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Jurisprudência sobre responsabilidade civil do estado

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Responsabilidade Civil do Estado


Jurisprudências

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Jurisprudência sobre responsabilidade civil do estado

1 Jurisprudência sobre responsabilidade civil do estado


Caso Agnès Blanco: Controvérsia julgada em 08 de fevereiro de 1873 pelo Tribunal de
Conflitos Francês envolvendo Agnès-Blanco, criança francesa, e a Companhia Nacional
de Tabaco da França. A disputa tinha como objeto pedido de indenização formulado
pelo pai de Agnès-Blanco em virtude do atropelamento da filha por um vagão de trem
da Cia. de Tabaco. O Tribunal Civil mais uma vez se julgou incompetente e o caso foi
remetido para o Tribunal de Conflitos. Este, por sua vez, confirmou o entendimento
do Caso Rothschild e afirmou que “a responsabilidade do Estado pelos danos
causados aos particulares por faltas cometidas por agentes públicos não pode ser
regida pelos princípios estabelecidos no Código Civil, cujas disciplinas atingem
somente as relações entre particulares”. Disse ainda que a Responsabilidade Civil do
Estado “não é geral e nem absoluta” sendo disciplinada por regras especiais
destinadas a equilibrar os direitos do Estado com o Direito Privado.

DESDOBRAMENTOS DO CASO ARESTO BLANCO (LEADING CASE)

• Embora o caso Agnès-Blanco não tenha sido o primeiro em que o Tribunal de


Conflitos decidiu por cingir a responsabilidade do Estado, ele ainda é
considerado o julgamento mais importante da jurisprudência francesa na
medida em que marcou o abandono da teoria privada da responsabilidade civil
do Estado.

• As decisões inauguraram um novo momento na história da Responsabilidade


Civil do Estado em que se deixou de levar em consideração o elemento culpa
como determinante da obrigação de indenizar e se passou a considerar a
responsabilidade civil apenas sob a ótica do nexo de causalidade.

• O Aresto Blanco foi o primeiro posicionamento definitivo favorável à


condenação do Estado por danos decorrentes do exercício das atividades
administrativas. A partir deste famoso caso, surgiu a teoria publicista de
responsabilidade do Estado.

• RE 608.880/MT STF - Não se caracteriza a responsabilidade civil objetiva do


Estado por danos decorrentes de crime cometido por pessoa foragida do
sistema prisional quando não demonstrado o nexo causal direto entre o
momento da fuga e a conduta praticada.

▪ RE 662.405/AL STF - O Estado responde subsidiariamente por danos materiais

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causados a candidatos, caso o concurso público organizado por pessoa jurídica


de direito privado (art. 37, § 6º, da CRFB/88),seja suspenso ou cancelada por
indícios de fraude.

▪ RE 842.846/RJ STF - O Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães


e registradores oficiais que, no exercício de suas funções, causem dano a
terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de
dolo ou culpa, sob pena de improbidade administrativa.

▪ RE 1.209.429/SP STF - “É objetiva a Responsabilidade Civil do Estado em relação


a profissional da imprensa ferido por agentes policiais durante cobertura
jornalística, em manifestações em que haja tumulto ou conflitos entre policiais
e manifestantes. Cabe a excludente da responsabilidade da culpa exclusiva da
vítima, nas hipóteses em que o profissional de imprensa descumprir ostensiva
e clara advertência sobre acesso a áreas delimitadas, em que haja grave risco à
sua integridade física”.

▪ Súmula 647 - São imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e


materiais decorrentes de atos de perseguição política com violação de direitos
fundamentais ocorridos durante o regime militar.

▪ Súmula 652 - A responsabilidade civil da administração pública por danos ao


meio ambiente, decorrente de sua omissão no dever de fiscalização, é de caráter
solidário, mas de execução subsidiária.

▪ REsp 1536911/PE - O termo inicial da prescrição para o ajuizamento de ações


de responsabilidade civil em face do Estado por ilícitos praticados por seus
agentes é a data do trânsito em julgado da sentença penal condenatória.

▪ Tema 553 - O prazo prescricional das ações indenizatórias ajuizadas contra a


Fazenda Pública é quinquenal (Decreto n. 20.910/1932), tendo como termo a
quo a data do ato ou fato do qual originou a lesão ao patrimônio material ou
imaterial.

▪ REsp 1230155/PR - A responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas


é subjetiva, devendo ser comprovados a negligência na atuação estatal, o dano
e o nexo de causalidade.

▪ REsp 1497096/RJ - Há responsabilidade civil do Estado nas hipóteses em que a


omissão de seu dever de fiscalizar for determinante para a concretização ou o
agravamento de danos ambientais.

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▪ REsp 1266517/PR - A Administração Pública pode responder civilmente pelos


danos causados por seus agentes, ainda que estes estejam amparados por
causa excludente de ilicitude penal.

▪ REsp 1266517/PR - É objetiva a responsabilidade civil do Estado pelas lesões


sofridas por vítima baleada em razão de tiroteio ocorrido entre policiais e
assaltantes.

