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I. INTRODUÇÃO

O presente artigo traz como tema a abordagem do


instituto da Responsabilidade civil subjetiva do Estado, inserido no ordenamento
jurídico pátrio no qual, é amplamente debatido perante os tribunais superiores
diante da nova realidade jurídica nacional.

A imputação do Estado consiste que este por culpa ou


dolo deixou de agir, fez de forma ineficiente ou em atraso perante seus
administrados acarretando-lhes em prejuízos.

A busca da Justiça nas relações humanas é assunto


pacífico perante o mundo moderno, de acordo com as teses defendidas pela
filosofia, com isso o Estado mesmo sendo o Leviatã (teoria de Thomas Hobbes),
é passível de reparar os prejuízos que acarretou perante a população nas
atribuições de que lhe compete.

As argumentações que serão expostas são frutos de


pesquisas em campo doutrinário e jurisprudencial com ênfase nos julgados do
Supremo Tribunal Federal e também com supedâneo no Tribunal de Justiça do
Rio Grande Sul.

O que se espera é que esta obra acadêmica consiga


atingir o fim de conseguir créditos suficientes, dos quais, vou citar, foram quatro
(04) pontos faltantes para se atingir a meta proposta por este Núcleo de Prática
Jurídica IV.

II. RESPONSABILID ADE CIVIL

Para melhor entendimento faz-se necessário definir a


responsabilidade civil utilizada atualmente na seara jurídica.
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Responsabilidade civil é norma cogente e está


disciplinada no Código Civil Brasileiro nos arts. 927 e seguintes, bem como a sua
essência está normatizada nos arts. 186 e 187 do Diploma Legal.

A doutrina encarrega-se de dar entendimento


elucidativo para as referidas normas supra mencionadas com o desiderato de
deixar claro perante o mundo jurídico, qual sua aplicação. Já os Tribunais e
Juízes absorvem o disposto nas leis juntamente com as matérias doutrinárias,
cumprindo com sua função jurisdicional e promovendo a Justiça.

É pacífico o entendimento dos pressupostos e


requisitos que dão suporte para a aplicação da responsabilidade civil disposta na
norma civilista. A presente Teoria com o advento do novo Código Civil trouxe ao
ordenamento dois tipos, quais sejam: a RESPONSABILIDADE OBJETIVA e a
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. Tratarei sucintamente da primeira.

Responsabilidade Objetiva origina-se com a existência


de nexo causal e prejuízo (dano), no qual, a culpa não necessita ser provada,
pois é característica intrínseca do instituto, porque não se pergunta se o agente
agiu com culpa ou não, tendo em vista, que se causou dano (prejuízo) a alguém
oriundo de ato ilícito (art. 186 do Código Civil) este é responsável civilmente e
tem obrigação de reparar nos termos do art. 927 e seguintes do Código Civil.

Entretanto a Responsabilidade Subjetiva consiste dos


mesmos pressupostos da responsabilidade objetiva, mas deve-se provar a culpa.
Nesse sentido a doutrina enfatiza que a culpa (dolo ou culpa), são atributos
subjetivos do agente que de acordo com sua ação ou omissão causou prejuízo
(dano) a outrem, através do nexo causal (sua atitude ou omissão) com vontade
ou que não esperava o resultado atingido, o dano. Contudo a doutrina define a
culpa, sentido stricto sensu, como sendo ato sem premeditação do ilícito,
consistindo em negligência (descuido no deixa de fazer), imprudência (descuido
no fazer) e imperícia (falta de técnica profissional). No que tange ao dolo, que
seria uma “culpa” lato sensu, é a vontade, ação ou omissão ilícita voluntária e
premeditada.
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Com o desiderato de dar amparo as argumentações


acima exposta segue entendimento doutrinário do brilhante jurista Silvio de Salvo
Venosa:

“Na responsabilidade objetiva, como regra geral, leva-se em


conta o dano, em detrimento do dolo ou da culpa. Desse
modo, para o dever de indenizar, bastam o dano e o nexo
causal, prescindindo-se da prova de culpa.”

III. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

Primeiramente há de se falar da Teoria do Risco


Administrativo que está sedimentada no art. 37, § 6° da Magna Carta e tal ocorre
pelo exercício da Administração Pública perante a sociedade, no qual, esta
acarreta prejuízos advindos de sua atuação, independentemente de culpa. A
culpa no caso é requisito sagrado para a aplicação da responsabilidade
subjetiva.

Responsabilidade civil em suas duas modalidades


(objetiva e subjetiva) possui um limiar muito tênue, e quando se trata da
Responsabilidade do Estado tal liame, se torna mais frágil, portanto, tem que
ficar bem sedimentado. Responsabilidade objetiva do Estado “é a simples
relação casual entre um acontecimento e o efeito que produz”, ou seja, nexo
causal e dano. No entanto como regra no ordenamento jurídico os atos
comissivos são objetos de responsabilidade objetiva do Estado. Nesse sentido
Alexandre dos Santos Aragão define:

“Quanto aos atos comissivos, o ordenamento pátrio


claramente adotou a teoria objetiva da responsabilidade, sob
a modalidade do risco-criado, emergindo o dever de
indenizar o dano causado pela atividade estatal, seja ela lícita
ou ilícita.”
Vejamos que o Estado, independentemente de culpa, é
responsabilizado pelo dano que vier a causar. Note-se que não é necessário ter
comprovada a culpa, no qual, para a responsabilidade subjetiva é elemento
essencial.
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A Carta Política de 1988 no seu artigo 37, § 6 define:

“art. 37 – A administração pública direta e indireta de


qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência...
...
§ 6° - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.”
No mesmo sentido o Código Civil, define:

Art. 43 – As pessoas jurídicas de direito público interno são


civilmente responsáveis por atos de seus agentes que nessa
qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito
regressivo contra os causadores do dano, se houver, por
parte destes, culpa ou dolo.”
Notória a essência das duas normas em
responsabilidade civil do Estado na modalidade objetiva, em nada, faz referência
a modalidade subjetiva, ficando uma lacuna na qual, a doutrina vem delineando e
sendo ponto pacífico na situação da responsabilidade subjetiva do Estado.

IV. RESPONSABILID ADE SUBJETIVA DO ESTADO

Dada a definição e formas de responsabilidade civil


existente no nosso ordenamento jurídico passo a discorrer e fundamentar a
responsabilidade subjetiva no âmbito da Administração Pública.

Importante asseverar que a responsabilidade civil do


Estado possui diversos posicionamentos e teorias com tratamentos diversos no
tempo e espaço, no qual, já foi utilizada a teoria da irresponsabilidade, depois
rumou-se para a responsabilidade subjetiva estando vinculada a culpa e a da
responsabilidade objetiva, no entendimento da Profª Maria Sylvia Zanella Di
Pietro.

No entanto a teoria da responsabilidade subjetiva do


Estado tem lastro na doutrina francesa, na qual, a expressão faute du service,
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enseja na tradução da “falta de serviço” do Estado, no qual este não funcionou


ou funcionou tardiamente ou funcionou de forma ineficiente, segundo ensina o
Prof° Celso Antonio Bandeira de Mello.

A caracterização da “falta de serviço” do Estado, aduz


que a execução ou prestação do serviço que lhe competia diretamente com
determinação legal, acarretou em dano ao administrado, portanto, fica claro a
culpa do Estado, elemento tipificador da responsabilidade subjetiva, por ter
intrínseco o ato ilícito, ou seja, a omissão. Necessário ressaltar que a culpa,
possui no âmbito da responsabilidade subjetiva três elementos: negligência,
imprudência e imperícia.

Destarte que a responsabilidade subjetiva é elemento


definidor da vontade do agente em praticar ou deixar de fazer (culpa ou dolo) no
âmbito do direito privado, ou seja, animosidade do agente, não há em que se
falar em atividade anímica do Estado por não ser pessoa física, mas sim pessoa
jurídica de Direito Público, sendo assim, a configuração da Responsabilidade
subjetiva em relação ao Estado são os atos omissivos (ilícitos – art. 186 do
Código Civil) pois, a administração pública através de normas (leis) deveria ter
agido e não fez, ou agiu demoradamente ou de forma ineficiente.

