Você está na página 1de 20

Prof.

Paulo Afonso de Oliveira Junior


Várias são as teorias no direito que tentam
explicar o instituto possessório, dentre elas se
destacam a teoria subjetiva de Savigny e a teoria
objetiva de Ihering.

Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.


Teoria de Savigny
Para Savigny a existência da posse se
manifesta com a fusão de dois
elementos, um objetivo, que seria o
corpus, ou seja, a detenção física da
coisa, e o elemento subjetivo, que
constituiria no animus domini, ou
seja, na vontade de ser dono, e não
necessariamente a aparência de
dono.

Para ele a posse só existiria com a


fusão destes dois elementos, sem a
detenção física da coisa não haveria
posse e sem corpus a posse não
Friedrich Karl von Savigny
passaria de mera detenção.
(Frankfurt, 21 de fevereiro de 1779 –
Berlim, 25 de outubro de 1861)
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Críticas a teoria de Savigny

A teoria de Savigny sobre severas críticas, posto que, segundo


ela, aquele que detém a coisa, mesmo que juridicamente
fundada, como o locador, o comodatário, o credor pignoratício,
o usufrutuário, por exemplo, não seriam possuidores por
ausência do elemento subjetivo , que é a vontade de ser dono,
logo, não poderiam se valer das medidas possessórias para
defender sua posse/detenção.

A contra senso, aquele que estaria na posse da coisa sem justo


título, que a tenha alcançado por violência por exemplo, estaria
protegido pelas medidas possessórias.

Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.


Teoria de Ihering
Por sua vez, Rudolf von Ihering acreditava que
a posse se caracterizaria apenas pelo elemento
corpus, desprezando o elemento subjetivo da
teoria de Savigny, por isso, ele mesmo a
denominou de teoria objetiva.

Para ele, a detenção da coisa, que na realidade


não precisa ser uma detenção física, aliada ao
exercício de atos típicos de proprietário já
configuraria a existência da posse,
independentemente da vontade de ser dono.

Agir como dono não é necessariamente querer


sê-lo.

Para Ihering o importante não é ter a


Rudolf von Ihering dentenção física da coisa e muito mesmo
querer ser dono dela, o que conta para a
(Aurich, 22 de agosto de 1818 — existência da posse é a aparência de dono.
Gotinga, 17 de setembro de 1892)
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Ihering se indagava como poderia se exteriorizar a aparência
de proprietário.

Para tal, segundo ele, bastava que se observasse os atos


praticados pelo possuidor conforme a destinação econômica do
bem possuído .

A relação do proprietário com o bem é normal ou anormal


considerando a destinação econômica do mesmo.

Cita vários exemplos em sua obra:

Madeira deslocada rio abaixo


Moveis levados pela enchente
Material de construção em frente a uma obra .
Carteira deixada em via pública.

Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.


A teoria objetiva da posse de Ihering é a adotada pelo
nosso Código Civil.

Art. 1196

Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.


Teorias Sociológicas

Raymond Saleilles Antonio Hernández Gil


Beaune, 1855 – Paris 03 março de 1912 Puebla de Alcocer 29 de marzo de
1915 - Madrid, 26 de mayo de 1994
Teoria da apropriação econômica
Teoria da função social
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Conceito
Conceito de Posse direito brasileiro = art. 1196.

Exclui a posse a mera detenção = art. 1198


= art. 1224
= § 3º art 183 CF
= § único art 191 CF

Posse precária = art. 1208

Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.


Jus possessionis X jus possidendi

Jus possessionis = posse formal; posse autônoma;


inexistência de domínio/título; baseado no fato.

Jus possidendi = posse causal; posse do portador


do título imobiliário; posse do proprietário do
bem; coincidência de titularidade e exercício dos
direitos de propriedade; é conteúdo do direito
real.

Ambas as posses são protegidas pelo direito.

Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.


Classificação da Posse
• Posse direta e posse indireta

Posse direta, também conhecida como posse


imediata, é aquela que é exercida pelo possuidor
direto da coisa que pode na realidade ser um
desdobramento da posse que por exemplo esta com o
proprietário do bem, chamada de posse indireta ou
mediata.

A posse direta e indireta podem ter várias graduações,


sendo possível que mais de uma pessoa exerça sobre o
mesmo bem a posse indireta.

Art. 1197 CC

Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.


• Posse exclusiva, composse e posses paralelas

Posse exclusiva é aquela exercida sobre a coisa por uma só


pessoa. O desdobramento da posse em direta e indireta
não descaracteriza a posse exclusiva desde que a posse
direta seja de uma só pessoa, igualmente a posse indireta
que também deve ser de uma só pessoa.

Composse é a posse exercida sobre a mesma coisa por


várias pessoas. Assemelha-se ao condomínio do direito
real.