▪ AREsp 850954/CE - O Estado possui responsabilidade objetiva nos casos de


morte de custodiado em unidade prisional.

▪ REsp 1549522/RJ - O Estado responde objetivamente pelo suicídio de preso


ocorrido no interior de estabelecimento prisional.

▪ AREsp 173291/PR - O Estado não responde civilmente por atos ilícitos


praticados por foragidos do sistema penitenciário, salvo quando os danos
decorrem direta ou imediatamente do ato de fuga.

▪ REsp 1164436/RS - A existência de lei específica que rege a atividade militar (Lei
n. 6.880/1980) não isenta a responsabilidade do Estado pelos danos morais
causados em decorrência de acidente sofrido durante as atividades militares.

▪ REsp 1443990/PB - Em se tratando de responsabilidade civil do Estado por


rompimento de barragem, é possível a comprovação de prejuízos de ordem
material por prova exclusivamente testemunhal, diante da impossibilidade de
produção ou utilização de outro meio probatório.

▪ REsp 1388266/SC - É possível a cumulação de benefício previdenciário com


indenização decorrente de responsabilização civil do Estado por danos oriundos
do mesmo ato ilícito.

▪ REsp 1501216/SC - Nas ações de responsabilidade civil do Estado, é


desnecessária a denunciação da lide ao suposto agente público causador do
ato lesivo.

▪ Resp. 1.135.927/ MG - Há responsabilidade subsidiária do Poder Concedente,


em situações em que o concessionário não possuir meios de arcar com a
indenização pelos prejuízos a que deu causa.

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Questões de Sala

Questões de Sala
Meus caros alunos, ANTES DE ENCERRAR, vamos RESOLVER as questões da sala de
aula? Vamos lá??

Questão 01 Fernando, profissional da imprensa, foi ferido por agentes policiais


durante cobertura jornalística, em manifestação em que houve tumulto e conflitos
entre policiais e manifestantes.

Os policiais que atuaram no evento portavam câmeras que filmaram o tumulto,


restando comprovado que Fernando descumpriu ostensiva e clara advertência sobre
acesso a áreas delimitadas, em que havia grave risco à sua integridade física.

No caso em tela, de acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, aplica-


se a responsabilidade civil

A subjetiva do Estado, mas incide a excludente da responsabilidade da culpa exclusiva


da vítima.

B objetiva do Estado, mas incide a excludente da responsabilidade da culpa exclusiva


da vítima.

C objetiva do Estado, e não incide a excludente da responsabilidade do caso fortuito,


em razão da imprevisibilidade dos danos sofridos por Fernando.

D objetiva do Estado, e não incide a excludente da responsabilidade da culpa exclusiva


da vítima, em razão da relevante função desempenhada pelo profissional de imprensa.

E subjetiva do Estado, e não incide a excludente da responsabilidade da culpa


exclusiva da vítima, em razão da relevante função desempenhada pelo profissional de
imprensa.

Questão 2 João cumpria pena privativa de liberdade em regime fechado em


estabelecimento prisional do Estado Alfa. Um dia, João foi encontrado morto, sendo
certo que a investigação realizada e a prova técnica produzida comprovaram, de
forma inequívoca, que se tratou de suicídio e que não houve inobservância pelo
Estado do dever específico de proteção previsto no Art. 5º, inciso XLIX, da Constituição
da República.

Mesmo sendo incontroverso o fato de que, no caso em tela, houve causa impeditiva
da atuação estatal protetiva do detento, os filhos de João ajuizaram ação indenizatória

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em face do Estado Alfa. Levando em consideração a jurisprudência dos Tribunais


Superiores sobre o tema, a pretensão reparatória dos filhos de João

A merece prosperar, com base da responsabilidade civil objetiva do Estado Alfa, sem
necessidade de comprovação de dolo ou culpa de agentes públicos.

B merece prosperar, com base da responsabilidade civil subjetiva por omissão do


Estado Alfa, sem necessidade de comprovação de dolo ou culpa de agentes públicos.

C merece prosperar, com base da responsabilidade civil objetiva por omissão do


Estado Alfa, com necessidade de comprovação de dolo ou culpa de agentes públicos.

D não merece prosperar, pois rompeu-se o nexo de causalidade entre a suposta


omissão do Estado Alfa e o resultado danoso consistente na morte de João.

E não merece prosperar, pois o Estado Alfa, em qualquer hipótese, não pode ser
responsabilizado por morte decorrente de suicídio.

