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Índice

Introdução..........................................................................................................................3

Objectivo Geral.................................................................................................................3

Objectivos Específicos......................................................................................................3

1. CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO.......................................................................4

1.1 Conceito de Cumprimento da Obrigação.................................................................4

1.2. Conceito de pagamento..............................................................................................4

1.2.1 Elementos do cumprimento.....................................................................................4

1.3.1 Quem deve ou pode fazer a prestação......................................................................5

1.4. A quem se deve pagar.................................................................................................6

1.4.1 Requisitos do cumprimento.....................................................................................7

1.5. Terceiro, que não é devedor e cumpre a obrigação....................................................9

1.5.1 Lugar de cumprimento da obrigação........................................................................9

2. Regime supletivo......................................................................................................10

2.1. Prazo de cumprimento..........................................................................................10

2.2.Princípios gerais do Cumprimento das Obrigações...................................................11

2.3.1 Causa de extinção das obrigações além do cumprimento......................................13

Conclusão........................................................................................................................15

Referências bibliográfica.................................................................................................16
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Introdução
O cumprimento da obrigação é assegurado pelos bens que integram o património do
devedor. O património do devedor constitui assim a garantia geral das obrigações.
Garantia geral porque a cobertura tutelar dos bens penhoráveis do devedor abrange a
generalidade das obrigações do respectivo titular.

O cumprimento existe sempre que, o devedor no âmbito da obrigação ou obrigações a


que está vinculado realize a prestação ou prestações contratualmente estipuladas.
Tecnicamente, o termo cumprimento, traduz-se na realização da prestação pelo
devedor,. Todavia, a lei permite que aprestação seja efectuada por um terceiro, O
cumprimento, para lá de ser um modo de extinção do vínculo obrigacional, constitui um
meio de actuação juridicamente predisposto para a satisfação do interesse do credor.
Princípios gerais do Cumprimento das Obrigações.

Objectivo Geral:

 Conhecer os elementos do cumprimento das obrigações;


 Conhecer os requisitos do cumprimento.

Objectivos Específicos:

 Diferenciar os princípios gerais do cumprimento das obrigações;


 Identificar alguns aspectos importantes do cumprimento.

1. CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO (762 DO C.C.)


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1.1 Conceito de Cumprimento da Obrigação

O cumprimento da obrigação é a realização da prestação, ainda podemos afirmar que


cumprimento é a actuação do meio juridicamente predisposto para a satisfação do
interesse do credor. É o acto culminante da vida da relação creditória, como
consumação do sacrifício imposto a um dos sujeitos para a realização do interesse do
outrossim, o meio normal de extinguir a obrigação tem sido o pagamento. Ou seja
cumprimento é a realização voluntária da prestação debitória.: «o devedor cumpre a
obrigação quando realiza a prestação a que está vinculado»

O pagamento ocorre, por exemplo, quando se entrega a coisa prometida ou quando há o


término de uma obra, ou ainda, quando há a entrega de uma importância em dinheiro.

1.2. Conceito de pagamento

É o adimplemento da obrigação de qualquer natureza, mediante a entrega ao sujeito


activo da prestação de dar, fazer ou não fazer, que lhe é devida.

O termo “pagamento” é usado como sinónimo de cumprimento, de adimplemento, de


execução ou de solução da obrigação.

Deste modo o pagamento (cumprimento) significa a extinção da obrigação e a liberação


do devedor. Assim, o pagamento ou cumprimento pode se concretizar: pela entrega ou
restituição decerto bem imóvel ou móvel; pela realização de certa tarefa; ou ainda, a
abstenção de um fato.

Assim, a título de exemplo, se um comerciante que, alienando um estabelecimento, se


compromete a não abrir outro congênere na mesma cidade, estará cumprindo
voluntariamente sua obrigação (pagamento) enquanto não negociar com o ramo de
1
Negócios em questão.

1.2.1 Elementos do cumprimento

O pagamento possui três elementos, são todos cumulativos. São eles

Accipiens – é aquele que vai receber o pagamento (que pode não ser o credor)
1
Cfr. SERRA, Adriano Pães da Silva VAZ, DO cumprimento como modo de extinção das obrigações, in
BMJ,nº34,pp.5 e ss
5

Solvens– é aquele que vai pagar (também pode não ser o devedor).