Para corroborar o posicionamento acima transcrito é


com prazer e pelo o amor a argumentação que transcrevo excerto de importante
relevância para a doutrina jurídica, definida pelo Prof° Celso Antonio Bandeira de
Mello:

“... Há responsabilidade subjetiva do Estado quando para


caracterizá-la é necessário que a conduta geradora de dano
revele deliberação na prática do comportamento proibido ou
desatendimento indesejado dos padrões de empenho,
atenção ou habilidade normais (culpa) legalmente exigíveis,
de tal sorte que o direito em uma ou outra hipótese resulta
transgredido. Por isso é sempre responsabilidade por
comportamento ilícito quando o Estado, devendo atuar, e de
acordo com certos padrões, não atua ou atua
ineficientemente para deter o evento lesivo.”
E com maestria segue também argumento do mestre
Hely Lopes Meirelles acerca do tema:
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“...o que a Constituição distingue é o dano causado pelos


agentes da Administração (servidores) dos danos
ocasionados por atos de terceiros ou por fenômenos da
natureza. Observe-se que o art. 37, § 6º, só atribui
responsabilidade objetiva à Administração pelos danos que
seus agentes, nessa qualidade, causem a terceiros. Portanto
o legislador constituinte só cobriu o risco administrativo da
atuação ou inação dos servidores públicos; não
responsabilizou objetivamente a Administração por atos
predatórios de terceiros, nem por fenômenos naturais que
causem danos aos particulares. A responsabilidade civil por
tais atos e fatos é subjetiva.”
A configuração para a responsabilidade subjetiva do
Estado é a omissão, nos dizeres do Prof° Celso Antonio Bandeira de Mello:

“Quando o dano foi possível em decorrência de uma omissão


do Estado (o serviço não funcionou, funcionou tardia ou
ineficientemente) é de aplicar-se a teoria da responsabilidade
subjetiva.”
Assim também entende Maria Helena Diniz:

“A responsabilidade do Estado por ato omissivo é subjetiva.”


Com isso vemos que a omissão é ato ilícito e sendo
assim a responsabilidade do estado é patente. No entanto, tem que estar atento
para verificar se o Estado é o autor do dano, não compete responsabilizá-lo, ao
passo que se sua omissão era obrigação a impedir e foi omisso, este
“...descumpriu dever legal que lhe impunha obstar.”

Com intuito de exemplificar o acima exposto urge a


colocação de dois julgados que de maneira salutar e pontual corroboram o meu
entendimento acima exposto:

“APELAÇÃO CÍVEL. REEXAME NECESSÁRIO.


RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL E MATERIAL.
MORTE DE MENOR EM EQUIPAMENTO DANIFICADO EM
PRAÇA SOB RESPONSABILIDADE DO MUNICÍPIO.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO MUNICÍPIO. CABIMENTO.
CULPA CONCORRENTE DA VÍTIMA AFASTADA.
1. O sistema jurídico brasileiro adota a responsabilidade
patrimonial objetiva do Estado sob a forma da Teoria do
Risco Administrativo. Tal assertiva encontra respaldo legal
no art. 37, § 6º, da CF/88. Todavia, quando o dano acontece
em decorrência de uma omissão do Estado é de aplicar-se a
teoria da responsabilidade subjetiva.
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2. Compete ao município, através de seus agentes, manter e


conservar seus parques municipais, assim como zelar pela
segurança e vigilância dos locais, cabendo-lhe adotar as
medidas para assegurar a ordem pública e garantir a
integridade física e o bem dos freqüentadores de áreas de
lazer públicas. Hipótese em que o sinistro ocorreu em
decorrência da omissão dos agentes municipais no dever de
segurança e de zelo em praça municipal, o que poderia ter
evitado a morte do filho dos autores, menor com 16 anos de
idade.
3. Prova testemunhal que revela ser comum a presença de
pessoas na praça municipal. Ausência de cuidado com os
equipamentos existentes no local. Pressupostos ensejadores
do dever de indenizar devidamente demonstrados.
Condenação mantida.
3. Culpa concorrente da vítima não caracterizada.
Responsabilidade exclusiva do ente público pelo infortúnio.
Sentença mantida.
4. Em reexame necessário, impende reduzir pela metade o
pagamento das custas processuais pela Fazenda Pública, em
face do disposto no art. 11, alínea “a”, do Regimento de
Custas (Lei nº 8.121/85).APELO DESPROVIDO E, EM
REEXAME NECESSÁRIO, REFORMARAM PARCIALMENTE A
SENTENÇA. UNÂNIME.”
(Apelação Cível Nº 70015240088, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Odone Sanguiné, Julgado em 09/08/2006)

