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CURSO ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO P/ POLÍCIA FEDERAL

PROFESSOR: LEANDRO CADENAS

AULA 12

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

A dita responsabilidade civil do Estado, ou da Administração Pública, é a


obrigação que ele tem de reparar os danos causados a terceiros em face de
comportamento imputável aos seus agentes. Para que se caracterize o dever
de indenizar, independe se houve ação ou omissão, se foi legal ou ilegal,
material ou jurídico: basta a ocorrência de um ônus maior que o normal para
aquela situação. Chama-se também de responsabilidade extracontratual
do Estado.
Para alguns, diz-se ressarcimento quando resultar de um ato ilícito e
indenização quando se refere a ato lícito. Para outros, são sinônimos. Em todo
caso, “é da jurisprudência do Supremo Tribunal que, para a configuração da
responsabilidade objetiva do Estado não é necessário que o ato praticado seja
ilícito”1.
Responsabilidade civil refere-se à esfera econômica, indenização financeira, em
face de um prejuízo causado a outrem. Não se confunde com as esferas penal
e administrativa.
De fato, há possibilidade de responsabilização, baseada num mesmo ato, nas
três esferas, mas são independentes entre si, como regra.
Enquanto a responsabilidade penal diz respeito à prática de crimes ou
contravenções, a administrativa é decorrente de inobservâncias das regras que
disciplinam as condutas administrativas dos agentes públicos.
Aqui trataremos apenas do tema relativo à esfera civil e extracontratual, já
que também os danos advindos de contratos são regidos por princípios
próprios afeitos aos contratos administrativos.
Vejamos então uma breve retrospectiva desse instituto, algumas vezes já
cobrada em provas.

1 EVOLUÇÃO

Historicamente, verifica-se que a responsabilização civil do Estado evoluiu por


diversas fases, seguindo variadas teorias.
Assim, sucederam-se no tempo as seguintes teorias:
I – irresponsabilidade do Estado;
II – responsabilidade subjetiva do Estado;
III – responsabilidade objetiva do Estado;
IV – risco integral.

1
STF, RE-AgR 456.302/RR, relator Ministro Sepúlveda Pertence, publicação DJ 16/03/2007.

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1.1 IRRESPONSABILIDADE DO ESTADO

Essa primeira teoria teve vigência durante os Estados absolutistas, que


impunham a figura do rei como o senhor maior das decisões estatais, aquele a
quem competia dizer o que era certo ou errado.
Qualquer ação, dele mesmo ou de seus representantes, era tida como legítima,
não passível de qualquer responsabilização, pois “o rei não pode errar” (do
inglês: “the king can do no wrong”) ou “o rei não pode fazer mal” (do francês:
“le roi ne peut mal faire”), ou ainda, “aquilo que agrada ao príncipe tem força
de lei” (do latim: “quod principi placuit habet legis vigorem”).
Por sua patente injustiça, essa teoria deixou de existir no século XIX, dando
lugar à responsabilidade subjetiva do Estado.

1.2 RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO ESTADO

Após o período de irresponsabilidade total do Estado quanto aos prejuízos por


ele causados, nasceu a responsabilidade subjetiva, ou teoria da culpa
civil, uma vez que equiparava o Estado ao indivíduo, obrigando a ambos da
mesma forma, é dizer, sempre que houvesse culpa, haveria o dever de
indenizar.
A culpa aqui é vista de maneira ampla, incluindo o dolo (intenção de provocar
o dano) e a culpa propriamente dita (dano causado por imprudência,
negligência ou imperícia).
Assim, caberia ao prejudicado a obrigação de demonstrar a culpa do agente
público, e o nexo causal entre o dano verificado e sua conduta.

1.3 RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO

De forma diversa da anterior, seguindo a teoria do risco administrativo, em


havendo um dano provocado pela Administração, ele deve ser reparado,
independente de dolo ou culpa desta. Diz-se teoria do risco em face da
existência intrínseca de um risco vinculado à atividade estatal, que deve ser
suportado pelo próprio Estado.
Aqui o ônus da prova se inverte.
Ao prejudicado, basta a prova do dano, da ação administrativa e do nexo
causal daquele com a conduta do agente público.
É a Administração Pública que terá que provar a culpa do particular, situação
em que se livrará da responsabilidade pelos danos, ou a culpa concorrente,
quando terá minimizada sua responsabilidade.

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Então, aqui fica clara uma exceção à teoria do risco administrativo: caberá ao
Estado o dever de indenizar o dano ocorrido independente de seu dolo ou
culpa, mas não no caso de culpa exclusiva do prejudicado. Em face das
exceções, chama-se também de teoria do risco administrativo mitigado.
Assim decidiu o STF:
A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e das
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público,
responsabilidade objetiva, com base no risco administrativo, ocorre
diante dos seguintes requisitos: a) do dano; b) da ação
administrativa; c) e desde que haja nexo causal entre o dano e a
ação administrativa. Essa responsabilidade objetiva, com base no
risco administrativo, admite pesquisa em torno da culpa da vítima,
para o fim de abrandar ou mesmo excluir a responsabilidade da
pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público.2
Outras duas importantes exceções devem ser destacadas: culpa de terceiro e
caso fortuito/força maior3. Em ambos os casos, vigora a responsabilidade
subjetiva do Estado, pois esta deve ser comprovada.
Força maior é o evento imprevisível, inevitável e independente da vontade
das partes.
Assim, se cai um raio sobre um carro, não se fala em responsabilidade objetiva
do Estado, pois não contribuiu de nenhum modo para o dano, inexistindo nexo
de causalidade entre este e um comportamento da Administração. Igual
conseqüência existe se há assalto ocorrido no interior de um coletivo, pois,
segundo o STJ, o fato inteiramente estranho ao transporte em si constitui
causa excludente da responsabilidade da empresa transportadora4. Noutro
julgado semelhante, pontuou o STJ que “a empresa só pode ser
responsabilizada quando a ação de terceiros tiver alguma conexão com o
transporte”5.
No entanto, se havia de alguma forma um dever de ação do Estado, e
este omitiu-se, pode configurar sua responsabilidade, mas, repita-se,

2
STF, RE 217.389/SP, relator Ministro Néri da Silveira, publicação DJ 24/05/2002.
3
A doutrina é divergente ao conceituar o que seria um caso fortuito ou a força maior. A
legislação, em geral, os trata sempre juntos, sem diferenciar o que seria um ou outro (apenas a
título de exemplo, citem-se os arts. 246, 393, 399 e 583, todos do Código Civil). Da mesma
forma, as provas de concursos não costumam dar tratamento diferenciado entre eles. Assim
sendo, neste trabalho, vamos considerá-los como sinônimos. Nos termos do parágrafo único do
art. 393 do Código Civil, “o caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos
efeitos não era possível evitar ou impedir.”
4
STJ, REsp 435.865/RJ, relator Ministro Barros Monteiro, publicação DJ 12/05/2003.
5
No caso em questão, o STJ decidiu que a Companhia de Trens Urbanos - CBTU não deve pagar
pensão à família de um menor assassinado no interior de um dos vagões da empresa. STJ, REsp
142.186/SP, relator Ministro Hélio Quaglia Barbosa, publicação DJ 19/03/2007:
RESPONSABILIDADE CIVIL. HOMICÍDIO NO INTERIOR DE VAGÃO. CASO FORTUITO OU FORÇA
MAIOR. EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE. RECURSO PROVIDO. O fato de terceiro, que não
exime de responsabilidade a empresa transportadora, é aquele que guarda uma relação de
conexidade com o transporte. Recurso conhecido e provido.

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será subjetiva. Dita omissão deve ser comprovada (imprudência, negligência


ou imperícia).
Vamos supor a existência de uma árvore que já ameaça cair, em face de sua
inclinação e alguns pedidos de vizinhos para que a Prefeitura a retire. Se, com
um vendaval (força maior), essa árvore cai sobre um veículo, poderá ficar
configurada a responsabilidade da Administração em face de sua omissão. De
igual forma, enchente costumeira que inunda um bairro em face da não
limpeza de um córrego pelo órgão competente também pode gerar um dever
de indenizar.
Note-se que é uma exceção dentro da exceção. Se há força maior, afasta-
se a responsabilidade. No entanto, se esse evento se une à omissão estatal
para provocar o dano, há o dever de indenizar.
Mas não se diz que há responsabilidade objetiva, aplicando-se a teoria da
culpa do serviço público, mais precisamente, da falta do serviço (do
francês: “faute du service”). Diz-se que há culpa anônima, pois não
dependeu da ação de algum agente público, mas sim da omissão estatal.
Então, no caso presente, vige a responsabilidade subjetiva do Estado.
Dessa mesma espécie revela-se o mau funcionamento da segurança pública
quando, por exemplo, há prejuízos decorrentes de ação de terceiros, como o
caso de ação de multidão. A responsabilidade será imputada ao Estado.
Veja exemplos jurisprudenciais:
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ART. 37, § 6º DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. FAUTE DU SERVICE PUBLIC
CARACTERIZADA. ESTUPRO COMETIDO POR PRESIDIÁRIO,
FUGITIVO CONTUMAZ, NÃO SUBMETIDO À REGRESSÃO DE REGIME
PRISIONAL COMO MANDA A LEI. CONFIGURAÇÃO DO NEXO DE
CAUSALIDADE. RECURSO EXTRAORDINÁRIO DESPROVIDO. Impõe-
se a responsabilização do Estado quando um condenado submetido a
regime prisional aberto pratica, em sete ocasiões, falta grave de
evasão, sem que as autoridades responsáveis pela execução da pena
lhe apliquem a medida de regressão do regime prisional aplicável à
espécie. Tal omissão do Estado constituiu, na espécie, o fator
determinante que propiciou ao infrator a oportunidade para praticar
o crime de estupro contra menor de 12 anos de idade, justamente
no período em que deveria estar recolhido à prisão. Está configurado
o nexo de causalidade, uma vez que se a lei de execução penal
tivesse sido corretamente aplicada, o condenado dificilmente teria
continuado a cumprir a pena nas mesmas condições (regime
aberto), e, por conseguinte, não teria tido a oportunidade de evadir-
se pela oitava vez e cometer o bárbaro crime de estupro.6
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ATO OMISSIVO DO PODER
PÚBLICO: DETENTO FERIDO POR OUTRO DETENTO.
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA: CULPA PUBLICIZADA: FALTA DO

6
STF, RE 409.203/RS, relator Ministro Carlos Velloso, publicação DJ 20/04/2007.

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SERVIÇO. C.F., art. 37, § 6º. Tratando-se de ato omissivo do poder


público, a responsabilidade civil por esse ato é subjetiva, pelo que
exige dolo ou culpa, em sentido estrito, esta numa de suas três
vertentes -- a negligência, a imperícia ou a imprudência -- não
sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode ser
atribuída ao serviço público, de forma genérica, a falta do serviço. A
falta do serviço -- faute du service dos franceses -- não dispensa o
requisito da causalidade, vale dizer, do nexo de causalidade entre
ação omissiva atribuída ao poder público e o dano causado a
terceiro. Detento ferido por outro detento: responsabilidade civil do
Estado: ocorrência da falta do serviço, com a culpa genérica do
serviço público, por isso que o Estado deve zelar pela integridade
física do preso.7
O Estado responde objetivamente pelos seus atos e de seus agentes
que nessa qualidade causem a terceiros e, por omissão, quando
manifesto o dever legal de impedir o ato danoso, hipótese em que a
sua responsabilidade é subjetiva decorrente de imperícia ou dolo.8
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. POLUIÇÃO AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE
DO ESTADO POR OMISSÃO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. 1. A responsabilidade civil do
Estado por omissão é subjetiva, mesmo em se tratando de
responsabilidade por dano ao meio ambiente, uma vez que a
ilicitude no comportamento omissivo é aferida sob a perspectiva de
que deveria o Estado ter agido conforme estabelece a lei. 2. A União
tem o dever de fiscalizar as atividades concernentes à extração
mineral, de forma que elas sejam equalizadas à conservação
ambiental. Esta obrigatoriedade foi alçada à categoria constitucional,
encontrando-se inscrita no artigo 225, §§ 1º, 2º e 3º da Carta
Magna. 3. Condenada a União a reparação de danos ambientais, é
certo que a sociedade mediatamente estará arcando com os custos
de tal reparação, como se fora auto-indenização. Esse desiderato
apresenta-se consentâneo com o princípio da eqüidade, uma vez que
a atividade industrial responsável pela degradação ambiental – por
gerar divisas para o país e contribuir com percentual significativo de
geração de energia, como ocorre com a atividade extrativa mineral –
a toda a sociedade beneficia. 4. Havendo mais de um causador de
um mesmo dano ambiental, todos respondem solidariamente pela
reparação, na forma do art. 942 do Código Civil. De outro lado, se
diversos forem os causadores da degradação ocorrida em diferentes
locais, ainda que contíguos, não há como atribuir-se a
responsabilidade solidária adotando-se apenas o critério geográfico,
por falta de nexo causal entre o dano ocorrido em um determinado
lugar por atividade poluidora realizada em outro local.9

7
STF, RE 382.054/RJ, relator Ministro Carlos Velloso, publicação DJ 01/10/2004.
8
STJ, REsp 614.048/RS, relator Ministro Luiz Fux, publicação DJ 02/05/2005.
9
STJ, REsp 647.493/SC, relator Ministro João Otávio de Noronha, DJ 22/10/2007.

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A outra exceção diz respeito à culpa do particular ou de terceiro, com a


exceção da exceção prevista acima.
Se o condutor de um carro da polícia choca-se, durante uma perseguição, com
o carro de um particular, caberá à Administração Pública ressarcir os prejuízos
ao interessado, independente de haver culpa ou não do motorista do carro
oficial.
Por outro lado, se o particular avançou o sinal vermelho e veio a abalroar um
carro público, haverá culpa do particular, e este deverá indenizar a
Administração. Neste caso, caberá prova de culpa, pois a responsabilidade do
administrado é sempre subjetiva.
Se ficar constatada que a culpa é parte do agente público, parte do particular,
a responsabilidade se dividirá entre este e o Estado, à medida da participação
de cada um no evento danoso10. Chama-se de culpa concorrente.
Com a adoção da teoria da responsabilidade objetiva do Estado, busca-
se a divisão dos prejuízos causados por algum ato seu com todos os
cidadãos, e não apenas penalizando aquele que sofreu o dano. A coletividade
se une para usufruir das benesses de uma vida em comum, mas também,
assim como divide as vantagens, deve dividir esse ônus: é a aplicação do
princípio da isonomia ou da igualdade. Note-se que tal princípio justifica a
divisão entre todos, é dizer, o Estado vai ressarcir o prejudicado e toda a
sociedade vai pagar por isso. Mas não há igualdade entre o particular e a
Administração Pública, pelo contrário. Reconhece-se a superioridade estatal,
por isso a responsabilidade é objetiva, cabendo ao Poder Público a prova de
culpa do particular: não seria justo, além do prejuízo, ainda imputar ao
particular a tarefa de provar sua inocência.
Exemplificando, destaco dois recentes julgados do STJ acerca do tema:
RESPONSABILIDADE. ESTADO. MORTE. DETENTO.
A Turma, por maioria, firmou cuidar-se de responsabilidade objetiva
do Estado a morte de detendo ocorrida dentro das dependências da
carceragem estatal.11
RESPONSABILIDADE. ESTADO. NOMEAÇÃO TARDIA.
O pleito dos autores cinge-se ao fato de não terem sido nomeados
na data devida, por erro da Administração, posteriormente
reconhecido pela via judicial, motivo pelo qual requerem indenização
do Estado, com fulcro na teoria da responsabilidade objetiva. O Min.
Relator entendeu assistir razão aos recorrentes. Consta dos autos
que a tardia nomeação dos autores resultou de ato ilícito da
Administração, a saber, ilegalidade na correção das provas do
certame, razão pela qual os candidatos, ora recorrentes, deixaram
de exercer o cargo para o qual restaram aprovados em concurso

10
Código Civil, art. 945: Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua
indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do
autor do dano.
11
STJ, REsp 944.884/RS, relator para acórdão Ministro Luiz Fux, publicação DJ 17/04/2008.

