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Direitos Reais I

Livro: Instituições do Direito Civil – Volume IV – Direitos Reais – Caio Mário

Posse

Conceito de posse

Diante de diversos entendimentos, o foco da definição de posse está em

uma situação de fato – em que uma pessoa, independentemente de ser ou não

proprietária, exerce sobre uma coisa poderes ostensivos (aquilo que se mostra, aquilo

que se exibe), conservando-a e defendendo-a. Esta pessoa a qual citei anteriormente,

pode ser aquela que possui apenas a fruição juridicamente cedida por outrem – são os

exemplos de locatário, comodatário, usufrutuário – como também a pessoa que zela por

coisa alheia – como o administrador, inventariante, sindico – e também, aquele que

utiliza coisa móvel ou imóvel para dela se tirar proveito ou vantagem – o usufrutuário.

Em toda posse há, uma coisa e uma vontade, resumindo a relação de

fruição – que é a ação de se aproveitar ou usufruir de alguma coisa. Porém, nem todo

estado de fato, pode ser considerado posse, as vezes não passa de mera detenção, que se

difere daquela na essência e em seus efeitos. Desta maneira, para determinar as

características da posse, a doutrina possui teorias sobre a posse.

Teorias sobre a posse

Dois elementos estão presentes em qualquer posse: uma coisa e uma

vontade, que sobre ela se exerce e ambos devem ter a presença conjunta, é o que se

define como corpus e animus. Entende-se como corpus – o contato material com a coisa

ou atos simbólicos que o representassem e animus – a intenção de ter a coisa para si ou

com a intenção de proprietário. Duas grandes escolas dividem os doutrinadores, a de

Savigny – subjetivista – e a de Rudolf von lhering – objetivista.


1. Savigny: Influenciou profundamente no século passado e apesar das críticas

empreendidas, até hoje possui defensores. Para Savigny, o corpus ou elemento

material da posse, caracteriza-se como a faculdade real e imediata de dispor

fisicamente da coisa e de defendê-las das agressões de quem quer que seja. O corpus

não seria a coisa em si, mas sim, o poder físico da pessoa sobre a coisa. Diz-se que

basta a simples presença do adquirente para que se conclua a aquisição da posse,

mas, se no local, existir mais de uma pessoa, que se atribua a posse da mesma coisa,

ela somente irá se adquirir com o seu consentimento ou com o afastamento pela

violência.

O animus, segundo Savigny, considera-se a intenção de ter a coisa como

sua, não é a convicção de ser dono, mas sim a vontade de tê-la como sua. Tem-se a

concepção de que para o estado de fato se constitua posse, que o elemento corpus

venha a se juntar com a vontade de proceder em relação a coisa como procede o

proprietário + a intenção de tê-la como dono – o animus. Faltando a vontade interior e

esta vontade de proprietário, existirá detenção e não posse.

A teoria se diz subjetiva pois, se adquire a posse quando o elemento

material – corpus - , acrescenta-se do elemento intelectual – o animus. Então, quem

tem a coisa em seu poder, mas em nome de outrem, não lhe tem a posse civil, é

apenas detentor ou como chama de posse natural. Para Savigny, portanto, não

constituem relações possessórias aquelas em que a pessoa tem a coisa em seu poder,

ainda que juridicamente fundada (como é o caso da locação, comodato, penhor...),

pois lhe faltam a intenção de a coisa como sua, ser o dono, animus domini.

2. Von Jhering: pagina 16. Parei aqui.

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