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Seja de forma subjetiva ou objetiva, havendo a possibilidade do Estado ser responsável pela
morosidade, há maior concretização do direito fundamental à duração razoável do processo.
1 INTRODUÇÃO
Ainda no mesmo dispositivo, foi assegurado ao ente estatal o direito de regresso contra o seu
servidor, desde que demonstrado o elemento subjetivo da sua conduta ilícita (dolo ou culpa), o
nexo causal e o dano.
Tal importe é decorrente da elevação da responsabilidade civil do Estado à categoria de princípio
geral de direito, o que gerou a obrigatoriedade de as pessoas responderem por qualquer ação ou
omissão que possa atingir a esfera patrimonial ou jurídica de outrem (DIAS, 2004, p. 2-3).
Não obstante, observa-se que na evolução do instituto da responsabilidade civil cada vez mais
essas premissas vão sendo refutadas, passando-se a defender que todos os poderes, seja o
Executivo, o Legislativo ou o Judiciário, devem responder objetivamente pelos atos de seus
agentes.
Nesse sentido, o presente trabalho tem por finalidade analisar a responsabilidade do Estado no
caso de demora na prestação da tutela jurisdicional, bem como a aplicação da responsabilidade
objetiva ou subjetiva no caso da omissão do magistrado na condução processual.
O estudo da evolução teórica da responsabilidade pode ser dividido em três fases, quais sejam:
irresponsabilidade; civilística; publicista.
A irresponsabilidade estatal era justificada pelos preceitos de ser o Estado a expressão da Lei e
do Direito, jamais podendo violar um preceito jurídico. Outrossim, predominava a vertente que o
Estado, por ser soberano, não poderia ser colocado no mesmo nível que o administrado. Logo,
tornou-se inconcebível a ideia de reparação por ato estatal (NUNES, 1999, p. 20).
Com efeito, caso ocorressem atos atentatórios à lei, caberia à vítima pleitear a indenização
decorrente da conduta pessoal do funcionário que causou o dano, e nunca em face do Poder
Público (NUNES, 1999, p. 20-21).
Nas palavras de Cavalcanti citado por Dias (2004, p. 24), um dos argumentos que justificava tal
irresponsabilidade era o fato de o funcionário e o Estado serem sujeitos diferentes, de modo que
a culpa daquele não poderia ser atribuída a este, mesmo porque o funcionário não era visto como
um representante estatal.
Contudo, essa teoria começou a ser questionada. Para os críticos, tal preceito importava uma
verdadeira injustiça ou mesmo uma negativa à tutela do Direito, nada justificando a
irresponsabilidade estatal quando a sua atuação falhar e seus representantes causarem danos aos
particulares (CAHALI, 1984, p. 358).
Assim, entre o final do século XVIII e início do século XIX, por influência do Direito Civil,
passou-se a admitir a responsabilização do Estado, ingressando na conhecida fase civilista <!--[if
!supportFootnotes]-->[2]<!--[endif]-->(DIAS, 2004, p. 25).
Essa segunda fase busca transportar o instituto da responsabilidade por fato de terceiro do direito
civil para o campo do direito publico (CAHALI, 1995, p. 19).
Para tanto, levou-se em consideração a distinção entre atos de império e atos de gestão. Os
primeiros se referem ao exercício de soberania, sendo, pois, imune a qualquer julgamento mesmo
quando danosos a particulares. Já os atos de gestão incluem atividades nas quais o Estado se
equipara ao particular, tendo, portanto, sua responsabilidade reconhecida, bem como a
obrigatoriedade de reparar danos (LOUREIRO FILHO, 2005, p. 51).
Assim, agindo o Estado no exercício de sua soberania, na qualidade de poder supremo, supre-
individual, os atos praticados nessa qualidade, os atos iure imperii, estariam incólumes de
qualquer julgamento, e, mesmo quando danosos para os súditos, seriam insuscetíveis de gerar
direito à reparação.
Mas na prática de atos ius gestionis, o Estado equipara-se ao particular, podendo ter a sua
responsabilidade civil reconhecida nas mesmas condições de uma empresa privada, pelos atos de
seus representantes ou prepostos, lesivos ao direito de terceiros; distinguia-se, então, conforme
tivesse havido, ou não, culpa do funcionário: havendo culpa, a indenização seria devida; sem
culpa, não haveria ressarcimento do dano (CAHALI, 1984, p. 358-359).
Percebe-se, desse modo, que, neste momento histórico, a possibilidade de o Estado indenizar o
particular por um dano era atrelada ao elemento culpa, por parte do seu funcionário. Nesse
sentido, vigorava o entendimento da responsabilidade subjetiva.
Em um terceiro período, a partir do século XIX<!--[if !supportFootnotes]-->[3]<!--[endif]-->,
atribui-se um caráter publicístico à proposição anterior, razão pela qual essa fase ficou conhecida
como teoria publicista, caracterizada pela evolução da responsabilidade subjetiva para a objetiva.
Para melhor compreensão deste assunto, nessa terceira etapa, os doutrinadores e as decisões
jurisprudenciais optaram por uma divisão em duas teorias: a da culpa do serviço (culpa
administrativa ou acidente administrativo) e a do risco administrativo, servindo esta como
sustento à conjectura da responsabilidade objetiva, hoje consagrada no ordenamento jurídico
brasileiro.
