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AB1 - DIREITOS REAIS – 2019.

1 – Fernando Maciel
(FALSO) Ihering, em sua teoria subjetiva, nega a existência do corpus como a mera disposição da
coisa física, e no animus como possível de se comprovar. Para ele, o importante é fixar o destino
econômico da coisa.
→ SAVIGNY. TEORIA SUBJETIVA. ANIMUS + CORPUS.
Posse é, ao mesmo tempo, um direito e um fato: 1. se considerada em si mesma é um fato;
2. se considerada nos efeitos que gera (usucapião e interditos), ela se apresenta como um direito.
O elemento objetivo é a ostensividade do poder físico sobre a coisa, já o subjetivo é o fato do
possuidor ter a coisa como sua.
Atenção! A posse é instituto que deve ser protegido independentemente do direito de propriedade.
OBS: A detenção, na teoria subjetiva de Savigny, é percebida quando a pessoa detém o corpus,
mas não possui o elemento anímico.

→ IHERING – TEORIA OBJETIVA.


A posse nada mais é que um direito. Para ele, o elemento anímico não traduz uma intenção,
mas um fato. Para configurar a posse basta que a pessoa aja como normalmente age o proprietário,
ou seja, não se cogita a intenção do possuidor. A conceituação do elemento subjetivo não era de
animus domini, mas tão somente, uma affectio tenendi.
OBS: A detenção para Jhering é toda posse que não é tutelada pelo direito.
Atenção! Enquanto que o elemento subjetivo na teoria de Savigny era o ter a coisa como sua
(animus domini), para Jhering a conceituação desse elemento subjetivo era bem mais branda: não
era necessário que se tivesse a coisa como sua. Bastaria cuidar da coisa como se fosse sua (affectio
tenendi).
(V) São formas de registros imobiliários: o registro originário, a matrícula do imóvel e a averbação.
(V) O FÂMULO DA POSSE é aquele que possui relação com a coisa em nome do dono ou do
verdadeiro possuidor.
Posse. Art. 1.198 do CC e Art. 1.208 do CC.
O fâmulo de posse é o gestor da posse, detentor dependente ou servidor de posse em relação
ao dono. É aquele que, em virtude de sua situação de dependência econômica ou de um vínculo
de subordinação em relação a uma outra pessoa (possuidor direto e indireto), exerce sobre o bem,
não uma posse própria, mas a posse desta última e em nome desta, em obediência a ordem ou
instrução.
OBS: Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância.
(V) Os direitos reais sobre as coisas alheias se classificam em direito de gozo e direito de garantia.
(FALSO) Pelo princípio da continuidade do caráter da posse, entende-se que haverá qualquer
modificação quanto à natureza da posse adquirida.
A redação do artigo 1.203 do Código Civil, diz: “SALVO PROVA EM CONTRÁRIO, ENTENDE-
SE MANTER A POSSE O MESMO CARÁTER COM QUE FOI ADQUIRIDA”.
Perceba que o caráter da posse pode ser alterado por negócio bilateral. Mas ninguém por si
só, pode mudar a causa ou o título de sua posse! A simples mudança de vontade é INCAPAZ de
mudar a natureza da posse.
Cada espécie manterá a mesma carga constitutiva de sua aquisição (ex. se uma posse
iniciou de forma violenta, clandestina ou precária, presume-se ficar com os mesmos vícios que
irão acompanha-la nas mãos dos sucessores do adquirente).
(V) Enquanto o inquilino tem posse, aquele que simplesmente está transportando a coisa para
entregar a seu dono tem detenção.
(FALSO) Aquele que realiza benfeitorias voluptuárias, mesmo sendo possuidor de má-fé, tem
direito à indenização das mesmas, ainda que neste ultimo caso, não tenha direito de retenção do
bem até ser indenizado.
O possuidor de má fé só tem direito a indenização das benfeitorias NECESSÁRIAS. Não
tem direito de levantar as benfeitorias voluptuárias, nem direito de retenção.
(V) As pertenças são os frutos da coisa que, mesmo separados destas, são de propriedade do dono
da coisa.
O acessório segue a sorte do principal.
(FALSO) As tenças são atos violentos e clandestinos que induzem aos direitos possessórios.
Distinção entre posse, detenção e tença → Posse é o exercício, pleno ou não, de algum dos
poderes inerentes à propriedade (art. 1.196 do CC). A detenção é a situação em que alguém
conserva a posse da coisa em nome de outro e em cumprimento às ordens e instruções deste. Já
a tença é o período relativo à detenção ilícita da coisa, de acordo com Pontes de Miranda. As tenças
não induzem aos direitos possessórios.