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público, por terem sido preteridos por outros candidatos, razão pela
qual incide o artigo 37, § 6º, da CF/1988, que responsabiliza
objetivamente o Estado por danos causados aos seus administrados.
Indubitável a manifesta violação dos direitos dos autores no que
tange à observância da ordem classificatória do certame, vez que a
posterior deliberação da comissão de concurso no sentido de nomear
candidatos antes mesmo da análise do pedido judicial de anulação
de certas questões, pleito, diga-se de passagem, que logrou êxito
perante este Superior Tribunal, afronta os princípios da legalidade e
isonomia. É cediço que o candidato preterido tem direito à nomeação
na hipótese de inobservância da ordem dos concursos e da
classificatória, dentro do prazo de validade, havendo, fora desses
casos, tão-somente, expectativa de direito à nomeação. É cabível, in
casu, a condenação do Estado ao pagamento de indenização aos
candidatos que foram preteridos na ordem classificatória do
concurso, por erro da Administração. Não há qualquer óbice jurídico
para que o valor da indenização corresponda aos vencimentos e
demais vantagens inerentes ao cargo, porquanto seria o valor que
teriam percebido à época, caso observada a ordem classificatória do
certame.12
Por fim, cite-se a responsabilidade por atos legislativos e jurisdicionais.
Em ambos os casos, a regra é a irresponsabilidade estatal por esses atos.
A produção legislativa de um Estado é feita com base em sua soberania,
limitada apenas pelas normas constitucionais. As leis produzidas, revogadas,
alteradas, são abstratas, atingindo a todos indistintamente, e poderão causar
ônus à população que não fazem jus a qualquer reparação de eventuais danos.
No entanto, entende-se como possível a responsabilização do Estado no
caso de edição de leis inconstitucionais ou leis de efeitos concretos. Este
tipo de lei não tem as características de generalidade e impessoalidade,
atingindo pessoa certa, como no caso da lei que desapropria determinado
bem: se há prejuízo decorrente da mesma, cabe indenização.
No que pertine aos atos jurisdicionais, a regra, repita-se, é a
irresponsabilidade. Quando profere uma sentença, uma parte sempre perderá
e outra ganhará, e por óbvio que aquela não pode pleitear ressarcimento dos
danos pelo Estado. Contudo, a própria Carta Maior prevê a responsabilização
estatal, mas apenas na esfera penal:
Art. 5º (...)
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim
como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença.
Nessas duas hipóteses, nos termos da jurisprudência do STF13, fica patente
que a responsabilidade civil do Estado é objetiva e independe de dolo ou culpa
do magistrado:

12
STJ, REsp 825.037/DF, relator Ministro Luiz Fux, julgamento em 23/10/2007.
13
STF, RE 505.393/PE, relator Ministro Sepúlveda Pertence, publicação DJ 05/10/2007.

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Erro judiciário. Responsabilidade civil objetiva do Estado.


Direito à indenização por danos morais decorrentes de condenação
desconstituída em revisão criminal e de prisão preventiva. CF, art.
5º, LXXV. C.Pr.Penal, art. 630. 1. O direito à indenização da vítima
de erro judiciário e daquela presa além do tempo devido, previsto no
art. 5º, LXXV, da Constituição, já era previsto no art. 630 do C. Pr.
Penal, com a exceção do caso de ação penal privada e só uma
hipótese de exoneração, quando para a condenação tivesse
contribuído o próprio réu. 2. A regra constitucional não veio para
aditar pressupostos subjetivos à regra geral da responsabilidade
fundada no risco administrativo, conforme o art. 37, § 6º, da Lei
Fundamental: a partir do entendimento consolidado de que a
regra geral é a irresponsabilidade civil do Estado por atos de
jurisdição, estabelece que, naqueles casos, a indenização é
uma garantia individual e, manifestamente, não a submete à
exigência de dolo ou culpa do magistrado. 3. O art. 5º, LXXV,
da Constituição: é uma garantia, um mínimo, que nem impede a lei,
nem impede eventuais construções doutrinárias que venham a
reconhecer a responsabilidade do Estado em hipóteses que não a de
erro judiciário stricto sensu, mas de evidente falta objetiva do
serviço público da Justiça. (grifou-se)
No mesmo sentido é a regra do Código Civil:
Art. 954. A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no
pagamento das perdas e danos que sobrevierem ao ofendido, e se
este não puder provar prejuízo, tem aplicação o disposto no
parágrafo único do artigo antecedente14.
Parágrafo único. Consideram-se ofensivos da liberdade pessoal:
I - o cárcere privado;
II - a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé;
III - a prisão ilegal.
Mas o princípio da responsabilidade objetiva do Estado não se aplica a todos os
atos do Poder Judiciário, mas apenas aos casos expressamente declarados em
lei. No julgamento do RE 429.518/SC15 ficou assentado que:
O decreto judicial de prisão preventiva, quando suficientemente
fundamentado e obediente aos pressupostos que o autorizam, não
se confunde com o erro judiciário a que alude o inc. LXXV do art. 5º
da Constituição da República, mesmo que o réu ao final do processo
venha a ser absolvido ou tenha sua sentença condenatória
reformada na instância superior.
Interpretação diferente implicaria a total quebra do princípio do livre
convencimento do juiz e afetaria irremediavelmente sua segurança

14
CC, art. 953, parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao
juiz fixar, eqüitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.
15
STF, RE 429.518/SC, relator ministro Carlos Velloso, publicação DJ 28/10/2004.

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para avaliar e valorar as provas, bem assim para adotar a


interpretação da lei que entendesse mais adequada ao caso
concreto.
Tal decisão ficou assim ementada:
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CIVIL. RESPONSABILIDADE
CIVIL DO ESTADO PELOS ATOS DOS JUÍZES. C.F., art. 37, § 6º. A
responsabilidade objetiva do Estado não se aplica aos atos dos
juízes, a não ser nos casos expressamente declarados em lei.
Decreto judicial de prisão preventiva não se confunde com o erro
judiciário — C.F., art. 5º, LXXV — mesmo que o réu, ao final da ação
penal, venha a ser absolvido.
Sobre outro julgado, veja a notícia publicada no sítio do STJ:
RESPONSABILIDADE CIVIL. ESTADO. ATUAÇÃO. MAGISTRADO.
REPARAÇÃO. DANOS.
O Tribunal a quo, lastreado na prova dos autos, concluiu que a ora
recorrente, injustamente, acusou o ora recorrido de crime
gravíssimo, porque, por ofício, informou à autoridade policial que ele
seria autor de um delito, quando jamais poderia fazê-lo ante as
provas existentes. A Turma, ao prosseguir o julgamento, por
maioria, entendeu que a magistrada responde pelos danos causados
quando, por meio de ofício, afirma o cometimento de crime por outra
pessoa sem qualquer resquício de prova, respaldo fático ou jurídico.
Na espécie, não são admitidos os danos materiais, pois não
comprovados, efetivamente, os prejuízos patrimoniais. Quanto aos
danos morais, a Turma, fixou-os em 50 mil reais. Assim, por
maioria, conheceu em parte do recurso e, nessa parte, deu-lhe
parcial provimento.16
Também é possível a indenização em caso de revisão criminal, nos termos do
art. 630, CPP, recepcionado pela CF/88, tratando-se aqui também de
responsabilidade civil objetiva:
Art. 630. O tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer
o direito a uma justa indenização pelos prejuízos sofridos.
§ 1o Por essa indenização, que será liquidada no juízo cível,
responderá a União, se a condenação tiver sido proferida pela justiça
do Distrito Federal ou de Território, ou o Estado, se o tiver sido pela
respectiva justiça.
§ 2o A indenização não será devida:
a) se o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato ou falta
imputável ao próprio impetrante, como a confissão ou a ocultação de
prova em seu poder;
b) se a acusação houver sido meramente privada.

16
STJ, REsp 299.833/RJ , relator Ministro Castro Meira, julgado em 14/11/2006.

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A seguir é reproduzida notícia veiculada no Informativo 473, do STF:


Responsabilidade Civil do Estado: Revisão Criminal e Prisão
Preventiva
A Turma, por maioria, negou provimento a recurso extraordinário
interposto contra acórdão do TRF da 5ª Região que condenara a
União ao pagamento de indenização por danos morais em favor do
recorrido, reitor de universidade federal à época dos fatos. No caso,
este, preso preventivamente, fora denunciado, com vice-reitor e
diretora de contabilidade, por peculato doloso consistente na suposta
apropriação de remuneração paga a servidores-fantasmas inseridos
na folha de pagamento da instituição. O extinto Tribunal Federal de
Recursos - TFR mantivera a sentença de 1º grau que desclassificara
a imputação para o delito de peculato culposo. Ocorre que,
posteriormente, o TCU, em tomada de contas especial, eximira o
recorrido e o vice-reitor de toda responsabilidade pelo episódio, o
que ensejara, por parte deste último, pedido de revisão criminal que,
deferido pela Corte a quo, absolvera-o. Em conseqüência disso, o
recorrido propusera, então, ação ordinária de indenização por danos
morais, decorrentes não apenas da condenação, desconstituída em
revisão criminal, mas também da custódia preventiva. Alegava-se,
na espécie, contrariedade ao art. 5º, LXXV, da CF (“o Estado
indenizará o condenado por erro judiciário, assim como que ficar
preso além do tempo fixado na sentença;”). Entendeu-se que se
trataria de responsabilidade civil objetiva do Estado. Aduziu-se
que a constitucionalização do direito à indenização da vítima
de erro judiciário e daquela presa além do tempo devido (art.
5º, LXXV), reforçaria o que já disciplinado pelo art. 630 do
CPP (“O tribunal, se o interessado o requerer, poderá
reconhecer o direito a uma justa indenização pelos prejuízos
sofridos.”), elevado à garantia individual. No ponto, embora se
salientando a orientação consolidada de que a regra é a
irresponsabilidade civil do Estado por atos de jurisdição,
considerou-se que, naqueles casos, a indenização constituiria
garantia individual, sem nenhuma menção à exigência de dolo ou de
culpa do magistrado, bem como sem o estabelecimento de
pressupostos subjetivos à responsabilidade fundada no risco
administrativo do art. 37, § 6º, da CF. Salientou-se, ainda, que
muito se discute hoje sobre o problema da prisão preventiva
indevida e de outras hipóteses de indenização por decisões errôneas
ou por faute de service da administração da Justiça, as quais não se
encontram expressamente previstas na legislação penal.17
(grifou-se)

17
STF, RE 505.393/PE, relator ministro Sepúlveda Pertence, publicação DJ 05/10/2007.

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Ainda sobre a responsabilidade por atos jurisdicionais constitucionalmente


prevista, acrescente-se importante julgado do STJ, magistral aula sobre a
dignidade da pessoa humana:
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO DECORRENTE DE ATOS
PRATICADOS PELO PODER JUDICIÁRIO. MANUTENÇÃO DE CIDADÃO
EM CÁRCERE POR APROXIMADAMENTE TREZE ANOS (DE
27/09/1985 A 25/08/1998) À MINGUA DE CONDENAÇÃO EM PENA
PRIVATIVA DA LIBERDADE OU PROCEDIMENTO CRIMINAL, QUE
JUSTIFICASSE O DETIMENTO EM CADEIA DO SISTEMA
PENITENCIÁRIO DO ESTADO. ATENTADO À DIGNIDADE DA PESSOA
HUMANA.
1. Ação de indenização ajuizada em face do Estado, objetivando o
recebimento de indenização por danos materiais e morais
decorrentes da ilegal manutenção do autor em cárcere por quase 13
(treze) anos ininterruptos, de 27/09/1985 a 25/08/1998, em cadeia
do Sistema Penitenciário Estadual, onde contraiu doença pulmonar
grave (tuberculose), além de ter perdido a visão dos dois olhos
durante uma rebelião.
2. A Constituição da República Federativa do Brasil, de índole pós-
positivista e fundamento de todo o ordenamento jurídico expressa
como vontade popular que a República Federativa do Brasil, formada
pela união indissolúvel dos Estados, Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como um dos
seus fundamentos a dignidade da pessoa humana como instrumento
realizador de seu ideário de construção de uma sociedade justa e
solidária.
3. Consectariamente, a vida humana passou a ser o centro de
gravidade do ordenamento jurídico, por isso que a aplicação da lei,
qualquer que seja o ramo da ciência onde se deva operar a
concreção jurídica, deve perpassar por esse tecido normativo-
constitucional, que suscita a reflexão axiológica do resultado judicial.
4. Direitos fundamentais emergentes desse comando maior erigido à
categoria de princípio e de norma superior estão enunciados no art.
5.º da Carta Magna, e dentre outros, os que interessam o caso sub
judice destacam-se:
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e
moral; (...)
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal;

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LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos


acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa,
com os meios e recursos a ela inerentes; (...)
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado
de sentença penal condenatória; (...)
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem
escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo
nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar,
definidos em lei; (...)
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade
judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei
admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
5. A plêiade dessas garantias revela inequívoca transgressão aos
mais comezinhos deveres estatais, consistente em manter-se, sem o
devido processo legal, um ser humano por quase 13 (treze) anos
consecutivos preso, por força de inquérito policial inconcluso, sendo
certo que, em razão do encarceramento ilegal, contraiu o autor
doenças, como a tuberculose, e a cegueira.
6. Inequívoca a responsabilidade estatal, quer à luz da legislação
infraconstitucional (art. 159 do Código Civil vigente à época da
demanda) quer à luz do art. 37 da CF/1988, escorreita a imputação
dos danos materiais e morais cumulados, cuja juridicidade é
atestada por esta Eg. Corte (Súmula 37/STJ).
7. Nada obstante, o Eg. Superior Tribunal de Justiça invade a seara
da fixação do dano moral para ajustá-lo à sua ratio essendi, qual a
da exemplariedade e da solidariedade, considerando os consectários
econômicos, as potencialidades da vítima, etc, para que a
indenização não resulte em soma desproporcional.
8. In casu, foi conferida ao autor a indenização de R$ 156.000,00
(cento e cinqüenta e seis mil reais) de danos materiais e R$
1.844.000,00 (um milhão, oitocentos e quarenta e quatro mil reais)
de danos morais.
9. Fixada a gravidade do fato, a indenização imaterial revela-se
justa, tanto mais que o processo revela o mais grave atentado à
dignidade humana, revelado através da via judicial.
10. Deveras, a dignidade humana retrata-se, na visão Kantiana, na
autodeterminação; na vontade livre daqueles que usufruem de uma
vivência sadia. É de se indagar, qual a aptidão de um cidadão para o
exercício de sua dignidade se tanto quanto experimentou foi uma
"morte em vida", que se caracterizou pela supressão ilegítima de
sua liberdade, de sua integridade moral e física e de sua inteireza
humana?

