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RESPONSABILIDADE CIVIL
DEVER JURÍDICO
1
gera um dever jurídico sucessivo ou secundário que é o
de reparar o dano.
FUNÇÃO
ESPÉCIES
2
Sabendo que a responsabilidade tem por elemento
nuclear uma conduta violadora de um dever jurídico.
Sob tal premissa, torna-se possível separá-la em
diferentes espécies, levando em consideração a origem
do dever e qual o seu elemento subjetivo.
3
Como vimos, quando a norma violada for penal,
haverá um ato ilícito penal e, consequentemente, a
responsabilidade será penal. Na mesma, linha teremos
responsabilidade civil, quando a ofensa for perpetrada
contra a respectiva norma de Direito Privado.
4
restritiva de direitos, e a civil, de natureza
reparatória, consubstanciada na indenização e
compensação.
Responsabilidade
Responsabilidade
Penal
Civil
5
decorre do ato doloso ou culposo, enquanto que para a
responsabilidade civil objetiva o elemento conduta
humana (culposa ou dolosa) torna-se irrelevante, pois
o que importa é a demonstração do elo de causalidade
entre o dano e a conduta do agente quando desempenhada
uma atividade de risco, para que surta o dever de
indenizar.
6
no código Civil, que seguiu por tempos o modelo
aquiliano, quem seria o causador do dano?
7
contratual ou negocial e extracontratual ou aquiliana,
a última devido à sua origem na Lex Aquilia de Damno.
8
divisão, o conceito estruturante de ato ilícito
constava do art. 159 do Código de 1916.
9
Nesse contexto a responsabilidade decorre do
simples fato de alguém dispor-se a realizar atividade
de produzir, estocar, distribuir e comercializar
produtos ou executar determinados serviços, pois o
fornecedor se torna garantidor dos produtos e serviços
ofertados no mercado de consumo, devendo, portanto,
responder pela sua qualidade e segurança.
CDC
Art. 14 (...)
§4° A responsabilidade dos
profissionais liberais será apurada
mediante a verificação da culpa.
10
Nesse sentido, os profissionais liberais, embora
classificados como fornecedores que prestam serviços,
respondem subjetivamente. Resta saber, quem são os
profissionais liberais.
11
Nesse sentido, para que haja responsabilidade do
profissional liberal terá que estar presente todos os
elementos da responsabilidade civil subjetiva,
conforme se depreende do artigo 186 do Código Civil,
quais sejam: CONDUTA HUMANA DECORRENTE DE CULPA OU
DOLO – NEXO CAUSAL – DANO.
CONDUTA HUMANA
CONCEITO
CONDUTA VOLUNTÁRIA
12
juízo de censura e, para tanto, seu agente tem que ter
consciência do ato. Fato este que depende da
capacidade psíquica de entendimento e
autodeterminação, o que nos leva a imputabilidade e,
consequentemente, a ausência de vontade quando o ato
for praticado por incapaz, mas que pela via
excepcional, neste último caso, conduzirá a
responsabilidade direta do incapaz ou indireta de seu
responsável. Por isso, se diz que não há como
responsabilizar quem quer que seja pela prática de um
ato danoso, se no momento em que pratica, não tem
condição de entender o caráter reprovável de sua
conduta.
NEXO CAUSAL
Conceito
Podemos conceituar o nexo causal como sendo o
vínculo, a ligação, o liame, a relação de causa e
efeito entre a conduta e o resultado.
13
a vítima que experimentou o dano não identificar o
nexo causal que leva o ato danoso ao responsável, não
há como ser ressarcida.
DANO
14
DANO PATRIMONIAL
DANO EMERGENTE
15
LUCRO CESSANTE
PERDA DA CHANCE
16
fato de ter perdido a disputa, mas pelo fato de não
ter podido disputar.
DANO MORAL
17
Nesse sentido, podemos conceituar o dano moral
como a violação do direito da personalidade, à
dignidade e foi, justamente, por considerar a
inviolabilidade da intimidade, da vida privada da
honra e da imagem que a Constituição Federal de 1988
inseriu em seu artigo 5º, V e X, a plena reparação do
dano moral.
Nessa linha o dano moral deixa de ser visto sob o
antigo aspecto positivo que afirmava que o dano moral
seria o que causasse dor, vexame, sofrimento,
desconforto, humilhação, etc., que ultrapasse o mero
aborrecimento, pois não está necessariamente vinculado
a reação psíquica da vítima. Pode haver ofensa a
dignidade da pessoa humana sem dor, vexame,
sofrimento, que passam a ser consequências e não
causas.
DANO ESTÉTICO
18
Embora o conceito de beleza seja plenamente
discutível, é indubitável que decorrentes da vida
social existem padrões normalmente aceitos como sendo
representativos do que é belo. E, se é certo que o
conceito pessoal e também público de beleza é um dos
vetores de autoestima do indivíduo, é razoável
concluir que o dano estético é aquele que se configura
como uma perda de um aspecto corporal tido por bonito.
É, portanto, uma piora da aparência.
O dano estético é muito bem conceituado por
Teresa Ancona Lopez, uma das maiores especialistas do
assunto em nosso País. Ensina a Professora Titular da
USP que, “Na concepção clássica, que vem de
Aristóteles, é a estética uma ciência prática ou
normativa que dá regras de fazer humano sob o aspecto
do belo. Portanto, é a ciência que tem como objeto
material a atividade humana (fazer) e como objeto
formal (aspecto sob o qual é encarado esse fazer) o
belo. É claro que quando falamos em dano estético
estamos querendo significar a lesão à beleza física,
ou seja, à harmonia das formas externas de alguém. Por
outro lado, o conceito de belo é relativo. Ao
apreciarse um prejuízo estético, devese ter em mira a
modificação sofrida pela pessoa em relação ao que ela
era” (O dano…, 1980, p. 17). Para a mesma
doutrinadora, portanto, basta a pessoa ter sofrido
uma “transformação” para que o referido dano esteja
caracterizado.
DANO À IMAGEM
19
Assim, a imagem é um bem personalíssimo, emanação
de uma pessoa, através da qual projeta-se, identifica-
se e individualiza-se no meio social. É o sinal
sensível da sua personalidade, destacável do corpo e
suscetível de representação através de múltiplos
processos, tais como pintura, escultura, desenho,
cartazes, fotografias, filmes, etc.
20
desrespeitosa, atingindo assim um direito da
personalidade da vítima, como por exemplo, exibir na
TV a imagem de uma mulher despida sem autorização.
DANO REFLEXO
21
REPARAÇÃO DO DANO
CDC
Art. 6º - São direitos básicos do
consumidor:
(…)
VI - a efetiva prevenção e reparação
de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos;
22
O dano moral é aquele que ofende um direito da
personalidade e, com isso, afeta a paz interior da
pessoa lesada; atinge seu sentimento, decoro, ego,
honra, enfim, tudo aquilo que não tem valor econômico,
mas que ataca a dignidade da pessoa humana, podendo
lhe causar dor e sofrimento, fatos esses que
ultrapassam o mero aborrecimento. Nesse caso a
reparação terá caráter satisfativo-punitivo e tem de
ser fixada segundo certos critérios objetivos, entre
os quais estão a razoabilidade e proporcionalidade.
Igualmente, ocorre com a reparação do dano estético e
à imagem, que serão estudados em outra oportunidade.
23
em seu patrimônio jurídico mais amplo, lhe causando
dano.
24
parelho explodir e incendiar a casa teremos um fato do
produto.
25
com a pretensão do ofendido de invocar a tutela
jurisdicional do Estado. Se tal pretensão não for
exercida no prazo legal, ocorre a precrição. A sua
definição seria a convalescença de uma lesão de
direito por inércia do seu titular e o decurso do
tempo, ou ainda prescrição é a perda da pretensão de
reparação do direito violado em virtude da inércia de
seu titular no prazo previsto em lei, mas seu prazo
somente começa a correr quando houver violação de um
direito, é o que se denomina de actio nata. Não foge
dessa linha a definição contida no artigo 189 do
Código Civil, conforme segue:
26
Neste trabalho, ele toma por base a classificação
dos direitos desenvolvida por Chiovenda que separa os
direitos sujeitos a uma obrigação, previstos no Código
Alemão sob a denominação de pretensão, dos direitos
potestativos o qual o agente pode influir na esfera de
interesses de terceiro, independentemente da vontade
deste, por exemplo, para anular um negócio jurídico.
