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Direitos Reais

Prof. Cristiano Colombo

DIREITOS
REAIS
1. Da Conceituação

Na conceituação do célebre Clóvis Beviláqua: “é o complexo das normas reguladoras


das relações jurídicas referentes às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem.”.

2. Dos Direitos Reais versus os Direitos Obrigacionais

No direito obrigacional, em regra, imediatamente há a identificação do sujeito ativo e


do sujeito passivo da relação jurídica, ou seja, quem receberá a prestação e quem deve
fazê-la – como no caso da obrigação de um pintor fazer um retrato -, enquanto nos
direitos reais está definido o sujeito ativo do direito – como, por exemplo, o proprietário
do bem -, enquanto o sujeito passivo é toda a coletividade, ou seja, erga omnes – perante
todos, somente sendo identificado individualmente, em caso de violação do direito. Em
face das mais variadas obrigações que possam existir, em face da liberdade de contratar,
a doutrina refere que os direitos obrigacionais são numerus apertus - abertos, enquanto
os direitos reais são numerus clausus – fechados, conforme rol taxativamente disposto
no ordenamento jurídico.

O objeto do direito das obrigações é uma prestação, que poderá ser de dar, fazer ou
não-fazer, enquanto nos direitos reais, o objeto são bens materiais móveis ou imóveis.
Os direitos obrigacionais têm como característica a transitoriedade, a efemeridade, uma
vez que quando avençados já apontam para serem extintos, como, por exemplo, na
obrigação de pintar uma residência, em que claramente se prevê o final do serviço; nos
direitos reais, há a perenidade, ou seja, ser proprietário de um imóvel é um direito que se
protrai no tempo indefinidamente. Não se questiona quanto durará a propriedade sobre
determinado bem.

Conforme Washington de Barros Monteiro: “o direito real pode, de tal arte, ser
conceituado como a relação jurídica em virtude da qual o titular pode retirar da coisa,
de modo exclusivo e contra todos, as utilidades que ela é capaz de produzir. O
direito pessoal, por seu turno, conceitua-se como a relação jurídica mercê da qual o
sujeito ativo assiste o poder de exigir do sujeito passivo, determinada prestação,
positiva ou negativa.”

3. Das Obrigações Propter Rem

Tendo características próprias dos direitos reais e dos direitos das obrigações, Sílvio de
Salvo Venosa afirma que a obrigação propter rem “fica no meio do caminho entre o direito
real e o direito obrigacional”. Da raiz latina, que dá o nome à obrigação, tem-se que nasce
“em razão da coisa”, ou seja, a obrigação acompanha a coisa. É o caso das dívidas
condominiais, que são vinculadas à coisa. Quem adquirir o imóvel, passa a ser obrigado a

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pagar as dívidas condominiais existentes, ainda que seja relativamente ao período


anterior em que se tornou proprietário do imóvel.

4. Dos Caracteres dos Direitos Reais e dos Direitos Reais em espécie

Conforme leciona Clóvis Beviláqua, os caracteres fundamentais dos direitos reais


são:

a) adere imediatamente à coisa, sujeitando o titular;

b) segue o seu objeto onde quer que este encontre (direito de sequela);

c) é exclusivo, não é possível instalar-se direito real onde outro já exista;

d) é provido de ação real, que prevalece contra qualquer detentor da coisa;

e) seu número é limitado, enquanto os direitos pessoais são infinitos.

Nos termos do artigo 1.225 da Lei 10.406/2002 - Código Civil Brasileiro (CCB), os
direitos reais são:

“Art. 1.225. São direitos reais:

I - a propriedade;

II - a superfície;

III - as servidões;

IV - o usufruto;

V - o uso;

VI - a habitação;

VII - o direito do promitente comprador do imóvel;

VIII - o penhor;

IX - a hipoteca;

X - a anticrese.

XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei nº 11.481, de
2007)

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XII - a concessão de direito real de uso. (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)”

Importa destacar que, além dos direitos reais acima referidos, outros direitos reais
podem vir a ser criados por lei, como recentemente o fez a Lei n. 11.481 de 2007. A posse
não é um direito real, uma vez que não está elencada no rol do artigo 1.225 do Código
Civil, no entanto, será objeto de estudo, visto que é manifestação do direito real de
propriedade.