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11. Anote-se, ademais, retratar a lide um dos mais expressivos


atentados aos direitos fundamentais da pessoa humana. Sob esse
enfoque temos assentado que "a exigibillidade a qualquer tempo dos
consectários às violações dos direitos humanos decorre do princípio
de que o reconhecimento da dignidade humana é o fundamento da
liberdade, da justiça e da paz, razão por que a Declaração Universal
inaugura seu regramento superior estabelecendo no art. 1º que
'todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos'.
Deflui da Constituição federal que a dignidade da pessoa humana é
premissa inarredável de qualquer sistema de direito que afirme a
existência, no seu corpo de normas, dos denominados direitos
fundamentais e os efetive em nome da promessa da inafastabilidade
da jurisdição, marcando a relação umbilical entre os direitos
humanos e o direito processual". (REsp 612.108/PR, Rel. Min. LUIZ
FUX, Primeira Turma, DJ 03.11.2004)
12. Recurso Especial desprovido.18
Outra regra de responsabilização, aqui pessoal do juiz, é encontrada no art.
133 do Código de Processo Civil, nos casos de atuação do magistrado com dolo
ou fraude, ou se ele se recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo,
providência que deva ordenar de ofício, ou a requerimento da parte. Nesses
casos, responderá por perdas e danos.
Não se confundam atos legislativos com atos praticados pelo Legislativo;
atos jurisdicionais com atos praticados pelo Judiciário.
Em cada caso, se o ato é praticado na função administrativa, haverá
normalmente a incidência da responsabilidade objetiva do Estado, porque
são atos administrativos praticados pelo Legislativo ou pelo Judiciário.
Assim, para que fique claro, o Legislativo pratica atos administrativos e atos
legislativos. Aos primeiros aplica-se a teoria objetiva, aos últimos, só por
exceção, caso seja a lei inconstitucional ou de efeitos concreto. Idêntico
raciocínio cabe para o Judiciário.

1.4 RISCO INTEGRAL

Segundo a teoria do risco integral, que aqui cita-se por questões meramente
didáticas, a Administração Pública sempre responderia pelos danos causados
aos particulares, sem qualquer exceção.
Como visto acima, a responsabilidade objetiva faz com que o Estado indenize
os prejuízos causados, independente de dolo ou culpa. Vimos algumas
exceções: culpa da vítima ou de terceiros e força maior.
É a inexistência dessas exceções que nos leva ao risco integral.

18
STJ, REsp 802.435/PE, relator Ministro Luiz Fux, publicação DJ 30/10/2006.

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Assim, poderia o particular atirar seu carro contra um caminhão dos bombeiros
e ao Estado caberia suportar ambos os prejuízos.
Pela evidente injustiça, tal teoria não é adotada.
Contudo, para parte da doutrina há uma exceção à regra.
Seria caso de responsabilidade integral do Estado em face de danos
nucleares: ainda que haja culpa do particular, se o dano é nuclear, à
Administração cabe o dever de indenizar (CF/88, art. 21, XXIII, d19).
A Lei nº 6.453/77 e o Decreto nº 911/93, tratam da responsabilidade civil por
danos nucleares.

2 A RESPONSABILIDADE NO BRASIL

Expressamente, a primeira teoria, da irresponsabilidade do Estado, nunca foi


adotada pelo Brasil. Por outro lado, as Constituições de 1824 e 1891 nada
previam acerca da responsabilidade do Estado. Algumas leis esparsas tratavam
de sua responsabilidade solidária com funcionários.
O Código Civil de 1916 assim determinava, em seu art. 15:
Art. 15. As pessoas jurídicas de direito público são civilmente
responsáveis por atos dos seus representantes que nessa qualidade
causem danos a terceiros, procedendo de modo contrário ao direito
ou faltando a dever prescrito por lei, salvo o direito regressivo contra
os causadores do dano.
A doutrina não era unânime ao analisar tal artigo, alguns alegando que se
tratava da teoria civilista, posto que o ato do funcionário deveria ser provado
como “contrário ao direito ou faltando a dever prescrito por lei”, outros que se
tratava da teoria objetiva.
Nas Constituições seguintes (1934, 1946 e 1967) passou a constar a
responsabilidade solidária dos funcionários com o Estado, prevendo também a
ação regressiva no caso de culpa. A partir de então, passa a vigorar a teoria da
responsabilidade objetiva do Estado pois, se a ação regressiva contra o
funcionário só cabe nos casos de culpa, pressupõem-se que contra o Estado
não se exige a prova de sua culpa para caber a indenização.
Reafirmando: no caso da objetiva, independe de dolo ou culpa, na subjetiva,
fundamental a prova de que houve dolo ou culpa.
Nossa atual Lei Maior tratou do tema em seu art. 37, § 6º, da seguinte forma:
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus

19
Art. 21. Compete à União: (...) XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de
qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e
reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados,
atendidos os seguintes princípios e condições: (...) d) a responsabilidade civil por danos
nucleares independe da existência de culpa.

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agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito


de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Como bem delineado, duas teorias são previstas nesse parágrafo:
I – teoria da responsabilidade objetiva do Estado;
II – teoria da responsabilidade subjetiva do agente.
Ademais, ainda contém outras regras importantes:
I – atinge tanto as pessoas jurídicas de direito público quanto de direito
privado, desde que prestadoras de serviços públicos, como empresas
públicas, permissionárias ou concessionárias. Ressalte-se que a
responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras
de serviço público é objetiva relativamente aos usuários do serviço, não
se estendendo a terceiros não-usuários (STF, RE 262.651/SP,
16/11/2004)20. Por outro lado, se desempenham atividade econômica de

20
O caso concreto envolvia uma empresa de ônibus, concessionária de serviço público, e um
particular que sofreu dano em seu veículo, em face de acidente entre este e um dos ônibus da
concessionária. Segundo decidiu o STF “a responsabilidade objetiva das prestadoras de serviço
público não se estende a terceiros não-usuários, já que somente o usuário é detentor do direito
subjetivo de receber um serviço público ideal, não cabendo ao mesmo, por essa razão, o ônus
de provar a culpa do prestador do serviço na causação do dano.” Assim se manifestou o relator:
“A ‘ratio’ do dispositivo constitucional que estamos interpretando parece-me mesmo esta:
porque o ‘usuário é detentor do direito subjetivo de receber um serviço público ideal’, não se
deve exigir que, tendo sofrido dano em razão do serviço, tivesse de provar a culpa do prestador
desse serviço. Fora daí, vale dizer, estender a não-usuários do serviço público prestado pela
concessionária ou permissionária a responsabilidade objetiva – CF, art. 37, § 6º – seria ir além
da ‘ratio legis’.”
Embora o julgamento tenha sido em face de concessionária/permissionária de serviços públicos, a
ementa do julgado acabou por ser genérica, incluindo qualquer “pessoas jurídicas de direito
privado prestadoras de serviço público”. Assim, estariam também incluídas as empresas públicas e
sociedades de economia, que integram a Administração Pública Indireta. No entanto, deve-se
cuidar para não generalizar indevidamente tal decisão, uma vez que a situação jurídica das
empresas públicas e sociedade de economia mista prestadoras de serviços públicos é diversa
daquela das delegatárias de serviços públicos. No entanto, repita-se, a ementa não expressa
essa posição.
Destaque-se ainda que, em julgamento iniciado em 08/03/2007, o Ministro Joaquim Barbosa,
relator, negou provimento ao recurso por entender que a responsabilidade civil das pessoas
jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva também
relativamente aos terceiros não-usuários do serviço. Asseverou que, em razão de a
Constituição brasileira ter adotado um sistema de responsabilidade objetiva fundado na teoria do
risco, mais favorável às vítimas do que às pessoas públicas ou privadas concessionárias de
serviço público, toda a sociedade deveria arcar com os prejuízos decorrentes dos riscos
inerentes à atividade administrativa, tendo em conta o princípio da isonomia de todos
perante os encargos públicos. Ademais, reputou ser indevido indagar sobre a qualidade
intrínseca da vítima, a fim de se verificar se, no caso concreto, configura-se, ou não, a hipótese
de responsabilidade objetiva, haja vista que esta decorre da natureza da atividade
administrativa, a qual não é modificada pela mera transferência da prestação dos serviços
públicos a empresas particulares concessionárias do serviço.
Tal julgamento já contava com quatro votos a favor da tese de que a responsabilidade civil das
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva também
relativamente aos terceiros não-usuários do serviço. Entretanto, em 18/02/2008, os autos foram
baixados definitivamente para a origem, para apreciação de pedido de homologação da
transação e extinção do processo. Com isso, é possível a mudança de entendimento do STF em
julgados futuros.

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natureza privada, ficarão sujeitas à responsabilidade própria do direito


privado;
II – necessidade de nexo causal entre a ação pública e o dano ao
particular;
III – que o agente aja na condição de agente público, independente de
sua ação ser legal, legítima, dentro de suas competências ou finalidades
públicas. Havendo atuação na qualidade de agente público, haverá dever
de indenizar eventuais danos. Assim, se um policial rodoviário, fardado,
fora do seu expediente, causa um dano ao particular, estará agindo com a
aparência de servidor público, cabendo indenização. Se esse mesmo
agente, fora do serviço e sem farda, causa algum prejuízo, como não tem
qualquer relação com sua função pública, responderá ele pelo dano
causado, sem se falar de responsabilidade estatal. De igual forma, se o
motorista da Administração Pública, usando o carro oficial para realizar,
por exemplo, serviço particular seu, chocar-se com outro carro, haverá
responsabilidade do Poder Público. O mesmo motorista, dirigindo seu
carro pessoal num domingo, fora do serviço, responde sozinho por algum
dano causado. Veja exemplos dos nossos tribunais superiores:
A ação indenizatória foi movida em benefício do menor, então com
três anos, que viu ambos os pais falecerem em razão do acidente de
trânsito causado por servidor militar à frente da condução de veículo
pertencente ao Exército, em uso particular (mudança residencial)
autorizado pela unidade em que servia. (...) Isso posto, faz-se
necessário anotar que, em nosso sistema jurídico, a responsabilidade
do Poder Público é objetiva ao adotar-se a teoria do risco
administrativo e que a condição de agente público, quando
contribui de modo determinante para a conduta lesiva, é
causa para a responsabilização estatal, dispensado que os
danos sejam apenas decorrentes do exercício da atividade
funcional, quanto mais se não é classificado como terceiro o agente
público que tem a posse do veículo. Responde a Administração pelos
danos decorrentes do acidente, mesmo que tenha autorizado a
posse do veículo a seu agente, sabedora que se utilizaria em uso
particular.21
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. C.F., art. 37, § 6º.
Agressão praticada por soldado, com a utilização de arma da
corporação militar: incidência da responsabilidade objetiva do
Estado, mesmo porque, não obstante fora do serviço, foi na
condição de policial-militar que o soldado foi corrigir as
pessoas. O que deve ficar assentado é que o preceito inscrito no
art. 37, § 6º, da C.F., não exige que o agente público tenha

STF, RE 459.749/PE, relator Ministro Joaquim Barbosa, publicação DJ 20/03/2007.


21
STJ, REsp 866.450/RS, relator Ministro Herman Benjamin, julgado em 24/04/2007, noticiado
no Informativo 318 do STJ.

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agido no exercício de suas funções, mas na qualidade de


agente público.22
DISPARO DE ARMA DE FOGO PERTENCENTE À CORPORAÇÃO.
POLICIAL MILITAR EM PERÍODO DE FOLGA. Caso em que o policial
autor do disparo não se encontrava na qualidade de agente
público. Nessa contextura, não há falar de responsabilidade
civil do Estado.23
(grifou-se)
Por outro lado, se não há qualquer vínculo entre a atividade desenvolvida
e a Administração Pública, inexiste deve de indenizar. É o caso do policial
de fato (que se fazia passar por policial), morto em horário em que
prestava serviço, em face de interesse privado, decorrente de ciúme de
sua ex-companheira. No julgamento em comento, o STF considerou
inexistente o nexo de causalidade entre a atividade de policial exercida
pela vítima e sua morte, independentemente do fato daquela exercer a
função de modo irregular. Asseverou-se, além de ser o motivo privado, o
agente causador do óbito era estranho aos quadros da Administração
Pública24.
IV – a expressão “agente” inclui toda sorte de colaboradores, sejam eles
servidores efetivos ou contratados, em comissão, políticos, particulares,
desde que prestando serviços públicos.
V – a responsabilidade objetiva alcança os atos praticados, não a omissão
Estatal, como citado. A responsabilidade objetiva, baseada no risco
administrativo, tem lugar perante a ação estatal, enquanto que a
omissão, como visto acima, é parte da responsabilidade subjetiva,
havendo necessidade de comprovação de que o Estado deveria ter agido
e foi omisso.
Acrescente-se a recente previsão do novo Código Civil brasileiro, de 2002:
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente
responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem
danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores
do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.
Note que, diferentemente da CF/88, o CC/02 não fez menção à
responsabilidade de pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço
público.
Por fim, cite-se a responsabilidade especial prevista no art. 21, XXIII, da
CF/88, sobre o dano nuclear:

22
STF, RE 160.401/SP, relator Ministro Carlos Velloso, publicação DJ 04/06/1999.
23
STF, RE 363.423/SP, relator Ministro Carlos Britto, publicação DJ 14/03/2008, Informativos
370 e 498.
24
STF, RE 341.776/CE, relator Ministro Gilmar Mendes, publicação DJ 03/08/2007, noticiado no
Informativo 463 do STF: Responsabilidade civil do Estado. Morte. Vítima que exercia atividade
policial irregular, desvinculada do serviço público. Nexo de causalidade não configurado.

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Art. 21. Compete à União25:


(...)
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer
natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o
enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio
de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes
princípios e condições:
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será
admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso
Nacional;
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a
utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas
e industriais;
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção,
comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou
inferior a duas horas;
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da
existência de culpa;
Repetindo a norma genérica do § 6º do art. 37, CF/88, foram mantidas as
mesmas características da regra geral, ou seja, a responsabilidade é objetiva,
cabendo regresso contra o agente em caso de culpa ou dolo. A Lei nº 6.453/77
e o Decreto nº 911/93, tratam da responsabilidade civil por danos nucleares.
Note que, nos casos da alínea “c”, esse tipo de responsabilidade objetiva será
repassado também àqueles que, sob regime de concessão ou permissão,
receberem autorização para utilização de radioisótopos.
Importante relembrar que parte da doutrina entende ser essa uma exceção à
regra, tratando-se de responsabilidade integral do Estado. Assim, ainda
que haja culpa do particular, se o dano é nuclear, à Administração cabe o
dever de indenizar.