Os primeiros são defendidos por meio de ação
condenatória, pois a parte contrária deverá se
sujeitar a cumprir uma obrigação; os segundos são
protegidos por ação constitutiva, por meio da qual
haverá a modificação, formação ou extinção de estado
jurídico, independentemente da vontade da parte
contrária.
27
modo que aquela impede que o credor cobre do devedor o
seu crédito e a última inibe o titular de praticar um
ato de vontade. Nesse sentido, quando a lei
delimitar o exercício de um direito exigível de outro
(subjetivo) e este não for exercido, estaremos diante
da prescrição. Entretanto, se o prazo se refere a um
direito exercitável por mero ato de vontade
(potestativo), independente da atuação de terceiro, é
de decadência que se trata.
28
regulado de forma particular. Assim o CDC criou
algumas regras próprias, que passaremos a estudadas.
PRESCRIÇÃO
CDC
Art. 27 Prescrevem em cinco anos a
pretensão à reparação pelos danos
causados por fato do produto ou
serviço prevista na Seção II deste
Capítulo, iniciando-se a sua
contagem do prazo a partir do
conhecimento do dano e de sua
autoria.
29
derivados de defeito em próteses de
silicone. Nesses casos, o colegiado
definiu que o termo inicial do prazo
prescricional de cinco anos deve ser
contado a partir do conhecimento do
defeito no produto por parte da
consumidora, conforme prevê o artigo 27 do
CDC.
No processo analisado pelo STJ, uma
mulher implantou próteses mamárias em
abril de 1980 e, ao longo dos anos,
relatou diversos incômodos físicos.
Devido às dores contínuas nos seios, a
consumidora fez vários exames médicos
e, em julho de 2000, descobriu a
ruptura das próteses e a presença de
silicone livre em seu corpo, o que
causou deformidade permanente.
A consumidora entrou com a primeira
ação contra a fabricante do produto em
2001. A sentença do juiz de primeiro
grau acolheu a tese do fabricante do
produto de que houve prescrição do
pleito, com base no Código Civil de
1916, pois já havia transcorrido prazo
superior a 20 anos entre a colocação
das próteses supostamente defeituosas e
a propositura da ação.
O Tribunal de Justiça de São Paulo
(TJSP), no entanto, afastou a alegação
de prescrição e entendeu que é
aplicável o prazo de cinco anos
previsto no CDC para a ação de
indenização pretendida pela
consumidora, contado a partir do
momento em que a paciente foi
cientificada da necessidade de retirada
das próteses.
A relatora do recurso no STJ, ministra
Nancy Andrighi, destacou que, embora os
danos sofridos pela consumidora tenham
se iniciado com a colocação dos
implantes de silicone, o suposto
defeito do produto somente veio a ser
conhecido quando foi realizado o exame
que atestou o rompimento da prótese e o
30
vazamento do gel no organismo da
consumidora.
Diante disso, a ministra ratificou o
entendimento do TJSP de que a
prescrição só começou a ser contada a
partir do momento em que se tornou
conhecido o defeito nas próteses.
Requisitos
Segundo a relatora, existem três
requisitos que devem ser observados
antes de se iniciar a contagem do prazo
prescricional previsto no CDC: o
conhecimento do dano, o conhecimento da
autoria e o conhecimento do defeito do
produto. A última condição diz respeito
à conscientização do consumidor de que
o dano sofrido está relacionado ao
defeito do produto ou do serviço.
“A combinação desses três critérios tem
por objetivo conferir maior proteção à
vítima, que, em determinadas situações,
pode ter conhecimento do dano e da
identidade do fornecedor, porém, só
mais tarde saber que o dano resulta de
um defeito do produto adquirido ou do
serviço contratado”, explicou Nancy
Andrighi.
Ao negar, por unanimidade, o recurso, a
turma confirmou que a primeira
instância deve dar prosseguimento ao
julgamento da ação.
31
Em suma, é da conjugação dos dois elementos
(conhecimento do dano e da autoria) que se pode
considerar iniciado o curso do prazo prescricional e
não da mera tradição do bem ou ocorrência do defeito.
Art. 18 - Os fornecedores de
produtos de consumo duráveis ou não
duráveis respondem solidariamente
pelos vícios de qualidade ou
quantidade que os tornem impróprios
ou inadequados ao consumo a que se
destinam ou lhes diminuam o valor,
assim como por aqueles decorrentes
da disparidade, com as indicações
constantes do recipiente, da
embalagem, rotulagem ou mensagem
publicitária, respeitadas as
32
variações decorrentes de sua
natureza, podendo o consumidor
exigir a substituição das partes
viciadas.
§ 1º - Não sendo o vício sanado no
prazo máximo de 30 (trinta) dias,
pode o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:
(...)
II - a restituição imediata da
quantia paga, monetariamente
atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos; (...)
33
A jurisprudência do STJ diverge no que tange ao
prazo para demandar os chamados danos extra rem.
34
AJUIZAMENTO DA AÇÃO INDENIZATÓRIA -
ART. 26, I, DA LEI Nº 8.078/90 - INÍCIO
DA CONTAGEM - VÍCIO OCULTO - MOMENTO EM
QUE EVIDENCIADO - ART. 26, § 3º, DA LEI
Nº 8.078/90 - DECADÊNCIA MANTIDA -
DISSÍDIO PRETORIANO NÃO COMPROVADO.
(...) 3 - Baseando-se o pedido de
indenização na ocorrência de vício de
qualidade de produto não durável
(entrega de sementes de algodão de
qualidade inferior à contratada), o
prazo decadencial para o ajuizamento da
ação é o previsto no art. 26, I, da Lei
nº 8.078/90. Tratando-se de vício
oculto, porquanto na aquisição das
sementes ele não era detectável, a
contagem do prazo iniciou-se no momento
em que aquele se tornou evidente para o
consumidor, nos termos do art. 26, §
3º, da Lei nº 8.078/90. Logo, o prazo
já havia se escoado, há nove meses,
quando da propositura da presente ação.
Ademais, o prazo prescricional
estabelecido no art. 27 do mesmo
diploma legal somente se refere à
responsabilidade pelo fato do produto
(defeito relativo à falha na
segurança), em caso de pretensão à
reparação de danos. 4 - Precedentes
(REsp nºs 114.473/RJ, 258.643/RR). 5 -
Recurso não conhecido. (REsp
442.368/MT, Rel. Ministro JORGE
SCARTEZZINI, QUARTA TURMA, julgado em
05/10/2004, DJ 14/02/2005, p. 208)”.
35
Desse modo, o consumidor deveria ter reclamado
com o fornecedor no prazo decadencial após o
surgimento do vício. Como não o fez neste prazo, houve
a decadência, não tendo ele direito à reparação pelos
prejuízos sofridos. Não tem direito à reparação de
perdas e danos decorrentes do vício do produto o
consumidor que, no prazo decadencial, não provocou o
fornecedor para que este pudesse sanar o vício. STJ.
3ª Turma. REsp 1.520.500-SP, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 27/10/2015 (Info 573)
36
No exemplo acima, o consumidor teria experimentado
um dano moral, por ofensa a seu direito da
personalidade que lhe gerou desgosto íntimo, de não
ter sido atendido ou mesmo pela demora na solução do
vício apresentado no veículo automotor pela
concessionária. O dano moral decorrente da conduta
superveniente ao vício (não dar ao caso a atenção e
solução devidas) está desse dissociado, apesar de
haver um liame com o mesmo, pois esta também e a sua
origem (vício do produto).
37
por unanimidade, julgado em 11/03/2020, DJe
03/06/2020.
38
Enquanto as primeiras (suspensão) paralisam o
andamento já iniciado, sem, entretanto, anular o tempo
eventualmente transcorrido, as causas de interrupção
eliminam totalmente lapso temporal já corrido,
recomeçando do zero.
