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DIREITOS REAIS
PARTE I
Professor Lucas Della Torre
CAPÍTULO 1: POSSE
TÓPICOS E DESTAQUES
POSSE
INTRODUÇÃO
Enquanto no Direito das Obrigações
são reguladas as relações humanas,
no Direito Real, o foco é a relação
entre as pessoas e as coisas,
visando sempre ao resultado
econômico dessa relação. Porém,
tanto o Direito Obrigacional quanto
o Real são subdivisões do Direito
Patrimonial.
VOCÊ SABIA?
Os direitos reais podem ser
classificados como Direitos
Sobre a Própria Coisa
(Propriedade e Direito Real
em Garantia) ou Direito Sobre
a Coisa Alheia (Demais
Direitos Reais).
O Código Civil elenca,
no artigo 1.225, quais
são os Direitos Reais:
I – A PROPRIEDADE; II – A SUPERFÍCIE;
III – AS SERVIDÕES; IV – O USUFRUTO;
V – O USO; VI – A HABITAÇÃO;
XI – A CONCESSÃO XII – A
DE USO ESPECIAL CONCESSÃO DE
PARA FINS DE DIREITO REAL DE
MORADIA; USO; E
XIII – A LAJE.
IMPORTANTE
CLASSIFICAÇÃO DA
POSSE
Em nosso estudo sobre a posse, é muito importante
enfrentarmos suas diversas classificações, para que
seja possível aplicar alguns direitos do possuidor ou do
proprietário. Vejamos, pois, as principais
classificações:
POSSE DIRETA POSSE INDIRETA
A Posse Direta (ou Posse Imediata) é exercida Já a Posse Indireta (ou Posse Mediata) é
por quem tenha o bem materialmente, exercida por meio de outrem, havendo apenas o
exercendo um poder direto sobre ele. exercício de direito (no mesmo exemplo da
locação de um imóvel, enquanto o locatário tem
Exemplo: imóvel alugado, em que o locatário a posse direta, o locador detém a posse indireta
tem a posse direta sobre o imóvel. do bem).
Por óbvio, há uma coexistência entre a Posse
Direta e a Indireta, sendo que a Direta é
temporária, persistindo apenas enquanto o
Negócio jurídico que a originou estiver
vigente.
VIOLENTA CLANDESTINA
a posse violenta é aquela que tenha sido o que caracteriza a Posse Clandestina é o
adquirida por meio do uso indevido da força, ocultamento do proprietário. Ainda que terceiros
que pode ser via agressão física, ameaça ou percebam a posse clandestina, enquanto essa for
ocultada do proprietário (em outras palavras,
por qualquer uso ilícito de força, como
daquele que tem o direito de se opor a essa
remover alguém de dentro de um veículo,
posse), ela permanecerá clandestina. Ainda que
arrombamento de fechaduras etc. Assim, para
seja mansa, a posse clandestina não é considerada
que seja justa, a posse deve ser mansa e justa;
pacífica;
PRECÁRIA
aqui não é necessário que haja violência empregada na apropriação do bem, mas sim o
abuso de confiança ou de direito. Também conhecida como Esbulho Pacífico, a Posse
Precária precisa ser obtida clandestinamente, podendo ocorrer a apropriação precária de
forma ostensiva. Um exemplo de posse precária é o locador de um veículo que não o
retorna ao locatário ao fim do prazo estipulado em contrato, ou mesmo um empregado
que se apropria indevidamente de um bem deixado a seus cuidados.
Dessa forma, a posse é considerada Justa quando não for Violenta, Clandestina ou
Precária. Em outras palavras, não pode haver dúvida quanto à posse, que deve ser clara e
firme, para que seja considerada justa. Um importante ponto a ser compreendido, que
pode parecer contra intuitivo, a princípio, é que tanto a posse justa quanto a injusta
garantem ao possuidor direito de valer-se de ações possessórias. Este direito é evidente
no caso do possuidor justo, porém o injusto, também, pode valer-se dos interditos para
preservar sua posse injusta. O exemplo apresentado pelo Professor Fábio Ulhoa Coelho
ilustra muito bem esta situação: imagine um posseiro que invada uma área de uma
fazenda, de forma clandestina e injusta. Neste caso, se um terceiro tentar turbar ou
esbulhar sua posse, ele poderá defendê-la (evidentemente ele não poderá fazê-lo contra
tentativas de retomada legais por parte do dono da fazenda, proprietário legítimo)2.