(V) Os conceitos adiante são verdadeiros. Esbulho é a retirada da posse. Turbação é a agressão à
posse sem caráter de esbulho.
(FALSO) O esbulho ocorre com a agressão à posse, sem, entretanto, ser esta retirada de seu dono,
ao passo em que a retirada da posse total ou parcial enseja a turbação.
Os institutos do esbulho, turbação e ameaça são formas diferentes de perturbação do direito
de posse. O ESBULHO (ou esbulho possessório) consiste na PRIVAÇÃO TOTAL da posse de um
bem. Através dele o possuidor perde todo o contato com o bem esbulhado. Também é chamado de
esbulho violento, quando a ofensa envolve medidas que impossibilitam o possuidor de reaver o
bem. A TURBAÇÃO é uma ofensa menor ao direito de posse. Consiste em um esbulho parcial no
qual o possuidor perde somente parte da posse de um bem, SEM QUE HAJA PERDA DE
CONTATO COM O BEM TURBADO. Já a ameaça é apenas a iminência de um esbulho ou
turbação. Não é, portanto, uma ofensa concretizada, mas somente um receio justificado de ter o
direito de posse violado.
No mais, são direitos do possuidor, em caso de turbação, ser mantido na posse e, em caso
de esbulho, ser reintegrado na posse. Por fim, em caso de ameaça iminente, ser segurado na posse.
(FALSO) Para os romanos, não havia interesse social da propriedade, o que somente veio a ocorrer
no direito europeu burguês.
Embora a função social da propriedade tenha surgido formalmente no direito alemão, na
Constituição de Weimar, em 1019, no direito romano já era possível notar um certo esboço do que
poderia originar o princípio do abuso do direito de propriedade da função social da propriedade.
Cumpre ressaltar que é no direito romano que surgem os direitos da propriedade que ainda
hoje influem o direito brasileiro: o jus utendi, o jus fruendi e o jus abutendi. Neste último, a
expressão abutendi deriva de abutere que significa abusar, destruir. Assim, já existia algumas
restrições tendo em vista questões sociais.
(V) Aquisição originária e derivada da propriedade. A primeira é aquela em que a propriedade é
adquirida sem qualquer vinculo entre o antigo dono e o novo proprietário, não há relação jurídica
de transmissão. Na segunda, há liame entre os proprietários que perde e adquire a propriedade,
havendo sucessão.
(V) O princípio da perpetuidade não permite que a propriedade seja perdida pelo seu não uso.
(V) Dentre os poderes inerentes à condição de proprietário, aquele que se distingue o proprietário
do possuidor é o de disposição sobre a coisa.
(V) As restrições ao direito de propriedade são volitivas e legais.
(V) A averbação enseja o registro de qualquer alteração física no imóvel.
(V) As despesas com o registro público são, salvo disposição em contrário, de responsabilidade do
adquirente.
(FALSO) O CC∕02 adotou o sistema de transmissão da propriedade alemão, onde o pacto é
suficiente para tal, sem o registro.
São três são os sistemas de transmissão da propriedade: o romano, o francês e o alemão.
O CC adotou a teoria romana: os bens imóveis são adquiridos por ato inter vivos pela
transcrição do título em registro público apropriado.
No sistema romano, o negócio jurídico pelo qual é manifestada a vontade de adquirir um
bem não é suficiente para concretizar a aquisição da propriedade. É preciso que se observe um
modo pelo qual a lei compreenda que se complete a transferência do domínio de um bem, o que
vai constituir efetivamente a aquisição da propriedade imóvel.

