade civil nas relações de trabalho e


o novo Código Civil. In: DELGADO, Mário Luiz; ALVES, Jones Figueirêdo.
Questões controvertidas no novo Código Civil. São Paulo: Método, 2003.

PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. Teoria geral das
obrigações. Rio de Janeiro: Forense, 2004

ROSENVALD, Nelson. Dignidade humana e boa-fé. São Paulo: Saraiva, 2000

TARTUCE, Flávio. Direito Civil: direito das obrigações e responsabilidade civil.


v. 2. 14ª ed, Rio de Janeiro: Forense, 2019.

WERNER, José Guilherme Vasi. Direito das obrigações e responsabilidade civil.


Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro: direito rio, 2014

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