Os direitos reais acima referidos serão analisados com pormenores oportunamente.

5. Da Classificação

Os direitos reais são classificados em:

a) Direito real sobre coisa própria, que se dá, sobretudo, no direito de propriedade;

b) Direito real sobre coisa alheia, que se dividem em:

1) direitos de gozo e fruição: superfície, servidão, uso, usufruto, habitação, concessão de


uso especial para fins de moradia e direito real de uso;

2) direitos de garantia: hipoteca, anticrese, penhor;

3) direito de promessa irrevogável de venda.

6. Da Posse

6.1. Da Conceituação

Na análise do conceito de posse, inarredável referir a existência de duas teorias:

a) a Teoria subjetiva de Savigny que refere ser a posse “o poder que tem a pessoa de
dispor fisicamente de uma coisa, com intenção de tê-la para si e de defendê-la contra
a intervenção de outrem.” Como se verifica, presente esta a detenção da coisa (corpus) e
a vontade de tê-la para si (animus).

b) a Teoria objetiva de Ihering que refere que para “constituir a posse basta o corpus”, ou
seja, o poder de fato exercido sobre a coisa. Cumpre aduzir, que Ihering não afasta o
elemento ânimo, no entanto, refere que não é elemento essencial, uma vez que quem se
acha no poder de fato exercido sobre a coisa tem esse elemento implícito. A teoria
objetiva foi adotada pelo Código Civil de 1916 e se mantém no atual Código Civil de 2002,
nos termos do artigo 1.196, a saber: “Considera-se possuidor todo aquele que tem de
fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.”.

Jornada III STJ 236: “Considera-se possuidor para todos os efeitos legais, também a
coletividade desprovida da personalidade jurídica.”
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Possuidor. É da apuração da situação fática que se pode aferir a natureza da titularidade


do possuidor. Colhe-se da doutrina que o possuidor é aquele que atua frente à coisa
como se fosse proprietário, pois exerce alguns dos poderes inerentes ao domínio e a
posse (STJ, 3ª Câmara, AgRgAg 29384/MS, Min. Waldemar Zveiter, j. 9.2.1993, DJU
22.3.1993, p. 4541).
6.2. Da Classificação da Posse

6.2.1. Da Posse Direta e da Posse Indireta

Em regra, os poderes ou faculdades do domínio encontram-se reunidos em uma única


pessoa. É o caso de pessoa que habita em residência própria. Quando os poderes
decorrentes do domínio estão distribuídos entre mais pessoas, temporariamente, tem-se
a posse direta e a posse indireta. É o caso do contrato de locação, em que o locatário tem
a posse direta - possui a coisa -, enquanto o locador mantém a posse indireta. É o que
preceitua o artigo 1.197 do Código Civil, a saber: “A posse direta, de pessoa que tem a
coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula
a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse
contra o indireto.”.

Como leciona Nelson Nery Junior: “Possuidor direto. Proteção contra o possuidor
indireto. Nos casos de convivência simultânea de posse direta e indireta, o possuidor
No tocante à devolução do imóvel pelo locatário, há ação própria de despejo, a teor do
direito (vg. Usufrutuário, credor pignoratício, locatário), tem proteção possessória
artigo 5º da Lei 8.245/91. (Lei do Inquilinato)
interdital contra o possuidor indireto (v.g. nu-proprietário, dono da coisa empenhada,
locador), caso sua posse seja molestada indevidamente, com atos de turbação ou
6.2.2. Da Composse
“Jornada I STJ 76: O possuidor direto tem direito de defender a sua posse contra o
Nos termos do artigo 1.199 do Código Civil: “Se duas ou mais pessoas possuírem
indireto, e este contra aquele.”
coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não
excluam os dos outros compossuidores.”.

“Composse. Área comum pro indiviso. Turbação. É cabível ação possessória


intentada por compossuidores para combater turbação ou esbulho praticado por um
deles, cercando fração da gleba comum. (STJ, 4ª. T. REsp. n. 136922-TO, Rel. Ruy
Rosado de Aguiar, v.u., j. 18.12.1997, DJU 16.3.1998).”