3 AÇÃO DE INDENIZAÇÃO

Uma vez havido o dano, como ressabido, caberá reparação do mesmo pela
Administração, se houver nexo de causalidade entre este e uma ação estatal,
afastadas a culpa do particular e a força maior.
Duas são as possibilidades para tal:
I – administrativa: se reconhecido o dano pelo Poder Público, e
havendo acordo entre as partes, pode haver indenização
diretamente pela via administrativa. Por exemplo, durante uma obra
pública, um trator da prefeitura, numa manobra, acaba atirando uma

25
Nos termos da nova redação dada pela EC nº 49/2006.

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pedra contra uma casa, danificando uma janela. A prefeitura, ou a


empresa contratada para realizar a obra pública, pode indenizar
diretamente o proprietário que teve seu bem avariado.
II – judicial: não havendo acordo entre as partes, o particular pode
interpor ação de reparação de danos, junto ao Judiciário, contra a
pessoa jurídica causadora do dano. Esta tem direito de regresso
contra o servidor que ocasionou o prejuízo, se houver dolo ou culpa.
No que pertine à esfera judicial, o entendimento que vigora, de longa data, é o
de que o particular pode propor a ação em litisconsórcio passivo facultativo, ou
seja, se quiser, pode acionar o Estado e o agente público, ao mesmo tempo
(STF, RE 90.071/SC, publicação DJ em 26/09/198026).
Julgado recente do STF, todavia, lançou nova linha de raciocínio sobre o tema,
decidindo que a vítima do dano não pode ajuizar ação, diretamente, contra o
agente público (STF, RE 327.904, julgamento em 15/08/2006, publicação DJ
08/09/200627). Tal decisão concentrou-se no fato de envolver agente político
(Prefeito28). Entendeu-se que, se eventual prejuízo ocorresse por força de agir
tipicamente funcional, não haveria como se extrair do dispositivo constitucional
a responsabilidade per saltum da pessoa natural do agente. Dessa forma, em
princípio, não se pode incluir nessa interpretação o mesmo alcance para as
demais categorias de agentes.
Não se manifestou esse Tribunal sobre a possibilidade de a vítima do dano
ingressar simultaneamente contra a Administração e o agente, formando
litisconsórcio. No entanto, quando o STF diz que o art. 37, § 6º, consiste
também em uma garantia para o agente público, que “somente responde
administrativa e civilmente perante a pessoa jurídica a cujo quadro funcional
pertencer”, conclui-se que não poderia ele responder diretamente à pessoa que
sofreu o dano, nem mesmo em litisconsórcio com a Administração.

26
RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PESSOAS DE DIREITO PÚBLICO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO
MOVIDA CONTRA O ENTE PÚBLICO E O FUNCIONÁRIO CAUSADOR DO DANO. POSSIBILIDADE. O
fato de a Constituição Federal prever direito regressivo às pessoas jurídicas de direito público
contra o funcionário responsável pelo dano não impede que este último seja acionado
conjuntamente com aquelas, vez que a hipótese configura típico litisconsórcio facultativo.
27
No caso, a recorrente propusera ação de perdas e danos em face de prefeito, pleiteando o
ressarcimento de supostos prejuízos financeiros decorrentes de decreto de intervenção editado
contra hospital e maternidade de sua propriedade. Esse processo fora declarado extinto, sem
julgamento de mérito, por ilegitimidade passiva do réu, decisão mantida pelo Tribunal de Justiça
local. Considerou-se que, na espécie, o decreto de intervenção em instituição privada seria ato
típico da Administração Pública e, por isso, caberia ao Município responder objetivamente
perante terceiros. (STF, Informativo 436, de 14 a 18/08/2006).
28
Em outra decisão, no mesmo sentido, estava envolvido magistrado: STF, RE 228.977/SP,
relator Ministro Néri da Silveira, publicação DJ 12/04/2002 – A autoridade judiciária não tem
responsabilidade civil pelos atos jurisdicionais praticados. Os magistrados enquadram-se na
espécie agente político, investidos para o exercício de atribuições constitucionais, sendo dotados
de plena liberdade funcional no desempenho de suas funções, com prerrogativas próprias e
legislação específica. 3. Ação que deveria ter sido ajuizada contra a Fazenda Estadual -
responsável eventual pelos alegados danos causados pela autoridade judicial, ao exercer suas
atribuições -, a qual, posteriormente, terá assegurado o direito de regresso contra o magistrado
responsável, nas hipóteses de dolo ou culpa.

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Ressalte-se que tal decisão foi proferida em uma Turma, enquanto a anterior,
era do Pleno. Em face do tempo transcorrido entre ambas e da inovação agora
implementada, é bastante possível que se consagre o novo entendimento,
afastando a possibilidade de ação diretamente contra o agente causador do
dano, quando, repita-se, o prejuízo advém de conduta de agente político, cuja
vontade se confunde com a vontade do Estado.
Mais recentemente, em 29/09/2008, a 1ª Turma do STF, novamente
enfrentando o tema em questão, decidiu de igual maneira, deixando mais clara
sua posição.
De acordo com o Ministro Marco Aurélio, relator, “verificado o dano em razão
de ato comissivo – responsabilidade objetiva – ou omissivo – subjetiva – em
serviço, ao beneficiário da norma constitucional não cabe escolher contra
quem proporá a ação indenizatória – se contra o Estado, ou quem lhe faça
o papel, ou o servidor. De legitimação passiva concorrente não se trata.
Em bom vernáculo, o servidor, ante a relação jurídica mantida com o tomador
de serviços, perante este responde. A dualidade admitida na origem cria um
terceiro sistema ao atribuir ao agente uma obrigação que não tem – de
responder junto ao terceiro, e não ao tomador dos serviços, de forma
regressiva, pelo dano causado. Os atos praticaram o foram personificando a
pessoa jurídica de direito público e é esta a parte legítima para responder á
ação indenizatória”. (grifou-se)
É o seguinte o teor do acórdão:
RESPONSABILIDADE - SEARA PÚBLICA - ATO DE SERVIÇO -
LEGITIMAÇÃO PASSIVA. Consoante dispõe o § 6º do artigo 37 da
Carta Federal, respondem as pessoas jurídicas de direito público e as
de direito privado prestadoras de serviços públicos pelos danos que
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, descabendo
concluir pela legitimação passiva concorrente do agente,
inconfundível e incompatível com a previsão constitucional de
ressarcimento - direito de regresso contra o responsável nos casos
de dolo ou culpa.29
Assim, nos termos dessas decisões, o art. 37, § 6º, da CF/88, consagra dupla
garantia: uma em favor do particular, possibilitando-lhe ação indenizatória
contra a pessoa jurídica de direito público ou de direito privado que preste
serviço público; outra, em prol do servidor estatal, que somente responde
administrativa e civilmente perante a pessoa jurídica a cujo quadro funcional
pertencer. O particular que sofra o dano não pode, então, ajuizar ação,
diretamente, contra o agente público; o agente público somente responde,
regressivamente, à pessoa jurídica a cujos quadros funcionais pertencer.
A doutrina discute, também, a aplicação da denunciação da lide30, nos
termos do art. 70, III, do CPC. Havendo ação do particular contra o Estado, a

29
STF, RE 344.133/PE, relator Ministro Marco Aurélio, publicação DJ 14/11/2008, Informativo
519.
30
Segundo Fábio Milman, denunciação da lide é ação de regresso proposta antecipadamente,
condicionada à sucumbência do litisdenunciante (seja autor ou réu) na demanda principal.

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este caberia a denunciação da lide àquele que estiver obrigado a indenizar, em


ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda. Vários são os
argumentos contrários e a favor, mas, apenas para resumir, veja-se que, se a
ação se baseia na culpa anônima, ou seja, se não se alega que houve culpa
do agente, não caberia a denunciação. Por outro lado, caberia se
houvesse argüição da culpa dele, bem assim a propositura da ação contra
ambos (litisconsórcio passivo) ou somente contra o funcionário.
Para que fique claro, vamos resumir os caminhos possíveis:
I – acordo administrativo;
II – ação judicial: (i) contra a Administração Pública, somente; (ii) contra
a Administração Pública em litisconsórcio passivo facultativo com o
agente; (iii) contra o agente, somente.
Note que cada uma dessas opções é de escolha do particular. Claro que optar
por acionar a responsabilidade apenas do agente não é a melhor escolha,
posto que é subjetiva, enquanto que contra a Administração é objetiva, além
do fato de esta ser sempre solvente, ou seja, pagar se for essa a decisão final,
o que pode não acontecer se o executado for o agente.
Acrescente-se que, no primeiro caso, proposta a ação contra a Administração
Pública, podem surgir outros caminhos: (i) a Administração Pública prova culpa
do particular ou força maior e nada paga; (ii) fica provada a culpa anônima e
só a Administração paga; (iii) há argüição de culpa do agente e a
Administração denuncia a lide e tudo se decide no mesmo processo; (iv) não
há denunciação da lide e a Administração propõe, ao fim, ação regressiva
contra o agente.
Ressalte-se que, na esfera federal, a Lei nº 8.112/90 assim definiu a questão:
Art. 121, § 2º. Tratando-se de dano causado a terceiros,
responderá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação
regressiva.
O direito de requerer a indenização prescreve em cinco anos, e aplica-se
tanto à Administração Pública quanto às pessoas privadas prestadoras de
serviços públicos (art. 1º-C, da Lei nº 9.494/97, acrescentado pela Medida
Provisória nº 2.180-35/2001). Por outro lado, o direito de regresso da
Administração Pública nunca prescreve (art. 37, § 5º, CF/88).
Ao requerer a indenização cabe ao prejudicado a demonstração do prejuízo,
não só daquilo que perdeu ou despendeu, mas, eventualmente, também
daquilo que deixou de ganhar, como lucros cessantes, como pode ser
exemplificado no caso de um táxi ser danificado por outro veículo público. Pode
também incluir o dano moral, se houver.

4 RESPONSABILIDADE DO AGENTE PÚBLICO

A responsabilidade pelos danos causados pelos agentes públicos ou


prestadores de serviços públicos é objetiva do Estado.

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Então, o Estado sempre deverá reparar os danos advindos dessa


responsabilidade, exceto nos casos de força maior e culpa exclusiva do
particular.
No entanto, quando há participação dolosa ou culposa do agente na ocorrência
do dano, este deverá responder perante a Administração Pública, posto que
contribuiu, no final das contas, para um prejuízo estatal, já que o particular foi
indenizado.
Daí decorre a possibilidade de o Estado cobrar de seu agente o prejuízo que
teve com essa indenização, sempre que provado que houve dolo ou
culpa: como se disse, é a chamada responsabilidade subjetiva do agente.
Essa responsabilização é efetivada através da ação de regresso, nos termos do
art. 37, § 6º, CF/88, vista no item seguinte.
Veja-se uma hipótese de responsabilidade do agente, objeto da recente 11ª
Súmula Vinculante (decisão de 13/08/2008):
Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado
receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por
parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por
escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do
agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato
processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do
Estado.
Como se vê, a responsabilidade do agente não se limita à esfera cível. Por um
mesmo ato, poderá responder também no âmbito penal e administrativo, que,
regra geral, são independentes entre si, podendo cumular-se (Lei nº 8.112/90,
art. 125).
Então, pode haver punição administrativa e não civil ou penal (se não houver
dano ao particular), ou as duas primeiras e não penal (se não houver crime ou
contravenção) etc.
Mas, repita-se, um mesmo ato poderá redundar em ressarcimento de
prejuízos, privação de liberdade e demissão ao servidor, por exemplo.
Como comentado alhures, para parte da doutrina e da jurisprudência, pode
haver denunciação da lide ao agente causador do dano, como alternativa à
posterior ação regressiva. Se seguida tal opção, numa mesma ação já se
resolvem, a um só tempo, a responsabilidade objetiva do Estado e a subjetiva
do agente.
Exemplifique-se a responsabilidade do agente com um caso real, julgado pelo
STJ:

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INDENIZAÇÃO. ATO. AGENTE PÚBLICO. ABUSO. AUTORIDADE.


DIREITO. REGRESSO. ESTADO. O Tribunal a quo concluiu que o ora
recorrente, delegado de Polícia, passou à frente do ora interessado,
que se encontrava na fila de um banco. Começaram então a discutir
e, no ápice do desentendimento, o delegado deu voz de prisão ao
interessado por desacato à autoridade, recolheu-o à delegacia onde
se lavrou o auto de prisão em flagrante e, para ser posto em
liberdade, foi preciso pagar fiança. Concluiu-se que a conduta não se
enquadra no tipo do art. 33131 do Código Penal, pois o
desentendimento não se deu em razão da função de delegado, mas
porque alguém passou à frente de todos na fila. Entendeu-se, ainda,
após reconhecer a responsabilidade do Estado pela prisão ilegal,
julgar procedente a denunciação à lide, pois a conduta não se
enquadra na função de delegado no momento do evento,
consistindo em verdadeiro abuso de autoridade. O litisdenunciado,
ora recorrente, agiu como agente público ao mobilizar o aparato
estatal e efetuar a prisão ilegal. Logo há responsabilidade civil do
Estado e, em razão do abuso, cabe ressarcir o Estado pelos
valores despendidos com a reparação dos danos morais. A
Turma não conheceu do recurso.32
(grifou-se)
Porém, não é absoluto o princípio da independência das instâncias, posto que
há caso de intervenção entre a decisão de uma esfera, a penal, nas demais.
O processo penal, que pode envolver limitação a um direito de maior
relevância social, qual seja, a liberdade, tem como corolário a busca da
verdade real, diferente da esfera civil, que leva em conta a verdade formal, ou
seja, provas que constam do processo. Então, pode/deve o juiz determinar a
produção de provas no processo penal, buscando sempre se aproximar da
verdade dos fatos (art. 156, CPP).
Em face desse maior rigor que envolve a decisão penal, afasta-se a
responsabilidade administrativa do servidor federal no caso de absolvição
criminal que negue a existência do fato ou sua autoria (Lei nº 8.112/90, art.
126)33:
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será
afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do
fato ou sua autoria.
A Lei nº 8.112/90 menciona expressamente a responsabilidade administrativa,
mas o art. 935 do Código Civil (CC) estende essa vinculação à esfera a civil:
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se
podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem

31
Desacato. CP, art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão
dela: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
32
STJ, REsp 782.834/MA, relatora Ministra Eliana Calmon, publicação DJ 11/04/2007, noticiado
no Informativo 314 do STJ.
33
STF, MS 22.476/AL, relator Ministro Marco Aurélio, publicação DJ 03/10/1997.