Vínculo obrigacional – que é o que legitima o pagamento, isto é, a obrigação.

Importa referir que no momento em que ocorre o pagamento ou cumprimento da


obrigação, a relação “acipiens / solvens”, inverte-se. Posto que, a pessoa que recebe
torna-se devedora da quitação. Assim, o devedor é o solvens por excelência.

1.3.1 Quem deve ou pode fazer a prestação

Nos termos do disposto no artigo 767 do CC, a prestação pode ser cumprida ou paga
pelo devedor ou por terceiro interessado no cumprimento da obrigação. 2

Em relação a pessoa do devedor - sendo este o titular passivo da relação obrigatória ou


obrigacionais dúvidas não se levantam que este tem o dever de prestar.

O artigo 767 do C.C. vem, no entanto abrir uma excepção ao referir que a obrigação
pode também ser feita por um terceiro interessado.

O terceiro é considerado interessado, sempre que o descumprimento da obrigação possa


afectar o seu património, efectiva ou potencialmente, ou seja, é aquele que está
juridicamente vinculado.

A título de exemplo: temos figuras como o fiador, o avalista, o solidariamente obrigado,


o herdeiro, etc., que podem ser considerados terceiros interessados.

Importa ressalvar que o pagamento da dívida compete ao devedor que é o maior


interessado. Porem, o terceiro interessado é equiparado ao devedor, pois tem legítimo
interesse na solução da obrigação.

Portanto, o terceiro interessado tem o direito de efetuar o pagamento,


independentemente da vontade do devedor ou do credor. Caso o credor não queira
receber o pagamento, poderá incorrer em mora perante o devedor, conforme o artigo
768 nº1 do C.C. refere.

1.4. A quem se deve pagar

2
Cfr. SERRA, Adriano Pães da Silva VAZ, DO cumprimento como modo de extinção das obrigações, in
BMJ,nº34,pp.5 e ss
6

É importante saber a quem o solvens (dvedores) deve efectuar o pagamento, pois, quem
paga mal, paga duas vezes. O pagamento deve ser feito, por regra, diretamente ao credor
ou ao seu representante. (artigo 769 do C.C.)

Entretanto, credor não é somente aquele em cujo favor se constitui originariamente o


crédito. Credor também é o herdeiro, na proporção de sua quota hereditária, o legatário,
o cessionário e o sub-rogado nos direitos creditórios.

Assim sendo, este legitimado a receber o pagamento, não só o credor originário como
também aquele que o substituir na titularidade do direito de crédito. O importante é que
a prestação seja efetuada a quem for credor na data do cumprimento.

Sendo a dívida solidária ou indivisível, qualquer dos co-credores está apto a recebê-la.
Se a obrigação for ao portador, quem apresentar o título é o credor.

O pagamento pode ser efetuado ao representante do credor que pode ser de três
espécies:

 Legal – é aquele que decorre da lei. São: os pais (representantes legais dos
filhos menores), os tutores (representantes dos tutelados) e os curadores
(representantes do curatelados).
 Judicial – é o representante nomeado pelo juiz. Podem ser: o inventariante, o
síndico da falência, o administrador da empresa penhorada.
 Convencional – é aquele que recebe mandato outorgado pelo credor, com
poderes especiais para receber e dar quitação. Assim, ao abrigo do disposto no
artigo 771 do CC sem que a representação seja legal ou judicial e que esta não
tenha sido acordada previamente entre o credor e o devedor, não existe uma
obrigação deste último proceder o pagamento ou cumprimento da obrigação ao
representante voluntário daleque.

Importante: No caso de representação legal ou judicial, a prestação só pode ser


efetuada, em princípio, ao representante. Na representação convencional, a
prestação efetuada tanto ao representante quanto ao próprio credor, será
considerada válida e liberatória.

1.4.1 Requisitos do cumprimento (art. 764º CC)


 Capacidade do devedor
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Não se exige em princípio para a validade do cumprimento, que o devedor tenha


capacidade de exercício no momento em que cumpre a obrigação.

Tal capacidade só exigida no caso do cumprimento constituir um acto dispositivo. Um


acto de disposição é naturalmente um acto de alienação, mas também um acto de
oneração de um direito do devedor.