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6.2.3. Da Posse Justa e da Posse Injusta

A posse justa é a que não for violenta, clandestina ou precária, nos termos do artigo
1.200 do Código Civil. De outra banda, posse injusta é aquele que é violenta, clandestina
ou precária. Será violenta quando adquirida pela força (física, moral, natural);
clandestina, quando às ocultas daquele que tem interesse em conhecê-la; precária,
aquela havida com abuso de confiança, aquele que recebe a coisa, com dever de
restituição e não o faz.

6.2.4. Da Posse de Boa-fé e da Posse de Má-fé

A posse de boa-fé se dá quando o possuidor ignora vício, ou obstáculo que impede a


aquisição da coisa, nos termos do artigo 1.201 do Código Civil.

Importa trazer à lume o que preceitua o parágrafo único do artigo 1.201 do Código Civil,
a saber: “Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de
boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta
presunção.”

O conceito de justo título é aquele título que seria hábil a transferir o domínio, caso fosse
firmado pelo verdadeiro proprietário.

“Justo título. Jornada IV STJ 302: “Pode ser considerado justo título para posse de
Nos fé
boa- termos
o ato do artigocapaz
jurídico 1.202de
dotransmitir
Código Civil: “A posse
a posse de boa-fé sóobservado
ad usucapionem, perde esteocaráter no
disposto
caso e desde
no CC 113”. o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não
ignora que possui indevidamente.”, ou seja, tomando ciência de algum vício, desde o
momento da contestação da posse, o possuidor passa a ser de má-fé.

Se a posse iniciou injusta, com violência, clandestinidade ou precariedade, mantém-se o


mesmo caráter, relativamente aos adquirentes, a teor do artigo 1.203 do Código Civil:
“Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi
adquirida.”.

“Jornada III STJ 327. É cabível a modificação do título da posse – interversio


6.2.5. Da Posse
possessionis e da
– na Detenção
hipótese em que o até então possuidor direto demonstrar ato exterior
e inequívoco de oposição ao antigo possuidor indireto, tendo por efeito a caracterização
Nos
do termos
animus do artigo 1.198 do Código Civil Brasileiro (CCB): “Considera-se detentor
domini.”
aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse
em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. Parágrafo único.

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Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao
bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.”. Neste sentido,
não tem posse aquele que se limita a deter a coisa, em nome de outro, como no caso do
empregado, que cuida de um imóvel. É mero detentor. É fâmulo da posse, ou seja,
servidor da posse.

“Detenção. Conversão em posse. Jornada IV STJ 301: É possível a conversão da


detenção em posse, desde que rompida a subordinação, na hipótese de exercício em
6.2.6.
nomePosse
próprioAd Interdicta
dos e Posse Ad usucapionem
atos possessórios.”
O possuidor, em regra, tem posse ad interdicta, ou seja, poderá utilizar-se dos interditos
possessórios (manutenção de posse, reintegração de posse ou interdito proibitório) para
defender a sua posse. A posse também pode ser ad usucapionem, ou seja, posse
prolongada que poderá dar causa à usucapião.

6.2.7. Posse Nova e Posse Velha

A posse nova é a aquela dentro de ano e dia, enquanto a posse velha é de mais de
ano e dia. Nos termos do artigo 924 do Código de Processo Civil: “Regem o procedimento
de manutenção e de reintegração de posse as normas da seção seguinte, quando
intentado dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho; passado esse prazo, será
ordinário, não perdendo, contudo, o caráter possessório.”. Assim, quando dentro de ano e
dia, ou seja, posse nova caberá liminar para as ações possessórias; ultrapassando este
prazo, a ação é de força velha, portanto, não sendo lícito à parte o requerimento de
liminar.

6.3. Da Aquisição da Posse

6.3.1. Da Teoria Objetiva de Ihering

Tendo o Código Civil se filiado à teoria de Ihering, nos termos do artigo 1.204 do CCB,
tem-se que: “Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o
exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.” A posse é
o corpus.

6.3.2. Quem pode adquirir a posse

Nos termos do artigo 1.205 do Código Civil Brasileiro (CCB), tem-se que: A posse pode
ser adquirida: I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante; II - por
terceiro sem mandato, dependendo de ratificação; bem como a posse transmite-se aos
herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres, a teor do artigo 1.206 do
CCB.

