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Faculdade de Direito
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Disciplina: Direito da Família
Discentes:
Celsa Sabino Tembe;
Edvalda Genência Banze;
Lisa de Sousa;
Nica Alexandre Ucucho.
Docente:
Esmeraldo Matavele
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Índice
1. Introdução.................................................................................................................. 1
4. Conclusão ................................................................................................................ 13
5. Bibliografia.............................................................................................................. 14
6. Legislação................................................................................................................ 14
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1. Introdução
O presente trabalho consiste em debruçar sobre a Filiação enquanto instituto a
desenvolver no âmbito da disciplina de Direito da Família, lecionada no segundo ano do
da Faculdade de Direito da Universidade Wutivi. É sabido que a família atravessa uma
crise cultural profunda, como todas as comunidades e vínculos sociais. No caso da
família, a fragilidade dos vínculos reveste-se de especial gravidade porque se trata de
uma célula básica da sociedade. O Direito da Filiação é um ramo do Direito da Família
que reveste cada vez mais importância e que abrange realidades novas e complexas
transversais à sociedade contemporânea. Tem por objeto o estabelecimento das relações
de maternidade e paternidade, o modo ou os modos por que uma e outra se estabelecem,
convertendo os vínculos biológicos em relações jurídicas. Neste sentido, o nosso
trabalho versará sobre este tema, procurando clarificar e aprofundar todas as questões
conexas com a matéria da Filiação. Começaremos por abordar o interesse prático-
jurídico do nascimento e o estabelecimento da filiação que, tem impacto em relação aos
filhos e seus futuros bens e de seguida abordaremos sobre o estabelecimento da
Paternidade: a presunção de paternidade marital; a perfilhação; o reconhecimento
judicial; e a averiguação oficiosa da Paternidade.
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Filiação: Estabelecimento da Paternidade
O direito da filiação corresponde ao conjunto de normas que têm por objeto as relações
entre pais e filhos e os direitos e estados que daí resultam. Repare-se que,
independentemente da filiação biológica, só no momento em que se estabelece
a filiação jurídica, através de um dos meios de estabelecimento de paternidade e
maternidade, e que nasce a relação jurídica da filiação.
2. Estabelecimento Da Filiação
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extramatrimonial. Em suma, a filiação configura um verdadeiro «status jurídico de uma
pessoa em razão da relação de procriação real ou suposta com um terceiro.
é uma situação ou posição integrada por um complexo de relações jurídicas de entre
procriadores e procriados» .
O nascimento: interesse prático-jurídico
A lei ao dispor que «a personalidade adquire-se no momento do nascimento completo e
com vida» (art. 66.º, n.º 1 CC) parece ir de encontro à posição doutrinária segundo a
qual o nascimento tem lugar quando o filho sai do ventre materno e no exato momento
em que lhe é cortado o cordão umbilical. Só neste preciso momento há uma concreta
separação do ventre materno para com o nado-vivo. Com este normativo esvai-se a
consideração de que o nascimento ocorre mal comecem os trabalhos de parto, em
sentido contrário daquilo que alguns autores insistem em propugnar. Na verdade, o
nascimento é um facto jurídico autónomo da filiação: «tem relevância mesmo que não
seja possível identificar a mãe e o pai e, portanto, mesmo que não seja possível vir a
estabelecer a maternidade e a paternidade.
Também se presumirá a paternidade em relação ao marido da mãe, tendo como ponto de
referência o filho nascido ou concebido na constância do matrimónio. Também o
momento da concepção do filho é determinado dentro dos cento e vinte dias dos
trezentos que precederam o seu nascimento (art. 217 da Lei da Família). Estes
determinismos legais concretizam-se no regime legalmente consagrado para as questões
do estabelecimento da maternidade e paternidade.
Ora, a sua inscrição registral efetiva um mecanismo de publicitação auxiliar e
concretizador de garantias de cidadania. «Um individuo não registado não é
contabilizado no momento da distribuição dos recursos do Estado Social, não goza da
proteção que a sociedade dispensa aos cidadãos através das obrigações que se impõem
aos pais, nem tem acesso aos instrumentos de desenvolvimento pessoal e económico
que estão generalizados».
