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Felipe Bartolomeo
Felipe Bartolomeo
Conclusão
19 ago 2020
ìcone Relógio
O direito das obrigações é a parte do Direito Civil que estuda os vínculos jurídicos criados entre
pessoas em que o patrimônio do devedor poderá responder pelo seu inadimplemento. Tem sua
previsão no Código Civil.
Pode-se dizer com bastante certeza que a base do direito obrigacional é uma das mais importantes
de todo o Direito em razão de sua repercussão no dia-a-dia de absolutamente todas as pessoas que
vivem em sociedade.
Neste texto, você confere os principais conceitos relacionados ao tema. Para começar, vamos seguir
entendendo por que é tão importante e, depois, passaremos aos elementos, fontes e espécies de
obrigações. Boa leitura!
Você consegue pensar em um único dia que não tenha realizado um contrato?
Ah, lembre-se que contrato não é somente aquele papel escrito cheio de formalidades entre
“contratante” e “contratado”. Ou seja, uma mera compra de uma bala no baleiro que fica na frente
do colégio é, tecnicamente, um contrato de compra e venda de bem móvel e fungível.
Todos os contratos são baseados em, ao menos, uma das partes se comprometer a dar, fazer ou não
fazer algo para a outra parte. Este comprometimento tem como fundamento justamente o direito
das obrigações.
Por outro lado, aprofundando ainda mais no tipo de contrato citado acima, pode-se ver uma
obrigação do baleiro de dar a bala para o comprador e outra obrigação do comprador de dar um
dinheiro para o baleiro.
Este é apenas um exemplo de como os contratos (e, por consequência, as obrigações) estão em
nosso cotidiano. Mas poderíamos citar a obrigação do trabalhador chegar no horário e cumprir sua
carga horária no trabalho, a obrigação de o motorista de ônibus cumprir sua trajetória, de o
restaurante servir o prato pedido, dentre inúmeros outros.
Percebe-se, assim, que o dito das obrigações está presente em inúmeros atos que todos nós
praticamos durante todo o nosso dia. Vamos entender um pouco mais deste preciosíssimo ramo do
Direito?
Como foi brevemente definido, o direito das obrigações é a parte que estuda os vínculos jurídicos
criados entre pessoas em que o patrimônio do devedor poderá responder por seu inadimplemento.
Mas há outros conceitos importantes para entender o direito obrigacional por completo. E é o que
veremos a seguir.
Os direitos de uma pessoa são contrapostos ao dever de outras pessoas e, de uma forma geral,
estão divididos entre duas espécies:
Direitos absolutos: são aqueles oponíveis a todas as pessoas (erga omnes) e o direito do titular
corresponde a um dever negativo dos demais (inação). Se eu tenho direito à vida, todas as demais
pessoas têm o dever de não me tirar a vida.
Direitos relativos: são aqueles direitos inerentes àqueles que se manifestam em uma relação jurídica
entre dois (ou mais) sujeitos certos e determinados. Isso quer dizer que o direito de uma das partes
corresponde a um dever da outra parte (inter pars). Se eu vou comprar uma bala, o vendedor deve
me entrega a mesma.
Antes de apresentar um conceito formal sobre o que vem ser obrigação, é importante entender o
que essa palavra significa.
Obrigação decorre de duas palavras em latim: ob (para) e ligatio (ligação), que juntas formam a
obligatio que quer dizer que se vincula, que se liga.
No direito romano, a obligatio era considerada um vínculo jurídico, um elo ao qual as pessoas
escolhiam se submeter e se mantinham obrigadas a cumprir uma prestação.
Conceito de obrigação
O Código Civil não apresenta o conceito de obrigações em seu conteúdo, no entanto, vários
doutrinadores apresentam sua conceituação.
Vínculo jurídico em virtude do qual uma pessoa pode exigir de outra prestação economicamente
apreciável.”
Relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre devedor e credor e cujo objeto consiste
numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo,
garantindo-lhe o adimplemento através de seu patrimônio.”
Desta forma, pode-se conceituar obrigação como:
Relação jurídica transitória existente entre um sujeito ativo e outro passivo, cujo objeto é uma
prestação descrita nos direitos pessoais (seja ela positiva ou negativa), e, caso não seja cumprida, a
obrigação poderá ser satisfeita pelo patrimônio do devedor.