39
II - por protesto, nas condições do
inciso antecedente;
III - por protesto cambial;
IV - pela apresentação do Título de
crédito em juízo de inventário ou em
concurso de credores;
V - por qualquer ato judicial que
constitua em mora o devedor;
VI - por qualquer ato inequívoco,
ainda que extrajudicial, que importe
reconhecimento do direito pelo
devedor.
DECADÊNCIA
CDC
Art. 26 O direito de reclamar pelos
vícios aparentes ou de fácil
constatação caduca em:
40
no primeiro uso. Nesse sentido, podemos exemplificar,
com o mesmo produto acima, só nesse caso o televisor
não apresenta nenhum defeito externo, como no primeiro
caso, mas ao ligá-lo não percebe-se que somente
transmite imagem em preto e branco, quando deveria ser
colorida. Sua constatação é fácil, pois basta usá-lo
pela primeira vez que restará evidenciado o vício.
41
contrato de prestação como contínuo (educacionais, de
saúde, fornecimento de energia, etc.) ou que deixarem
como resultado um produto, como pintura, buffet,etc.
Com isso, o CDC também regulou os serviços como
duráveis e não duráveis, no mesmo artigo 26, I e II,
que adiante será estudado.
42
desgaste natural, nada deverá o fornecedor ao
consumidor.
43
ficaram perceptíveis ao consumidor cerca de quatro
anos após a compra, e três anos após o término da
garantia contratual, mas tmb´m dentro do tempo de vida
útil do produto. STJ, REsp nº 1.787.287-SP, rel.
ministro Ricardo Vilas Bôas Cueva, 3ª Turma, j.
14/12/2021.
CDC
Art. 50 A garantia legal é
complementar a legal e será
conferida mediante termo escrito.
44
IMPEDIMENTO DO PRAZO DECADENCIAL
CDC
Art. 26 - O direito de reclamar
pelos vícios aparentes ou de fácil
constatação caduca em:
§ 2º - Obstam a decadência:
I - a reclamação comprovadamente
formulada pelo consumidor perante o
fornecedor de produtos e serviços
até a resposta negativa
correspondente, que deve ser
transmitida de forma inequívoca;
II - a reclamação formalizada
perante os órgãos ou entidades com
atribuições de defesa do consumidor,
pelo prazo de noventa dias. (Vetado)
III - a instauração de inquérito
civil, até seu encerramento.
45
uma reclamação (a reclamação deverá ser feita por
escrito e protocolada na loja para que possa provar a
sua formalização). Enquanto o consumidor não tiver um
retorno do fornecedor o prazo decadencial não começara
a fluir.
46
reclamação do consumidor, surgindo com isso, o
direito deste último de ingressar em juízo com uma
indenizatória decorrente do vício não solucionado,
além e exigir o reparo do vício, substituição do
produto ou abatimento proporcional do preço, nos
termos do artigo 18, parágrafo 1° 19 e 20. Para
tanto, ele terá 05 (cinco anos) para fazê-lo e não
30 (trinta) ou 90 (noventa) dias.
47
A responsabilidade pelo fato do produto está
disciplinada no artigo 12 do CDC, a seguir descrito:
CDC
Art. 12 - O fabricante, o produtor,
o construtor, nacional ou
estrangeiro, e o importador
respondem, independentemente da
existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores
por defeitos decorrentes de projeto,
fabricação, construção, montagem,
fórmulas, manipulação, apresentação
ou acondicionamento de seus
produtos, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre
sua utilização e riscos.
48
(O Globo 10 ago. 2000), entre outros recalls que
cotidianamente presenciamos.
49
A regra é que o fornecedor não responde pelos
danos decorrentes do risco inerente, conforme acima já
que não são defeituosos os produtos ou serviços nessas
condições. No entanto, para esses, o fornecedor tem o
dever jurídico de informar expressamente sobre a
nocividade dos mesmos, conforme artigo 9° do CDC, a
seguir:
CDC
Art. 9º - O fornecedor de produtos e
serviços potencialmente nocivos ou
perigosos à saúde ou segurança
deverá informar, de maneira
ostensiva e adequada, a respeito da
sua nocividade ou periculosidade,
sem prejuízo da adoção de outras
medidas cabíveis em cada caso
concreto.
RESPONSÁVEIS
50
alcançar todos os partícipes do ciclo produtivo-
distributivo.
51
afastando, com isso, a aplicação do princípio do
acesso à justiça.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA
O CDC trata da solidariedade decorrente do dano
nos artigos 7°, parágrafo único e 25, §§ 1e e 2°,
conforme segue:
CDC
Art. 7º - …
Parágrafo único - Tendo mais de um
autor a ofensa, todos responderão
solidariamente pela reparação dos
danos previstos nas normas de
consumo.
Art. 25 - ….
§ 1º - Havendo mais de um
responsável pela causação do dano,
todos responderão solidariamente
pela reparação prevista nesta e nas
seções anteriores.
§ 2º - Sendo o dano causado por
componente ou peça incorporada ao
produto ou serviço, são responsáveis
solidários seu fabricante,
construtor ou importador e o que
realizou a incorporação.
52
produto final, ou seja, mais de um causador do dano,
todos respondem solidariamente pela reparação.
CDC
Art. 13 - O comerciante é igualmente
responsável, nos termos do artigo
anterior, quando:
I - o fabricante, o construtor, o
produtor ou o importador não puderem
ser identificados;
II - o produto for fornecido sem
identificação clara do seu
fabricante, produtor, construtor ou
importador;
III - não conservar adequadamente os
produtos perecíveis.
…
Nesse contexto, o comerciante somente irá
responder caso ocorra uma das 03 (três) hipóteses do
artigo 13. Nesse sentido, o comerciante responderá
quando o produto não traz a indicação do fabricante,
produtor, construtor ou importador, sendo que, para
tal inciso a lei lhe permite a omissão dessa
informação, como nos casos dos produtos adquiridos a
granel e os hortifrutigranjeiros ou nos casos dos
restaurantes, é exceção a regra geral do dever de
informar no ato da oferta, conforme art. 31, CDC, que
trata do dever de o fornecedor informar, entre outras
especificações do produto, a sua origem.; quando
produto indica o fabricante, produtor, construtor ou
53
importador de maneira incompleta, não permitindo ao
consumidor identificá-lo, não obstante, para esses
casos a lei exija a correta indicação, conforme artigo
31 do CDC, No inciso I, nem a autoridade fiscal nem a
judiciária pode realizar a apreensão dos produtos sem
identificação, diferente ocorre com nessa hipótese do
inciso II, já que o elemento essencial da informação
foi omitido. Ou na hipótese mais comum, quando o
comerciante não conservar adequadamente os produtos
perecíveis. Nesse último caso, a norma torna o
comerciante responsável pela guarda adequada dos
produtos perecíveis, como nos casos do supermercado
que refrigera corretamente o queijo fresco, da padaria
que deixa o iogurte fora do refrigerador, do açougue
que deixa a carne ao ar livre, ou como no clássico
exemplo do comerciante que, no desejo de reduzir
custos, desliga seus freezers durante a noite,
colocando em risco a qualidade de produtos como carnes
e laticínios.
54
no mercado, porém de melhor qualidade, não transforma
o até então existente por inadequação. Por exemplo, o
ferro elétrico novo que passa melhor que o antigo não
cria um vício para o antigo. Da mesma forma, um
automóvel que economize mais combustível, que o
antigo, ou no caso do televisor novo de melhor imagem
não vicia o antigo com imagem menos nítida.
FATO DO SERVIÇO
A responsabilidade pelo fato do serviço vem
disciplinada no artigo 14 do CDC, nos mesmos moldes da
responsabilidade pelo fato do produto, conforme segue:
CDC
Art. 14 - O fornecedor de serviços
responde, independentemente da
existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos
serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos.
55
consideração algumas circunstâncias relevantes, tais
como o modo do seu fornecimento, o resultado e os
riscos que razoavelmente deles se esperam e a época em
que foi fornecido, conforme § 1° do artigo 14, a
seguir:
RESPONSÁVEL
A principal diferença entre os artigos 12 e 14 do
CDC, consiste na denominação dos agentes responsáveis.