A declaração de nascimento é uma declaração de ciência que a lei impõe ao maior
número de pessoas que hajam tido conhecimento do parto, de forma a evitar a
clandestinidade do nascimento. Deve ser proferida declaração verbal em qualquer
conservatória de registo civil ou, se o nascimento ocorrer em unidade de saúde onde
seja possível declarar o nascimento, até ao momento em que a parturiente receba alta
hospitalar, sendo mais frequente o registo efetuado em unidades de saúde. Compete,
sucessivamente, aos pais ou a qualquer outra pessoa que tenha assistido ao nascimento
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fazer a respetiva declaração. Aliás, é comum nos serviços registrais, o solicitar de
esclarecimentos ou comprovações em relação a alguma declaração cuja veracidade é
dúbia. Todavia, na prática, esta declaração não está sujeita, por via legal, a qualquer
controlo vinculado, seja quanto ao próprio facto do nascimento seja quanto a alguma
caraterística do lugar, data ou do próprio recém-nascido. Este aspeto pode surtir
implicações nefastas quanto à maternidade ou paternidade estabelecidas. Daí a
consagração da possibilidade de as crianças serem registadas logo nos centros
hospitalares.
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de impedir que outrem o utilize, sem prejuízo dos casos de homonímia» ( art. 215 da
LF).
O direito ao livre desenvolvimento da personalidade, por sua vez, deve ser
perspectivado num âmbito bidimensional: fundamenta uma tutela geral da
personalidade, por um lado, e, por outro, consagra uma liberdade de ação, uma
liberdade de comportamento cujo teor substantivo-prático confirma a verdadeira
autodeterminação individual. Portanto, a todo o indivíduo, e em especial às crianças e
jovens, é conferida a possibilidade de traçar um plano de vida . Existem ainda outros
princípios que, apesar de não terem referente constitucional, estruturam todo o regime
legal da filiação, configurando verdadeiras «traves-mestras» sobre as suas regras. São
eles: o princípio da verdade biológica e o princípio da taxatividade dos meios de
estabelecimento da filiação.
Como princípio estruturante do direito da filiação Moçambicana, a verdade biológica
também orientará o intérprete na aplicação das normas e na integração de eventuais
lacunas. Na verdade, é só o critério biológico o determinante para a constituição do
vínculo da filiação. Não se pense que o legislador procura fazer coincidir a verdade
jurídica com a verdade sociológica, a qual é, por sua vez, de ordem psicológica e
afetiva, ainda que por vezes se considere ser esta a conexão necessária para uma real e
concreta salvaguarda do superior interesse do filho. Por fim, o princípio da taxatividade
dos meios significa que os vínculos da filiação se estabelecem apenas nos modos
previstos na lei.
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Actualmente,quer a mãe, quer o pai biológicos devem assumir o estatuto jurídico
correspondente. A maternidade resulta do facto biológico do nascimento. Este facto
biológico retira à mãe a possibilidade de impedir a constituição de estado . A
paternidade, por seu turno, presumir-se-á em relação ao marido da mãe. Fora do
casamento, estabelecer-se-á o elo com recurso à perfilhação ou ao reconhecimento. Na
paternidade também se verifica a participação física do progenitor no ato de fecundação.
Assim sendo, o próprio legislador assumiu o propósito de também vincular o pai ao
assumir da posição jurídica em que deve estar investido. Avulta neste âmbito a
circunstância de a relação natural entre o filho e a mãe ser clara no parto. Diversamente,
a relação entre o filho e o pai decorre de um processo biológico oculto, só determinável
através de presunções, perfilhação ou reconhecimento judicial. Assim sendo, a
maternidade estabelecer-se-á pela prova da própria filiação biológica e, por isso, o ato
voluntário do seu estabelecimento não nutre de eficácia constitutiva, como se demonstra
pela possibilidade de impugnação sem qualquer limitação em termos de prazo.