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O herdeiro, desde a abertura da sucessão (morte do autor da herança), é possuidor e


proprietário dos bens e direitos que compõem a herança.

Pode-se adquirir a posse pelo constituto possessório, nos termos do artigo 1.267, em
seu parágrafo único, do Código Civil Brasileiro, a saber: “Subentende-se a tradição
quando o transmitente continua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao
adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou
quando o adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico.” É o que
ocorre quando o proprietário de um apartamento vende para terceiro, e, continua na posse
deste bem, locando o imóvel deste terceiro.

6.4. Dos Efeitos da Posse

6.4.1. Do Direito aos Interditos Possessórios

É o direito de ajuizar ações possessórias. Conforme o artigo 1.210 do Código Civil


Brasileiro: “O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação,
restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de
ser molestado.”

Neste sentido, em havendo turbação de sua posse, ou seja, a agressão contra a


posse, sem ter sido privado da posse, o interdito cabível é a Ação de Manutenção de
Posse. Em sendo caso de esbulho, que significa a perda da posse, caberá
Reintegração de Posse, que é o interdito que buscar recuperar a posse perdida, com o
fito de restituí-lo. Por último, em sendo ameaçada a posse, tem-se o Interdito
Proibitório, sendo de natureza preventiva.

O parágrafo primeiro do artigo 1.210 do Código Civil Brasileiro autoriza a autotutela, a


saber: “§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua
própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir
além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.”

6.4.2. Da Percepção dos Frutos

Conforme preceituam os artigos 1.214 e 1.215 do Código Civil Brasileiro, o


possuidor de boa-fé tem direito, enquanto durar a boa-fé, aos frutos percebidos; por
seu turno, o possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos,
bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que
se constituiu de má-fé; tendo direito somente às despesas da produção e custeio.

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6.4.3. Da Perda e Deterioração da Coisa

O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que


não der causa; o possuidor de má-fé, responde pela perda, ou deterioração da coisa,
ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na
posse do reivindicante, com fundamento legal nos artigos 1.218 e 1.219 do Código Civil
Brasileiro.

6.4.4. Do Direito à Indenização quanto às Benfeitorias

O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e


úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las,
quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção
pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis; enquanto ao possuidor de má-fé
serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de
retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias, a teor dos
artigos 1.219 e 1.220 do Código Civil Brasileiro.

6.5. Da Perda da Posse

Perde-se a posse quando cessa o poder sobre o bem, embora contra a vontade do
possuidor, ou seja, cessa de fato o exercício, pleno ou não, de alguns dos poderes
inerentes à propriedade, nos termos dos artigos 1.196, 1.223 e 1.224 do Código Civil
Brasileiro.

7. Do Direito Real de Propriedade

7.1. Da Conceituação

O artigo 1.228 do Código Civil Brasileiro aduz que o proprietário tem a faculdade de
usar, gozar e dispor da coisa (jus utendi, fruendi e abutendi), e o direito de reavê-la
do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. (direito de sequela)

7.2. Da Constitucionalização do Direito Civil

Os parágrafos havidos no artigo 1.228 do Código Civil Brasileiro, decorrem do fenômeno


da constitucionalização do Direito Civil, que passa pela função social da propriedade,
bem como a aplicação do princípio da boa-fé, como se pode verificar:

“1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas


finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade
com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio
ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e
das águas.

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§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou


utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.

§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por


necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em
caso de perigo público iminente.

§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado


consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos,
de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto
ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e
econômico relevante.

§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao


proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel
em nome dos possuidores.”

7.3. Dos Elementos da Propriedade

A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em


altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a
atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não
tenha ele interesse legítimo em impedi-las. A propriedade do solo não abrange as
jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os
monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais, nos termos
dos artigos 1.229 e 1.230 do CCB.

Nos termos do artigo 1.232 do CCB, pertencem ao proprietário: “Os frutos e mais
produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu proprietário, salvo se, por
preceito jurídico especial, couberem a outrem.”

7.4. Da Aquisição da Propriedade em Geral

7.4.1. Bens Móveis

Nos bens móveis a aquisição da propriedade pode se dar:

a) Pela Usucapião, a teor dos artigos 1.260 e 1.261 do Código Civil Brasileiro:

“Artigo 1.260: Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente
durante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade.”