Se a prestação for efectuada pelo devedor capaz ou pelo representante legal do incapaz,
nenhumas dúvidas se levantam, nesse aspecto, sobre a validade do cumprimento.

Sendo efectuada por incapaz, a prestação continua a ser válida, a não ser que constitua
um acto de disposição.

 Capacidade do credor

Exige-se, que seja capaz (para receber a prestação) o credor perante quem a obrigação
tenha sido cumprida (art. 764º/2 CC).

Se for incapaz e o cumprimento anulado a requerimento do representante legal ou do


próprio incapaz, terá o devedor que efectuar nova prestação ao representante do credor.

Pode o devedor opor-se à anulação da prestação, alegando que ela chegou ao poder do
representante legal do incapaz ou que enriqueceu o património deste, valendo a
prestação como causa de desoneração do devedor na medida em que tenha sido
efetivamente recebida pelo representante ou haja enriquecido o credor incapaz (art.
764º/2 CC).

 Legitimidade do devedor para dispor do objecto da prestação

O cumprimento, para ser plenamente válido, se constituir num acto de disposição,


necessita ainda de que o devedor possa dispor da coisa que prestou.

A falta do poder de disposição do devedor pode derivar de uma de três circunstâncias:

 De ser alheia a coisa prestada;


 De não ter o devedor capacidade para alienar a coisa;
 De carecer apenas de legitimidade para o fazer.
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O devedor, quer tenha agido de boa fé, ou de má fé, não pode impugnar o cumprimento,
salvo se ao mesmo tempo oferecer nova prestação (art. 765º/2 CC).

Quando o cumprimento for declarado nulo, designadamente nos casos do art. 765º CC,
ou for anulado, designadamente nos casos do art. 764º CC, por causa imputável ao
credor não renascem as garantias prestadas por terceiro, salvo se o terceiro conhecia o
vício na data em que soube do cumprimento da obrigação.

 Quem pode cumprir ou quem tem legitimidade para o cumprimento

A regra geral é a de que tem legitimidade para o cumprimento tanto o devedor como
qualquer terceiro, interessado ou não no cumprimento. Esta é a regra geral
correspondente aos casos em que a obrigação é fungível.

Se a obrigação for infungível, natural ou convencional, só pode cumprir o devedor.

Portanto, nos casos em que, pela própria natureza da prestação, ou por convenção das
partes, é o próprio devedor que tem de realizar o cumprimento, não pode um terceiro
substitui-lo no cumprimento.

Em todos os casos, o terceiro “solvens” tem legitimidade para o cumprimento; em todos


os casos, o credor não tem fundamento para recusar o cumprimento por terceiro
(fundamento na infungbiliade da obrigação) trata-se sempre de hipóteses em que a
prestação pode ser realizada pelo terceiro.

O terceiro pode ser interessado no cumprimento, por ser um garante da obrigação: por
ser fiador; por ser proprietário de um bem hipotecado ou empenhorado

1.5. Terceiro, que não é devedor e cumpre a obrigação

O terceiro que cumpre pode estar a cumprir a obrigação do devedor, cumprindo


simultaneamente uma obrigação dele próprio para com o devedor, por ser mandatário
do devedor. Pode ter celebrado um contrato de mandato com o devedor, nos termos do
qual se obrigou a cumprir a obrigação, dele devedor.
9

Nestes casos, em que o terceiro é mandatário, ou em que o terceiro é promitente num


falso contrato a favor de terceiro, ele cumpre a obrigação ao credor e isso tem duas
consequências:

 A obrigação extingue-se face ao devedor, o devedor fica exonerado;


 Ele extingue a sua própria obrigação, ele libera-se, exonera-se da sua própria
obrigação.

E portanto, ele paga, está tudo bem, não há mais consequência nenhuma.

1.5.1 Lugar de cumprimento da obrigação

Princípio geral

Nos termos do disposto no artigo 772 do CC, onde se encontra plasmado o princípio
geral, depreende-se que o pagamento ou cumprimento da prestação deve ser efectuado
no domicílio do devedor caso haja falta de estipulação entre as partes ou a lei não
disponha especialmente.

Assim, podemos concluir que podem se considerar lugares do cumprimento da


obrigação, em princípio geral:

 O que for estipulado pelas partes,


 O que for determinado por disposição legal específica.