Relação jurídica: norma que regula relação existente entre as partes e o objeto da obrigação;
Prestação pessoal: a obrigação, seja de fazer, deixar de fazer ou dar, deve ser adimplida pela parte;
Algo muito importante deve ser trazido para analisar o direito das obrigações: seus elementos
constitutivos. Estes elementos estão no plano de existência de uma obrigação, ou seja, sem sua
presença não existe uma obrigação.
Elemento subjetivo
O elemento subjetivo é dividido em sujeito ativo e passivo, sendo que o primeiro é o beneficiário,
quem tem o direito de exigir o cumprimento da obrigação, enquanto o segundo é quem assume o
dever, e, se não o cumprir, responde com seu patrimônio.
Sinalagma obrigacional é o nome técnico que descreve a situação em que ambas as partes são
credoras e devedoras ao mesmo tempo.
Ao mesmo tempo que o baleiro está sendo devedor da obrigação de dar a bala para o comprador,
ele também está se tornando credor da obrigação do comprador dar dinheiro para ele. Visto pelo
lado do comprador, este é credor de receber a bala e é devedor de pagar o dinheiro por ela
correspondente.
Elemento objetivo
É importante fazer um destaque neste ponto: no caso do baleiro, o objeto da obrigação era a
obrigação de dar.
O objeto do objeto de uma obrigação é conhecido como objeto mediato. Isso quer dizer que o
objeto de uma venda de uma bala é a prestação de dar, enquanto o objeto da prestação de dar é a
bala em si.
Lembre-se que o art. 104 do Código Civil, que aponta as condições de validade de um negócio
jurídico, descreve no seu inciso II que para ter validade, o objeto de uma obrigação deve ser lícito,
possível e determinado (ou determinável).
Fora destas condições, ainda se faz necessário inserir uma outra condição para ser regulada pelo
direito das obrigações: natureza patrimonial. O que quer dizer que a obrigação pode ser
transformada em valores financeiros caso não seja cumprido.
Em outras palavras, quando o namorado promete todas a gotas do oceano, todas as estrelas do céu
e todos os grãos de areia para sua amada, está fazendo apenas uma graça e mostrando o quão
grande é seu amor, mas não importa em uma promessa regida pelo direito obrigacional.
Não é visível. É o vínculo jurídico que cria a liga entre as partes e o objeto.
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Os elementos acidentais são aqueles que podem ou não estar presentes em uma obrigação e dizem
respeito ao plano de eficácia das obrigações, ou seja, a partir de quando que a obrigação poderá ser
exercida ou parará de ser exercida.
Condição
Acontecimento de algo que gerará a situação suspensiva ou resolutiva e diz respeito a um evento
futuro e incerto.
Na condição suspensiva o efeito da obrigação apenas se iniciará depois de alcançada esta condição.
Por exemplo: Apenas te venderei meu carro se eu comprar outro.
Na condição resolutiva o efeito da obrigação vai extinguir depois de alcançada esta condição. Por
exemplo: Você pode usar meu carro até que eu o venda para um terceiro.
O Termo
Diz respeito ao acontecimento de um evento futuro e certo que gerará a situação de iniciar ou
terminar uma obrigação.
O termo inicial aponta quando a obrigação começará a ter efeito. Por exemplo: Vou te pagar daqui 1
semana.
Já o termo final aponta quando a obrigação se finda. Por exemplo: Você pode usar meu carro até a
semana que vem.
Encargo
Um ônus que pode ser imposto ao beneficiário por uma obrigação gratuita. Por exemplo: eu te doo
o imóvel caso você construa uma creche para pessoas carentes e a mantenha por 5 anos.
Alguns doutrinadores capitaneados por Caio Mário apontam que apenas a vontade humana e a lei
são fontes. A maioria da doutrina, no entanto, entende que o ato ilícito também é fonte das
obrigações.