Lembre-se de que isto só é válido para proteger a posse ilegal de terceiros, nunca das
pessoas injustamente desapossadas.
POSSE DE BOA-FÉ E MÁ-FÉ
É CONSIDERADA DE BOA-FÉ A POSSE EM QUE O POSSUIDOR IGNORA OS
EVENTUAIS VÍCIOS DE SUA POSSE. ADICIONALMENTE, O POSSUIDOR QUE
POSSUA UM TÍTULO QUE DÊ FUNDAMENTO À POSSE, COMO UM CONTRATO
DE LOCAÇÃO, COMODATO OU ARRENDAMENTO.
ESTA DEFINIÇÃO É TRAZIDA PELO CÓDIGO CIVIL, DE MANEIRA CLARA, EM SEU ARTIGO 1.201. VEJAMOS:
ART. 1.201. É DE BOA-FÉ A POSSE, SE O POSSUIDOR IGNORA O VÍCIO, OU O OBSTÁCULO QUE IMPEDE A AQUISIÇÃO DA COISA. PARÁGRAFO
ÚNICO. O POSSUIDOR COM JUSTO TÍTULO TEM POR SI A PRESUNÇÃO DE BOA-FÉ, SALVO PROVA EM CONTRÁRIO, OU QUANDO A LEI
EXPRESSAMENTE NÃO ADMITE ESTA PRESUNÇÃO
A posse de boa-fé não perde esse caráter, salvo se comprovado que o possuidor
tem ciência de que possui o bem indevidamente, ou caso as circunstâncias façam
presumir isto, conforme art. 1.202 do Código Civil.
POSSE VICIADA E SEM VÍCIO
SEGUNDO O PROFESSOR FÁBIO ULHOA COELHO, A UNIÃO DOS CRITÉRIOS DE
CLASSIFICAÇÃO DE POSSE JUSTA/INJUSTA E POSSE DE BOA-FÉ/MÁ-FÉ
RESULTA NA DISTINÇÃO ENTRE UMA POSSE VICIADA OU SEM VÍCIO.
HÁ VÍCIO NA POSSE QUANDO ELA FOR INJUSTA OU DE MÁ-FÉ. CASO SEJA INJUSTA, SERÁ UM VÍCIO OBJETIVO, QUE DIZ RESPEITO À RELAÇÃO
ENTRE O POSSUIDOR E O OBJETO. POR OUTRO LADO, QUANDO SE TRATAR DE MÁ-FÉ, SERÁ UM VÍCIO SUBJETIVO, QUE TEM RELAÇÃO COM O
CONHECIMENTO DE OBSTÁCULOS QUE POSSAM MACULAR A LEGITIMIDADE DE SUA POSSE. CONHECENDO ESSES OBSTÁCULOS E, AINDA
ASSIM, TENTANDO MANTER A POSSE, ESSA SERÁ DE MÁ-FÉ, MAS, CASO O POSSUIDOR AS DESCONHEÇA, ELA SERÁ DE BOA-FÉ.
Sendo provado em juízo, de maneira que justifique a alteração da qualificação original da posse, sua alteração será
promovida.
POSSE NOVA OU POSSE VELHA
ESSA CLASSIFICAÇÃO SE REFERE AO TEMPO, E É IMPORTANTÍSSIMA PARA
QUESTÕES PROCESSUAIS REFERENTES ÀS AÇÕES POSSESSÓRIAS. A
CLASSIFICAÇÃO É EXTREMAMENTE SIMPLES, A POSSE NOVA É AQUELA QUE
CONTA COM ATÉ UM ANO, ENQUANTO A POSSE VELHA É A QUE CONTA COM
UM ANO E UM DIA OU MAIS. VÍCIO.
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma
exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros
compossuidores.
Pro Indiviso: ocorre
quando o compossuidores
possuem apenas uma parte
ideal do bem apenas;
A COMPOSSE PODE
SER CLASSIFICADA Pro Diviso: quando há uma
COMO: divisão de fato, mas não de
direito do bem, que faz com
que cada uma das pessoas
que o possui
conjuntamente possua uma
parte certa.
FOCO E ATENÇÃO AQUI
Por óbvio é necessário, para que haja a
Composse, um bem indivisível e a pluralidade de
possuidores em um mesmo período temporal.