Ao tratar da responsabilidade pelo fato do produto
(art. 12), o CDC, especificou como o fabricante, o
produtor, o construtor, e o incorporador, excluído o
comerciante em via principal. Mas ao disciplinar a
responsabilidade pelo fato do serviço, o artigo 14
fala apenas em fornecedor de serviço, gênero, que aqui
inclui todos os partícipes da cadeia produtiva. Logo,
tratando-se de dano causado por defeito do serviço
(fato do serviço) respondem solidariamente todos os
participantes da sua produção.
56
de água, luz, telefone, transportes coletivos,
terrestres ou aéreos e muitos outros.
57
seu estabelecimento em condições de
limpeza, higiene e segurança, de
modo a garantir a mais absoluta
integridade física a todos os seus
milhares de clientes, enquanto estão
sob sua proteção. Reforma da
sentença. (DSF) (TJRJ – AC 6923/95 –
(Reg. 290396) – Cód. 95.001.06923 –
2ª C.Cív. – Rel. Des. Sérgio
Cavalieri Filho – J. 21.11.1995)
58
O STJ entende que as cirurgias plásticas
estéticas/embelezadoras são obrigações de resultado.
Contudo, a responsabilidade continua sendo subjetiva,
ou seja, deve-se demostrar a culpa do profissional
liberal, que é presumida. Cabendo ao réu demonstrar
que não houve culpa (inverte o ônus da prova).
59
Esse dispositivo não repete os requisitos da
destinação final, informador do conceito geral
consumidor, importando dizer que a definição do artigo
2° é aqui ampliada, para estender a proteção do CDC a
qualquer pessoa eventualmente atingida pelo acidente
de consumo, ainda que nada tenha adquirido do
fornecedor, fabricante, ou outro qualquer responsável.
60
inexistência de conduta humana, afastará sua
responsabilidade, da mesma forma que inexistindo a
relação de causa e efeito (nexo de causalidade),
ocorre a exoneração da responsabilidade, e, por fim,
eliminando o dano não haverá o que compensar ou
indenizar.
CDC
Art. 12 …
3º - O fabricante, o construtor, o
produtor ou importador só não será
responsabilizado quando provar:
I - que não colocou o produto no
mercado;
II - que embora haja colocado o
produto no mercado, o defeito
inexiste;
III - a culpa exclusiva do
consumidor ou de terceiro.
61
subtraído por alguém, ou através de outro meio
criminoso, e colocado no mercado. Embora essa
excludente só diga respeito ao fato do produto, o
mestre Sérgio Cavalieri Filho entende que poderá ser
aplicada ao fato do serviço, para provar que
efetivamente não prestou. Para tanto se faz
necessário identificar o momento em que se considera
introduzido no mercado. O CDC não dispôs, mas a
jurisprudência tem entendido que será a partir do
momento em que o produto é remetido ao distribuidor,
ainda que a título experimental, de propaganda ou
teste, como se costumava fazer , com certos
medicamentos.
INEXISTÊNCIA DE DEFEITO
62
responsabilidade do fornecedor por acidentes de
consumo”.
63
defeito no produto ou serviço como fato ensejador da
ocorrência. È o caso do motorista que provoca acidente
por sua exclusiva imprudência ou negligência ao
manusear o produto, do consumidor que faz uso do
medicamento em doses inadequadas e contrariando a
prescrição médica, que não segue as instruções de uso,
entregar o produto para uso a pessoa não recomendada,
denre outras.
CONCORRÊNCIA DE CAUSAS
Certo que muitos doutrinadores falam em culpa
concorrente, mas atualmente, tem-se preferido utilizar
a expressão concorrência de causas, pois é, na verdade
as causas que concorrem para o resultado e não a
culpa.
64
pode ser invocada para reduzir a indenização, mas para
os que aceitam a concorrência de causa nas relações de
consumo se aplicaria artigo 945 do o Código Civil, a
seguir transcrito:
65
Quando adentramos na seara consumerista,
verificamos que o Código de Defesa do Consumidor não
considerou, de forma expressa, o caso fortuito ou a
força maior como causas excludentes da
responsabilidade, a teor do que dispõe os já
mencionados art. 12, § 3° e art. 14, § 2°, da lei
8.078/90).
66
serviços, não significa que, no
sistema por ele instituído não
possam ser invocados. Aplicação do
art. 1058 do Código Civil (de 1916)…
67
a prestação do serviço, não importa saber o motivo que
determinou o defeito; o fornecedor é sempre
responsável pelas suas consequências, ainda que
decorrente de fato imprevisível e inevitável.
VÍCIO DO PRODUTO
CDC
Art. 18 - Os fornecedores de
produtos de consumo duráveis ou não
duráveis respondem solidariamente
pelos vícios de qualidade ou
quantidade que os tornem impróprios
ou inadequados ao consumo a que se
destinam ou lhes diminuam o valor,
assim como por aqueles decorrentes
da disparidade, com as indicações
constantes do recipiente, da
embalagem, rotulagem ou mensagem
publicitária, respeitadas as
variações decorrentes de sua
natureza, podendo o consumidor
exigir a substituição das partes
viciadas.
68
RESPONSABILIDADE OBJETIVA
CDC
Art. 23 - A ignorância do fornecedor
sobre os vícios de qualidade por
inadequação dos produtos e serviços
não o exime de responsabilidade.
RESPONSÁVEIS
69
1. Comprado veículo novo com defeito,
aplica-se o artigo 18 do Código de
Defesa do Consumidor e não os
artigos 12 e 13 do mesmo Código, na
linha de precedentes da Corte. Em
tal cenário, não há se falar em
ilegitimidade passiva do fornecedor.
2. Afastada a ilegitimidade passiva e
considerando que as instâncias
ordinárias reconheceram a existência
do dano, é possível passar ao
julgamento do mérito, estando a
causa madura.
3. A indenização por danos materiais
nos casos do art. 18 esgota-se nas
modalidades do respectivo § 1°.
4. Se a descrição a descrição dos fatos
para justificar o pedido de danos
morais está no âmbito de dissabores,
sem abalo a honra e ausente situação
que produza no consumidor humilhação
ou sofrimento na esfera de sua
dignidade, o dano moral não é
pertinente.
5. Recurso especial reconhecido e
provido em parte.
70
Diante do caso narrado, podemos afirmar que o
consumidor A teria sido uma vítima de um acidente de
consumo o que conduz ao fato do produto, enquanto no
caso do Consumidor B, trata-se de um vício do produto,
pois nada sofreu apesar do liquidificador ter deixado
de funcionar.
Art. 18
§ 5º - No caso de fornecimento de
produtos in natura, será responsável
perante o consumidor o fornecedor
imediato, exceto quando identificado
claramente seu produtor.
Art. 19
§ 2º - O fornecedor imediato será
responsável quando fizer a pesagem
ou a medição e o instrumento
utilizado não estiver aferido
segundo os padrões oficiais.
Nesse sentido, a solidariedade não será aplicada
nos casos de produto in natura, isto é, produtos
colocados no mercado de consumo sem ter passado por
qualquer processo de industrialização, caso em que o
responsável perante o consumidor será o fornecedor
71
imediato, exceto quando houver identificação clara do
seu produtor, quando será solidária.
VÍCIO DE QUALIDADE
72
Art. 18…
§ 6°
…
III - os produtos que, por qualquer
motivo, se revelem inadequados ao
fim a que se destinam.
MECANISMOS REPARATÓRIOS
CDC
Art. 18 …
§ 1º - Não sendo o vício sanado no
prazo máximo de 30 (trinta) dias,
pode o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:
I - a substituição do produto por
outro da mesma espécie, em perfeitas
condições de uso;
II - a restituição imediata da
quantia paga, monetariamente
atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do
preço.
73
II - a restituição imediata da quantia paga,
monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais
perdas e danos (dano extra ren);
III - o abatimento proporcional do preço.
74
das partes viciadas for inócua ou impossível, por
comprometer a qualidade ou características do produto,
diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto
essencial, conforme reza o §3° do artigo 18, a seguir
transcrito:
CDC
Art. 18 …
§ 3º - O consumidor poderá fazer uso
imediato das alternativas do § 1º
deste artigo sempre que, em razão da
extensão do vício, a substituição
das partes viciadas puder
comprometer a qualidade ou
características do produto,
diminuir-lhe o valor ou se tratar de
produto essencial.
