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QUESTÕES DE DIREITOS REAIS

Prof. Carlos Alberto Garbi

1ª Série

1. Como se pode definir os Direitos Reais? São Direitos Reais ou Direito das Coisas?
Direitos reais podem ser definidos como os estudos e normas que regulam as
relações entre as pessoas e as coisas (objetos). Não se pode dizer que exista um
direito DAS COISAS, pois coisas não tem direitos, mas sim as pessoas possuem
direito sobre as coisas.
2. É possível falar em relação jurídica de direito real? Neste caso, qual é o objeto desta
relação jurídica?
A relação jurídica de direito real é definida pela relação entre pessoas e
determinada pela sua vinculação direta com a coisa.
Essa relação jurídica será constituída quando o direito que a pessoa tem sobre a
coisa for ofendido ou ameaçado, ou quando a ele se opuser algum obstáculo,
porque com isso o titular do direito real tem o direito de ver a situação
restabelecida, com a recomposição do estado anterior.
O objeto dessa relação é a coisa corpórea, material e concreta que se revela aos
sentidos do homem (ela é real, ela existe), pode ser objeto de posse e possui valor
econômico.
3. Como as teorias realista e personalista definem a relação jurídica de direito real? O
que são situação jurídica e relação jurídica?
A teoria personalista entende que a relação jurídica ocorre entre o proprietário e
todas as outras pessoas, tendo a coisa como objeto. Já a teoria realista entende
que os sujeitos da relação jurídica são a pessoa e o objeto, sem sujeito passivo.
A teoria personalista moderna adota a propriedade como uma situação jurídica
subjetiva. Enquanto a relação jurídica se estabelece com os sujeitos ativo e
passivo e o objeto, a situação jurídica é o que temos nos Direitos Reais, em que a
situação da propriedade existe de forma latente, mas ela só produz efeitos em face
de alguma ameaça à propriedade, pois, nessa situação surge o jus vindicandi.

4. O direito real se caracteriza pela sua oponibilidade absoluta, que vale erga omnes, e
que confere ao seu titular o jus vindicandi e o direito de sequela. Defina o significado
dessas características em relação ao direito pessoal.
o jus vindincandi é o direito que o proprietário tem de reivindicar a coisa. Enquanto
o direito de sequela é o direito que o proprietário tem de ir atrás de seu objeto
independente de quem que esteja com a posse.
5. Qual é o sentido e a aplicação do princípio da tipicidade nos direitos reais? Esse
princípio tem relação com um regime jurídico rígido ? Se pode falar, assim, em
estatuto de direito real?
A tipicidade nos direitos reais estabelece que a lei define os direitos reais, ou seja,
só a lei impõe tipos que são aqueles previstos no art. 1225, do CC, que
corresponde aos tipos em números fechados (numerus clausus) desse rol fechado,
dessa forma, esse princípio tem relação com um regime jurídico rígido, pois os
direitos reais existe se enquadrar rigorosamente na definição da lei, portanto, a
tipicidade compõe o estatuto dos direitos reais
6. 6. Qual é a diferença entre a publicidade dos direitos reais e a publicidade dos direitos
pessoais?
A publicidade dos direitos pessoais apenas deriva do direito à publicidade que o
cidadão tem em saber o que ocorre. Enquanto a publicidade nos direitos reais
condiciona a existência do estado jurídico da propriedade, principalmente dos bens
imóveis.
7. O que são obrigações propter rem?
Obrigações propter rem são obrigações própria da coisa, ou seja, é uma
característica da coisa, na qual compreende-se pelo o vínculo entre proprietário e a
coisa, por exemplo, existe o direito (próprio da coisa) de estabelecer demarcações
no imóvel de acordo com o art. 1297 do Código Civil.
8. É possível afirmar um regime jurídico constitucional para os direitos reais?
Sim, o artigo 5º, caput, e também no inciso XXII, da CF/88 garante a inviolabilidade
do direito de propriedade, e como está contido nesse artigo que corresponde a
direitos e garantias fundamentais, o direito de propriedade faz parte do núcleo
pétreo da Constituição/1988 e, por isso, não pode ser abolido.
9. O que é função social da propriedade?
A função social é uma cláusula aberta que se refere ao dever de não afronta à
constituição federal e o dever de proteção da fauna, flora, meio ambiente,
solidariedade, entre outros valores que o tempo aprimora.