Segundo a teoria da culpa do serviço, não haveria vinculação entre a responsabilidade estatal e a
culpa do agente. Assim, na falta de serviço não seria mais necessário identificar o agente público
causador do dano (CARVALHO FILHO, 2003, p. 433).
Nesse contexto, a doutrina consagrou que a responsabilidade era baseada na culpa anônima ou
falta do serviço público, a qual poderia ocorrer no caso de inexistência, mau funcionamento ou
retardamento do serviço (DI PIETRO, 2010, p. 433). Logo, para que a vítima pudesse pleitear a
indenização em face do Poder Público deveria comprovar um desses três elementos bem como o
elemento culpa do Estado – e não do funcionário (CARVALHO FILHO, 2003, p. 434).
Nesse ponto, urge salientar que há controvérsias doutrinárias a respeito da teoria da culpa
administrativa adotar ou a responsabilidade objetiva ou a subjetiva. Segundo o doutrinador Hely
Lopes Meirelles a teoria da culpa administrativa como uma etapa de “transição entre a doutrina
subjetiva da culpa civil e a tese do risco administrativo que a sucedeu, pois leva em conta a falta
do serviço para dela inferir a responsabilidade da Administração” (MEIRELLES, 2010, p. 682).
Logo, percebe-se que o autor aproxima-se da responsabilização objetiva, não obstante reconheça
o papel importante da vítima quanto ao ônus da prova.
Em contrapartida, Celso Antônio Bandeira de Mello ressalva que a teoria da culpa administrativa
implica na responsabilidade subjetiva do Estado, posto que “não basta a mera objetividade de um
dano relacionado com um serviço estatal. Cumpre que exista algo mais, ou seja, culpa (ou dolo),
elemento tipificador da responsabilidade subjetiva” (MELLO, 2009, p. 994).
Assim sendo, afasta-se da ideia de culpabilidade em prol da tese do nexo de causalidade entre a
conduta do funcionário e o prejuízo sofrido pelo administrado. Logo, torna-se irrelevante a
demonstração de regularidade ou irregularidade do serviço público, pois, para que seja
caracterizada a responsabilidade objetiva do Estado, basta que se comprove a prática de um ato
lícito ou ilícito pelo agente público; o dano causado pelo ato; o nexo de causalidade entre a
conduta e o prejuízo verificado (DI PIETRO, 2010, 646).
Ressalta-se, ainda, que a doutrina propõe a divisão da teoria do risco em teoria do risco
administrativo e do risco integral. A primeira admite as hipóteses excludentes de
responsabilidade – culpa da vítima, culpa de terceiros e força maior. Já no risco integral sempre
haveria o dever da administração de indenizar, independente da existência de causas de
excludentes (MEIRELLES, 2010, p. 683).
Porém, em virtude do objeto de estudo presente trabalho, tal distinção torna-se irrelevante, pois
independente desta divisão, predomina o entendimento que a teoria do risco consagra a
responsabilidade objetiva, seja pelo risco administrativo ou pelo risco integral.
Dessa forma, inquestionável a aceitação da responsabilização estatal objetiva por dano causado a
terceiros decorrente da conduta de seus agentes quando estes atuarem nesta qualidade.
A princípio, cabe destacar que o Poder Judiciário é responsável pelas atividades judiciárias e
jurisdicionais, as quais se distinguem quanto à amplitude do ato praticado pelo órgão.
Entende-se por atividades judiciárias (ou judiciais) todos os atos oferecidos pelo Judiciário,
independentes de serem prestados por magistrados ou por outros agentes públicos. O doutrinador
José dos Santos Carvalho Filho (2003, p. 451) se refere aos atos judiciários como atos
administrativos, tendo em vista que aqui se enquadram todos os órgãos de apoio administrativo e
judicial do Poder Judiciário, bem como os atos praticados por aqueles que se caracterizam como
agentes do Estado, dentre eles, motoristas, agentes de limpeza e conservação, escrivães, oficiais
cartorários, tabeliães.
Com efeito, percebe-se que as atividades judiciárias são mais abrangentes, já que nelas são
incluídos atos praticados por todos os agentes. Como exemplo de atividades judiciárias, Loureiro
Filho destaca o seguinte rol:
Erro judiciário (civil e penal); atos jurisdicionais gerais (de jurisdição voluntária, correições, atos
de cartórios extrajudiciais, despachos e decisões interlocutórias, tutela de urgência, execução); a
demora excessiva na prestação judicial; denegação de justiça; dolo e fraude; falha da máquina;
atos auxiliares (servidor, perito, jurado, Ministério Público); atos decorrentes de órgão colegiado;
atos ilícitos e outros atos que, provenientes da atividade judicial, venham a causar dano injusto
ao administrado (LOUREIRO FILHO, 2005, p. 84).
Ressalta-se, que, sob os atos administrativos praticados pelos demais agentes públicos há
incidência da responsabilidade civil objetiva do Estado, não havendo discussões a serem
esbaldadas (CARVALHO FILHO, 2003, p. 451).
Esse posicionamento tem sido uníssono tanto no âmbito doutrinário quanto no jurisprudencial,
entendendo-se pela possibilidade de o Estado ser responsável objetivamente pelos danos
causados por seus agentes no exercício da atividade judiciária.
