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1. DEFINIÇÕES
– O que é posse?
Teoria subjetiva, de Savigny: animus (vontade de ter a coisa para si) + corpus
(poder físico sobre a coisa)
Teoria objetiva, de Ihering: corpus (poder físico sobre a coisa)
A teoria subjetiva é ruim, pois existem muitos casos de posse com corpus e
sem animus (exemplo: inquilino, que não necessariamente quer ser dono do
prédio alugado). A teoria objetiva é melhor, mas ainda assim tem defeitos,
porque há casos de posse sem corpus (exemplo: casa na praia, carro no
estacionamento, herdeiro que acaba de receber a herança). Em suma, segundo
Pontes de Miranda, posse é um poder fático: ou seja, a possibilidade de exercer
poder inerente ao domínio sobre a coisa.
2. NATUREZA
– Controvérsias:
3. CLASSIFICAÇÃO
Posse natural: quem detém o bem. Exemplo: capatás que recebe um pedaço
pequeno da terra para viver. Com o fim do vínculo trabalhista, acaba a
detenção, e se o detentor insistir em ficar, cometerá esbulho ou turbação.
Posse civil: quem é dono, nos termos da lei.
Posse ad interdicta: pode ser protegida por interditos possessórios caso for
ameaçada, turbada, esbulhada ou perdida.
Posse ad usucapionem: preenche os requisitos para usucapião.
– Visão heterodoxa de Sérgio José Porto: só a posse ad usucapionem é
posse. A ad interdicta é mera detenção, pois só outorga direitos aos
interditos.
4. AQUISIÇÃO E PERDA
O exemplo mais comum do inciso II é quando uma pessoa não está em casa, e
um vizinho recebe uma encomenda para ela.
– Transmissão da posse
Por exemplo: se uma pessoa tinha uma posse injusta, e vem a óbito, a posse
recebida por seus sucessores continuará sendo injusta.
Tal artigo pode ser chamado de “lavanderia da posse”, pois abre brecha para
“limpar os vícios”. Pode não ser a solução mais justa, mas foi a mais prática
encontrada pelo legislador. Por exemplo: seria controverso responsabilizar o
proprietário atual de uma terra porque ela foi adquirida de maneira injusta no
século XIX.
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim
como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão
depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas
móveis que nele estiverem.
5. EFEITOS
– Exceção do domínio
Em regra, o indivíduo não pode entrar com ação possessória contra terceiro de
boa fé. Mais uma vez, o exemplo do cliente que compra, num mercado
renomado, Nescau barato, mas que era fruto de carga roubada. O cliente
comprou de boa fé. Então o proprietário da carga roubada não pode entrar com
ação possessória contra o cliente. Contudo, se o terceiro sabia que a coisa era
esbulhada, é possível entrar com a ação. Exemplo: pessoa que compra, de um
vendedor na rua, um celular furtado, sabendo que o era.
– Interdito proibitório
Art. 567, do CPC. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser
molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou
esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine ao réu
determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito.
Em suma, o interdito serve para pedir ao juiz que comine multa ao possível
agressor, caso ele cometa turbação ou esbulho. Exemplo: fazendeiro que
enxerga o MST acampado em frente a sua propriedade, e teme que ela seja
invadida. Ele pode pedir ao juiz que multe o MST, caso ele realmente invada a
propriedade. Na prática, o dispositivo não funciona muito bem. Como é
possível multar o MST se o movimento não tem CNPJ, e nem dinheiro?
– Imissão de posse
O inciso I se refere aos casos em que pessoas “compram casa com gente
dentro”. É uma situação problemática, pois quem está na posse do bem pode
ter benfeitorias a serem indenizadas. Ademais, o sujeito que lá está pode alegar
usucapião. De qualquer forma, a imissão de posse serve para quem adquiriu o
bem obter a sua posse. Há, ainda, a possibilidade alternativa de entrar com
ação reivindicatória.
O inciso III é a mesma situação do inciso II, com a diferença de que se trata de
pessoa física, e não jurídica. Nesse caso, não cabe ação reivindicatória.
– Embargos de terceiros
5.2. Frutos
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos
percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem
ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio;
devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Caso fático que exemplifica o caput: uma pessoa que herdou uma empresa de
10 milhões do pai há cinco anos. Hoje, a empresa vale 50 milhões, devido ao
empenho dele. Agora, essa pessoa descobriu que tem uma irmã, que deveria
ter recebido metade da herança. Problemática: a irmã deve receber metade de
quanto o patrimônio valia na época, ou de quanto ele vale hoje? Resposta:
como a pessoa era possuidora de boa-fé, ela tem direito a todos os frutos.
Portanto, a irmã tem direito somente a metade do patrimônio da época, e não
do atual.
Ou seja, a uva reputa-se colhida após ser retirada da parreira. O carro reputa-
se colhido após sair da linha de produção. Os juros reputam-se percebidos dia
por dia.
5.3. Danos
5.4. Benfeitorias