Questão 3 João cumpria pena em estabelecimento prisional do Estado Alfa quando


foi morto por estrangulamento praticado por outro apenado, sendo certo que,
durante o homicídio, praticado no horário de banho de sol, não interveio qualquer
agente penitenciário, presente no local,para tentar impedir a morte de João. A família
do falecido João procurou a Defensoria Pública, que lhe esclareceu que a Constituição
da República de 1988,em seu artigo 5º, inciso XLIX, assegura aos presos o respeito à
integridade física e moral. Assim, seguindo a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, os filhos de João:

A não devem ajuizar ação indenizatória em face do Estado Alfa, porque o caso trata
de culpa exclusiva de terceiro, qual seja, o detento que praticou o homicídio;

B não devem ajuizar ação indenizatória em face do Estado Alfa, porque não incide a
responsabilidade civil objetiva, e sim devem manejá-la em face diretamente dos
agentes penitenciários que foram omissos;

C devem ajuizar ação indenizatória em face do Estado Alfa, por sua responsabilidade
civil subjetiva, sendo inaplicável ação de regresso pelo ente federativo em face dos
agentes públicos, diante da ausência de culpa ou dolo;

D devem ajuizar ação indenizatória em face do Estado Alfa, por sua responsabilidade
civil objetiva pela inobservância do seu dever específico de proteção previsto no
citado artigo inciso da Constituição da República de 1988;

E devem ajuizar ação indenizatória em face do Estado Alfa, por sua responsabilidade

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civil subjetiva, diante da omissão específica no cumprimento do dever previsto no


citado artigo 5º, inciso XLIX,da Constituição da República de desde que comprovada
a existência do elemento subjetivo.

Questão 4 - Julgue os itens seguintes, relativos à responsabilidade civil do Estado.

No âmbito da responsabilidade civil do Estado, são imprescritíveis as ações


indenizatórias por danos morais e materiais decorrentes de atos de tortura ocorridos
durante o regime militar de exceção.

Questão 5 - No que diz respeito à responsabilidade civil pelos danos causados pelos
notários e registradores, de acordo com a legislação vigente e o atual entendimento
do Supremo Tribunal Federal – STF, é correto afirmar que

o Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais


que, no exercício de suas funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de
regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade
administrativa

Questão 6- Julgue o item a seguir de acordo com o entendimento dos tribunais


superiores acerca da responsabilidade civil do Estado.

Um detento em cumprimento de pena em regime fechado empreendeu fuga do


estabelecimento penal. Decorridos aproximadamente três meses da fuga, ele cometeu
o crime de latrocínio, em conjunto com outros agentes. Sabendo da fuga, a família da
vítima ingressou com ação para processar o Estado. Nessa situação hipotética, há
responsabilidade estatal, haja vista a omissão na vigilância e na custódia de pessoa
que deveria estar presa, além da negligência da administração pública no emprego
de medidas de segurança carcerária

Questão 07 - À luz da Constituição Federal, da legislação de regência, da doutrina e


da jurisprudência acerca do direito administrativo, julgue o item.

A responsabilidade civil do Estado por ofensa à dignidade da pessoa humana em


razão de superlotação carcerária é objetiva, exigindo‐se, contudo, a comprovação dos
danos causados aos detentos e de sua ligação, ou nexo, com as más condições
oriundas da superpopulação

Questão 08 - A sociedade empresária Alfa exercia a venda de produtos alimentícios


em uma mercearia, com licença municipal específica para tal atividade. No entanto, os
proprietários do comércio também desenvolviam comercialização de fogos de
artifício, de forma absolutamente clandestina, pois sem a autorização do poder

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público. Durante as inspeções ordinárias, o poder público nunca encontrou indícios


de venda de fogos de artifício, tampouco o fato foi alguma vez noticiado à
municipalidade. Certo dia, grande explosão e incêndio ocorreram no comércio,
causados pelos fogos de artifício, que atingiram a casa de João, morador vizinho à
mercearia, que sofreu danos morais e materiais. João ajuizou ação indenizatória em
face do Município, alegando que incide sua responsabilidade objetiva por omissão.

No caso em tela, valendo-se da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o


magistrado deve julgar:

A procedente o pedido, pois se aplica a teoria do risco administrativo, de maneira que


não é necessária a demonstração do dolo ou culpa do Município, sendo devida a
indenização;

B procedente o pedido, pois, diante da omissão específica do Município, aplica-se a


teoria do dano in re ipsa, devendo o poder público arcar com a indenização, desde
que exista nexo causal entre o incêndio e os danos sofridos por João;

C procedente o pedido, diante da falha da Administração Municipal na fiscalização de


atividade de risco, qual seja, o estabelecimento destinado a comércio de fogos de
artifício, incidindo a responsabilidade civil objetiva;

D improcedente o pedido, pois, apesar de ser desnecessária a demonstração de


violação de um dever jurídico específico de agir do Município, a responsabilidade civil
originária é da sociedade empresária Alfa, de maneira que o Município responde de
forma subsidiária, caso a responsável direta pelo dano seja insolvente;

E improcedente o pedido, pois, para que ficasse caracterizada a responsabilidade civil


do Município, seria necessária a violação de um dever jurídico específico de agir, seja
pela concessão de licença para funcionamento sem as cautelas legais, seja pelo
conhecimento do poder público de eventuais irregularidades praticadas pelo
particular, o que não é o caso.

Gabarito:

01 B 02 D 03 D 04. C 05. C 06. E 08.E

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