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Direitos Reais

Aula nº
Data:
Conteúdo: Da posse. Teorias. Conceito. Natureza jurídica. Jus possessionis. Jus Possiendi. Posse x Detenção.

1. A posse é um direito real?


A posse é uma figura autônoma, que independe da existência de um título. É um direito sui generis, que,
por apresentar semelhanças com o Direito Real, é tratado dentro do mesmo tema. Portanto, a posse NÃO
é um direito real. Os direitos reais são tratados em um rol taxativo no nosso Código Civil (a posse não está
lá).

2. Teorias da posse

➔ TEORIA SUBJETIVA DE SAVIGNY


CORPUS + ANIMUS DOMINI

Corpus = Contato com a coisa.


Animus Domini = Desejo de tomar a coisa para si.

➔ TEORIA OBJETIVA DE IHERING

CORPUS

Teoria adotada pelo Código Civil de 2002.


ATENÇÃO: Apesar da teoria objetiva, adotada pela legislação brasileira, dispensar o animus domini, temos
uma exceção. O instituto da usucapião se utiliza da teoria subjetiva para fundamenta-la. Na usucapião,
além do contato com a coisa (posse mansa e pacífica), precisamos, também, do desejo de tomar a coisa
para si.

Profª Isadora Moura Fé Cavalcanti Coelho. Advogada, professora, especialista em Direito Público Municipal, Direito
Civil e Processual Civil e em Direito Previdenciário. Mestranda em Propriedade Intelectual pela UNIVASF.
mourafeisadora@outlook.com
Fundamento da teoria adotada: Art. 1196, CC: “Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o
exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.”

Ex: locatário que exerce ALGUNS dos poderes inerentes à propriedade, inclusive, pode se valer das ações
possessórias para proteger a sua posse.
E quais são esses poderes inerentes à propriedade? Vimos aula passada (art. 1228, CC)
São eles: usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a
possua ou detenha.

Pergunta: Existe posse sem contato físico? E contato físico sem posse?

Sim! No caso da posse sem o contato físico, temos o caso dos locadores e locatários. Se eu loco um
apartamento para você, eu sou proprietária e possuidora indireta do bem. Você é o possuidor direto do
bem, mas não é o proprietário.
Um outro exemplo é o Constituto Possessório, que é uma cláusula contratual mediante a qual o alienante
(vendedor) transmite a posse da coisa alienada ao nome do comprador, sem que o comprador precise ir
até o local do bem.
No caso do contato físico sem a posse, temos os casos dos fâmulos da posse e dos bens públicos.

EM RESUMO: TODO PROPRIETÁRIO É POSSUIDOR, MAS NEM TODO POSSUIDOR É PROPRIETÁRIO.

3. Conceito de posse
É a conduta de dono. Sempre que existir o exercício dos poderes inerentes a propriedade, existirá a posse,
a não ser que alguma norma diga que esse exercício configura detenção e não posse.

4. Natureza jurídica da posse


Considerada em si mesma, a posse é um fato. Mas, pelos efeitos que gera, como, por exemplo, a necessidade
do judiciário para a sua proteção, a posse também é um direito. Sendo, portanto, um direito sui generis,
sua natureza jurídica é de “direito especial”.

5. Jus possessionis x jus possidendi


Jus possidendi = Direito à posse. É o direito de posse que vem do direito de propriedade.
Jus Possessioni = Direito de posse. Não vem do direito de propriedade. “Se alguém, assim, instala-se em um
imóvel e nele se mantém, mansa e pacificamente, por mais de ano e dia, cria uma situação possessória,

Profª Isadora Moura Fé Cavalcanti Coelho. Advogada, professora, especialista em Direito Público Municipal, Direito
Civil e Processual Civil e em Direito Previdenciário. Mestranda em Propriedade Intelectual pela UNIVASF.
mourafeisadora@outlook.com
que lhe proporciona direito a proteção. Tal direito é chamado jus possessionis ou posse formal, derivado de
uma posse autônoma, independentemente de qualquer título.”

6. Posse x Detenção
Os detentores também são chamados de “fâmulos da posse’.
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro,
conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.

Os detentores NÃO são possuidores, são apenas servos da posse, ou seja, são aqueles que conservam a posse
em cumprimento de ordens ou instruções. Eles NÃO podem invocar, em nome próprio, os direitos de
proteção da posse, mas podem protege-la como consequência do seu dever de vigilância.
Ex: Caseiro e motorista.

➔ Outros tipos de detenção:


Art 1208, CC: Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a
sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade”.

Permissão= consentimento expresso.

Tolerância= consentimento tácito

Os atos de permissão e tolerância não constituem atos possessórios, não gerando, pois, os resultados jurídicos
que estão presentes no exercício da posse. Com efeito, aquele que exerce atos originados por permissão ou
tolerância não é considerado possuidor, dado o caráter da temporariedade.

Mas e os atos clandestinos e violentos?


As pessoas que invadem uma propriedade de forma violenta ou clandestina, por exemplo, terão uma
posse injusta daquele bem, ou seja, uma mera detenção.
“Só depois de cessar a violência é que começa a posse útil. O que quer dizer que, desde que a violência
cessou, os atos de posse daí por diante praticados constituirão o ponto de partida da posse útil, como se
nunca tivesse sido eivada de tal vício” (CARVALHO SANTOS).

➔ Detenção de bem público


Não existe posse de bem público. Apenas uma mera detenção.
“Reintegração de posse. Área que se constitui em bem público, subjetivamente indisponível e
insuscetível de usucapião. Mera detenção, sendo irrelevante o período em que perdura”
Profª Isadora Moura Fé Cavalcanti Coelho. Advogada, professora, especialista em Direito Público Municipal, Direito
Civil e Processual Civil e em Direito Previdenciário. Mestranda em Propriedade Intelectual pela UNIVASF.
mourafeisadora@outlook.com

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