E segue outro julgado, agora do Supremo Tribunal


Federal:

EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ART. 37,


§ 6º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. FAUTE DU SERVICE
PUBLIC CARACTERIZADA. ESTUPRO COMETIDO POR
PRESIDIÁRIO, FUGITIVO CONTUMAZ, NÃO SUBMETIDO À
REGRESSÃO DE REGIME PRISIONAL COMO MANDA A LEI.
CONFIGURAÇÃO DO NEXO DE CAUSALIDADE. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO DESPROVIDO. Impõe-se a
responsabilização do Estado quando um condenado
submetido a regime prisional aberto pratica, em sete
ocasiões, falta grave de evasão, sem que as autoridades
responsáveis pela execução da pena lhe apliquem a medida
de regressão do regime prisional aplicável à espécie. Tal
omissão do Estado constituiu, na espécie, o fator
determinante que propiciou ao infrator a oportunidade para
praticar o crime de estupro contra menor de 12 anos de
idade, justamente no período em que deveria estar recolhido
à prisão. Está configurado o nexo de causalidade, uma vez
que se a lei de execução penal tivesse sido corretamente
aplicada, o condenado dificilmente teria continuado a
cumprir a pena nas mesmas condições (regime aberto), e,
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por conseguinte, não teria tido a oportunidade de evadir-se


pela oitava vez e cometer o bárbaro crime de estupro.
Recurso extraordinário desprovido.
(RE 409203 RS – Segunda Turma – Rel. orginário Min. Carlos Velloso. Rel. para o
acórdão Min. Joaquim Barbosa – Julgado em 07/03/2006.)

Nessa seara é necessário muita cautela para não


imputar ao Estado responsabilidade da qual não possui. Para ser responsável
por ilicitude de seu ato (omissão) é necessário que haja, determinação legal
expressa e positivada em lei, se a lei nada disser, não pode o mesmo ser
responsável, isso geraria um caos, o Estado passaria a ser um
garantidor/segurador universal e não é esse o propósito. Traçamos para melhor
elucidação entendimento do ilustre Prof° Celso Antonio Bandeira de Mello:

“Não bastará, então, para configurar-se responsabilidade


estatal, a simples relação entre ausência do serviço (omissão
estatal) e o dano sofrido.
...
Cumpre que haja algo mais: a culpa por negligência,
imprudência ou imperícia no serviço, ensejadoras do dano,
ou então o dolo, intenção de omitir-se, quando era
obrigatório para o Estado atuar e fazê-lo segundo um certo
padrão de eficiência capaz de obstar ao evento lesivo...”
Vemos que não é todo ato que gera responsabilidade
ao administrado que será passível da imputação da responsabilidade subjetiva,
tem que estar muito claro a culpa pelo Estado na ilicitude praticada, para que
enseje sua responsabilização, ficando muito nítido que se não tiver a clareza,
que é determinada por lei, passaria a estar garantindo todo tipo de situação o
que tornaria temerário para o ordenamento jurídico.

Nesse sentido é imperioso esclarecer que o Estado


possui situações que excluem e atenuam a sua responsabilidade em certos
eventos. Segundo a Profª Maria Sylvia Zanella Di Pietro, são duas causas de
excludentes da responsabilidade, sendo, a força maior e a culpa da vítima.

Para o enquadramento da força maior, definição


jurídica: “...acontecimento imprevisível, inevitável e estranho à vontade das
partes, como uma tempestade, um terremoto, um raio.” Nesse sentido são
eventos e situações que fogem ao controle da Administração Pública, pois esta
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não participou em nenhum momento, portanto, não há nexo entre o dano e seu
comportamento.