Art. 1199 CC

Posse paralela ou posse múltipla, é a ocorrência de posses


diversas sobre a mesma coisa, como o que acontece no
desdobramento da posse em direta e indireta.

Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.


• Posse justa e posse injusta

Posse justa é aquela adquirida sem vícios jurídicos, segundo o


ensinamento dos romanos. É aquela posse adquirida de forma
moral, sem atentar contra o direito.

Art. 1200 CC
Art. 1208 CC

Posse injusta é aquela adquirida por meio violento, clandestino


ou precário. A posse injusta, por ser viciada, não gera direitos
frente ao antigo possuidor.

Violência pode ser moral ou física.


Clandestinidade é o furto ou a ocupação de imóvel as escondidas
Precariedade ocorre quando o possuidor tem o dever de restituir
a coisa mas no entanto não o faz (locatário, comodatário etc)

Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.


• Posse de boa-fé e posse de má-fé

Posse de boa-fé é aquela que a pessoa adquiri acreditando ser aquele


negócio legítimo, desconhece qualquer causa que poderia tornar a
posse viciada, em contrapartida, se ao adquirir a posse o possuidor
conhece o vício que a permeia, a posse é de má-fé.

Art. 1201 CC

Difere da posse justa ou injusta pois nesta o critério é objetivo


(violência, clandestinidade e precariedade).

É claro que o desconhecimento do vício deve ser por ignorância


escusável, não se admitindo a alegação do desconhecimento do vício
quando o mesmo é aparente.

O possuidor de má-fé não perde o direito de valer-se da proteção legal


da posse. A verificação da boa-fé, é relevante para a ação de usucapião,
disputa sobre os frutos e benfeitorias da coisa possuída ou da definição
da responsabilidade pelas perdas e danos.

Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.


A posse de boa-fé pode-se tornar uma posse de má-fé.

Art. 1202 CC

Teoria Romana: o momento de verificação da boa-fé da posse é o


exato momento de sua aquisição, não importando mudanças
posteriores.

Teoria Canônica: a posse de boa-fé precisa manter este status


durante toda a sua vigência, podendo perfeitamente a posse de
boa-fé, tornar-se no curso de seu gozo uma posse de má-fé.

A legislação brasileira adotou a teoria canônica.

Ponto árduo no direito brasileiro é definir o momento em que a


posse de boa-fé se transmuta em posse de má-fé. Doutrina nos
ensina que não basta que o possuidor tome conhecimento da
ilicitude de sua posse, é necessário que este conhecimento se
exteriorize, se mostre a outrem.

Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.


• Posse nova e posse velha

Posse nova é aquela que tem menos de ano e dia e


posse velha é aquela que tem ano e dia ou mais.

Esta distinção era de suma importância no CC 16, pois


através desta distinção o juiz auferia a melhor posse
em caso de litígio entre vários possuidores.

O código de 2002 não faz mais referencia a posse


nova ou velha, criando outros critérios para deferir a
melhor posse.

Art. 1211 CC

Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.


• Posse natural e posse civil ou jurídica

Posse natural seria aquela que se assenta no fato,


na detenção da coisa.

Posse civil ou também conhecida como jurídica é


aquela que se adquiri, mesmo sem ter a coisa
efetivamente consigo, como aquela posse que é
adquirida pelo proprietário no ato da compra e
venda, mantendo o antigo morador como
locatário.

Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.


• Posse "ad interdicta" e posse "ad usucapionem"

Posse "ad interdicta" é a posse que autoriza o seu


detentor a valer-se das ações possessórias quando
da turbação ou esbulho de sua posse.
Ex: Locatário e Locador

Posse "ad usucapionem" é a posse que


prolongada por determinado tempo, conforme
determinado em lei, autorizará a aquisição da
propriedade.
Art. 1238 e 1242

Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.


• Posse "pro diviso" e posse "pro indiviso"

Posse "pro diviso" é aquela existente na composse


onde cada possuidor possui parte determinada.

Posse "pro indiviso" é aquela exercida por várias


pessoas (composse) sobre partes comuns.

Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.


Bibliografia Consultada
 FARIAS, Cristiano Chaves de; e ROSENVALD, Nelson. Direitos
Reais. 7 ed. Rio de Janeiro : Lumen Juris, 2011.
 GONÇALVES, Carlos R. Direito Civil Brasileiro: Direito das Coisas.
v.5. Disponível em: Minha Biblioteca, (18th edição). Editora Saraiva,
2023.
 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Esquematizado:
Contratos em Espécie e Direito das Coisas. 3 ed. São Paulo: Saraiva,
2015.
 GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA, Rodolfo. Manual de Direito
Civil: volume único. São Paulo: Saraiva, 2017.
 TARTUCE, Flávio. Direito Civil : Direito das Coisas. 15ª ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2023.

Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.

Você também pode gostar