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seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no


juízo criminal.
O agente poderá, então, escapar da responsabilidade quando, na esfera penal,
for absolvido por um dos seguintes motivos: negativa de autoria ou
negativa da existência do fato.
Por outro lado, se a decisão criminal concluir no sentido de sua condenação,
haverá também a responsabilização do agente nas demais esferas, desde que
tenha havido dano ou infração administrativa.
Se houve absolvição por insuficiência de provas, em nada interferirá essa
decisão criminal nas demais instâncias.

5 AÇÃO REGRESSIVA

É a ação usada para que a Administração Pública, após indenizar o particular


em face da ação de um agente seu, possa reaver o valor desembolsado com
tal ressarcimento.
Note que alguns requisitos são fundamentais para o exercício do direito de
regresso:
I – que haja dano ao particular indenizado pela Administração
Pública com base em sua responsabilidade objetiva;
II – que o agente tenha agido com dolo ou culpa no surgimento
desse dano.
Assim, em face dessa teoria, não pode a Administração Pública exigir primeiro
o pagamento pelo agente para depois repassá-lo ao particular. Deve pagar o
particular, em face de sua responsabilidade objetiva e, depois, buscar
ressarcimento junto ao agente, se conseguir provar que agiu com dolo ou com
culpa.
Essa ação, na esfera federal, segue as normas estabelecidas na Lei nº
4.619/65, que confere aos Procuradores da República a titularidade para agir
contra os agentes federais.
Se a Fazenda Pública for condenada, é obrigatória a propositura da ação
regressiva.
Essa também é a previsão posta na Lei nº 8.112/90, art. 122, § 2º: se ficar
provada culpa do agente público, caberá responsabilização do servidor perante
a Fazenda Pública, em ação regressiva, ou seja, cite-se uma vez mais, o
Estado indeniza o terceiro e o servidor indeniza o Estado.
Se falecer o servidor devedor, a obrigação de reparar o dano estende-se aos
sucessores e contra eles será executada, até o limite do valor da herança
recebida (Lei nº 8.112/90, art. 122, § 3º). Regra semelhante contém o art 5º,
XLV, da CF/88.
Ainda que o servidor tenha sido afastado, como por exoneração, demissão,
aposentadoria, caberá essa ação, a qualquer momento, pois, como já citado, o

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direito de regresso da Administração Pública nunca prescreve (art. 37, 5º,


CF/88).

6 LEI Nº 8.112/90

Acrescentem-se as previsões do Estatuto federal sobre responsabilidade, todas


já exploradas nos ítens precedentes e comumente cobradas de forma literal
nos concursos.
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativamente
pelo exercício irregular de suas atribuições.
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou
comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a
terceiros.
§ 1º A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário
somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta de
outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial.
§ 2º Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o
servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva.
§ 3º A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e
contra eles será executada, até o limite do valor da herança
recebida.
Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e
contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato
omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou função.
Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão
cumular-se, sendo independentes entre si.
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será
afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do
fato ou sua autoria.

7 LEI Nº 8.429/92

Para finalizar, as regras da Lei de Improbidade concernentes à


responsabilização do agente no caso de lesão ao patrimônio público:
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente
público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou
fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa
incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação
ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de

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cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão


punidos na forma desta lei. (...)
Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão,
dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o integral
ressarcimento do dano. (...)
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio
público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade
administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministério
Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste
artigo recairá sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do
dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do
enriquecimento ilícito.
Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público
ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações desta lei até
o limite do valor da herança. (...)
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão
ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje
perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou
dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º
desta lei, e notadamente: (...)
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e
administrativas, previstas na legislação específica, está o
responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações: (...)
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda
dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se
concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos
direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de
até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder
Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica
da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos; (...)
Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão
representará ao Ministério Público ou à procuradoria do órgão para
que requeira ao juízo competente a decretação do seqüestro dos
bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou
causado dano ao patrimônio público.
§ 1º O pedido de seqüestro será processado de acordo com o
disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil.
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e
o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras
mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados
internacionais.

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Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo
Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de
trinta dias da efetivação da medida cautelar.
§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de que
trata o caput.
§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as ações
necessárias à complementação do ressarcimento do patrimônio
público. (...)

PARA GUARDAR

9 Responsabilidade civil do Estado é a obrigação que este tem de reparar


os danos causados a terceiros em face de comportamento imputável aos seus
agentes. Independe se houve ação ou omissão, se foi legal ou ilegal, material
ou jurídico: basta a ocorrência de um ônus maior que o normal para aquela
situação.
9 Responsabilidade civil refere-se à esfera econômica, indenização
financeira, em face de um prejuízo causado a outrem. Não se confunde com as
esferas penal e administrativa.
9 Fases: I – irresponsabilidade do Estado; II – responsabilidade subjetiva
do Estado; III – responsabilidade objetiva do Estado; IV – risco integral.
9 Responsabilidade subjetiva, ou teoria da culpa civil: o Estado se
equiparava ao indivíduo, obrigando a ambos da mesma forma, é dizer,
sempre que houvesse culpa, haveria o dever de indenizar.
9 Responsabilidade objetiva, ou teoria do risco administrativo: em
havendo um dano provocado pela Administração, ele deve ser reparado,
independente de dolo ou culpa desta.
9 Há o inversão do ônus da prova: ao prejudicado, basta a prova do
dano e do nexo causal deste com a conduta do agente público; a
Administração Pública terá que provar a culpa do particular, situação em que
se livrará da responsabilidade pelos danos, ou a culpa concorrente, quando
terá minimizada sua responsabilidade.
9 Exceções à responsabilidade subjetiva do Estado: culpa exclusiva
do prejudicado, culpa de terceiro e força maior.
9 Exceção dentro da exceção: se há força maior, afasta-se a
responsabilidade. No entanto, se esse evento se une à omissão estatal para
provocar o dano, há o dever de indenizar.
9 Responsabilidade por atos legislativos e jurisdicionais: em ambos
os casos, a regra é a irresponsabilidade estatal por esses atos. No entanto,
entende-se como possível a responsabilização do Estado no caso de
edição de leis inconstitucionais ou leis de efeitos concretos. No que
pertine aos atos jurisdicionais, a própria Carta Maior prevê a responsabilização

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estatal, mas apenas na esfera penal, em caso de erro judiciário ou prisão


além do tempo fixado na sentença (art. 5º, LXXV).
9 A responsabilidade objetiva do Estado não se aplica aos atos dos juízes,
a não ser nos casos expressamente declarados em lei. Decreto judicial de
prisão preventiva não se confunde com o erro judiciário (art. 5º, LXXV),
mesmo que o réu, ao final da ação penal, venha a ser absolvido (STF, RE
429.518/SC).
9 Teoria do risco integral: a Administração Pública sempre responderia
pelos danos causados aos particulares, sem qualquer exceção. Para alguns, é o
caso da culpa por danos nucleares (CF/88, art. 21, XXIII, d), é dizer, ainda que
haja culpa do particular, à Administração cabe o dever de indenizar.
9 No Brasil, há duas teorias previstas no art. 37, § 6º, CF/88: I – teoria da
responsabilidade objetiva do Estado; II – teoria da responsabilidade subjetiva
do agente.
9 Outras regras importantes:
I – atinge tanto as pessoas jurídicas de direito público quanto de direito
privado, desde que prestadoras de serviços públicos, como empresas públicas,
permissionárias ou concessionárias. Ressalte-se que a responsabilidade civil
das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é
objetiva relativamente aos usuários do serviço, não se estendendo a terceiros
não-usuários (STF, RE 262.651/SP, 16/11/2004). Por outro lado, se
desempenham atividade econômica de natureza privada, ficarão sujeitas à
responsabilidade própria do direito privado;
II – necessidade de nexo causal entre a ação pública e o dano ao particular;
III – que o agente aja na condição de agente público, independente de sua
ação ser legal, legítima, dentro de suas competências ou finalidades públicas.
Havendo atuação na qualidade de agente público, haverá dever de indenizar
eventuais danos.
IV – a expressão “agente” inclui toda sorte de colaboradores, sejam eles
servidores efetivos ou contratados, em comissão, políticos, particulares, desde
que prestando serviços públicos.
V – a responsabilidade objetiva alcança os atos praticados, não a omissão
Estatal. A responsabilidade objetiva, baseada no risco administrativo, tem
lugar perante a ação estatal, enquanto que a omissão, como visto acima, é
parte da responsabilidade subjetiva, havendo necessidade de comprovação de
que o Estado deveria ter agido e foi omisso.
9 Reconhecido o dano pelo Poder Público, e havendo acordo entre
as partes, pode haver indenização diretamente pela via administrativa.
9 Não havendo acordo entre as partes, o particular pode interpor ação de
reparação de danos, junto ao Judiciário, contra a pessoa jurídica
causadora do dano.
9 Ação de indenização. Resumo os caminhos possíveis: I – acordo
administrativo; II – ação judicial contra a Administração Pública.

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9 Em se tratando de agente político (Prefeito - STF, RE 327.904,


15/08/2006) o art. 37, § 6º, da CF, consagra dupla garantia: uma em favor
do particular, possibilitando-lhe ação indenizatória contra a pessoa jurídica de
direito público ou de direito privado que preste serviço público; outra, em prol
do agente, que somente responde administrativa e civilmente perante a
pessoa jurídica a cujo quadro funcional pertencer, pois seus atos se confundem
com os próprios atos estatais. O particular que sofra o dano não pode, então,
ajuizar ação, diretamente, contra o agente público; o agente público somente
responde, regressivamente, à pessoa jurídica a cujos quadros funcionais
pertença.
9 O direito de requerer a indenização prescreve em cinco anos, e
aplica-se tanto à Administração Pública quanto às pessoas privadas
prestadoras de serviços públicos.
9 Quando há participação dolosa ou culposa do agente na ocorrência do
dano, este deverá responder perante a Administração Pública.
9 Cabe ao Estado cobrar de seu agente o prejuízo que teve com a
indenização, sempre que provado que houve dolo ou culpa: é a chamada
responsabilidade subjetiva do agente. Essa responsabilização é efetivada
através da ação de regresso, ou ação regressiva.
9 Pode haver punição administrativa, civil e penal, advindas de um mesmo
ato.
9 O agente poderá escapar da responsabilidade quando, na esfera penal,
for absolvido por um dos seguintes motivos: negativa de autoria ou
negativa da existência do fato.
9 Requisitos fundamentais para o exercício do direito de regresso: I – que
haja dano ao particular indenizado pela Administração Pública com
base em sua responsabilidade objetiva; II – que o agente tenha agido
com dolo ou culpa no surgimento desse dano.
9 Em ação regressiva, o Estado indeniza o terceiro e o servidor
indeniza o Estado.

EXERCÍCIOS

1 - (CESPE/FISCAL INSS/98) A responsabilidade civil da administração pública,


disciplinada pela Constituição Federal em seu art. 37, § 6º, passou por
diversas etapas até chegar ao seu estágio atual de evolução. De uma fase
inicial em que o Estado não respondia pelos prejuízos causados aos
particulares, a responsabilidade civil da administração pública obedece
atualmente a regras especiais de direito público. A respeito desse tema julgue
os itens a seguir.
(1) Vigora no Brasil, como regra, a teoria do risco integral da
responsabilidade civil.

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(2) Quando demandado regressivamente, o agente causador do prejuízo


responderá de forma objetiva perante a administração pública.
(3) Em face de prejuízos causados a particulares, as empresas privadas
prestadoras de serviços públicos submetem-se às mesmas regras de
responsabilidade civil aplicáveis aos entes públicos.
(4) Será subjetiva a responsabilidade civil do Estado por acidentes
nucleares.
(5) Ainda que se comprove erro judiciário, o Estado não estará obrigado a
indenizar o condenado, haja vista a sentença judicial não possuir natureza de
ato administrativo.

2 - (ESAF/AGU/98) A responsabilidade civil do Estado, pelos danos causados


por seus agentes a terceiros, é hoje tida por ser
a) subjetiva passível de regresso
b) objetiva insusceptível de regresso
c) objetiva passível de regresso
d) subjetiva insusceptível de regresso
e) dependente de culpa do agente

3 - (CESPE/ASSISTENTE JUDICIÁRIO/TJPE/2001) Ocorreu acidente de trânsito,


envolvendo um veículo oficial e um veículo particular. Foi instaurado processo
criminal em decorrência de lesões corporais graves sofridas por passageiros do
veículo particular. Nesse processo criminal, o motorista do veículo oficial,
servidor público, foi absolvido por falta de provas. Nessa situação hipotética, o
motorista do veículo oficial
a) não poderá ser responsabilizado administrativamente, haja vista não ter
sido demonstrada, no processo penal, a sua culpabilidade.
b) não poderá ser responsabilizado administrativamente, haja vista o
ressarcimento de prejuízos sofridos pela vítima somente ser possível na via
judicial.
c) terá sua responsabilidade administrativa apurada em processo judicial
específico.
d) somente poderia ser chamado a responder administrativamente se fosse
demonstrada a sua intenção de cometer a infração.
e) poderá ser responsabilizado administrativamente, haja vista que, na
hipótese descrita, a decisão judicial não interfere no processo administrativo.

4 – (FISCAL DE RENDAS/ISS/RIO DE JANEIRO/2002) É correto afirmar-se


que a responsabilidade civil da pessoa jurídica de direito público:

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a) exonera-a do dever indenizatório do dano se ficar provada a culpa de


seu agente
b) impõe-lhe o dever de reparar o dano somente se houver prova da
culpa de seu agente
c) não a obriga a reparar o dano sem prova do nexo de causalidade, nas
circunstâncias do caso concreto
d) acarreta-lhe o dever de reparar o dano em conseqüência dos riscos a
que estão expostos todos os cidadãos

5 – (CONTROLADOR DE ARRECADAÇÃO/RJ/2002) Em tema de


responsabilidade civil, a Constituição da República adota:
a) a responsabilidade subjetiva
b) a responsabilidade objetiva, baseada na teoria do risco integral
c) a responsabilidade objetiva, baseada na teoria do risco administrativo
mitigado
d) a irresponsabilidade da Administração por atos culposos ou dolosos de
seus agentes

6 – (PROMOTOR DE JUSTIÇA/MPSP/2002) Considerando as seguintes


assertivas:
I - A responsabilidade extracontratual do Estado decorre somente da prática de
ato ilícito.
II - A teoria da responsabilidade objetiva informa que a obrigação de indenizar
do Estado surge do ato lesivo causado por culpa do serviço.
III - A obrigação de indenizar do Estado, segundo a teoria da responsabilidade
integral, dá-se independentemente de qualquer culpa, exceto se o dano
decorrer por culpa da vítima.
IV - A dor pela perda de um filho, sem reflexos patrimoniais, causada pela
Administração Pública, não se constitui em dano indenizável
V - O dano se qualifica juridicamente como injusto, e como tal induz a
responsabilidade objetiva do Estado, se encontra sua causa exclusiva na força
maior ou em fatos necessários ou inevitáveis da natureza.
a) corretas são apenas as assertivas I e III.
b) corretas são apenas as assertivas II e III.
c) incorretas são apenas as assertivas II, IV e V.
d) nenhuma assertiva esta correta.
e) correta é apenas a assertiva I.