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2ª Série

1. Qual a diferença entre posse e propriedade?


A posse é situação de fato, é algo situacional, mais dinâmico enquanto que a
propriedade é uma situação de direito, e, portanto, mais estável. Logo, entrando o
possuidor em conflito com o proprietário, a lei “larga a mão” do possuidor para
priorizar a proteção ao proprietário.
2. Explique as posições de Savigny e de Ihering sobre a posse. Qual delas foi adotada pelo
Código Civil brasileiro?
A Teoria Subjetiva, defendida por Savigny, acredita que a posse se define por
CORPUS + ANIMUS DOMINI, ou seja, será possuidor aquele que tiver a
apreensão física da coisa diretamente e com vontade de ser dono. Por outro lado,
Ihering, defensor da Teoria Objetiva, caracteriza posse a partir do comportamento,
de forma que possuidor será aquele que tem o poder de fato sobre a coisa e com
destinação, ou seja, tem atividades em relação à coisa se comportando como
dono. Para Ihering, a posse é a exteriorização da propriedade, à medida que
coloca um direito fictício na realidade, sendo assim deve ser também protegida
pelo regime jurídico. O Código Civil de 2002 adota em seu artigo 1996 a Teoria
Objetiva, porém em seu artigo 1238 reflete a Teoria Subjetiva. Dessa forma, pela
interpretação autêntica do autor do código, afere-se que deve ser considerada a
Teoria Objetiva de Ihering. Entretanto, essa distinção para o dispositivo não
mudaria em nada, pois ambas as teorias possuem pontos em comum, tendo a
posse como direito de propriedade, o que muda é apenas a forma de identificar se
há ou não a posse.
3. Qual a diferença entre posse e detenção?
A posse é o poder de fato sobre a coisa, sendo necessário a apreensão física e
destinação, de acordo com Ihering, para ser considerado possuidor. Por outro lado,
o detentor também tem o poder de fato, porém não é possuidor, pois deve seguir
ordens e instruções do proprietário, não realizando em nome próprio, como a
posse deve ser. Além disso, a detenção não é um fato jurídico, portanto não tem
proteção.
4. Os atos de mera permissão e tolerância produzem efeitos jurídicos?
Os atos de mera permissão e tolerância não induzem posse, portanto, não
produzem efeitos jurídicos, pois é possível ter acesso a posse de outrem sem que
gere efeito jurídico tutelado a quem teve acesso, nos termos do art. 1208, do CC. A
posse é um poder de fato exercido em nome próprio, já a permissão em nome de
outrem.
5. Qual a diferença entre posse direta e posse indireta? Pode-se falar em posse de direito
e posse de fato?
A diferença de posse direta e indireta ocorre através da ficção do
desmembramento da posse. A posse direta é sempre uma posse derivada do
possuidor indireto, sendo a posse daquele que está de fato com a coisa, por isso
considerada posse de fato. Já a posse indireta é a posse de direito, pois se refere
ao real possuidor, aquele que tem o direito sobre a coisa, mas não está de fato
com ela em mãos.

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3ª Série

1. Do ponto de vista objetivo a posse pode ser classificada em posse justa e posse injusta.
Qual a diferença entre elas?
A rigor, uma posse injusta será sempre viciada conforme estabelece o artigo 1203
do Código Civil, pois entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi
adquirida. Porém, se o possuidor viciado decidir comprar a coisa, por exemplo, ou
se ocorrer usucapião, ocorre a interversão da posse e ela deixa de ser viciada,
pois a causa da posse muda e se tornará possuidor de forma lícita
2. A posse injusta pode se convalescer deste vício?
Sim, a posse de boa-fé pode ser posse injusta, pois independente do
conhecimento do possuidor, a posse está viciada. E a posse de boa-fé pode se
converter em posse de má-fé quando o possuidor fica ciente da situação, nos
termos do art. 1202, do CC

3. A posse pode ser classificada, ainda, do ponto de vista subjetivo, em posse de boa-fé e
posse de má-fé. É correto dizer que a boa de boa-fé é posse injusta? A posse de boa-fé
pode se converter em posse de má-fé?
Sim, a posse de boa-fé pode ser posse injusta, pois independente do
conhecimento do possuidor, a posse está viciada. E a posse de boa-fé pode se
converter em posse de má-fé quando o possuidor fica ciente da situação, nos
termos do art. 1202, do CC

4. O que é justo título ? A posse com justo título tem presunção de boa-fé? Essa
presunção é relativa ou absoluta?
Justo título é qualquer documento que seria hábil a transmitir a propriedade sem
que haja algum vício desconhecido do adquirente, e esse justo título demonstra
presunção de boa-fé, previsto no art. 1201, do CC, entretanto, essa presunção é
relativa, pois pode haver justo título mesmo sendo de má-fé, nisso deve se provar
a má-fé.
5. Qual a diferença entre jus possidendi e jus possessionis?
A diferença entre jus possidendi e jus possessionis está na causa da posse, dessa
forma, o jus possidendi corresponde ao direito real em que se reivindica a coisa em
juízo quando o proprietário tem a posse e outro a detém indevidamente, já o jus
possessionis são ações possessórias em que se discute a reintegração da posse,
ou seja, era proprietário e outro deteve a posse injustamente, nesse caso, será
levada em conta a situação, ou seja, a posse pelo o fato e não a coisa.
6. Qual a diferença entre turbação e esbulho?
A turbação é uma perturbação na posse, por exemplo um vizinho que está sempre
derrubando a sua cerca ou jogando lixo em seu terreno. Neste caso, o artigo 1210
do CC estabelece que o possuidor tem o direito de ser mantido. Por outro lado, o
esbulho é a perda injusta da posse, como quando o terreno é invadido de forma
violenta, sendo que aqui o possuidor tem o direito de ter sua posse reintegrada.
7. Qual a diferença entre legítima defesa da posse e desforço imediato?
A legítima defesa da posse ocorre em casos de turbação e o possuidor pode
utilizar da força para ser mantido na posse. Já o desforço imediato envolve o
esbulho, podendo o possuidor utilizar da força para ser restituído da posse. Em
relação ao desforço há muitas críticas sobre sua constitucionalidade, pois acredita-
se ser desproporcional ferir alguém em prol de um direito sobre uma coisa,
entretanto a maior parte da doutrina afere sua constitucionalidade.

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