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STJ, Súmula n. 193:

“O direito de linha telefônica pode ser adquirido por usucapião.”

“Artigo 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá
usucapião, independentemente de título ou boa-fé.”

“Apelação cível. Ação de usucapião. Bem móvel. Posse do veículo há mais de cinco
anos. Propriedade reconhecida. Animus domini caracterizado. Desnecessidade de
justo título e boa-fé. Apelo improvido. (70035609379)”

EMENTA: Apelação cível. Ação de usucapião. Bem móvel. Arrendamento mercantil.


Posse do veículo há mais de cinco anos. Propriedade reconhecida. Animus domini
caracterizado. Prescrição qüinqüenal. Código Civil, art. 206, §5º, I. Regra de
transição do art. 2.028 do Código Civil. Termo inicial a contar da data de entrada em
vigor do novo diploma legal. Precedentes. Verba honorária advocatícia mantida, com
incidência de correção monetária a partir da sentença. Apelo improvido; parcialmente
provido o recurso adesivo, vencida a revisora. (Apelação Cível Nº 70032756322, Décima
Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Breno Pereira da Costa
Vasconcellos, Julgado em 26/11/2009)

b) Pela Tradição/Entrega

A aquisição da propriedade de bens móveis se dá pela tradição, pela entrega do bem.


Se alguém adquire um livro, somente com a entrega do livro, passa a ser proprietário do
bem, conforme artigo 1.267 do Código Civil Brasileiro: “A propriedade das coisas não se
transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição.”.

7.4.2. Dos Bens Imóveis

7.4.2.1. Da Usucapião

Como forma de aquisição da propriedade está a Usucapião. A usucapião pode ser


classificada em:

a) Usucapião Extraordinária (artigo 1.238 do CCB):

“Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como
seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé;
podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o
registro no Cartório de Registro de Imóveis.

Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o


possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado
obras ou serviços de caráter produtivo.”

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b) Usucapião Ordinária (artigo 1.242 do CCB):

‘Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e


incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.

Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver
sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo
cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido
a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico.”

Neste a lei exige boa-fé, bem como justo título (é aquele título que seria hábil a
transferir o domínio, caso fosse firmado pelo verdadeiro proprietário).

c) Usucapião Especial Rural e Urbana

c.1) Rural (artigo 191 da Constituição Federal c/c artigo 1.239 do CCB):

“Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como
seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não
superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família,
tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.’

“Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como
sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não
superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família,
tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.”

c.2) Urbana (artigo 183 da Constituição Federal c/c artigo 1.240 do CCB):

‘Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta
metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a
para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à


mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.

§ 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.”

“Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta
metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para

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sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário
de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1o O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à


mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.

§ 2o O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo


possuidor mais de uma vez.”

“Jornada IV STJ 314: Para efeitos do CC 1240, não se deve computar para fins de limite
de metragem máxima, a extensão compreendida pela fração ideal correspondente à
área comum,”
Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição,
posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta
“Posse sobre área superior aos limites legais. Jornada IV STJ 313: “Quando a posse
metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que
ocorre sobre área superior aos limites legais, não é possível a aquisição pela via da
abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio
usucapião especial, ainda o pedido restrinja a dimensão do que se quer usucapir.”
integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (Incluído pela
Lei nº 12.424, de 2011)

§ 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma
vez.

7.4.2.2. Do Registro de Título

O Registro do Título transfere a propriedade de bens imóveis, a saber:

“Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título


translativo no Registro de Imóveis.

§ 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser


havido como dono do imóvel.

§ 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do


registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do
imóvel.

Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial do
registro, e este o prenotar no protocolo.”