As divergências se instalam no que diz respeito à atividade jurisdicional[4]<!--[endif]-->, nas
hipóteses em que os juízes causam danos às partes em virtude de ações incorretas ou de omissões
injustificadas e ilegais.
Os fundamentos dessa concepção têm fulcro, basicamente, nas seguintes teses: a) soberania do
Judiciário; b) independência dos magistrados no exercício das suas funções; c) o magistrado não
é funcionário público; d) a indenização por dano decorrente de decisão judicial infringiria a regra
da imutabilidade da coisa julgada; e) falta de texto legal expresso que lhe atribua
responsabilidade; f) falibilidade contingencial dos juízes.
Nesse ponto, faz-se relevante analisar cada um desses aspectos compreendendo seus
embasamentos teóricos. Tal estudo faz-se imperioso para que sejam sustentadas as críticas que
refutam a tese da irresponsabilidade, bem como a construção da vertente de responsabilização do
Estado, inclusive, pelos danos decorrentes da demora na prestação jurisdicional.
A alegação da soberania funda-se no fato de o Poder Judiciário estar acima da lei, no exercício
soberano do Estado, o que o colocaria, também, como hierarquicamente superior aos demais
poderes. Porém, sabe-se que esse atributo pertence ao Poder Público e não as suas funções
(legislativa, executiva ou judiciária), as quais são reciprocamente limitadas e autônomas entre si
(LOUREIRO FILHO, 2005, p. 117).
Assim, afasta-se esse argumento, o qual é considerado, por muitos, inconsistente e retrógrado
(DIAS, 2004, p. 163), além de contraditório, pois se esse fundamento fosse aceitável, o Estado
também não poderia responder por muitos atos praticados pelo Poder Executivo (DI PIETRO,
2010, p. 662-663).
Ressalta-se, por oportuno, que Carvalho Filho (2003: 452) considera que os atos jurisdicionais
refletem o exercício da soberania, traduzindo uma das funções estruturais do Estado. Por outro
lado, o doutrinador reconhece que é possível incidir a responsabilidade objetiva quando o
magistrado atuar com dolo ou culpa.
Relativamente aos atos judiciários, ninguém pode hoje acobertá-lo de imunidade, sob pretexto de
ser expressão de soberania. Este argumento provaria demais, porque daria com a
irresponsabilidade mesma da Administração e do Legislativo, já que o Judiciário não é um super-
poder colocado sobre estes dois. Aquela arguição é destituída de todo e qualquer fundamento
jurídico. O serviço judiciário é um setor de funcionamento do Estado, como o são todos os
demais serviços públicos. Distingue-se deste tão só pela função jurisdicional, que
preferentemente ele exerce. Isto, porém, não o eleva acima da ordem jurídica, a cuja fiel e exata
aplicação ele se destina (PONDÉ apud LOUREIRO FILHO, 2005, p. 119).
Todavia, esse argumento também não merece prosperar. Além do fato de a independência ser um
atributo inerente a cada um dos poderes, tal como aduz Di Pietro (2010, p. 663), a
responsabilização não priva o julgador da livre apreciação das provas, pois, ainda assim, há
liberdade na escolha do conteúdo das suas decisões, desde que motivada e amparada nos limites
do ordenamento jurídico vigente (LOUREIRO FILHO, 2005, p. 114).
O valor da independência do juiz, certamente, é fundamental, porém não absoluto. Não deve ser
considerado isolado de outros princípios e valores com os quais deve coadunar – entre eles o
princípio da responsabilidade democrática dos titulares do poder público perante os cidadãos. Há
que se conciliar ambos os princípios; um limita, mas não anula o outro. A irresponsabilidade
judicial não pode constituir o preço a ser pago pela coletividade em troca da independência de
seus juízes (DERGINT, 1994, p. 152).
O terceiro pressuposto manejado pelos partidários da tese da irresponsabilidade estatal refere-se
ao fato de o juiz não ser funcionário público. Nesse caso, questiona-se a amplitude da expressão
“agente público” delimitado no art. 37, § 6° da Carta Magna.
Já José dos Santos Carvalho Filho (2003, p. 470-473) classifica os agentes públicos em agentes
políticos, particulares em colaboração, servidores públicos e agentes de fato. Para Hely Lopes
Meirelles (2010, p. 439), os agentes públicos (chamados também de servidores públicos em
sentido amplo) podem ser classificados em agente político, servidores públicos em sentido
estrito, empregados públicos e contratados por tempo determinado. Ainda, segundo Edimur
Ferreira de Faria (2011, p. 101) os agentes públicos são classificados em agentes políticos,
agentes em carreira especial, agentes administrativos e agentes militares.
Não obstante as divergências doutrinárias quanto às subdivisões, o que não obsta a compreensão
da matéria, não há dúvidas que no direito brasileiro o magistrado é agente público.
Para alguns doutrinadores, dentre eles, Meirelles (2010, p. 440), os magistrados são agentes
políticos, sob o fundamento que sua função é considerada política, correspondendo ao exercício
de uma parcela da soberania do Estado. Outros, no entanto, enquadram os magistrados na
categoria de servidores públicos ocupantes de cargos sob o regime estatutário. Nesse sentido,
destacam-se Carvalho Filho (2003, p. 476), Di Pietro (2010, p. 512- 513), Faria (2011, p. 104),
Mello (2010, p. 284).