No que tange a estipulação entre as partes do lugar do cumprimento da obrigação


importa referir que, esta convenção, não tendo uma exigência especial de forma, pode
advir tanto de uma declaração expressa ou tácita. Dos interessados (artigos 219 e 217
ambos do C.C.)

No que se refere as disposições especiais legais em que a lei indica o lugar do


cumprimento da obrigação temos a título de exemplo: os artigos 773 (entrega de coisa
móvel), 774 (obrigações pecuniárias), 885 (quanto ao apagamento do preço); 1039
(quanto ao pagamento da renda ou aluguer), 1195 (quanto a restituição da coisa
depositada, todos do C.C e mais outros.
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2. Regime supletivo

Supletivamente, na falta de disposição legal ou estipulação das partes é chamado o


domicílio do devedor como sendo o lugar para o pagamento da prestação.

Caso o devedor mude de domicílio depois de constituída a obrigação a mesma será


efectuada no novo domicílio salvo se acarretar prejuízos ao credor.

Neste caso deve ser efectuado no anterior domicílio do devedor. (artigo 772 nº2 do CC)
Caso inverso é o do credor mudar de domicílio depois de constituída a obrigação tendo
sido anteriormente este lugar estipulado pelas partes ou por disposição legal.

Nestes casos, dispõe o artigo 775 do C.C. que, excecionalmente, a obrigação poderá ser
cumprida no domicílio do devedor salvo se o credor comprometerse a indemnizar ao
devedor pelos prejuízos acarretados pela mudança.

2.1. Prazo de cumprimento

Em regime regra a obrigação torna-se exigível desde a sua constituição. Assim, sendo,
a qualquer momento pode o credor exigir o cumprimento da obrigação como pode o
devedor proceder o seu pagamento, isto na falta de disposição legal em contrário.
(artigo 777 do C.C.)

Diz se prazo de cumprimento da prestação – o momento em que esta a ser cumprida.

Outrossim podemos encontramos duas forma de cumprir as obrigações:

Obrigações sem prazo: credor pode cumprir a todo o tempo e devedor pode exonerar-se
a todo o tempo. Devedor apenas entra em mora após ser interpelado (artigo 805/1) o
Obrigações com prazo: o decurso do prazo pode constituir o devedor em mora de
acordo com o artigo 805/2 c).

Assim, importa referir que o prazo da prestação pode ser determinado, segundo o
disposto no artigo 777 nº 1 e 2 do CC, conforme referimos anteriormente:

 Por disposição legal;


 Por estipulação das partes; e
 Pela natureza das coisas. (artigo 777 nº 3 do C.C.)
11

Caso em que o prazo da prestação seja indeterminado, nestes casos, conforme dispõe o
artigo 777 nº3 do C.C., cabe ao Tribunal fix-lo.

Do mesmo modo, o prazo ainda pode ser estipulado:

 Pelo terceiro interessado (artigo 767 nº1 do C.C.);


 Pelo credor ou devedor, por convenção ou disposição legal;
 Pelo credor, nestes casos, quando o momento de determinação do prazo recai na
pessoa do credor declaração judicial ou extra-judicial, feita ao devedor de que
este deve cumprir.
 Pelo devedor, nestes casos este tem a faculdade de cumprir ou demonstrar que
está disposto a cumprir em determinada altura.

O cumprimento, para além de ser um modo de extinção do vínculo obrigacional,


constitui um meio de actuação juridicamente predisposto para a satisfação do interesse
do credor.

2.2.Princípios gerais do Cumprimento das Obrigações

O adimplemento/pagamento, obedece a certos princípios gerais, impostos pela norma


substantiva, sem os quais, como afirma Brandão Proença, poder-se- à questionar a sua
regularidade.

Esses princípios são: da boa-fé, da pontualidade e da integralidade.