A vontade sozinha não cria nenhuma obrigação e que a lei sozinha também não é fonte de qualquer
obrigação”
Fernando Noronha. Direito das Obrigações. Volume I. São Paulo: Editora Saraiva, 2003, p. 343
Nelson Rosenvald, se baseando em Fernando Noronha, aponta a tripartição das obrigações segundo
as suas funções, quais sejam:
Negócio Jurídico
Atos Jurídicos (lato sensu): ações ou omissões decorrentes da vontade humana que geram efeitos
jurídicos;
Atos Jurídicos (stricto sensu): ações ou omissões decorrentes da vontade humana que tem seus
efeitos determinados na lei. Por exemplo: constituição de um domicílio, promessa de recompensa
(art. 854 a 860), gestão de negócios (861 a 875), entre outros.
Negócio jurídico: ações ou omissões decorrentes da vontade humana que tem seus efeitos
determinados na lei minimamente na lei, mas as partes possuem maior amplitude para dispor sobre
o objeto da relação. É um ato de autonomia privada. Como exemplo temos: contrato de compra e
venda – objeto, forma, preço, tempo, lugar de pagamento etc.
Responsabilidade civil
A culpa (lato sensu) subdivide-se em dolo (intenção) e culpa (stricto sensu), e esta última se
subdivide em
Negligência: alguém deixa de tomar uma atitude ou apresentar conduta que era esperada para a
situação. Age com descuido, indiferença ou desatenção, não tomando as devidas precauções;
Imprudência: por sua vez, pressupõe uma ação precipitada e sem cautela. A pessoa não deixa de
fazer algo, não é uma conduta omissiva como a negligência. Na imprudência, ela age, mas toma uma
atitude diversa da esperada; e
A expressão se enriquecer à custa de outrem do art. 884 do novo Código Civil não significa,
necessariamente, que deverá haver empobrecimento”
1. Obrigação de dar
A obrigação de dar é aquela em que um bem está em posse do devedor e deve ser passado para a
posse do credor.
Esta obrigação pode ser subdividida em obrigação de entregar (quanto o bem nunca esteve na posse
do credor) ou de restituir (quanto o bem já esteve na posse do credor e agora está com o devedor).
Da mesma forma, existe ainda outra subdivisão que diz respeito ao objeto: se ele é certo ou incerto.
Se o objeto for certo, então o bem é infungível, individualizado, determinado. Por exemplo: uma
Ferrari de placa HHH1111.
No entanto, se ele for incerto, o bem é fungível e pode ser individualizado de acordo com as
características dele no momento do cumprimento da obrigação. Por exemplo: uma maçã vermelha.
Um ponto de absoluta importância sobre a entrega do bem objeto da obrigação é que o Credor não
é obrigado a aceitar coisa diversa da que lhe é devido, mesmo que mais valiosa, nem é o devedor
obrigado a dar bem diverso do ajustado (art. 313 do Código Civil), o que é conhecido como princípio
da identidade.
2. Obrigação de fazer
A obrigação de fazer é uma obrigação positiva, isso quer dizer que o devedor deve cumprir uma
tarefa ou atribuição.
A obrigação de fazer é uma das poucas que gera para o credor o direito de Autotutela. O art. 249 §
único do Código Civil aponta que em caso de urgência, o credor pode cumprir a tarefa antes de pedir
ao juiz e o pedido passa a ser que ele seja ressarcido.
A obrigação de não fazer é uma obrigação negativa, isso quer dizer que o devedor deve se abster de
realizar uma conduta. Esmiuçando ainda mais, o devedor deve não fazer algo ou tolerar que o credor
faça (permissão). A inadimplência começa na data que o ato for praticado.
Se o ato foi realizado, o credor pode exigir que seja desfeito, se o devedor não desfazer e for uma
questão urgente, o próprio credor pode desfazer e cobrar perdas e danos depois, ou seja, mais um
caso de autotutela permitida pelo direito.
Por sua natureza, o inadimplemento da obrigação de não fazer não comporta o atraso (ou mora),
apenas o inadimplemento total (ou não faz ou faz, não tem como não fazer só um pouquinho).
Conclusão
É extremamente importante se atentar para a enorme gama de atuação por parte dos advogados,
que devem prezar pelos detalhes específicos cabíveis em cada caso concreto para que o direito seja
bem utilizado ou não seja mau utilizado.