7 – (JUIZ/TRT 17/2003) Observe as seguintes proposições:

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I – A responsabilidade objetiva do Estado, no direito vigente, impõe à União o


dever de indenizar ainda que o dano ocorra de força maior.
II – A empresa privada prestadora de serviço público responde pessoal e
objetivamente pelos atos danosos que seus empregados causarem a terceiros
quando da prestação de serviço.
III – O Instituto de Previdência do Estado do Espírito Santo, como autarquia
estadual, responde pessoal e subjetivamente pelos atos danosos que seus
servidores causarem a terceiros.
IV – Quando ocorre culpa da vítima é necessário distinguir se esta culpa é
exclusiva ou concorrente e, no último, sua responsabilidade também se
atenua, repartindo-se com a da vítima.
Assinale a letra correta:
a) somente a afirmativa II;
b) as afirmativas I, II e IV estão corretas;
c) as afirmativas I e III estão corretas;
d) as afirmativas II e IV estão corretas;
e) somente a afirmativa IV.

8 – (JUIZ/TRT 9/2003) Sobre o abuso de autoridade definido na Lei


4.898/6534, é correto afirmar que:

34
A Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965, regula o Direito de Representação e o processo de
Responsabilidade Administrativa Civil e Penal, nos casos de abuso de autoridade. Ainda que não
tenha sido citada na teoria, incluo esse exercício, pois facilmente se encontra a resposta certa
com base na teoria geral sobre o assunto. Primeiro responda à questão, depois leia alguns
artigos importantes:
Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce cargo, emprego ou
função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração.
Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção administrativa civil e penal.
§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a gravidade do abuso cometido e
consistirá em:
a) advertência;
b) repreensão;
c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a cento e oitenta dias, com perda de
vencimentos e vantagens;
d) destituição de função;
e) demissão;
f) demissão, a bem do serviço público.
§ 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano, consistirá no pagamento de
uma indenização de quinhentos a dez mil cruzeiros.
§ 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e
consistirá em:
a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;
b) detenção por dez dias a seis meses;
c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública por prazo
até três anos.
§ 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser aplicadas autônoma ou
cumulativamente.

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I - Recebida a representação em que for solicitada a aplicação de sanção


administrativa, a autoridade civil ou militar competente determinará a
instauração de inquérito para apurar o fato. O processo administrativo poderá
ser sobrestado para o fim de aguardar a decisão da ação penal ou civil.
II - Havendo condenação na esfera criminal, não é cabível sanção
administrativa, por aplicação do princípio do “non bis in idem”.
III - Considera-se autoridade, para os efeitos da Lei 4.898/65, quem exerce
cargo, emprego ou função pública de natureza civil, ou militar, ainda que
transitoriamente e sem remuneração.
IV - O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção administrativa, civil
e penal.
(a) Estão corretas somente as alternativas I, III e IV
(b) Estão corretas somente as alternativas I e IV.
(c) Estão corretas somente as alternativas II e III.
(d) Estão corretas somente as alternativas III e IV
(e) Estão corretas somente as alternativas II e IV

9 – (ESAF/PROCURADOR DF/2004) Assinale a sentença correta.


a) O agente público é, sempre, responsável pelos danos que nessa qualidade
vier a causar a terceiros.
b) O agente público não responde, em qualquer hipótese, pelos danos que, no
exercício de sua função, causar a terceiros.
c) Os danos causados a terceiros, na execução de serviços públicos, devem ser
indenizados pelos beneficiários de tais serviços.
d) O Estado e as pessoas jurídicas de direito privado, prestadoras de serviços
públicos, respondem pelos danos causados a terceiros por seus agentes, no
exercício de suas funções, assegurado o direito de regresso, em caso de dolo
ou culpa.
e) O Estado responde pelos danos causados por seus agentes, na execução de
serviços públicos, descontando destes, automaticamente os valores que
despender no pagamento de indenizações.

10 – (PROCURADORIA GERAL DO ESTADO/MS/2001): Ao prejudicado não é


permitido acionar diretamente o agente público causador do dano.

§ 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade policial, civil ou militar, de qualquer
categoria, poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer
funções de natureza policial ou militar no município da culpa, por prazo de um a cinco anos.
Art. 7º recebida a representação em que for solicitada a aplicação de sanção administrativa, a
autoridade civil ou militar competente determinará a instauração de inquérito para apurar o fato.
§ 3º O processo administrativo não poderá ser sobrestado para o fim de aguardar a decisão da
ação penal ou civil.

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11 – (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT-PE/2002) Com relação ao regime


jurídico da administração pública federal, julgue o item:
A responsabilidade objetiva do Estado, com base no risco administrativo, de
fundo constitucional, não alcança atos praticados por sociedade de economia
mista que explore atividade econômica.

12 – (CESPE/AFPS) A respeito do servidor público, julgue os itens abaixo:


(1) O princípio da não-cumulatividade das sanções, aplicável aos servidores
públicos, significa que a imposição de sanção penal por cometimento de crime
praticado por servidor público, na qualidade de agente administrativo, afasta a
responsabilidade administrativa.
(2) Absolvido o servidor público de imputação de cometimento de crime, por
negativa da existência do fato ou por negativa de autoria, afastada estará a
responsabilidade administrativa.
(3) O exercício irregular das atribuições do cargo pode acarretar
responsabilidade civil e administrativa do servidor público.
(4) Ainda que seus agentes não tenham atuado com culpa - negligência,
imperícia ou imprudência, o Estado responde civilmente pelos danos que eles
causarem ao particular, no desempenho de função pública.
(5) Na hipótese de seu agente atuar com negligência, imperícia ou
imprudência, causando dano a particular, o Estado terá ação para cobrar de
seu funcionário a quantia que pagou.
(6) A ação regressiva é o meio de que o servidor público dispõe para obter do
particular o ressarcimento por ato ilegalmente imputado à administração
pública.

13 – (ANALISTA/TRT 19/2003) Em matéria de responsabilidade civil do


servidor público, a obrigação de reparar o dano:
e) se estende aos sucessores, integralmente, tendo o servidor agido com
culpa ou com dolo.
f) não se estende aos sucessores
g) se estende aos sucessores, integralmente, apenas se o servidor tiver
agido com dolo
h) se estende aos sucessores, até o limite do valor da herança, tendo o
servidor agido com culpa ou com dolo
i) se estende aos sucessores, até o limite do valor da herança, apenas se o
servidor tiver agido com dolo

14 – (ANALISTA/TRT 19/2003) Em matéria de responsabilidade civil do


servidor público, ocorrendo a prática de um mesmo fato delituoso,

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a) a aplicação de uma sanção, seja civil, penal ou administrativa, exclui a


aplicação das demais.
b) as sanções civil, penal e administrativa poderão acumular-se.
c) a sanção administrativa exclui a aplicação da sanção penal e da civil,
mas estas são cumuláveis entre si.
d) a sanção penal exclui a aplicação da sanção civil e da administrativa,
mas estas são cumuláveis entre si.
e) a sanção civil exclui a aplicação da sanção penal e da administrativa,
mas estas são cumuláveis entre si.

15 – (CESPE/FISCAL INSS/98) Acerca das responsabilidades civil, penal e


administrativa dos servidores públicos civis da União, julgue os itens
seguintes:
(1) Considere que tenha sido instaurado, contra servidor, processo penal
pelo cometimento de crime contra a administração pública e que este foi
absolvido pela negativa de autoria. Em face dessa situação, a
responsabilidade administrativa do servidor ficará automaticamente afastada.
(2) Caso o servidor público a quem se imputou o dever de indenizar prejuízo
causado ao erário venha a falecer, essa obrigação de reparar o dano poderá
ser estendida aos sucessores.
(3) As sanções civis, penais e administrativas não poderão ser cumuladas, a
fim de se evitar múltipla punição.
(4) Condenado criminalmente o servidor por fato que causou prejuízo a
terceiro, a vítima do dano deverá demandar a indenização apenas do servidor,
restando de pronto afastada a responsabilidade civil da administração.
(5) A responsabilidade civil do servidor decorrerá apenas de ato doloso, seja
este comissivo ou omissivo.

16 – (ESAF/TRF/2003) Tratando-se de responsabilidade do servidor público,


assinale a afirmativa verdadeira.
a) A responsabilidade civil decorre exclusivamente de ato comissivo, doloso
ou culposo.
b) A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e contra eles
será executada, até o limite do valor da herança.
c) As sanções penais, civis e administrativas poderão cumular-se, havendo
vinculação entre as mesmas.
d) A responsabilidade administrativa somente será afastada no caso de
absolvição criminal que negue o fato.
e) A responsabilidade penal abrange somente os crimes imputados ao
servidor, nessa qualidade.

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17 – (ESAF/AFRF/2003) Em caso de responsabilidade civil do Estado, a


divergência sobre a inserção do agente público causador do dano a terceiros,
em caso de culpa, na ação judicial, em relação à Fazenda Pública, foi dirimida
pelo Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União, na esfera federal. Pela
regra positiva, será caso de:
a) ação regressiva ou litisconsórcio
b) ação regressiva ou denunciação à lide
c) somente ação regressiva
d) litisconsórcio ou denunciação à lide
e) somente denunciação à lide

18 – (ESAF/AFTE-RN/2005) Em relação à responsabilidade do servidor, pode-


se afirmar que,
I. nos casos em que a Fazenda Pública for condenada a indenizar terceiro,
poderá ingressar com ação contra o servidor causador do dano, para fins de
ser ressarcida do valor da condenação, se o servidor tiver agido com dolo ou
culpa;
II. não pode haver condenação criminal e civil, pelo mesmo fato, sob pena de
configurar um bis in idem;
III. nos casos em que a sentença criminal absolver o servidor, por falta de
prova, não poderá haver responsabilização nas esferas cível e administrativa;
IV. a obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e contra eles é
executada até o limite do valor da herança recebida;
V. a responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputados ao
servidor, nessa qualidade.
Estão corretas as afirmativas
a) I, II e III.
b) II, III e IV.
c) I, IV e V.
d) I, III, IV e V.
e) I, II, III, IV e V.

19 – (ADV-IRB/ESAF/2004) A responsabilidade do Estado está prevista no


texto constitucional e da legislação civil. No novo Código Civil Brasileiro (Lei nº
10.406/2002) a matéria está tratada nos termos da Carta Magna. Todavia, o
texto do Código Civil difere da norma constitucional no seguinte aspecto:
a) previsão de ação regressiva contra o agente causador do dano, em caso de
dolo ou culpa.
b) necessidade de o agente público estar agindo nessa qualidade.

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c) menção à responsabilidade de pessoas jurídicas de direito privado


prestadoras de serviço público.
d) previsão da necessidade de existência de danos a terceiros.
e) adoção da teoria da responsabilidade objetiva.

20 – (ESAF/AFTE-MG/2005) Um servidor público do Estado de Minas Gerais


praticou um ato que configura infração disciplinar grave, punível com a pena
de demissão. Esse mesmo ato está previsto na Lei nº 8.429/92 como ato de
improbidade administrativa e, no Código Penal, como crime contra a
Administração Pública. Ele foi punido administrativamente, com a pena de
demissão. Nessa hipótese:
a) não poderá ser punido criminalmente porque ninguém pode ser punido duas
vezes pelo mesmo fato.
b) a sanção administrativa disciplinar impede a sanção por improbidade
administrativa porque ambas têm a mesma natureza e finalidade.
c) não há impedimento para que seja punido criminalmente e, também, por
improbidade administrativa.
d) poderá ser punido criminalmente, também, mas, não, por ato de
improbidade administrativa.
e) a punição por ato de improbidade administrativa dependerá da ocorrência
de dano ao erário.

21 – (ESAF/GEFAZ-MG/2005) Sobre a responsabilidade do servidor pode-se


afirmar:
I. a responsabilidade administrativa resulta de atos ou omissões praticados no
desempenho do cargo ou função.
II. a responsabilidade civil decorre de procedimento doloso ou culposo, que
importe prejuízo à Fazenda Estadual ou a terceiro.
III. o servidor que, no exercício das funções, por dolo ou culpa, causar prejuízo
a terceiro, responderá perante a Fazenda Estadual, em ação regressiva,
quando essa for condenada a indenizar o dano.
IV. pelo exercício irregular de suas atribuições, o servidor responde civil, penal
e administrativamente.
V. a responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputados ao
funcionário, nessa qualidade.
Estão corretas:
a) as afirmativas I, II, III, IV e V.
b) apenas as afirmativas I, II, III e IV.
c) apenas as afirmativas I, II e III.
d) apenas as afirmativas III, IV e V.

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e) apenas as afirmativas II, III e IV.

22 – (ATE-AM/NCE-UFRJ/2005) Sobre a responsabilidade do Estado, analise as


afirmativas a seguir:
I. A culpa concorrente da vítima, de acordo com as regras atuais, exclui a
responsabilidade do Estado.
II. Aplica-se a teoria do risco administrativo para definir a responsabilidade do
Estado por dano resultante da atividade administrativa desenvolvida pelo
Poder Judiciário.
III. A ação indenizatória contra o Estado é imprescritível.
É/são verdadeira(s) somente a(s) afirmativa(s):
(A) I;
(B) II;
(C) III;
(D) I e II;
(E) I e III.

23 – (TFE-AM/NCE-UFRJ/2005) Sobre as normas constitucionais relativas à


Responsabilidade Civil do Estado, é correto afirmar que:
(A) somente as Pessoas Jurídicas de Direito Público prestadoras de serviços
públicos responderão objetivamente pelos danos causados por seus agentes;
(B) a responsabilidade do agente público é subjetiva, estando condicionada a
efetiva comprovação de culpa ou dolo;
(C) como regra, o Estado responde por danos decorrentes da atividade típica
desenvolvida pelo Poder Legislativo;
(D) o Estado não pode cobrar regressivamente do agente público causador do
dano;
(E) a teoria adotada na Constituição para disciplinar a responsabilidade do
Estado denomina-se “teoria da culpa administrativa”.

24 – (TATE-AM/NCE-UFRJ/2005) Sobre a responsabilidade civil do Estado,


analise as afirmativas a seguir:
I. O Estado, como regra, não responde por danos resultantes da sua atividade
jurisdicional.
II. O Estado poderá cobrar regressivamente do seu agente nos casos de culpa
ou dolo.
III. Os concessionários de serviços públicos responderão objetivamente por
danos causados por seus agentes.
É/são verdadeira(s) somente a(s) afirmativa(s):

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(A) I e II;
(B) I e III;
(C) II e III;
(D) I, II e III;
(E) nenhuma.

25 – (AFTE-AM/NCE-UFRJ/2005) A Constituição prevê a responsabilidade civil


das pessoas Jurídicas de Direito Público e das Pessoas Jurídicas de Direito
Privado, prestadoras de serviços públicos, independentemente da comprovação
de culpa ou dolo. A teoria adotada na Constituição para disciplinar a
responsabilidade do Estado, denomina-se:
(A) culpa integral;
(B) risco administrativo;
(C) subjetiva;
(D) culpa administrativa;
(E) culpa anônima.