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7.4.2.3. Por Acessão

A teor do artigo 1.248 do Código Civil, a acessão pode dar-se:

I - por formação de ilhas;

II - por aluvião; (Depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou
pelo desvio das águas destas)

III - por avulsão; (Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar
de um prédio e se juntar a outro)

IV - por abandono de álveo; (Leito do rio enxuto, sem água)

V - por plantações ou construções. Das Construções e Plantações

Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se


7.5.
feitaDa Perda
pelo da Propriedade
proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário.
Conforme
Art. 1.254.preceitua
Aquele oque
artigosemeia,
1.275 doplanta
CCB: ”Além das causas
ou edifica consideradas
em terreno neste
próprio com
Código, perde-se a propriedade:
sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica
obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de
I - por alienação;
má-fé.
II - 1.255.
Art. pela renúncia;
Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em
proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de
III - por
boa- fé, abandono;
terá direito a indenização.
IV - por perecimento
Parágrafo único. Se da coisa;
a construção ou a plantação exceder consideravelmente o
valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a
V - por desapropriação.”
propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente,

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ASSINALE VERDADEIRA OU FALSA – V OU F

1.( ) Adquirirá o domínio da coisa móvel o que a possuir como sua, com justo título, sem
interrupção nem oposição durante 5 (cinco) anos.

2.( ) O proprietário do veículo furtado pode reavê-lo de quem o detiver, ainda que este
esteja de boa-fé

3.( ) Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias úteis e


necessárias e não lhe assiste o direito de retenção pelo valor delas.

4.( ) O direito à percepção dos frutos do bem sobre o qual existe usufruto é do nu-
proprietário.

5.( ) A hipoteca abrange as acessões do imóvel.

6.( ) O dono do imóvel hipotecado não pode constituir sobre ele nova hipoteca em favor
de outro credor.

7.( ) Aquele que desfruta de servidão de trânsito pode defendê-la por ação possessória.

8.( ) Qualquer condômino pode, unilateralmente, instituir direito real de garantia sobre a
totalidade da coisa comum.

9.( ) O usufruto é transmissível causa mortis.

10.( ) Adquire-se a propriedade móvel com o título translativo respectivo.

11.( ) O usufrutuário não é obrigado a pagar as despesas ordinárias de conservação dos


bens no estado em que os recebeu.

12.( ) A hipoteca pode ser, excepcionalmente, adquirida via usucapião.

13.( ) O reivindicante obrigado a indenizar benfeitorias ao possuidor de boa-fé poderá


optar entre o valor atual e o custo da benfeitoria
14.( ) Na hipoteca, garante a obrigação principal tudo que possa ser extraível da coisa
hipotecada, como valor econômico.

15.( ) O princípio do numerus clausus não é aplicavel na área dos direitos reais.

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16.( ) Na constituição do penhor industrial, a tradição efetiva da coisa empenhada é


desnecessária.

17.( ) O credor anticrético tem direito de excutir a coisa dada em anticrese.

18.( ) O direito de superfície é usucapível na forma da usucapião extraordinária.


19.( ) O usufruto em favor de pessoa jurídica é perpétuo se ela perdurar por mais de
100 (cem) anos.

20.( ) O possuidor direto pode defender sua posse contra o possuidor indireto.
21.( ) O exercício de alguns dos poderes inerentes à propriedade, com a utilização da
violência, configura de imediato posse injusta.

22.( ) A enfiteuse de terrenos de marinha está vedada no ordenamento jurídico brasileiro.


23.( ) A usucapião de imóvel se adquire com o registro da sentença concessiva no
Registro de Imóveis.

24.( ) A servidão não usada durante 10 (dez) anos contínuos é passível de extinção.

25.( ) Todo direito de propriedade é perpétuo.

26. ( ) O usufruto e a superfície são direitos reais vitalícios, extinguindo-se com a morte do
ti- tular.

27. ( ) A promessa de compra e venda de imóvel, com a cláusula de arrependimento e


registrada no Registro de Imóveis, concede ao promitente comprador direito real à
aquisição do imóvel.

Quanto à aquisição da propriedade imóvel, considerando o novo Código Civil e as


seguintes assertivas,

28. ( ) É de 20 (vinte) anos o prazo para a aquisição da propriedade imóvel,


independentemente de título e boa-fé, desde que o possuidor, sem interrupção e nem
oposição, possua como seu o imóvel.

29. ( ) O prazo para aquisição da propriedade imóvel, independentemente


de título e boa-fé, desde que o possuidor, sem interrupção e nem oposição, possua como
seu o imóvel, é reduzido a 15 (quinze) anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel
a sua moradia, ou nele houver realizado obras ou serviços de caráter produtivo.