Independente do posicionamento doutrinário adotado quanto à classe de agentes públicos a que
os julgadores se enquadram, o art. 37, §6° da CR/88 não delimitou quais seriam os agentes
públicos responsáveis pelos danos causados. Assim sendo, empregou-se o vocábulo “agentes” no
sentido latu, abrangendo todas as categorias de pessoas, que, a qualquer título, prestem serviços
ao Estado, o que inclui, portanto, os magistrados (DI PIETRO, 2010, p. 663).
O quarto argumento que fundamenta referida tese consiste na violação à coisa julgada. Não
obstante seja uma forte premissa, sabe-se que suas manifestações também não são suficientes
para sustentá-la. Aqueles que manejam a irresponsabilidade dos julgadores aduzem que as
decisões judiciais têm caráter imutável, fruto do trânsito em julgado. Como consequência, “a
indenização por dano decorrente de decisão judicial infringiria a regra da imutabilidade da coisa
julgada, porque implicaria o reconhecimento de que a decisão foi proferida com violação à lei”
(DI PIETRO, 2010, p. 662).
Além disso, seus defensores afirmam que as partes têm oportunidade de questionar eventuais
erros cometidos em uma sentença, o que seria feito por meio de recurso. Por conseguinte, uma
vez transitado em julgado, o decisum torna-se imutável, sendo, portanto, inadmissível o
ressarcimento pelo Estado de eventuais danos causados às partes ou a terceiros.
Por outro lado, tais proposições desconsideram o fato de o próprio ordenamento jurídico prever
os institutos da ação rescisória e da revisão criminal, os quais permitem rescindir e revisar a
sentença transitada em julgado. Esses mecanismos decorrem da possibilidade de a decisão ter
sido encerrada com erro de fato ou de direito, mesmo quando submetida a diversos graus de
jurisdição por meio dos recursos (DIAS, 2004, p. 165).
Ademais, o ajuizamento de uma ação de reparação de danos em face do Estado não ofenderia a
coisa julgada. Isso porque a decisão proferida pelo magistrado permaneceria imutável mesmo
com o pedido de responsabilização do Estado por eventuais danos decorrentes (RESENDE,
2012, p. 72) <!--[if !supportFootnotes]-->[5]<!--[endif]-->.
Nesse trâmite, vale mencionar o posicionamento de Ronaldo Brêtas de Carvalho Dias o qual
reforça a crítica aos referidos argumentos, justamente em defesa da impossibilidade de se alegar
a irresponsabilidade sob o manto de violação à coisa julgada. Veja-se:
Ressalta-se essa norma da responsabilização objetiva do Estado pelos atos comissivos, conforme
o art. 37, §6° da CR/88, não exclui a responsabilidade pessoal do juiz, quando este atuar com
dolo ou culpa, consoante o próprio Código de Processo Civil dispôs no art. 133:
Art. 133. Responderá por perdas e danos o juiz, quando: I - no exercício de suas funções,
proceder com dolo ou fraude; II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que
deva ordenar de ofício, ou a requerimento da parte.
Parágrafo único. Reputar-se-ão verificadas as hipóteses previstas no no II só depois que a parte,
por intermédio do escrivão, requerer ao juiz que determine a providência e este não lhe atender o
pedido dentro de 10 (dez) dias.
Cabe frisar que, mesmo nos casos que se comprove a responsabilização pessoal do magistrado, o
Estado ainda assim será demandado em eventual ação indenizatória, tendo em vista sua
obrigação de responder pelos danos causados pelos seus agentes, podendo, caso condenado,
pleitear indenização diretamente do juiz por meio de ação de regresso.
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A finalidade desse trabalho é analisar questões acerca dos limites da responsabilidade estatal pela
demora na prestação jurisdicional.
Alana.canario@gmail.com
ferrazbar@hotmail.com
RESUMO
A finalidade desse trabalho é analisar questões acerca dos limites da responsabilidade estatal pela
demora na prestação jurisdicional, diante de inúmeros aspectos relevantes a serem observados,
sejam eles a responsabilização decorrente de casos previstos em lei, como também na ausência
de previsões específicas que legitimam a irresponsabilidade estatal. Sendo importante destacar
que o Estado já pode ser responsabilizado civilmente quando causa o efetivo dano a outem sendo
conhecido como a responsabilidade objetiva.
Palavras Chave:
Introdução
Com tudo isso, a nossa Carta Magna assegura essa busca pela jurisdição a qualquer cidadão,
garantindo seu acesso como um direito fundamental, e também a razoável duração do processo,
sabe-se que um processo em trâmite necessita de tempo para decisão, mas o que está em pauta
nesse trabalho é a demora excessiva. Na razoável duração do processo não é estipulada nenhum
tipo de data, nem tampouco um prazo razoável com um tempo pré-estabelecido para um
processo, com isso, seria muito difícil dizer qual seria o tempo adequado de um processo ser
sentenciado. É de suma importância analisar vários aspectos em um processo, sabendo que cada
caso concreto tem suas peculiaridades.
Sendo assim, esse artigo versa mostrar que só o Estado possui a tutela jurisdicional e o dever de
dirimir os conflitos e os litígios dos cidadãos. Contudo pelas suas falhas o Estado demora muito
pra concluir essa prestação, mesmo diante da Emenda Constitucional n.º 45/2004,que institui a
razoável duração do processo como direito fundamental.