26 – (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRF5/2003) A ação de responsabilidade civil


contra o servidor que haja causado danos ao erário, mediante comportamento
ilícito,
(A) prescreve em cinco anos.
(B) caduca em dois anos.
(C) prescreve em três anos.
(D) caduca em dez anos.
(E) é imprescritível.

27 – (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRE-PI/2002) No que se refere à


responsabilidade civil, é certo que
(A) esta se caracteriza como espécie de responsabilidade objetiva do servidor
público.
(B) o servidor público atua com dolo quando age com imprudência, negligência
ou imperícia.
(C) o servidor público age com culpa quando conscientemente pratica um ato
contrário ao direito.
(D) ela sempre depende das responsabilidades administrativa e criminal do
servidor público.
(E) as ações de ressarcimento contra o servidor público são imprescritíveis.

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28 – (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT-20/2002) Três servidores públicos


federais são réus em processos penais, acusados da prática de atos que
configuram, ao mesmo tempo, ilícitos penais e administrativos. Os três
acabam absolvidos em seus processos penais, sendo o primeiro servidor por
falta de provas, o segundo servidor, por negativa de autoria e o terceiro
servidor, por negativa do fato. Nesse caso, nos respectivos processos
administrativos,
(A) os três servidores deverão ser absolvidos.
(B) o terceiro servidor poderá ser condenado, mas o primeiro e o segundo
servidores deverão ser absolvidos.
(C) o primeiro servidor poderá ser condenado, mas o segundo e o terceiro
servidores deverão ser absolvidos.
(D) o segundo servidor poderá ser condenado, mas o primeiro e o terceiro
servidores deverão ser absolvidos.
(E) os três servidores ainda assim poderão ser condenados.

29 - (ACE-TCU/ESAF/2006) Sobre a responsabilidade civil da Administração,


assinale a afirmativa falsa.
a) A responsabilidade decorre de ato comissivo ou omissivo, culposo ou doloso.
b) A obrigação do servidor em reparar o dano estende-se a seus sucessores,
até o limite do valor da herança.
c) Tratando-se de dano causado a terceiro, o servidor responderá mediante
denunciação à lide.
d) A responsabilidade objetiva pode abranger ações de agentes de empresas
privadas, desde que concessionárias de serviços públicos.
e) É possível a responsabilidade do Estado por ato jurisdicional.

30 – (ADV-IRB/ESAF/2006) (adaptada) A respeito da responsabilidade civil da


Administração Pública pode-se afirmar que respondem objetivamente pelos
danos que seus agentes causarem a terceiros, exceto:
a) as estatais que explorem atividade econômica.
b) as agências reguladoras de serviços públicos.
c) as agências reguladoras de atividades econômicas.
d) as concessionárias e permissionárias de serviço público.
e) as fundações públicas de direito público.

31 – (ADV-IRB/ESAF/2006) Caio, servidor público federal efetivo e


regularmente investido na função pública, motorista da Presidência da
República, ao dirigir carro oficial em serviço, dorme ao volante e atropela uma
pessoa que atravessava, prudentemente, em uma faixa de pedestres em

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Brasília, ferindo-a. Considerando essa situação hipotética e os preceitos, a


doutrina e a jurisprudência da responsabilidade civil do Estado, assinale a
única opção correta.
a) Na hipótese, há aplicação da teoria do risco integral.
b) A teoria aplicada ao caso para a responsabilização do Estado é a subjetiva. c)
No âmbito de ação indenizatória pertinente e após o seu trânsito em
julgado, Caio nunca poderá ser responsabilizado, regressivamente, caso receba
menos de dois salários mínimos.
d) Caso Caio estivesse transportando material radioativo, indevidamente
acondicionado, que se propagasse no ar em face do acidente, o Estado só
poderia ser responsabilizado pelo dano oriundo do atropelamento.
e) Na teoria do risco administrativo, há hipóteses em que, mesmo com a
responsabilização objetiva, o Estado não será passível de responsabilização.

32 – (Analista-IRB/ESAF/2006) Assinale a opção que descreva hipótese em


que a responsabilidade administrativa do servidor público será afastada.
a) Sentença civil transitada em julgado que isente o servidor de
responsabilidade.
b) Sentença penal que absolva o servidor por falta de provas.
c) Sentença penal que absolva o servidor por inexistência do fato.
d) Sentença penal que absolva o servidor por reconhecer que o mesmo atuou
em legítima defesa.
e) Sentença civil que isente o servidor de responsabilidade por reconhecer a
existência de força maior.

33 – (Agente-SUSEP/ESAF/2006) A responsabilidade objetiva do Estado, como


pessoa jurídica de direito público interno, compreende os danos causados a
terceiros, até mesmo quando
a) haja culpa do paciente (quem sofreu o dano).
b) não haja culpa do agente (quem causou o dano).
c) não haja nexo causal (entre o fato e o dano).
d) o fato danoso não seja atribuído ao Estado.
e) o fato danoso seja causado, por ato doloso ou fraudulento do juiz, no
exercício de sua função.

34 – (Analista Jurídico-CE/ESAF/2007) Assinale a opção que contenha a


correlação correta.
A respeito da responsabilidade extracontratual do Estado, estabeleça a
correlação entre o Poder e a causa que enseja a responsabilização.

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(1) Poder Executivo


(2) Poder Legislativo
(3) Poder Judiciário
( ) Lei de efeito concreto.
( ) Manter cidadão preso além do tempo fixado na sentença.
( ) Lei inconstitucional.
( ) Infração às obrigações gerais devidas por todos.
( ) Juiz que, no exercício das funções, proceda com dolo ou culpa.
a) 1/1/3/2/1
b) 3/2/1/2/3
c) 2/2/3/1/1
d) 2/3/2/1/3
e) 1/2/2/3/1

35 - (CESPE/ACE/TCU/2007) Acerca dos princípios constitucionais que


informam o direito administrativo, julgue o próximo item.
I – A administração pública responde civilmente pela inércia em atender uma
situação que exige a sua presença para evitar uma ocorrência danosa.
Exemplo disso é a situação em que há demora do Estado em colocar um pára-
raios em uma escola localizada em área com grande incidência de raios, o que
leva a uma catástrofe, ao serem as crianças atingidas por um relâmpago em
dia chuvoso. Nesse caso, o princípio da eficiência, que exige da administração
rapidez, perfeição e rendimento, deve incidir no processo de responsabilização
do gestor público.

36 - (Analista Jurídico-CE/ESAF/2007) A teoria que responsabiliza o Estado


pelos danos que seus agentes causarem a terceiros sem admitir qualquer
excludente de responsabilidade em defesa do Estado denomina-se teoria
a) objetiva.
b) subjetiva.
c) da falta do serviço.
d) da irresponsabilidade.
e) do risco integral.

37 - (CESPE/OAB/2007.1) Quanto à responsabilidade extracontratual do


Estado, assinale a opção correta.

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A Prevalece o entendimento de que, nos casos de omissão, a responsabilidade


extracontratual do Estado é subjetiva, sendo necessário, por isso, perquirir
acerca da culpa e do dolo.
B A vítima de dano causado por ato comissivo deve ingressar com ação de
indenização por responsabilidade objetiva contra o servidor público que
praticou o ato.
C Não há responsabilidade civil do Estado por dano causado pelo rompimento
de uma adutora ou de um cabo elétrico, mantidos pelo Estado em péssimas
condições, já que essa situação se insere no conceito de caso fortuito.
D Proposta a ação de indenização por danos materiais e morais contra o
Estado, sob o fundamento de sua responsabilidade objetiva, é imperioso que
este, conforme entendimento prevalecente, denuncie à lide o respectivo
servidor alegadamente causador do dano.

38 - (FCC/DEFENSOR PÚBLICO–SP/2007) Com referência à responsabilidade


do funcionário público, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) Pela falta residual, não compreendida na absolvição pelo juízo criminal, é
admissível a punição administrativa do servidor público.
(B) A responsabilidade administrativa do servidor denunciado por ilícito penal
será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou
da sua autoria.
(C) A administração pública não necessita aguardar a conclusão do processo
criminal, para iniciar e concluir o procedimento administrativo-disciplinar,
aplicando a pena que a lei autorizar.
(D) A responsabilidade objetiva do Estado se verifica mesmo em relação aos
atos do servidor praticados fora das funções públicas.
(E) Ainda que haja o ressarcimento integral do dano, é vedada a transação, o
acordo ou a conciliação na ação de improbidade, de que trata a Lei no
8.429/92.

39 - (FCC/DEFENSOR PÚBLICO–SP/2007) Tratando-se de responsabilidade civil


do Estado, assinale a afirmativa INCORRETA.
(A) Empresas públicas podem se sujeitar à responsabilidade objetiva ou
subjetiva, dependendo de seu objeto social.
(B) A teoria francesa da faute du service é enquadrada como hipótese de
responsabilidade objetiva.
(C) Pessoas jurídicas de direito privado, não integrantes da Administração
Pública, podem se sujeitar à responsabilidade objetiva.
(D) A responsabilidade do Estado por omissão caracteriza-se como de natureza
subjetiva.

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(E) A responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de


culpa.

40 - (ESAF/PFN/2006) Assinale a opção correta.


a) O Estado não é responsável civilmente pelo dano sofrido por particular que
sofre seqüestro cometido por presidiário que fugiu da penitenciária, por
negligência de agentes penitenciários, e, formando quadrilha, passou a praticar
delitos.
b) O servidor público, que sofreu prejuízo enquanto desempenhava função
pública, não pode invocar a responsabilidade civil objetiva do Estado pelos
danos sofridos, mesmo que não tenha concorrido para o evento danoso.
c) É objetiva a responsabilidade civil do Estado por danos causados por
omissão de seus agentes.
d) A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras
de serviço público é objetiva relativamente tanto aos usuários do serviço
quanto às demais pessoas que não ostentem a condição de usuário, mas que
sejam prejudicadas pela ação dessas pessoas jurídicas.
e) Não é juridicamente possível a ação de indenização por dano moral
decorrente de ato do Poder Judiciário.

41 – (ESAF/TCU/2006) Julgue:
I – É possível a responsabilidade do Estado por ato jurisdicional.

42 – (ESAF/PGDF/2007-2) No que tange à administração pública, julgue:


I – Embora a Constituição preveja responsabilidade civil objetiva do Estado
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, o dever
de indenizar não surge, necessariamente, em todo ato praticado pelo poder
público que gere dano a particular. Se não houver nexo causal entre o ato e o
dano ou se houver culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior, por
exemplo, o Estado poderá não ser obrigado a pagar indenização.

43 - (JUIZ/TJPA/2008) Analise as afirmativas a seguir:


I. Apesar de a Constituição Federal ditar que “o Estado indenizará o condenado
por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na
sentença”, a regra é a irresponsabilização do Estado por atos de jurisdição.
II. A Constituição Federal de 1988 adotou a Teoria da Responsabilidade
Objetiva do Estado, teoria que se fundamenta no risco administrativo e que
isenta o lesado de provar a culpa do agente estatal, bastando que este aponte
o nexo causal entre o fato administrativo e o dano.
III. A Teoria da Responsabilidade Objetiva do Estado não prevê excludentes,
por isso só se aplica às condutas ilícitas do Estado.

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Assinale:
(A) se nenhuma afirmativa estiver correta.
(B) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(C) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

44 - (JF/TRF 4/2008) Julgue a(s) assertiva(s) a seguir: No direito brasileiro, a


responsabilidade objetiva do Estado decorre da teoria do risco administrativo e
não admite excludentes.

45 - (JF/TRF 4/2008) Assinalar a alternativa correta.


A responsabilidade civil das entidades de direito público em matéria de dano ao
meio ambiente, na hipótese de ausência de fiscalização da atividade
diretamente causadora de dano ambiental, é, na linha da doutrina e da
jurisprudência majoritárias:
(a) fundada no risco-integral.
(b) fundada no risco-proveito.
(c) objetiva.
(d) subjetiva.

46 - (CESPE/MDIC/2008) A respeito da responsabilidade civil do Estado, julgue


os itens subseqüentes.
I - Os atos judiciais não geram responsabilidade civil do Estado.
II - Os atos das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços
públicos podem gerar a responsabilidade do Estado.
III - Em caso de danos causados por atos de multidões, somente é possível
responsabilizar o Estado caso se comprove sua participação culposa.
IV - Prescreve em dez anos o direito de regresso do Estado contra seu agente
diretamente envolvido na produção de dano a terceiro.

47 - (CESPE/OAB/2008.2) No que concerne às responsabilidades do servidor


público, assinale a opção incorreta.
A A responsabilidade civil do servidor público é objetiva.
B A responsabilidade administrativa do servidor público será afastada em caso
de absolvição criminal que negue a existência do fato ou de sua autoria.
C Tais responsabilidades podem ser do tipo civil, penal e administrativo.
D As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se.

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48 - (JUIZ/TJMS/2008) O Poder Público é condenado em ação de


responsabilidade civil pelos danos causados por seu servidor a terceiro. Julgue
os itens a seguir (adaptada):
I - cabe ação de regresso do Estado em face do servidor, e nela não se
perquirirá sobre culpa do servidor, uma vez que se aplica a teoria da
Responsabilidade Objetiva quando a ação envolve o Poder Público.
II - basta o procedimento administrativo disciplinar com a aplicação da ampla
defesa e do contraditório, não cabendo o ajuizamento de ação regressiva.
III - o Estado teria que ter denunciado à lide o servidor, não podendo
posteriormente acioná-lo.

49 - (VUNESP/JUIZ-TJSP/2008) A responsabilidade civil do Estado, prevista na


Constituição Federal,
(A) está restrita aos danos causados por servidores públicos do Estado,
desde que se comprove que agiram com dolo ou culpa.
(B) estende-se aos atos praticados pelos membros do Legislativo que,
embora detenham soberania, qualificam-se como agentes públicos que
integram o quadro de servidores da Administração Pública.
(C) estende-se aos danos causados pela edição de leis de efeitos concretos,
mas não se estende aos danos causados pelos membros do Judiciário no
exercício de suas funções, que não se enquadram no conceito de servidor
público.
(D) estende-se aos danos causados em decorrência de erro judiciário,
considerando-se que o magistrado se enquadra no conceito constitucional de
agente público.