Diferentemente, na paternidade, a inexistência da notoriedade percetível na gravidez e
no parto, determina que o direito vigente aceite quer o acto pessoal e voluntário da
perfilhação, quer o sistema do reconhecimento, pois que admite a sua constituição
voluntária, nestes termos, a prolação da sentença que reconheça a paternidade tem uma
natureza declarativa porque declara o status em que as partes estão investidas ab initio,
não produzindo qualquer alteração na situação jurídica correspondente.
Duas considerações podem ser tecidas: se, por um lado, os avanços científicos facilitam,
hoje em dia, a prova da paternidade; em contrapartida, os processos de procriação
medicamente assistida geram dúvidas sobre a regra que associa o estabelecimento da
maternidade e o nascimento. É que, graças á maternidade de substituição e à dação de
óvulos ou embriões, a mãe de gestação pode diferir da mãe biológica.
3. Estabelecimento da Paternidade
Daqui resulta que a presunção abrange os casos em que o filho foi concebido e nasceu
na constância do casamento da mãe, mas também os casos em que foi concebido antes
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do casamento, mas nasceu durante ele, e ainda os casos em que o filho foi concebido
durante o casamento, mas nasceu depois de o mesmo estar dissolvido.
Em qualquer destes casos, existe um elevado grau de probabilidade de o filho ser do
marido da mãe. Mesmo quando a concepção do filho se situa num momento anterior ao
casamento inferior a 180 dias, o compromisso de casar evidencia de certo modo a
probabilidade de a paternidade do filho pertencer ao marido.
O momento da dissolução do casamento por divórcio ou da sua anulação bem como da
cessação da união de facto, é o do trânsito em julgado da respectiva sentença no
divórcio por mútuo consentimento, ou da declaração de cessação da união de facto (
art.244 n 2 da LF).
Tanto a anulação do casamento civil como a declaração de nulidade do casamento
católico, transcrito no registo civil, não excluem a presunção da paternidade, quer dizer,
o desaparecimento do casamento não faz desaparecer a presunção da paternidade.
A declaração de negação da paternidade do marido pode partir de qualquer dos
cônjuges, se a mulher casada fizer a declaração do nascimento com a indicação de que o
filho não é do marido, não é efectuada a menção de paternidade presumida, podendo,
desde logo, ser aceite o reconhecimento voluntário da paternidade (art. 248 da LF).
A referida declaração faz cessar, de modo imediato, a presunção de paternidade e força
a sua não inclusão no assento de nascimento (art.248 n 2). Por isso, não haverá lugar à
impugnação de paternidade.
Quando não é feita esta declaração de negação da paternidade do marido da mãe, a
paternidade presumida é obrigatoriamente mencionada no assento de nascimento( art.
251 da LF).
A presunção da paternidade cessa também se o nascimento do filho ocorrer passados
trezentos dias depois de finda coabitação dos cônjuges (art. 246 n 1 da LF).
Se o filho nasceu depois de a mãe ter contraído novo casamento sem que o primeiro se
achasse dissolvido ou dentro dos trezentos dias após a sua dissolução, presume-se que o
pai é o segundo marido. Trata-se de casos em que a mãe praticou um acto de bigamia.
Porém, se houver impugnação da paternidade, renasce a presunção relativa ao primeiro
marido.Como se sabe, actualmente, devido ao avanço tecnológico, existem formas de
saber com facilidade e certeza qual é o pai da criança.
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3.2 Perfilhação
Sendo um acto livre, significa que pode ser judicialmente anulável por erro ou coação
moral, a requerimento do perfilhante. A acção de anulação caduca no prazo de um ano a
contar do momento em que o perfilhante teve conhecimento do erro ou em que cessou a
coacção( art. 278 da LF).
Por declaração prestada perante o funcionário do registo civil: Por testamento: Por
escritura pública: Por termo lavrado em juízo ( art. 271 da LF).
A lei permite que a perfilhação seja feita por meio de testamento ainda que dele não
constem outras disposições de caráter patrimonial, como é próprio do mesmo. Para o
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perfilhante o testamento tem a vantagem de manter a perfilhação em segredo ate ao
momento da sua morte.