75
Igualmente ocorreria no caso de um automóvel que
tenha incendiado na parte do motor e demais
componentes tem comprometida sua qualidade e seu
preço, ou a queima do circuito eletrônico do
computador, o automóvel importado, com rodas originais
que se partiram, não havendo reposição, frutas
passadas, enlatados com conteúdos embolorados,
remédios e alimentos com prazo de validade vencido,
carnes com manchas escurecidas ou com pontos secos,
aves com cor esverdeadas, etc.
PRODUTO ESSENCIAL
Art. 18
3º - O consumidor poderá fazer uso
imediato das alternativas do § 1º
deste artigo sempre que, em razão da
extensão do vício, a substituição
das partes viciadas puder
comprometer a qualidade ou
características do produto,
diminuir-lhe o valor ou se tratar de
produto essencial.
76
faça a complementação da diferença do preço se este
for mais caro. Poderá ainda optar por outro produto de
custo inferior e, para este caso, terá direito na
devolução da diferença paga, conforme segue abaixo:
Art. 18…
§ 4º - Tendo o consumidor optado
pela alternativa do inciso I do § 1º
deste artigo, e não sendo possível a
substituição do bem, poderá haver
substituição por outro de espécie,
marca ou modelo diversos, mediante
complementação ou restituição de
eventual diferença de preço, sem
prejuízo do disposto nos incisos II
e III do § 1º deste artigo.
VÍCIOS CONHECIDOS
VÍCIO DE QUANTIDADE
77
exigir, alternativamente e à sua
escolha:
MECANISMOS REPARATÓRIOS
Art. 19 - …
I - o abatimento proporcional do
preço;
II - complementação do peso ou
medida;
III - a substituição do produto por
outro da mesma espécie, marca ou
modelo, sem os aludidos vícios;
IV - a restituição imediata da
quantia paga, monetariamente
atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos.
VICIO DO SERVIÇO
78
O artigo 20 do CDC disciplina a responsabilidade
do fornecedor por vícios do serviço, que também podem
ser de qualidade e de quantidade. Os primeiros tornam
o serviço impróprio ao consumo a que se destinam ou
lhe diminuem o valor. Impróprio são os serviços que se
mostrem inadequados para os fins que razoavelmente
deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as
normas regulamentares de prestabilidade, conforme §2°.
Vícios e quantidades, embora não denominados pelo art.
20, são aqueles que apresentam disparidade com as
indicações constantes da oferta ou mensagem
publicitária.
MECANISMOS REPARATÓRIOS
Art. 20…
I - a reexecução dos serviços, sem
custo adicional e quando cabível;
II - a restituição imediata da
quantia paga, monetariamente
atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do
preço.
Art. 20 …
§ 1º - A reexecução dos serviços
poderá ser confiada a terceiros
devidamente capacitados, por conta e
risco do fornecedor.
79
RESPONSÁVEIS
80
Súmula 601, STJ:
O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar
na defesa de direitos difusos, coletivos e individuais
homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da
prestação de serviço público.
81
Súmula 561: Os Conselhos Regionais de Farmácia possuem
atribuição para fiscalizar e autuar as farmácias e
drogarias quanto ao cumprimento da exigência de manter
profissional legalmente habilitado (farmacêutico)
durante todo o período de funcionamento dos
respectivos estabelecimentos. •
82
Súmula 541: A previsão no contrato bancário de taxa de
juros anual superior ao duodécuplo da mensal é
suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva
anual contratada. •
83
Súmula 477: A decadência do artigo 26 do CDC não é
aplicável à prestação de contas para obter
esclarecimentos sobre cobrança de taxas, tarifas e
encargos bancários. •
84
Súmula 407: É legítima a cobrança da tarifa de água
fixada de acordo com as categorias de usuários e as
faixas de consumo. •
85
• Súmula 285: Nos contratos bancários posteriores ao
Código de Defesa do Consumidor incide a multa
moratória nele prevista.
STF •
86
Súmula 489: A compra e venda de automóvel não
prevalece contra terceiros, de boa-fé, se o contrato
não foi transcrito no registro de títulos e
documentos. •
87
Nesse contexto, o contrato, tanto aqui (CDC)
quando lá (CC) são vistos como um ato complexo que
guarda semelhança com um processo, pois engloba uma
série de atos que desencadeiam num sentido lógico e
caminham para um determinado fim. A diferença consiste
no fato de que nos contratos de consumo existe
consideráveis restrições à autonomia da vontade do
consumidor, caracterizando uma nítida desigualdade
entre os sujeitos da relação.
OFERTA
Oferta pode ser entendida como toda técnica
utilizada para chamar a atenção do consumidor dos
produtos e serviços disponíveis na cadeia de consumo,
ou seja, é qualquer técnica utilizada pelo fornecedor
para atrair o consumidor.
88
suficientemente precisa, veiculada por qualquer
forma".
INFORMAÇÃO E PUBLICIDADE
89
não se confunde com informação, já que nem toda
informação é publicidade e nem toda publicidade é
informação.
90
em si não é proibida, pois a mesma é indispensável na
atual sociedade de consumo.
PROPAGANDA
Insta salientar, que publicidade e propaganda não
são sinônimos, apesar de comumente serem utilizados
para definir a mesma coisa. Propaganda não se confunde
com publicidade, pois a primeira tem fim ideológico,
religioso, político ou cívico, enquanto a segunda,
como vimos, tem fim comercial já que busca atingir o
potencial consumidor. Como exemplo de propaganda,
podemos citar, a eleitoral ou partidária, as
desenvolvidas por campanhas governamentais, contra
acidente de trânsito, contra AIDS, pró- vacinação, uso
do tabaco, etc.
OFERTA VINCULANTE
91
seja, aquela que não deixa dúvidas, mas apenas uma
precisão suficiente, que significa, com um mínimo de
concisão.
Art. 35 - Se o fornecedor de
produtos ou serviços recusar
cumprimento à oferta, apresentação
ou publicidade, o consumidor poderá,
alternativamente e à sua livre
escolha:
I - exigir o cumprimento forçado da
obrigação, nos termos da oferta,
apresentação ou publicidade;
II - aceitar outro produto ou
prestação de serviço equivalente;
III - rescindir o contrato, com
direito à restituição de quantia e
eventualmente antecipada,
monetariamente atualizada, e a
perdas e danos.
92
fornecedor, através de publicidade amplamente
divulgada, garantiu que os imóveis comercializados
seriam financiados pela Caixa Econômica Federal,
submete-se à assinatura do contrato de compra e venda
nos exatos termos da oferta apresentada" (STJ, REsp
341.405, j. 03.09.2002, DJ 28.04.2003).
RESPONSÁVEIS
93
A emissora de televisão presta um
serviço e como tal se subordina às
regras do Código de Defesa do
Consumidor (STJ, REsp 436.135, rel
Min. Ruy Rosado de Aguiar, j.
17.06.2003).
94
contratual, seja em beneficio do consumidor ou do
fornecedor.
95
no valor da proposta apresentada,
afirmando que não efetuaria a
entrega do produto. Requereu a
entrega do bem, ou,
alternativamente, o ressarcimento do
valor real do mesmo. Houve tentativa
de conciliação que restou inexitosa.
Em contestação, a empresa ré alegou
que a proposta apresentada continha
erro escusável, não vinculando,
portanto, o consumidor. Sustentou
que a par dos dispositivos
existentes no CDC, os princípios da
boa-fé e equilíbrio contratual
invalidariam o negócio em questão.
Pugnou pela improcedência do feito,
requerendo a condenação do autor em
litigância de má-fé. Seguiu-se
sentença de procedência do pedido,
condenando a ré a entregar o
aparelho de ar-condicionado em
questão. Em recurso tempestivo, a
empresa demandada reiterou os
argumentos da defesa, aduzindo que a
condenação implica no enriquecimento
sem causa do consumidor. Não houve
contra-razões. VOTOS DRA. MARIA JOSÉ
SCHMITT SANT ANNA (RELATORA) II –
Cumpre razão à recorrente. Embora o
CDC, em seu art. 30, disponha
claramente que “toda informação ou
publicidade, veiculada por qualquer
forma ou meio de comunicação com
relação a produtos e serviços
oferecidos ou apresentados, desde
que suficientemente precisa e
efetivamente conhecida pelos
consumidores a que é destinada,
obriga o fornecedor que a fizer
veicular ou dela se utilizar, bem
como integra o contrato que vier a
ser celebrado”, acima deste
dispositivo legal existem os
princípios informadores do direito
que são a boa-fé e não
enriquecimento sem causa. Houve
confirmação, por parte da ré, de que
96
a oferta foi efetivamente veiculada
com o preço do produto no valor de
R$ 3,00 e houve celebração de
contrato em decorrência desta.