Nas situações em que não for prestada a jurisdição, e o nosso ordenamento causar um dano a
outra pessoa, a que se falar em responsabilidade objetiva do Estado e da necessidade da
reparação do dano causado. E quando se é necessitado de uma a tutela jurisdicional e que se
possui um grande lapso temporal para se consegui-la, como por exemplo: processos que duram
mais de vinte anos, e mesmo que consiga uma sentença, o resultado já não surte nenhum efeito,
pode-se pleitear uma forma de sanar o seu prejuízo.
Todavia, até que ponto essa demora da prestação da jurisdição pode violar um direito
fundamental? Todos as pessoas possuem esse direito de ação, mas a não prestação também se
configura ao direito não atendido.
O tema observado nesse trabalho demonstra que é necessária urgência na criação de uma nova
solução para os problemas propostos, aliás nada mais justo o Estado pagar pelo dano causado
pelo seu mau funcionamento, pois nada mais é do que sua competência exercer uma prestação
jurisdicional e de uma forma que funcione e seja ágil.
Quando se é violado um direito fundamento o Estado terá que tomar uma decisão sobre o
assunto, sendo assim se tenha a reparação pelo dano causado sendo exercida regulamente pelos
indivíduos prejudicados, na intenção de melhorar o sistema judiciário.
Sendo assim, seria propicio dizer que nem sempre o Estado cumpre o seu dever de exercer a sua
função e porque não dizer a sua responsabilidade. Sabido que não é permitido, em regra, ao
cidadão brasileiro exercer a autotutela, por a mesma ser competência do Estado<!--[if !
supportFootnotes]-->[3]<!--[endif]-->, que consiste, nas palavras de Rafaela Canabrava<!--[if !
supportFootnotes]-->[4]<!--[endif]-->:
É dever de o Estado garantir o acesso à justiça a todos os cidadãos indistintamente, e que não se
imagine esse acesso apenas em relação à provocação do Poder Judiciário, mas a todos os direitos
garantidos pelo Poder Constituinte quando da promulgação da Carta em comento.
Diante do exposto, seria necessária uma prestação eficaz do Estado de forma célere e ágil,
fazendo assim, cumprir a obrigação constitucional, e deixando de ser apenas uma norma sem
eficácia.
Após trataremos sobre a Emenda Constitucional n.º 45/2004 que tentou resolver a celeuma.
É claro para quem necessita de uma decisão do Poder Judiciário de que os processos são
morosos, tramitam de forma lenta, e isso ocorre por vários fatores, a peculiaridade do caso
concreto, o grande número de processos no Judiciário, a incapacidade da prestação do Estado e
até mesmo a desídia do agente público. Assim, foi criado um dispositivo que garante a “razoável
duração do processo”.<!--[if !supportFootnotes]-->[5]<!--[endif]-->
A Emenda Constitucional n.º 45/2004, acrescentou o inciso LXXVIII, ao rol do artigo 5º, da
Constituição Federal, que enumera os direitos e deveres individuais e coletivos. Assim:
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
Dessa maneira, a prestação jurisdicional deve ser realizada dentro de um prazo razoável e
efetivo. Importante frisar que a previsão já existia como garantia fundamental do indivíduo, por
meio dos artigos 8º, 1, e 25, 1, da Convenção Americana Sobre Direitos Humanos, conhecido
como Pacto de São José da Costa Rica<!--[if !supportFootnotes]-->[6]<!--[endif]-->, do qual o
Brasil é signatário. É oportuno lembrar que o Pacto foi incorporado ao nosso ordenamento pela
publicação do Decreto n.º 678, de 06 de novembro de 1992<!--[if !supportFootnotes]-->[7]<!--
[endif]-->.
Desta maneira fica evidente que o Brasil apenas colocou expressamente algo já válido e lógico e
como sempre resta implementar o Direito aos cidadãos por meio de um Judiciário mais célere.
Realizados esses esclarecimentos passaremos a explanar o que vem a ser o razoável tempo de
duração do processo.
4A razoável duração do processo
Ad
Dito de outro modo, isso significa que o fator tempo é um mal necessário para o desenrolar
válido do processo judicial, porque visa a assegurar àquele em face de quem se pede uma
providência jurisdicional a efetivação do direito ao devido processo legal e às demais garantias a
ele inerentes. Essa ilação, todavia, deve ser interpretada de forma a compatibilizar o inviolável.
Por ser um tema que vem sendo discutido na atualidade, a morosidade da entrega da jurisdição se
tornou um objeto de estudo em diversos lugares, o objeto de estudo é a consecução de medidas
práticas destinada a garantir o acesso à justiça e a razoável duração do processo.
De fato, o direito à prestação jurisdicional justa e oferecida dentro de um período de tempo
razoável se infere, à primeira vista, do artigo 10, da Declaração Universal dos Direitos
Humanos<!--[if !supportFootnotes]-->[11]<!--[endif]-->, o qual prevê:
Todo homem tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de um
tribunal independente e imparcial, para decidir-se de seus direitos e deveres ou do fundamento de
qualquer acusação criminosa contra ele.
Art. 8º. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo
razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido
anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou para que
se determinem seus direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer
outra natureza.