Têm capacidade para perfilhar os indivíduos com mais de dezoito anos, se não forem
maiores acompanhados com restrições ao exercício de direitos pessoais nem forem
afetados por perturbação mental notória no momento da perfilhação ( art. 269 n 1 da
LF).
No que toca ao perfilhando, a perfilhação pode ser feita a todo tempo, antes ou depois
do nascimento do filho ou depois da morte deste ( art. 272 da LF).
Sempre que seja lavrado registo de nascimento de menor apenas com a menção de
maternidade, deve o funcionário dos serviços de registo civil remeter ao Ministério
Publico da área de residência do menor a certidão integral do registo, a fim de ser
averiguada oficiosamente a identidade do pai ( art. 282 da LF).
Sempre que possível, o tribunal ouvirá a mãe acerca da paternidade que atribui ao filho.
Conhecida a identidade do pretenso pai, este será igualmente ouvido. Nas suas
declarações presumido pai confirmará ou negará a paternidade do filho. Se a confirmar,
será lavrado termo de perfilhação e remetida certidão para averbamento proceder-se- á
a averiguação oficiosa da paternidade.Se o pretenso progenitor não assumir a
paternidade proceder-se-á à averiguação oficiosa da paternidade ( art. 283 da LF).
10 | P a g e
Finda a instrução do processo, que tem carácter secreto para evitar ofensa à reserva da
dignidade das pessoas, cabe ao Ministério publico emitir decisão sobre a viabilidade ou
inviabilidade e, se decidir pela viabilidade, deve propor a acção, em conformidade com
a lei.
Por iniciativa do Ministério Público pode ainda ter lugar investigação com base em
processo crime. Quando em processo crime se considere provada a cópula em termos de
constituir fundamento para a investigação da paternidade e se mostre que a ofendida
teve um filho em condições de o período legal da concepção abranger a época do crime,
deve o ministério Publico instaurar a correspondente acção de investigação,
independentemente do prazo.
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Os menores e os maiores acompanhados sujeitos a representação só podem estar em
juízo por intermédio dos seus representantes, excepto quanto aos actos que possam
exercer pessoal e livremente.
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4. Conclusão
São três as modalidades de filiação: a filiação biológica, a filiação adoptiva, e a filiação
por consentimento não adoptivo. Pais e filhos unem-se mutuamente através do facto do
nascimento. Todavia, hoje em dia, o estabelecimento das relações de filiação não se
cinge ao facto biológico, não raras vezes é feito uso de mecanismos legalmente
previstos como os da Procriação Medicamente Assistida ou da Adopção. Assim sendo,
o Direito da Filiação, que reconhece a sua preferência pela verdade biológica, prevê,
regula e soluciona também todo um conjunto de situações jurídicas que podem surgir
como resultado da interpenetração destas novas realidades no Direito da Família.
Na paternidade, a inexistência da notoriedade perceptível na gravidez e no parto,
determina que o direito vigente aceite quer a presunção da paternidade, quer o acto
pessoal e voluntário da perfilhação, quer o sistema do reconhecimento, pois que admite
a sua constituição voluntária, nestes termos, a prolação da sentença que reconheça a
paternidade tem uma natureza declarativa porque declara o status em que as partes estão
investidas ab initio, não produzindo qualquer alteração na situação jurídica
correspondente.
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5. Bibliografia
AMARAL Gorge Pais de. Direito da Família e das Sucessões. 6 ed. Lisboa:
Edições Almedina. 2020. 222-231 pág.
CASTRO MENDES/ TEIXEIRA DE SOUSA, DF, p. 214.
FRANCISCO Pereira Coelho / GUILHERME de Oliveira, Curso de Direito da
Família, Vol. II, Tomo I, Coimbra Editora, maio de 2006, pág. 98;
OLIVEIRA Filho. Alimentos e Investigação da Paternidade. 3 ed rev e amp.
Belo horizonte: Del Rey, 1998;
Muniz, Lamartine e, Curso de Direito da Família. Juruá, Curitiba, 1988.
6. Legislação
Código Civil ( Decreto-lei 47 344, de 25 de Novembro de 1966);
Código do Registo Civil;
Lei da Família ( lei n 22.2019, de 11 de Dezembro.
14 | P a g e