Embora a oferta no direito do
consumidor vincule, diferentemente
do que ocorre no âmbito das
obrigações regidas pelo NCCB, no
caso concreto, pela
desarrazoabilidade do valor
constante como preço do bem de
consumo, cerca de menos de 1% do
valor de mercado, não pode o
operador do direito acolher tal
pretensão. O art. 4º, inciso III, do
CDC, fundamenta o referido Código
nos princípios da boa-fé e do
equilíbrio. Além deste incide a
vedação do enriquecimento sem causa,
caso dos autos. Obviamente que o
consumidor tinha ciência do valor
irrisório da mercadoria ofertada em
site na internet, tanto que
contratou com a ré. Todavia, cabe ao
Poder Judiciário não chancelar tal
pretensão por abusiva e lesiva aos
princípios acima referidos.
Portanto, o recurso deve ser provido
para ser julgada improcedente a
ação. Ante o exposto, VOTO por dar
provimento ao recurso. III – VISTOS,
relatados e discutidos os autos,
ACORDAM, à unanimidade, os Juízes da
Terceira Turma Recursal dos Juizados
Especiais Cíveis do Rio Grande do
Sul, em DAR PROVIMENTO AO RECURSO,
na conformidade do voto da relatora.
DRA. KÉTLIN CARLA PASA CASAGRANDE –
De acordo. DRA. MYLENE MARIA MICHEL
– De acordo. Juízo de Origem: 2.
JUIZADO ESPECIAL CIVEL PORTO ALEGRE
– Comarca de Porto Alegre
PUBLICIDADE
97
O Comitê de Definições da American Association of
Advertising Agencies (AAAA) oferece a seguinte noção:
"Publicidade é qualquer forma paga de apresentação
impessoal e promoção tanto de idéias, como de bens ou
serviços, por um patrocinador identificado". Em tal
sentido, a publicidade não é uma técnica pessoal, cara
a cara, entre consumidor e fornecedor.
PRINCIPIOS
Ressalta-se que o objetivo maior da publicidade é
induzir a compra, não informar. Não obstante deva
atender a certos princípios entre os quais, os que
seguem:
98
Como vimos acima, a publicidade compreende oferta
e se está obriga o ofertando, diferente não poderia
ocorrer com a publicidade. Assim, o princípio acima dá
caráter vinculante a oferta, ou seja, a toda
informação e publicidade, conforme segue descrito no
artigo 30, anteriormente estudado.
Art. 35 - Se o fornecedor de
produtos ou serviços recusar
cumprimento à oferta, apresentação
ou publicidade, o consumidor poderá,
alternativamente e à sua livre
escolha:
I - exigir o cumprimento forçado da
obrigação, nos termos da oferta,
apresentação ou publicidade;
II - aceitar outro produto ou
prestação de serviço equivalente;
III - rescindir o contrato, com
direito à restituição de quantia e
eventualmente antecipada,
monetariamente atualizada, e a
perdas e danos.
99
Destarte, o artigo acima, dá ao consumidor
alternativas para o exercício do seu direito e que ele
poderá escolher livremente em razão da vinculação da
oferta e publicidade, mas para tanto a publicidade
precisa ser precisa.
100
penal conforme tipificação prevista no artigo 69 do
CDC, a seguir:
PUBLICIDADE ENGANOSA
§ 1º - É enganosa qualquer
modalidade de informação ou
comunicação de caráter publicitário,
inteira ou parcialmente falsa, ou,
por qualquer outro modo, mesmo por
omissão, capaz de induzir em erro o
consumidor a respeito da natureza,
características, qualidade,
quantidade, propriedades, origem,
preço e quaisquer outros dados sobre
produtos e serviços.
101
Um exemplo típico e sempre lembrado por todos em
relação a propaganda enganosa é aquela veiculada
constantemente no rádio e na TV de escolas de
informática que anunciam: "TELEFONE AGORA E GANHE UMA
BOLSA DE ESTUDOS E VOCÊ SÓ PAGA O MATERIAL DIDÁTICO".
Se você consultar o mercado, vai notar que este
material didático custa o mesmo preço de um curso de
informática completo em outra escola e já vem incluso
o material. Ou ainda, naquele caso que perguntava
quanto o consumidor quer pagar, os regimes
instantâneos, remédio que faz nascer cabelo, etc.
102
consideração não só o anuncio, mas também o tipo de
consumidor que se destina.
PUBLICIDADE ABUSIVA
Por sua vez, a publicidade abusiva resta descrita
no § 2° do mesmo artigo, a seguir transcrito:
§ 2º - É abusiva, dentre outras, a
publicidade discriminatória de
qualquer natureza, a que incite à
violência, explore o medo ou a
superstição, se aproveite da
deficiência de julgamento e
experiência da criança, desrespeita
valores ambientais, ou que seja
capaz de induzir o consumidor a se
comportar de forma prejudicial ou
perigosa à sua saúde ou segurança.
103
Outros exemplos: No caso da esponja de limpeza
que em 9 de maio de 1999 foi publicou na Revista da
Folha, do jornal Folha de S. Paulo, uma foto de uma
pia de lavar louça, contendo várias panelas e pratos.
Logo abaixo, a figura de uma esponja de limpeza da
marca XXX, com o seguinte dizer: "Hoje é o Dia dos
Pais. 9 de maio. Dia das Mães. Homenagem de XXXX. A
maneira mais limpa de limpar."
INFORMAÇÃO E PUBLICIDADE
104
da publicidade no CDC, Revistas dos Tribunais, 1997,
p. 25).
PROPAGANDA
Insta salientar, que publicidade e propaganda não
são sinônimos, apesar de comumente serem utilizados
para definir a mesma coisa. Propaganda não se confunde
com publicidade, pois a primeira tem fim ideológico,
religioso, político ou cívico, enquanto a segunda,
como vimos, tem fim comercial já que busca atingir o
potencial consumidor. A exemplo de propaganda,
podemos citar, a eleitoral ou partidária, as
desenvolvidas por campanhas governamentais, contra
acidente de trânsito, contra AIDS, pró- vacinação, uso
do tabaco, etc.
OFERTA VINCULANTE
105
“obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se
utilizar e integra o contrato que vier a ser
celebrado”.
Para tanto, a oferta (informação ou publicidade)
deve ser suficientemente precisa, isto é, o simples
exagero (puffing) não obriga o fornecedor. É o caso de
expressões exageradas, que não permitem verificação
objetiva, como "o melhor sabor", "o mais bonito", "o
maravilhoso"
Art. 35 - Se o fornecedor de
produtos ou serviços recusar
cumprimento à oferta, apresentação
ou publicidade, o consumidor poderá,
alternativamente e à sua livre
escolha:
106
I - exigir o cumprimento forçado da
obrigação, nos termos da oferta,
apresentação ou publicidade;
II - aceitar outro produto ou
prestação de serviço equivalente;
III - rescindir o contrato, com
direito à restituição de quantia e
eventualmente antecipada,
monetariamente atualizada, e a
perdas e danos.
RESPONSÁVEIS
107
poderá ser responsabilizado em razão do dever de
vigilância sobre os anúncios que veicula.
108
A emissora de televisão presta um
serviço e como tal se subordina às
regras do Código de Defesa do
Consumidor (STJ, REsp 436.135, rel
Min. Ruy Rosado de Aguiar, j.
17.06.2003).
109
contratual, seja em beneficio do consumidor ou do
fornecedor.
110
no valor da proposta apresentada,
afirmando que não efetuaria a
entrega do produto. Requereu a
entrega do bem, ou,
alternativamente, o ressarcimento do
valor real do mesmo. Houve tentativa
de conciliação que restou inexitosa.