Entretanto a ocorrência da força maior, por mais que


seja alheia a vontade da Administração Pública, pode acarretar imputação ao
Estado, haja vista que este foi omisso em não realizar procedimento legalmente
obrigado. Por exemplo: bueiro de via pública que se encontra impedido de
receber e dar vazão eficiente de águas pluviais, este funciona precariamente
vindo a alagar casa de morador que encontra-se nas adjacências. No caso é de
competência da Administração Pública deixar em perfeito estado (eficiência) de
funcionamento os bueiros das vias públicas. Nesse sentido para ilustrar a
fundamentação exposta, segue ementa da Nona Câmara Cível do Tribunal de
Justiça do Rio Grande do Sul:

“APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇAO DE


INDENIZAÇAO. MUNICÍPIO. ALAGAMENTO DE IMÓVEL.
CASO FORTUITO NÃO CONFIGURADO. REDE DE
ESCOAMENTO PLUVIAL INSUFICIENTE. OMISSÃO DO ENTE
ESTATAL. CULPA.
1. Não se está diante de caso de responsabilidade objetiva da
Administração Pública, em que poderia ser aplicada a teoria
do risco administrativo. Trata-se, na verdade, de hipótese de
responsabilidade subjetiva, tendo por fundamento a omissão
estatal, decorrente de comportamento ilícito, sendo
necessária a prova do dolo ou de alguma das modalidades de
culpa.
2. O alagamento do imóvel da autora não pode ser
considerado como caso fortuito, tendo em vista que ficou
demonstrada a omissão do Município em relação a limpeza
dos bueiros da região.
3. Agiu com culpa o Município, principalmente na modalidade
de negligência, ao deixar de atuar preventivamente, a fim de
evitar a ocorrência de danos aos moradores.
4. Presentes os pressupostos da obrigação de indenizar,
evidente se mostra a ocorrência dos danos em virtude do
alagamento e destruição do imóvel da autora decorrentes da
insuficiente rede de escoamento pluvial existente na região.
Danos comprovados. APELO DESPROVIDO.”
(Apelação Cível Nº 70014276059, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Iris Helena Medeiros Nogueira, Julgado em 10/05/2006)

Já no que tange a culpa da vítima, é de suma


importância verificar se a culpa é exclusiva ou concorrente, junto com o poder
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público, se o Estado concorrer é atenuada a sua responsabilidade, diferente se


ocorre por culpa exclusiva da vítima, no caso não há o que se falar em
responsabilidade da Administração.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tema abordado é de grande relevância para o Direito


Público e possui entendimento pacífico na seara jurídica, no entanto o instituto da
responsabilidade subjetiva é necessária para que o Estado não se sinta
demasiado poderoso, ou seja, que pela força que possui não venha a colocar em
desequilíbrio a balança da Justiça, escusando de responsabilidades inerentes a
sua feição. Em contrapartida é de suma importância a cautela que a sociedade
deve possuir, para que não venha requerer a aplicação da teoria do risco
integral, em que o Estado seja um garantidor ou segurador de todos os
acontecimentos, teoria esta totalmente afastada do nosso mundo jurídico.

No que pude apurar com os anseios de estudante da


Academia, é que o instituto exposto neste trabalho acadêmico, é de todo salutar
para que a máquina administrativa venha a trabalhar de forma eficiente em prol
da sociedade brasileira e que seus atos sejam responsabilizados por suas ações
e omissões e com isso possa para as gerações futuras existir a gestão eficiente
da Administração Pública por ser de lídima JUSTIÇA.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAGÃO, Alexandre Santos de. Direito dos Serviços Públicos. Rio de Janeiro.
Ed. Forense. 2007.
BAHIA, Saulo José Casali. Responsabilidade Civil do Estado. Rio de Janeiro.
Editora Forense. 1995.
CRETELLA JÚNIOR, José. O Estado e a Obrigação de Indenizar. Rio de Janeiro.
Editora Forense. 1998.
DINIZ, Maria Helena. Código Civil Anotado. 4ª ed.. São Paulo. Saraiva.
FREITAS, Juarez. Estudos de Direito Administrativo. 2ª ed. rev. e atual.. São
Paulo. Malheiros Editores. 1997.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 21ª ed.. São Paulo.
Malheiros. 1996.
MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 21ª ed. rev.
e atual.. São Paulo. Malheiros. 2006.
PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. Direito Administrativo. 20ª ed.. São Paulo.
Editora Atlas. 2007.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil Vol. IV Responsabilidade Civil. 7ª ed.. São
Paulo. Editora Atlas. 2007.

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