O sistema francês, por seu turno, admite a suficiência do negócio jurídico para a
transferência da propriedade, não sendo necessária a realização de qualquer ato posterior,
possuindo os contratos, portanto, efeito translativo.

Pelo sistema alemão, por fim, exigem-se dois instrumentos independentes: um pelo qual se
cria a obrigação de transferir a propriedade e outro que efetivamente opera esta transferência, que
não se condiciona ao primeiro instrumento, e que será levado à inscrição no Registro Imobiliário.
(V) Pela teoria subjetiva da usucapião, sua natureza jurídica seria justificada por um abandono
ou renúncia do proprietário originário à propriedade.
(FALSO) A sentença da usucapião tem natureza constitutiva segundo a lei civil.
A sentença que reconhece a usucapião possui natureza DECLARATÓRIA, tendo em vista
que reconhece judicialmente a aquisição do direito à propriedade do imóvel
(FALSO) Na usucapião, os confrontantes não podem se opor à sua ocorrência em nenhuma
hipótese, sobretudo porque não podem ser parte no processo.
Os confrontantes são os proprietários/possuidores dos imóveis que fazem limite com o
seu. Os confrontantes são intimados para intervirem no processo para informar se possuem
algum interesse no imóvel, ou seja, deverão se manifestar sempre que se sentirem lesados com
a concessão da usucapião ao autor da ação.
A responsabilidade dos confrontantes diz respeito apenas à defesa dos direitos aos quais se
julgarem titulares, lembrando que ninguém poderá pleitear em nome próprio direito alheio. Os
confrontantes não são obrigados a se manifestarem caso não haja interesse na causa, ou, se
houver, qualquer intervenção judicial deverá ser feita por advogado constituído. Sendo
regularmente intimados, e não houver manifestação dos confrontantes no prazo estipulado pelo
juiz, presumir-se-á o não interesse na causa e estará inviabilizada qualquer intervenção futura no
mesmo processo.
(V) Não podem adquirir por usucapião os representantes, os descendentes e ascendentes, os
incapazes e seus representantes em relação aos bens uns dos outros.
(V) O tempo usucapião extraordinário é de 15 anos, e o do ordinário, de 10 anos.
(V) O tempo da usucapião ordinária pro labore é de 10 anos, e o do ordinário especial ou pro labore
é de 5 anos.
(FALSO) O direito brasileiro proíbe o abuso de direito. Logo, atualmente, o direito de propriedade
não se caracteriza pelo jus abutendi.
(V) Pela regra da aquisição derivada, ninguém pode transmitir mais direitos do que tem.
(V) A acessão natural, a usucapião, a sucessão e o registro público são as formas de aquisição da
propriedade imobiliária.
Questão aberta.
1. Maria casou-se com José pelo regime de separação TOTAL de bens, e com ele viveu feliz por
10 anos, vindo a nascer deste casamento dois filhos: Joseilsom e Marilene.
2. Há cerca de 6 anos atrás, José ganhou uma casinha do programa minha casa minha vida,
de 250m², sendo ela registrada em seu nome, onde foi morar com sua família, tendo
coincidido que 6 meses depois de ter ganho a casa, se apaixonou por sua vizinha e com ela
“fugiu”, abandonando sua família. Dele nunca mais se teve notícia.
3. Maria lhe procura para saber o que pode fazer para garantir um lar para seus filhos, uma
vez que a casa continua em nome de José mesmo estando morando nela com seus filhos
desde a dará em que para ali se mudou.
4. Levando-se em conta que não possui outro imóvel para morar com seus filhos, a oriente.
Muito embora não se possa ingressar em favor de Maria com a usucapião familiar, pois não
é co-proprietária do imóvel, já que este pertence exclusivamente a José, em face de terem se casado
pelo regime de separação total de bens, e o imóvel estar registrado no nome dele, pode ela ingressar
com a usucapião especial urbana, pois está na posse do imóvel por mais de 5 anos (6 anos) usando
como moradia sua e de sua família (mora com os filhos), tendo o imóvel 250m² e não possui outro
bem em seu nome.

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