Isso se deu porque a demora na entrega jurisdicional é nítida, e se faz jus que é um problema,
problema esse que pode ser individual, causando um dano ao cidadão em particular, e também
um problema de cunho democrático, uma vez que esse direito da prestação jurisdicional está
garantindo nas Constituições Federais, entretanto, não é efetivado.
A linha de pensamento que liga a demora jurisdicional com uma violação dos Direitos Humanos
está totalmente ligada a não seguridade de um direito, direito esse que é básico do ser humano.
Como por exemplo, um réu que não foi julgado pela demora da prestação jurisdiciona,
garantindo assim ao possível acusado a não liberdade, pela prestação do Estado. Nos dizeres de
Francisco Fernandez de Araújo<!--[if !supportFootnotes]-->[13]<!--[endif]-->:
A morosidade processual viola, sem sombra de dúvida, direito fundamental da pessoa, que
consiste na tutela jurisdicional sem dilações indevidas. Conflita, por isso mesmo, com o modelo
democrático de magistratura. Quanto mais se adia a solução de um conflito, mais a Justiça se
distancia do modelo ideal. Uma questão de credibilidade.
Por esse ângulo a demora, a “omissão”, seria uma forma de descaso para com o cidadão, visto
que o Estado e o detentor do poder de decidir, é aquele que possui a tutela jurisdicional a
competência para mediar e julgar conflitos, uma vez que por pela demora do poder judiciário,
uma pessoa é totalmente prejudicada temos nitidamente a violação de um direito básico das
pessoas que necessitam e procuram o judiciário.
Diante das menções nos vem a seguinte indagação porque o Estado tem essa responsabilidade?
Esse será o próximo tema abordado.
6 A responsabilidade do Estado
A noção da responsabilidade pode ser haurida da própria origem da palavra, que vem do latim
respondere, responder a alguma coisa, ou seja, a necessidade que existe de responsabilizar
alguém pelos seus atos danosos. Essa imposição estabelecida pelo meio social regrado, através
dos integrantes da sociedade humana, de impor a todos o dever de responder por seus atos,
traduz a própria noção de justiça existente no grupo social estratificado. Revela-se, pois, como
algo inarredável da natureza humana. (grifo do autor).
No direito atual, podemos ter que a Responsabilidade Civil é a tendência de não deixar a vítima
de atos ilícitos sem o devido ressarcimento, de forma a restaurar o seu equilíbrio moral e
patrimonial. Conforme o entendimento de Carlos Alberto Bittar<!--[if !supportFootnotes]--
>[17]<!--[endif]-->:
Sendo assim, a responsabilidade civil tem o intuito de obrigar uma pessoa a pagar pelos danos
que a mesma causa/cause a outrem. Assim, precisamos ter em mente que o Judiciário pode lesar
uma pessoa, lhe causando danos, e, por conseguinte, terá que se obrigar a ressarcir quem foi
lesado.
A responsabilidade civil pode ser classificada, de acordo com a natureza do dever jurídico
violado pelo causador do dano, em contratual ou extracontratual.
O Código Civil Brasileiro estabelece a definição de ato ilícito em seu artigo 186: “Aquele que,
por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”.
Dessa maneira, devemos ter em mente que os elementos da responsabilidade civil são: a conduta
culposa do agente, nexo causal, dano e culpa. E, em consequência, que eles são a base
fundamental da responsabilidade civil, e consagram o princípio de que a ninguém é dado o
direito de causar prejuízo a outrem<!--[if !supportFootnotes]-->[20]<!--[endif]-->.
1. que haja um fato (uma ação ou omissão humana, ou um fato humano, mas independente da
vontade, ou ainda um fato da natureza), que seja antijurídico, isto é, que não seja permitido pelo
direito, em si mesmo ou nas suas consequências;
2.que o fato possa ser imputado a alguém, seja por dever a atuação culposa da pessoa, seja por
simplesmente ter acontecido no decurso de uma atividade realizada no interesse dela;
Passaremos a abordar cada aspecto, começando pela conduta, indo ao dano, alongando para o
nexo de causalidade e findando na culpa.
7.1.1 A conduta
A conduta é a ação ou omissão praticada pelo homem, seja ela lícita ou ilícita, quando praticada
ilicitamente, gera assim a responsabilidade e o dever de se reparar o dano causado. No
entendimento de Maria Helena Diniz<!--[if !supportFootnotes]-->[22]<!--[endif]--> a conduta é:
Assim, a conduta é o ato realizado que pode gerar dano a alguém que gera o dever de indenizar.
Em sequência passaremos a analisar o dano.
7.1.2 O dano
O direito à jurisdição é o direito público subjetivo constitucionalmente assegurado ao cidadão de
exigir do Estado a prestação daquela atividade. A jurisdição é então, de uma parte, direito
fundamental do cidadão, e, de outra, dever do Estado<!--[if !supportFootnotes]-->[23]<!--
[endif]-->:
O ato ilícito nunca resultado de dano. Sem dano será aquilo que os penalistas chamam de crime
de mera conduta; será sempre um delito material, com pode haver responsabilidade penal, mas
não há responsabilidade civil. Indenização sem dano importaria enriquecimento ilícito;
enriquecimento sem causa para quem a recebesse e pena para quem a pagasse, porquanto o
objetivo da indenização, sabemos todos, é reparar o prejuízo sofrido pela vítima, reintegrá-la ao
estado em que se encontrava antes da prática do ato ilícito. E, se a vítima não sofreu nenhum
prejuízo, a toda evidência, não haverá o que ressarcir. Daí a afirmação, comum a praticamente
todos os autores, de que o dano é não somente o fato constitutivo mas, também, determinante do
dever de indenizar.