Em contestação, a empresa ré alegou
que a proposta apresentada continha
erro escusável, não vinculando,
portanto, o consumidor. Sustentou
que a par dos dispositivos
existentes no CDC, os princípios da
boa-fé e equilíbrio contratual
invalidariam o negócio em questão.
Pugnou pela improcedência do feito,
requerendo a condenação do autor em
litigância de má-fé. Seguiu-se
sentença de procedência do pedido,
condenando a ré a entregar o
aparelho de ar-condicionado em
questão. Em recurso tempestivo, a
empresa demandada reiterou os
argumentos da defesa, aduzindo que a
condenação implica no enriquecimento
sem causa do consumidor. Não houve
contra-razões. VOTOS DRA. MARIA JOSÉ
SCHMITT SANT ANNA (RELATORA) II –
Cumpre razão à recorrente. Embora o
CDC, em seu art. 30, disponha
claramente que “toda informação ou
publicidade, veiculada por qualquer
forma ou meio de comunicação com
relação a produtos e serviços
oferecidos ou apresentados, desde
que suficientemente precisa e
efetivamente conhecida pelos
consumidores a que é destinada,
obriga o fornecedor que a fizer
veicular ou dela se utilizar, bem
como integra o contrato que vier a
ser celebrado”, acima deste
dispositivo legal existem os
princípios informadores do direito
que são a boa-fé e não
enriquecimento sem causa. Houve
confirmação, por parte da ré, de que
111
a oferta foi efetivamente veiculada
com o preço do produto no valor de
R$ 3,00 e houve celebração de
contrato em decorrência desta.
Embora a oferta no direito do
consumidor vincule, diferentemente
do que ocorre no âmbito das
obrigações regidas pelo NCCB, no
caso concreto, pela
desarrazoabilidade do valor
constante como preço do bem de
consumo, cerca de menos de 1% do
valor de mercado, não pode o
operador do direito acolher tal
pretensão. O art. 4º, inciso III, do
CDC, fundamenta o referido Código
nos princípios da boa-fé e do
equilíbrio. Além deste incide a
vedação do enriquecimento sem causa,
caso dos autos. Obviamente que o
consumidor tinha ciência do valor
irrisório da mercadoria ofertada em
site na internet, tanto que
contratou com a ré. Todavia, cabe ao
Poder Judiciário não chancelar tal
pretensão por abusiva e lesiva aos
princípios acima referidos.
Portanto, o recurso deve ser provido
para ser julgada improcedente a
ação. Ante o exposto, VOTO por dar
provimento ao recurso. III – VISTOS,
relatados e discutidos os autos,
ACORDAM, à unanimidade, os Juízes da
Terceira Turma Recursal dos Juizados
Especiais Cíveis do Rio Grande do
Sul, em DAR PROVIMENTO AO RECURSO,
na conformidade do voto da relatora.
DRA. KÉTLIN CARLA PASA CASAGRANDE –
De acordo. DRA. MYLENE MARIA MICHEL
– De acordo. Juízo de Origem: 2.
JUIZADO ESPECIAL CIVEL PORTO ALEGRE
– Comarca de Porto Alegre
112
PUBLICIDADE
PRINCIPIOS
Ressalta-se que o objetivo maior da publicidade é
induzir a compra, não informar. Não obstante deva
atender a certos princípios entre os quais, os que
seguem:
113
PRINCIPIO DA VINCULAÇÃO CONTRATUAL DA PUBLICIDADE
Art. 35 - Se o fornecedor de
produtos ou serviços recusar
cumprimento à oferta, apresentação
ou publicidade, o consumidor poderá,
alternativamente e à sua livre
escolha:
I - exigir o cumprimento forçado da
obrigação, nos termos da oferta,
apresentação ou publicidade;
II - aceitar outro produto ou
prestação de serviço equivalente;
III - rescindir o contrato, com
direito à restituição de quantia e
eventualmente antecipada,
114
monetariamente atualizada, e a
perdas e danos.
115
O descumprimento deste princípio, além da
repercussão civil e administrativa, conduz ao ilícito
penal conforme tipificação prevista no artigo 69 do
CDC, a seguir:
§ 1º - É enganosa qualquer
modalidade de informação ou
comunicação de caráter publicitário,
inteira ou parcialmente falsa, ou,
por qualquer outro modo, mesmo por
omissão, capaz de induzir em erro o
consumidor a respeito da natureza,
características, qualidade,
quantidade, propriedades, origem,
preço e quaisquer outros dados sobre
produtos e serviços.
116
anunciado, no que tange as suas qualidades,
quantidades, utilidades, preço ou qualquer outro dado.
117
Por fim, cumpre ressaltar que a aferição da
publicidade enganosa se faz caso a caso, levando em
consideração não só o anuncio, mas também o tipo de
consumidor que se destina.
PUBLICIDADE ABUSIVA
Por sua vez, a publicidade abusiva resta descrita
no § 2° do mesmo artigo, a seguir transcrito:
§ 2º - É abusiva, dentre outras, a
publicidade discriminatória de
qualquer natureza, a que incite à
violência, explore o medo ou a
superstição, se aproveite da
deficiência de julgamento e
experiência da criança, desrespeita
valores ambientais, ou que seja
capaz de induzir o consumidor a se
comportar de forma prejudicial ou
perigosa à sua saúde ou segurança.
118
Outros exemplos: No caso da esponja de limpeza
que em 9 de maio de 1999 foi publicou na Revista da
Folha, do jornal Folha de S. Paulo, uma foto de uma
pia de lavar louça, contendo várias panelas e pratos.
Logo abaixo, a figura de uma esponja de limpeza da
marca XXX, com o seguinte dizer: "Hoje é o Dia dos
Pais. 9 de maio. Dia das Mães. Homenagem de XXXX. A
maneira mais limpa de limpar."
CONTRATOS
119
consumidor quiser contratar, resta-lhe apenas a opção
de concordar com as condições impostas pelo fornecedor
fazendo a sua adesão sem conhecer as suas cláusulas,
confiando nas empresas que as pré-elabora, mas nem
sempre essa confiança é correspondida.
CONTRATO DE ADESÃO.
O artigo 54 do CDC conceitua o contrato de adesão
na forma abaixo:
120
Diante deste contexto, o CDC coloca à disposição
dos consumidores um importante instrumento, descrito
em seu artigo 46, conforme segue:
Art. 54 …
§ 3º Os contratos de adesão escritos
serão redigidos em termos claros e
com caracteres ostensivos e
legíveis, cujo tamanho da fonte não
será inferior ao corpo doze, de modo
a facilitar sua compreensão pelo
consumidor.
§ 4º - As cláusulas que implicarem
limitação de direito do consumidor
deverão ser redigidas com destaque,
permitindo sua imediata e fácil
compreensão.
121
Conclui-se que o CDC busca a transparência por
excelência.
Código Civil
Art. 423. Quando houver no contrato
de adesão cláusulas ambíguas ou
contraditórias, dever-se-á adotar a
interpretação mais favorável ao
aderente.
122
A diferença entre os dois sistemas consiste na
amplitude dada pelo artigo 47 do CDC, pois fundamenta
na disparidade entre as partes que firmam uma relação
de consumo e determina, como vimos, que todas as
cláusulas deverão ser interpretadas em beneficio do
consumidor e não só as ambíguas.
Código Civil
Art. 113. Os negócios jurídicos
devem ser interpretados conforme a
boa-fé e os usos do lugar de sua
celebração.
123
Art. 49 - O consumidor pode desistir
do contrato, no prazo de 07 (sete)
dias a contar de sua assinatura ou
do ato de recebimento do produto ou
serviço, sempre que a contratação de
fornecimento de produtos e serviços
ocorrer fora do estabelecimento
comercial, especialmente por
telefone ou a domicílio.
124
Conforme o dispositivo acima o prazo de reflexão
inicia-se com a assinatura do contrato ou do ato de
recebimento do produto ou serviço. Destaca-se, no
entanto, que o prazo somente irá fluir após a
assinatura do contrato quando se tratar de contrato
que não importa em posterior entrega do produto ou
serviço como no caso da contratação de serviços de TV
a cabo, aquisição de seguros em geral, planos de
saúde, assinaturas de revistas e jornais, tudo feito
por vendedores a domicilio ou fora do seu
estabelecimento comercial, etc.. Por sua vez, quando
a contratação do produto ou serviço se faz antes da
entrega dos mesmos o prazo somente irá fluir a partir
do efetivo daqueles.