GABARITO COMENTADO

1. F F V F F – vigora no Brasil, como regra, a responsabilidade objetiva.


Quando demandado regressivamente, o agente causador do prejuízo
responderá de forma subjetiva perante a administração pública. Será
objetiva a responsabilidade civil do Estado por acidentes nucleares. Para parte
da doutrina, será integral essa responsabilidade. Quando se comprove erro
judiciário o Estado estará obrigado a indenizar o condenado.
2. C – a responsabilidade civil do Estado, pelos danos causados por seus
agentes a terceiros, é hoje tida por ser objetiva passível de regresso.
3. E – poderá ser responsabilizado administrativamente, haja vista que, na
hipótese descrita, a decisão judicial não interfere no processo administrativo,
pois foi absolvido por falta de provas. Por outro lado, se fosse absolvido
por negativa da autoria ou da existência do fato, aí sim a decisão da esfera

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criminal iria interferir na administrativa, sendo obrigatoriamente absolvido


nesta também.
4. C – para que haja dever de indenizar, é necessária a prova do dano e do
nexo causal. Ainda que exista culpa do agente, a Administração tem o dever
de indenizar.
5. C – em tema de responsabilidade civil, a Constituição da República adota
a responsabilidade objetiva, baseada na teoria do risco administrativo
mitigado, ou seja, há exceções. Mitigado = abrandado, com situações
excepcionais.
6. D – a responsabilidade extracontratual do Estado decorre somente da
prática tanto de ato ilícito quanto lícito, desde que cause um prejuízo
indevido ao administrado (RE-AgR 456.302/RR, DJ 16/03/2007). A teoria da
responsabilidade subjetiva informa que a obrigação de indenizar do Estado
surge do ato lesivo causado por culpa do serviço, pois há omissão, cuja culpa
deve ser provada. A obrigação de indenizar do Estado, segundo a teoria da
responsabilidade objetiva, dá-se independentemente de qualquer culpa,
exceto, em geral, se o dano decorrer por culpa da vítima. A dor pela perda de
um filho, ainda que sem reflexos patrimoniais, causada pela Administração
Pública, constitui-se em dano indenizável. O dano se qualifica juridicamente
como injusto, e como tal induz a responsabilidade objetiva do Estado, exceto,
entre outras hipóteses, nos casos de força maior ou em fatos necessários ou
inevitáveis da natureza.
7. D – a responsabilidade objetiva do Estado, no direito vigente, impõe à
União o dever de indenizar, exceto, entre outras, se o dano ocorrer por força
maior. Uma autarquia estadual responde pessoal e objetivamente pelos atos
danosos que seus servidores causarem a terceiros.
8. D – recebida a representação em que for solicitada a aplicação de
sanção administrativa, a autoridade civil ou militar competente determinará a
instauração de inquérito para apurar o fato. O processo administrativo não
poderá ser sobrestado para o fim de aguardar a decisão da ação penal ou civil,
pois cada uma das esferas é independente e pode resultar numa sanção
própria. Assim, mesmo havendo condenação na esfera criminal, é cabível
sanção administrativa, não se configurando violação ao princípio do “non bis in
idem”, quer dizer, não ser punido duas vezes pelo mesmo fato.
9. D – o agente público é responsável pelos danos que nessa qualidade vier
a causar a terceiros apenas se agir com dolo ou culpa. Os danos causados a
terceiros, na execução de serviços públicos, devem ser indenizados pelo
prestador de tal serviço, tenha ele personalidade de direito público ou privado.
O Estado responde pelos danos causados por seus agentes, na execução de
serviços públicos, descontando destes, após a competente ação regressiva,
os valores que despender no pagamento de indenizações, se provado dolo ou
culpa.
10. F – ao prejudicado é permitido acionar diretamente o agente público
causador do dano ou o prestador do serviço público.

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11. V – a responsabilidade objetiva do Estado, com base no risco


administrativo, de fundo constitucional, não alcança atos praticados por
sociedade de economia mista que explore atividade econômica, mas sim
apenas se prestadora de serviço público.
12. F V V V V F – o princípio da não-cumulatividade das sanções, aplicável
aos servidores públicos, não significa que a imposição de sanção penal por
cometimento de crime praticado por servidor público, na qualidade de agente
administrativo, afasta a responsabilidade administrativa, posto que
independentes. A ação regressiva é o meio de que a Administração dispõe
para obter do agente público o ressarcimento da indenização paga por dano
que, nessa qualidade, tenha causado indevidamente ao particular.
13. D – em matéria de responsabilidade civil do servidor público, a
obrigação de reparar o dano se estende aos sucessores, até o limite do valor
da herança, tendo o servidor agido com culpa ou com dolo.
14. B – em matéria de responsabilidade civil do servidor público, ocorrendo
a prática de um mesmo fato delituoso, as sanções civil, penal e administrativa
poderão acumular-se, pois são independentes entre si, exceto se, na esfera
penal, for declarada expressamente a inexistência do fato ou negativa da
autoria.
15. V V F F F – as sanções civis, penais e administrativas poderão ser
cumuladas. Condenado criminalmente o servidor por fato que causou prejuízo
a terceiro, a vítima do dano deverá demandar a indenização do servidor ou
da Administração. A responsabilidade civil do servidor decorrerá de ato
doloso ou culposo, seja este comissivo ou omissivo.
16. B – a responsabilidade civil decorre tanto de ato comissivo quanto
omissivo, doloso ou culposo (art. 122, Lei nº 8.112/90). As sanções penais,
civis e administrativas poderão cumular-se, havendo independência entre as
mesmas (arts. 124 e 125, Lei nº 8.112/90). A responsabilidade administrativa
somente será afastada no caso de absolvição criminal que negue o fato ou
sua autoria (art. 126, Lei nº 8.112/90). A responsabilidade penal abrange
tanto os crimes quanto as contravenções imputados ao servidor (art. 123,
Lei nº 8.112/90).
17. C – tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o servidor
perante a Fazenda Pública, em ação regressiva (art. 122, § 2º, Lei nº
8.112/90).
18. C – pode haver condenação administrativa, criminal e civil, pelo mesmo
fato, não se configurando um bis in idem. Nos casos em que a sentença
criminal absolver o servidor, por falta de prova, poderá haver
responsabilização nas esferas cível e administrativa, pois são todas
independentes entre si.
19. C – CF/88, art. 37, § 6º: as pessoas jurídicas de direito público e as
de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos
que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. CC/2002, art.
43: as pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente

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responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a
terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se
houver, por parte destes, culpa ou dolo.
20. C – as condenações administrativa, criminal e civil são, em regra,
independentes e cumulativas.
21. A – Lei nº 8.112/90, art. 121. O servidor responde civil, penal e
administrativamente pelo exercício irregular de suas atribuições. Art. 122. A
responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo,
que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros. (...) § 2º Tratando-se de
dano causado a terceiros, responderá o servidor perante a Fazenda Pública, em
ação regressiva. Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e
contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
22. B – a culpa concorrente da vítima, de acordo com as regras atuais,
atenua a responsabilidade do Estado. Aplica-se a teoria do risco
administrativo para definir a responsabilidade do Estado por dano resultante da
atividade administrativa desenvolvida por qualquer dos Poderes. A ação
indenizatória contra o Estado é prescritível, por outro lado, a ação de
ressarcimento de danos causados ao Estado é imprescritível (art. 37, §
5º, CF/88).
23. B – tanto as Pessoas Jurídicas de Direito Público quanto de
Direito Privado prestadoras de serviços públicos responderão objetivamente
pelos danos causados por seus agentes. Como regra, o Estado não responde
por danos decorrentes da atividade típica desenvolvida pelo Poder Legislativo.
O Estado pode cobrar regressivamente do agente público causador do dano,
provada a culpa ou dolo. A teoria adotada na Constituição para disciplinar a
responsabilidade do Estado denomina-se “teoria do risco administrativo”.
24. D – o Estado, como regra, não responde por danos resultantes da sua
atividade jurisdicional. O Estado poderá cobrar regressivamente do seu agente
nos casos de culpa ou dolo. Os concessionários de serviços públicos
responderão objetivamente por danos causados por seus agentes.
25. B – a teoria adotada na Constituição para disciplinar a responsabilidade
do Estado, denomina-se risco administrativo.
26. E – o direito de regresso da Administração Pública nunca prescreve (art.
37, § 5º, CF/88).
27. E - A responsabilidade do servidor público é subjetiva. O servidor
público atua com culpa quando age com imprudência, negligência ou
imperícia. O servidor público age com dolo quando conscientemente pratica
um ato contrário ao direito. Em regra, as responsabilidades civil e
administrativa independem da criminal. As ações de ressarcimento contra o
servidor público são imprescritíveis (art. 37, § 5º, CF/88).
28. C – Lei nº 8.112/90, art. 126. A responsabilidade administrativa do
servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência
do fato ou sua autoria. Código Civil (CC), art. 935. A responsabilidade civil é
independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência

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do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem
decididas no juízo criminal.
29. C – Tratando-se de dano causado a terceiro, o servidor responderá
mediante ação regressiva. Lei nº 8.112/90, art. 122. A responsabilidade civil
decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em
prejuízo ao erário ou a terceiros. (...) § 2o Tratando-se de dano causado a
terceiros, responderá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação
regressiva.
30. A – CF/88, art. 37, § 6º: agências reguladoras = autarquias. Autarquias
e fundações públicas de direito público, por terem natureza jurídica de direito
público, sempre respondem objetivamente. Pessoas jurídicas de direito privado
apenas respondem objetivamente quando prestam serviço público. Assim, as
estatais que exploram atividade econômica, como são de direito privado,
respondem subjetivamente.
31. E – Na hipótese, há aplicação da teoria do risco administrativo. A teoria
aplicada ao caso para a responsabilização do Estado é a objetiva. Em caso de
acidente com material radioativo, o Estado responde independentemente de
culpa (CF/88, art. 21, XXIII, d). Na teoria do risco administrativo, há hipóteses
em que, mesmo com a responsabilização objetiva, o Estado não será passível
de responsabilização, como no caso de culpa do particular ou de terceiro.
32. C – Lei nº 8.112/90, art. 126. A responsabilidade administrativa do
servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência
do fato ou sua autoria.
33. B – A responsabilidade objetiva independe de dolo ou culpa.
34. D – Poder Legislativo = Lei de efeito concreto ou Lei inconstitucional.
Poder Judiciário = manter cidadão preso além do tempo fixado na sentença
(CF/88, art. 5º, LXXV) ou juiz que, no exercício das funções, proceda com dolo
ou culpa (CPC, art. 133). Poder Executivo = infração às obrigações gerais
devidas por todos.
35. C – CF/88, art. 37, caput e § 6º.
36. E – Teoria do risco integral = não admite qualquer excludente de
responsabilidade.
37. A – Prevalece o entendimento de que, nos casos de omissão, a
responsabilidade extracontratual do Estado é subjetiva, sendo necessário, por
isso, perquirir acerca da culpa e do dolo. A vítima de dano causado por ato
comissivo deve ingressar com ação de indenização por responsabilidade
objetiva contra a Administração. Há responsabilidade civil do Estado por dano
causado pelo rompimento de uma adutora ou de um cabo elétrico, mantidos
pelo Estado em péssimas condições, em face da falta do serviço. Proposta a
ação de indenização por danos materiais e morais contra o Estado, sob o
fundamento de sua responsabilidade objetiva, não cabe, conforme
entendimento prevalecente, denunciação à lide do respectivo servidor
alegadamente causador do dano.

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38. D – Não há responsabilidade objetiva do Estado em relação aos atos do


servidor praticados fora das funções públicas. Pela falta residual, não
compreendida na absolvição pelo juízo criminal, é admissível a punição
administrativa do servidor público. Assim, o juízo criminal limita seu
julgamento aos aspectos penais da conduta. Ainda que a conduta do agente
não seja ilícito penal, pode representar infração administrativa. Lei nº
8.112/90, art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será
afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua
autoria. Lei nº 8.429/92, art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário,
será proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada,
dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar. § 1º É vedada a
transação, acordo ou conciliação nas ações de que trata o caput.
39. B – Empresas públicas podem se sujeitar à responsabilidade objetiva, se
prestarem serviço público (CF/88, art. 37, § 6º). A teoria francesa da faute du
service é enquadrada como hipótese de responsabilidade subjetiva. Pessoas
jurídicas de direito privado, não integrantes da Administração Pública, podem
se sujeitar à responsabilidade objetiva, como concessionárias e permissionárias
de serviço público (CF/88, art. 37, § 6º). A responsabilidade do Estado por
omissão caracteriza-se como de natureza subjetiva. A responsabilidade civil
por danos nucleares independe da existência de culpa (CF/88, art. 21, XXIII,
d).
40. A – O Estado não é responsável civilmente pelo dano sofrido por
particular que sofre seqüestro cometido por presidiário que fugiu da
penitenciária, por negligência de agentes penitenciários, e, formando
quadrilha, passou a praticar delitos, tendo em vista a ausência do nexo de
causalidade. O servidor público, que sofreu prejuízo enquanto desempenhava
função pública, pode invocar a responsabilidade civil objetiva do Estado pelos
danos sofridos, mesmo que não tenha concorrido para o evento danoso, caso
em que a responsabilidade será concorrente. É subjetiva a responsabilidade
civil do Estado por danos causados por omissão de seus agentes. A
responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de
serviço público é objetiva relativamente apenas aos usuários do serviço (STF,
RE 262.651/SP, 16/11/2004). É juridicamente possível a ação de indenização
por dano moral decorrente de ato do Poder Judiciário.
41. C – CF/88, art. 5º, LXXV: o Estado indenizará o condenado por erro
judiciário, assim como que ficar preso além do tempo fixado na sentença. CPP,
art. 630: o tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer o direito a
uma justa indenização pelos prejuízos sofridos. STF, RE 505.393/PE, DJ
05/10/2007.
42. C – requisitos para configuração da responsabilidade objetiva: a) dano;
b) ação administrativa; c) e nexo causal entre o dano e a ação administrativa.
Além disso, não deve haver culpa da vítima, caso fortuito ou força maior (STF,
RE 217.389/SP, DJ 24/05/2002).
43. B - A Teoria da Responsabilidade Objetiva do Estado prevê excludentes,
como a culpa exclusiva da vítima ou de terceiro.

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44. E - A Teoria da Responsabilidade Objetiva do Estado (ou Teoria do risco


administrativo) prevê excludentes, como a culpa exclusiva da vítima ou de
terceiro.
45. D – A responsabilidade civil do Estado por omissão é subjetiva,mesmo
em se tratando de responsabilidade por dano ao meio ambiente (STJ, REsp
647.493/SC, DJ 22/10/2007).
46. ECCE - Os atos judiciais podem gerar responsabilidade civil do Estado
(CF/88, art. 5º, LXXV). A responsabilidade do Estado por omissão exige a
comprovação de sua participação culposa. A ação de ressarcimento de danos
causados ao Estado é imprescritível (CF/88, art. 37, § 5º).
47. A - A responsabilidade civil do servidor público é subjetiva.
48. EEE - Cabe ação de regresso do Estado em face do servidor, e nela se
perquirirá sobre o dolo ou culpa do servidor, uma vez que se lhe aplica a teoria
da Responsabilidade Subjetiva, não bastando o procedimento administrativo
disciplinar. Lei nº 8.112/90, art. 121, § 2º: Tratando-se de dano causado a
terceiros, responderá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação
regressiva.
49. D - Os atos judiciais podem gerar responsabilidade civil do Estado
(CF/88, art. 5º, LXXV).

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