2.que o fato possa ser imputado a alguém, seja por dever a atuação culposa da pessoa, seja por
simplesmente ter acontecido no decurso de uma atividade realizada no interesse dela.
Os bens extrapatrimoniais são aqueles inerentes aos direitos da personalidade, quais sejam,
direito a vida a integridade moral, física ou psíquica. Por essa espécie de bem possuir valor
imensurável, é difícil valorar a sua reparação<!--[if !supportFootnotes]-->[26]<!--[endif]-->.
O dano emergente consiste no efetivo prejuízo suportado pela vítima, ou seja, o que ela
efetivamente perdeu em razão da lesão. É o dano que vem à tona de imediato, em razão de um
desfalque concreto do patrimônio da pessoa lesada, e, por esse motivo, não há grandes
dificuldades para a mensuração da indenização<!--[if !supportFootnotes]-->[29]<!--[endif]-->.
Já o lucro cessante corresponde àquilo que a vítima não ganhou em decorrência do dano, ou,
segundo a expressão legal, o que razoavelmente deixou de lucrar. É também denominado de
lucro frustrado, já que correspondente à frustração daquilo que era razoavelmente esperado se
auferir, o lucro cessante corresponde, portanto, a um prejuízo projetado para o futuro. Em razão
do seu embasamento em fatos concretos, não se confunde com o lucro meramente hipotético<!--
[if !supportFootnotes]-->[30]<!--[endif]-->.
O nexo de causalidade é a relação de causa e efeito entre a conduta praticada e o resultado. Para
que se possa caracterizar a responsabilidade civil do agente, não basta que o mesmo tenha
praticado uma conduta ilícita, e nem mesma que a vítima tenha sofrido o dano. É imprescindível
que o dano tenha sido causado pela conduta ilícita do agente e que exista entre ambos uma
necessária relação de causa e efeito<!--[if !supportFootnotes]-->[31]<!--[endif]-->.
7.1.4 A culpa
A culpa não é definida e nem conceituada na legislação pátria. A regra geral do Código Civil
Brasileiro<!--[if !supportFootnotes]-->[32]<!--[endif]--> para caracterizar o ato ilícito, contida
no artigo 186, estabelece que este somente se materializará se o comportamento for culposo,
senão vejamos: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Assim, nós
devemos ter em mente que a culpa lato sensu abrande tanto a dolo quanto a culpa em sentido
estrito.
Por dolo entende-se, em síntese, a conduta intencional, na qual o agente atua conscientemente de
forma que deseja que ocorra o resultado antijurídico ou assume o risco de produzi-lo<!--[if !
supportFootnotes]-->[33]<!--[endif]-->.
Já na culpa stricto sensu não existe a intenção de lesar. A conduta é voluntária, já o resultado
alcançado não. O agente não deseja o resultado, mas acaba por atingi-lo ao agir sem o dever de
cuidado. A inobservância do dever de cuidado revela-se pela imprudência, negligência ou
imperícia<!--[if !supportFootnotes]-->[34]<!--[endif]-->.
No direito civil pátrio, mais especificamente no âmbito da responsabilidade civil, não ganha
grande relevância a distinção entre dolo e culpa stricto sensu, já que nesta seara o objetivo é
indenizar a vítima e não punir o agente culpado, medindo-se a indenização pela extensão do
dano, e não pelo grau de culpa do agente. Pela mesma razão, não há utilidade prática, na atual
responsabilidade civil brasileira, a distinção entre culpa grave, leve e levíssima<!--[if !
supportFootnotes]-->[35]<!--[endif]-->.
Após iremos ao cerne deste artigo, trataremos sobre a morosidade jurisdicional e os seus efeitos
práticos.
8 A morosidade jurisdicional
A responsabilidade do Estado pela morosidade jurisdicional é um tema que está em alta, sendo
matéria que constantemente é discutida por doutrinas e jurisprudências. Essas condutas
comissivas ou omissivas que geram um prejuízo a particulares, trazem consigo o dever de
indenizar, de restituir os mesmos pelos atos danosos que foram lhe causados. Entretanto, nem
sempre foi assim, esse dever que o Estado tem de indenizar um particular, faz parte de uma
grande evolução histórica, que somente no século XIX por base das teorias civilistas passou em
se falar em responsabilidade subjetiva, que enfatiza o elemento culpa na conduta do servidor
público.
No Brasil, algumas dessas teorias se encontram expressas no artigo 186, do Código Civil
atual<!--[if !supportFootnotes]-->[37]<!--[endif]-->,e encontrava respaldo no artigo 159, do
Código Civil de 1916<!--[if !supportFootnotes]-->[38]<!--[endif]-->.Nada mais justo que o
Estado ser responsabilizado pela demora ou pela sua má prestação jurisprudencial, uma vez que
a atividade jurisdicional deve ser exercida deforma ágil, e sempre sendo aplicando o princípio da
celeridade e eficiência.