Art. 49 …
Parágrafo único - Se o consumidor
exercitar o direito de
arrependimento previsto neste
artigo, os valores eventualmente
pagos, a qualquer título, durante o
prazo de reflexão, serão devolvidos,
de imediato, monetariamente
atualizados.
125
Art. 50 - A garantia contratual é
complementar à legal e será
conferida mediante termo escrito.
126
prazo se estende por 30 ou 90 dias após o término da
garantia convencional.
PRÁTICAS ABUSIVAS
127
Nesse sentido, a lei a considera prática abusiva, sem
que, necessariamente, seja preciso constatar algum
dano.
128
VI - executar serviços sem a prévia
elaboração de orçamento e
autorização expressa do consumidor,
ressalvadas as decorrentes de
práticas anteriores entre as partes;
VII - repassar informação
depreciativa, referente a ato
praticado pelo consumidor no
exercício de seus direitos;
VIII - colocar, no mercado de
consumo, qualquer produto ou serviço
em desacordo com as normas expedidas
pelos órgãos oficiais competentes,
ou, se normas específicas não
existirem, pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas ou
outra entidade credenciada pelo
Conselho Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial
- CONMETRO;
IX - deixar de estipular prazo para
o cumprimento de sua obrigação ou
deixar a fixação de seu termo
inicial a seu exclusivo critério;
IX - recusar a venda de bens ou a
prestação de serviços, diretamente a
quem se disponha a adquiri-los
mediante pronto pagamento,
ressalvados os casos de
intermediação regulados em leis
especiais;
X - elevar sem justa causa o preço
de produtos ou serviços;
XI - (dispositivo incorporado pela
MP-1.890-67-1999, transformado em
inciso XIII, quando da conversão na
Lei n° 9.870-1999)
XII - deixar de estipular prazo para
o cumprimento de sua obrigação ou
deixar a fixação de seu termo
inicial a seu exclusivo critério.
(Acrescentado pela Lei n° 9.008-
1995)
XIII - aplicar fórmula ou índice de
reajuste diverso do legal ou
contratualmente estabelecido.
129
(Acrescentado pela Lei n° 9.870-
1999)
VENDA CASADA
Art. 39 …
I - condicionar o fornecimento de
produto ou de serviço ao
fornecimento de outro produto ou
serviço, bem como, sem justa causa,
a limites quantitativos;
130
do local ou que tenha levado de casa. O expositor pode
até impedir que todos entrem com comida, mas se
permite que ela seja consumida após adquirida ali
mesmo, não pode impedir que o consumidor a traga de
fora. É uma prática abusiva casada às avessas, pois
quer forçar o consumidor a comprar os produtos
vendidos no local.
131
Por fim seguem alguns outros exemplos de venda
casada:
RECUSA DE ATENDIMENTO
132
Art. 39 …
II - recusar atendimento às demandas
dos consumidores, na exata medida de
suas disponibilidades de estoque, e,
ainda, de conformidade com os usos e
costumes;
133
O inciso II é complementado pelo artigo 30
combinado com o 35. Com efeito, a oferta vincula o
ofertante ao seu cumprimento na forma do artigo 35.
Art. 39 …
IX - recusar a venda de bens ou a
prestação de serviços, diretamente a
quem se disponha a adquiri-los
mediante pronto pagamento,
ressalvados os casos de
intermediação regulados em leis
especiais;
Art. 39 …
III - enviar ou entregar ao
consumidor, sem solicitação prévia,
qualquer produto, ou fornecer
qualquer serviço;
…
Parágrafo único - Os serviços
prestados e os produtos remetidos ou
entregues ao consumidor, na hipótese
prevista no inciso III, equiparam-se
às amostras grátis, inexistindo
obrigação de pagamento.
134
conforme os artigos 39, III e parágrafo único e art.
12,IV, c/c o art. 23 do Dec. 2.181/97, sem afastar a
possibilidade das responsabilidade administrativas.
ORÇAMENTO PRÉVIO
Inicialmente, cumpre esclarecer que o inciso VI do
artigo 39 deve ser interpretado em conjunto com o
artigo 40.
Art. 39 …
VI - executar serviços sem a prévia
elaboração de orçamento e
autorização expressa do consumidor,
ressalvadas as decorrentes de
práticas anteriores entre as partes;
135
Nesse sentido, o legislador proibiu que o
fornecedor execute os serviços sem a prévia elaboração
do orçamento e autorização do consumidor.
Art. 39 …
XII - deixar de estipular prazo para
o cumprimento de sua obrigação ou
deixar a fixação de seu termo
inicial a seu exclusivo critério.
RESPONSABILIDADE
136
legislador impôs o dever de atuação em conformidade
com a norma, ou seja, sancionando a sua violação.
COBRANÇA DE DÍVIDAS
137
Art. 42 - Na cobrança de débitos, o
consumidor inadimplente não será
exposto a ridículo, nem será
submetido a qualquer tipo de
constrangimento ou ameaça.
COBRANÇA INDEVIDA
Art. 42 …
Parágrafo único - O consumidor
cobrado em quantia indevida tem
direito à repetição do indébito, por
valor igual ao dobro ao que pagou em
excesso, acrescido de correção
monetária e juros legais, salvo
hipótese de engano justificável.
138
Código Civil
Art. 940. Aquele que demandar por
dívida já paga, no todo ou em parte,
sem ressalvar as quantias recebidas
ou pedir mais do que for devido,
ficará obrigado a pagar ao devedor,
no primeiro caso, o dobro do que
houver cobrado e, no segundo, o
equivalente do que dele exigir,
salvo se houver prescrição.
139
o endereço e o número de inscrição
no Cadastro de Pessoas Físicas - CPF
ou no Cadastro Nacional de Pessoa
Jurídica - CNPJ do fornecedor do
produto ou serviço correspondente.
Art. 43
§ 4º - Os bancos de dados e
cadastros relativos a consumidores,
os serviços de proteção ao crédito e
congêneres são considerados
entidades de caráter público.
140
Com o artigo em baila o CDC procurou inibir as
práticas abusivas mediante o estabelecimento das
seguintes regras:
§ 1º - Os cadastros e dados de
consumidores devem ser objetivos,
claros, verdadeiros e em linguagem
de fácil compreensão, não podendo
conter informações negativas
referentes a período superior a 5
(cinco) anos.
141
aos eventuais destinatários das
informações incorretas.
§ 2º - A abertura de cadastro,
ficha, registro e dados pessoais e
de consumo deverá ser comunicada por
escrito ao consumidor, quando não
solicitada por ele.
§ 5º - Consumada a prescrição
relativa à cobrança de débitos do
consumidor, não serão fornecidas,
pelos respectivos Sistemas de
Proteção ao Crédito, quaisquer
informações que possam impedir ou
dificultar novo acesso ao crédito
junto aos fornecedores.
142
6° PRAZO: Os bancos de dados não poderão conter
informações negativas referentes a período superior a
05 (cinco) anos. A inobservância dessa regra,
constitui infração administrativa, da mesma forma que
pode gerar responsabilização penal (art. 72 e 72) além
de abrir ensejo à incidência da tutela civil, para
possibilitar o acesso as informações, sua correção e o
pleito indenizatório por danos materiais e morais.
RESPOSANBILIDADE
143
A orientação jurisprudencial do STJ é no sentido
de que a falta de comunicação gera lesão indenizável,
porquanto ainda que verdadeiras as informações sobre a
inadimplência do devedor, tem ele o direito de ser
cientificado a respeito. O cadastramento negativo dá
efeito superlativo ao fato, criando-lhe restrições que
vão além do âmbito restrito das partes envolvidas –
credor e devedor.. A razão da norma legal, portanto,
está em permitir ao consumidor atuar para esclarecer
um possível equívoco, ou para adimplir a obrigação,
evitando a negativação do seu nome. (REsp 855.758-RS)
144
nenhum momento, a norma exige que essa se dê por meio
de AR (Aviso de Recebimento).
145