 O princípio da boa-fé, é um verdadeiro princípio constitutivo do direito das


obrigações. Ora, esse princípio encontra-se consagrado no (artº 762º nº 2 c.c), da
qual foi-lhe dado a seguinte redacção: “no cumprimento da obrigação, assim
como no exercício do direito correspondente, devem as partes proceder de boa-
fé”. 3

Da norma supra podemos retirar que, não bastará a realização da prestação devida em
termos formais, para que se verifique o cumprimento da obrigação, é necessário que se
observem os múltiplos deveres acessórios de conduta (de protecção, informação e
lealdade), isto é, o respeito aos ditames da boa-fé, quer por parte de quem executa, quer
por parte de quem exige a obrigação.
3
Cfr. SERRA, Adriano Pães da Silva VAZ, DO cumprimento como modo de extinção das obrigações, in
BMJ,nº34,pp.5 e ss
12

Assim, o devedor não pode cingir-se a uma observância puramente literal das cláusulas
do contrato, se a obrigação tiver natureza contratual. Mais do que o respeito farisaico da
fórmula na qual a obrigação ficou condensada, interessa a colaboração leal na satisfação
da necessidade a que a obrigação se encontra adstrita. Por isso, ele se deve ater, não só à
letra, mas principalmente ao espírito da relação obrigacional. Também ao credor
incumbe não dificultar a actuação do devedor, realizando inclusivamente os actos ou
removendo as dificuldades que lhe caiba tomar a seu cargo, de harmonia com as
circunstâncias de cada caso.

Cada parte deve não só cooperar com a contraparte, isto é, o credor receber o
cumprimento e o devedor entregar em prazo razoável a documentação da coisa vendida,
mas deve igualmente o credor abster-se da exigência do cumprimento, sempre que as
circunstâncias se mostrem pessoalmente pungentes para o devedor, o que quer dizer que
as partes, devem evitar condutas que importunem os custos do cumprimento.

Em termos gerais o princípio da boa fé no cumprimento da obrigação visa apurar dentro


do contexto da lei ou da convenção donde emerge a obrigação, os critérios gerais
objectivos decorrentes do dever de lealdade e cooperação das partes, na realização cabal
do interesse do credor com o menor sacrifício possível dos interesses do devedor, para a
resolução de qualquer dúvida que fundamentalmente se levante, quer seja acerca dos
deveres de prestação, quer seja a propósito dos deveres acessórios de conduta de uma ou
outra das partes.4

 Princípio da Pontualidade

Um outro princípio que se deve verificar no cumprimento da obrigação é o princípio da


pontualidade. O princípio da pontualidade vem consagrado no artº 406º nº 1, onde se
estipula que “o contrato deve ser pontualmente cumprido, e só pode modificar-se ou
extinguir-se por mútuo consentimento dos contraentes, ou nos casos admitidos por lei”.
A prestação deve ser feita no tempo, no modo e no lugar resultantes do acordo ou
fixados supletivamente pelo legislador. Todavia, o devedor tem a obrigação de prestar a
coisa ou facto, tal como nos termos em que se vinculou, sendo que não pode, por sua
vez, o credor ser constrangido a receber do devedor, coisa/serviço diferente, ainda que
se este tenha valor equivalente ou superior à prestação devida.

4
Decreto-lei nº47344, de 25 de novembro de 1966
13

A excepção ao que acabamos de dizer, dá-se nos casos em que o credor, aceita a
prestação de coisa diversa da que for devida, exonerando assim o devedor, artº 837º, a
está situação (aceitação), dá-se o nome de dação em cumprimento.

 Princípio da integridade do cumprimento (art. 763º CC)

O devedor tem de realizar a prestação integralmente, salvo naturalmente nos casos em


que as partes tenham convencionado um cumprimento fraccionado, ou nos casos em
que a própria lei ou os usos o determinam.

A existência da realização integral dá como resultado que, pretendendo o devedor


efectuar uma parte apenas da prestação e recusando-se o credor a recebê-la, não há mora
do credor, mas do devedor, quanto a toda a prestação debitória e não apenas quanto à
parte que o devedor se não propunha a realizar. Nada obsta, porém, a que o credor, em
qualquer caso, receba apenas, se quiser, uma parte da prestação, como nenhuma razão
impede que ele renunciando do benefício, exija só uma parte do crédito (art. 763º/2
CC). A aceitação do credor não evita, entretanto, que o devedor fique em mora quanto à
parte restante da prestação, salvo se houver prorrogação do prazo relativamente ao
cumprimento dessa parte.