A demora na prestação jurisdicional cai no conceito de serviço público imperfeito. Quer que ela
seja por indolência do Juiz, quer que seja por o Estado não prover adequadamente o bom
funcionamento da Justiça. E, já foi visto que a doutrina assume a defesa da responsabilidade civil
do Estado pela chamada responsabilidade civil do Estado pela chamada falta anônima do serviço
ou, em consequência, do não bem atuar dos seus agentes, mesmo que estes não pratiquem a
omissão dolosamente.
Com isso fica nítido que a demora na prestação jurisdiciona é causado por diversos fatores,
sejam eles a falta de recursos matérias ou até mesmo a desídia dos servidores, mesmo não
havendo o elemento dolo pela parte do Estado, o fator (culpa) também pode ser analisado.
Muitos são os problemas causadores da prestação jurisdicional tardia, trazemos à baila a lição de
Rui Stoco<!--[if !supportFootnotes]-->[39]<!--[endif]--> na qual elenca alguns problemas:
Inúmeras são as causas, em um extremo, na legislação ultrapassada, anacrônica e extremamente
formal; passando pela penúria imposta a esse Poder, diante da quase inexistência de verba
orçamentária para sua dinamização, modernização e crescimento; encontrando justificação no
excessivo número de recursos previsto na legislação processual e nas inúmeras medidas
protelatórias postas à disposição das partes e terminando no outro extremo, qual seja a conhecida
inexistência de magistrados, membros do Ministério Público, Procuradores da República e do
Estado para atender à enorme quantidade de feitos em andamento.
Diante dos fatos abordados muitos são os problemas no processo civil brasileiro, seus fatores não
são simples, e sua classificação e estudo seriam quase impossíveis, todavia, entre os principais
problemas se destaca morosidade jurisdicional que, por sua vez, não começou a ser vistos
repentinamente, é de muito tempo que a sociedade reclama da demora ou do mau funcionamento
da justiça brasileira, não se aplica uma só causa, para se configurar essas demora excessiva como
citado acima são muitos fatores que cooperam para a morosidade excessiva.
SENTENÇA
Conclusão
Pelo trabalho apresentado é nítido perceber que o Estado brasileiro possui muitos problemas que
envolvem o poder judiciário, um deles é a demora da prestação jurisdicional, senão for um dos
maiores dissabores de quem pleiteia uma solução com a justiça. Levando assim os particulares a
não só sofrerem com relação a questões patrimoniais ou matérias, como também transtornos que
podem ser psicológicos, chegando a deixar o cidadão desacreditado daatuação do Estado para
resolver conflitos, sendo que esse é o seu dever, uma vez que é vedada a resolução dos
problemas e com as próprias mãos.
Não podendo deixar de mencionar que é um direito fundamental do cidadão brasileiro com a
Emenda Constitucional nº 45/2004 contendo dispositivos que nos ajudam a usufruir de um
sistema mais rápido, um tempo razoável no processo, entretanto, como estipular um tempo?
Processos que se arrastam pelos corredores judiciais por mais de quinze anos ou mais, com
certeza não tem relação com o tempo razoável no processo.
Por sua vez, mesmo sabendo que existem muitos fatores que impossibilitam uma solução célere
e ágil, a demora excessiva é o que está em pauta nesse presente trabalho.
Sendo assim o poder público deve exercer a sua competência de forma mais rápida e segura, não
prejudicando os cidadãos brasileiros por conta da sua demora na prestação jurisdicional. E que
havendo esse dano, que a responsabilidade subjetiva seja exercida, apesar de ter uma decisão do
Supremo Tribunal Federal que não aceita que o Estado seja responsabilizado subjetivamente.
Para que exista uma verdadeira mudança no nosso sistema judiciário seriam necessárias à
implementação de várias condutas, uma vez que a Emenda Constitucional nº 45/2004 por si só
não obtive muitas mudanças. Uma delas seria no aprimoramento dos servidores da justiça, o
aumento de tecnologia, por ser de difícil acesso ou até mesmo se deteriorar com o tempo os
processos físicos, e com certeza lutar por uma mudança e conscientização nas condutas dos
juízes para que a prestação jurisdicional não seja um mero procedimento de cunho burocrático.
Sendo assim, é muito nítido compreendermos que a sociedade não atura mais a demora excessiva
nos processos, seja por qualquer dos retardamentos, se pelas condutas dos juízes, a falta de
estrutura ou tecnologia. Essa é a hora para tomar decisões e buscar uma solução do Estado, caso
contrário a única maneira de sanar os danos causados pela demora na prestação jurisdicional, é
voltar-se para o próprio Estado e pedir o ressarcimento do dano causado.
Diante dos fatos mencionados, é importante compreender que nem sempre o Estado deve ser
responsabilizado pela demora na prestação jurisdicional, pois existem algumas excludentes
citadas em lei, e doutrinas que versam sobre as mesmas, são elas: a culpa exclusiva da vítima,
culpa de um terceiro e força maior.
Por fim, o Estado responde por este dano quando prejudica um particular. Sendo que e ao mesmo
tempo também pode não ser possível a responsabilização civil quando se possui um rol de
excludentes mencionadas, possuindo os aspectos legais, devendo-se se policiar para uma análise
profunda do casos concretos, até porque cada caso é um caso e merece ser analisado com
cuidado para evitar maiores prejuízos a sociedade como um todo.
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THEODORO JÚNIOR, Humberto. Processo de conhecimento. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense,
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