2.3.1 Causa de extinção das obrigações além do cumprimento

A dação em cumprimento é uma causa de extinção das obrigações além do


cumprimento, ela possibilita que um credor aceite do seu cliente devedor, receber um
objecto para cumprimento parcial ou integral de uma obrigação pecuniária.

Por exemplo: se um particular contrai um crédito à habitação, ficando para o efeito


vinculado a pagar uma divida total no valor de 200.000 Mt, ora, pode no futuro, com a
aceitação do credor extinguir esse crédito à habitação através da dação em
cumprimento, transferindo a propriedade do imóvel para o banco. Com tudo, a dação
em cumprimento só extingue a divida na sua totalidade se o valor do imóvel for igual ou
superior ao valor total em divida, assim, se o devedor tiver em divida do seu crédito 5à
habitação o valor de 200.000 Mt e o banco avaliar o imóvel em 120.000 Mt, o devedor
apenas pode obter a dação em cumprimento do valor de 120.000 Mt da divida, ficando
5
Cfr. SERRA, Adriano Pães da Silva VAZ, DO cumprimento como modo de extinção das obrigações, in
BMJ,nº34,pp.5 e ss
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sem a propriedade da casa e ainda adstrito ao valor da diferença entre o valor total em
divida e o valor do imóvel, in casu 80.000 Mt.

Ao princípio da pontualidade está ligada a ideia de que o devedor não pode exigir a
redução da prestação estipulada, ou seja, não goza do chamado beneficium
competentiae. É, por tanto, irrelevante a situação económica do devedor. O devedor,
terá de cumprir, ainda que a realização da prestação o deixe na penúria (artº 601º e
604º). Entretanto, estarão isentos de penhora e sua consequente execução, os bens que
se acham necessários para à satisfação das necessidades primárias do executado.

Corolário do princípio da pontualidade é o princípio da integralidade, regulado no nº 1


do artº 763º, o princípio da integralidade se traduz no facto de que a realização da
prestação deve ser efectuada integralmente e não por partes, não podendo o credor ser
forçado a aceitar o cumprimento parcial. Contudo, nada obsta que as partes optem pelo
pagamento fraccionado da prestação, desde que esteja previamente convencionado,
todavia, esse acordo, não impede o devedor de realizar por inteiro a prestação a que está
adstrito (artº 763º nº 2).

A não-aceitação fraccionada da prestação (recusa do credor), não constitui mora do


credor, mas sim do devedor, não só quanto a parte que este se propunha a realizar, mas
quanto a toda a prestação debitória.

Deste modo, a aceitação do credor, não evita que o devedor fique em mora, quanto à
parte restante da prestação, salvo se estas prorrogarem o prazo relativamente ao
cumprimento da parte em falta. O cumprimento em prestações é permitido nos seguintes
casos: de imputação de cumprimento (art. 784º nº 2); no caso de pluralidade de fiadores
que gozem do benefício da divisão (artº 847º) e ainda, nos casos em que tal situação
resulta dos usos ou da boa-fé (artº 762º).
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Conclusão

Tendo feito o trabalho, podemos a firmar que Todavia, o devedor tem a obrigação de
prestar a coisa ou facto, tal como nos termos em que se vinculou, sendo que não pode,
por sua vez, o credor ser constrangido a receber do devedor.

O direito das obrigações é a base de toda relação jurídica privada. 

É extremamente importante se atentar para a enorme gama de atuação por parte dos
advogados, que devem prezar pelos detalhes específicos cabíveis em cada caso concreto
para que o direito seja bem utilizado ou não seja mau utilizado.

Portanto, a função geral do direito das obrigações é remediar, harmonizar as relações


obrigacionais entre as partes que por qualquer motivo não cumprem o pacto firmado. É
o que confirma Coelho (2012) ao afirmar que, quando o devedor cumpre sua obrigação
no vencimento, não se verifica, por óbvio, entre ele e o credor nenhum conflito de
interesses.
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Referências bibliográfica

Decreto-lei nr 47344,de 25 de novembro de 1966


BALDON, Cesar. Obrigações e contratos no Direito Romano. Jus Navigandi, Teresina,
ano 15, n. 2590, 4 ago. 2010. Disponível em: Acesso em: 21 ago. 2013
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria geral das obrigações. 22.
ed. revista e atualizada de acordo com a Reforma do CPC. São Paulo: Saraiva, 2007, v
2.

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