30. ( ) Adquire a propriedade do imóvel aquele que, contínua e


incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por 10 (dez) anos, sendo esse
prazo reduzido a 5 (cinco) anos se o imóvel houver sido adquirido onerosamente, com
base em registro constante do cartório respectivo, cancelada posteriormente, desde que

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os possuidores nele tiverem estabelecido sua moradia, ou realizado investimentos de


interesse social e econômico.

31. ( ) São suficientes 5 (cinco) anos ininterruptos para o possuidor que, não sendo
proprietário de imóvel rural ou urbano, adquira o domínio de área em zona rural não
superior a cinqüenta hectares, desde que a possua como sua e sem oposição, tornando-a
produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nele sua moradia.

32. ( ) Aquele que possuir, como sua, área urbana até duzentos e cinqüenta metros
quadrados, por 5 (cinco) anos ininterruptos, e sem oposição, utilizando-a para sua
moradia e de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja, durante o
qüinqüídio, proprietário de mais de um imóvel urbano ou rural.

33. De acordo com o que dispõe o Código Civil a respeito do usufruto, do uso e da
habitação, assinale a opção correta.

A) O usufruto é direito real que, a título gratuito ou oneroso, autoriza uma pessoa a retirar,
temporariamente, de coisa alheia todas as utilidades para atender às próprias
necessidades e às de sua família.
B) Pode-se transferir o usufruto por alienação.
C) O uso é o direito real temporário de ocupação gratuita de casa alheia, para moradia do
titular e de sua família.
D) A habitação é direito real limitado, personalíssimo, temporário, indivisível,
intransmissível e gratuito.

34. A respeito da posse, assinale a opção correta.


A) Sendo possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos
poderes inerentes à propriedade, não é possível adquirir posse mediante representação.
B) possuidor pode intentar ação de esbulho contra quem tenha praticado tal ato, mas não
pode intentá-la contra o terceiro que tenha recebido a coisa esbulhada, ainda sabendo
que o era, por não ser o terceiro uma parte legítima para figurar no polo passivo da
demanda.
C) A posse direta não anula a indireta; portanto, o possuidor direto poderá defender a sua
posse, ainda que seja contra o possuidor indireto.
D) A posse de boa-fé só perde esse caráter quando do trânsito em julgado da sentença
proferida em ação possessória.

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35. Em 2/7/2008, Renato teve de desocupar sua casa, que fora invadida por Glauber
e Walter. Duas semanas após o fato, Renato procurou um advogado para se
informar a respeito da providência jurídica que poderia ser adotada nessa situação.
Com base no que dispõe o atual Código Civil, é correto afirmar que Renato, na
situação hipotética apresentada,

A) pode utilizar-se do desforço imediato para defesa da sua posse.

B) deve pleitear a manutenção da posse, em razão do tempo ocorrido desde a turbação.

C) tem direito à reintegração da posse, por tratar-se de esbulho.

D) tem direito de requerer medida assecuratória ante a violência iminente.

36. Quanto aos direitos reais, assinale a opção correta.

A) Se for constituído o usufruto em favor de duas pessoas, o direito de usufruto da que


vier a falecer acrescerá automaticamente à parte do sobrevivente.
B) O titular de um direito real de habitação pode alugar o imóvel gravado e, com isso,
obter renda para a sua subsistência ou de sua família.
C) É nula a cláusula que proíbe ao proprietário alienar imóvel hipotecado; contudo, podem
os contratantes validamente firmar convenção acessória que autorize o
vencimento antecipado do crédito hipotecário, se o imóvel for alienado.
D) O penhor é um contato real que, para se aperfeiçoar, depende da tradição do bem, ou
seja, não dispensa a transferência efetiva da posse da coisa empenhada para o credor,
ainda que se trate de penhor mercantil ou de veículos.

37. No que se refere aos institutos da posse e da propriedade, assinale a opção


correta.
A) Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do
proprietário, as sementes, plantas e construções, com direito a indenização se procede de
boa-fé.
B) A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude
de direito pessoal, ou real, anula a indireta, de quem aquela foi havida.
C) Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias e úteis,
não lhe assistindo o direito de retenção pela importância das benfeitorias necessárias.
D) Caracteriza usucapião a posse, por cinco anos, de coisa móvel, desde que
comprovada a boa-fé do possuidor.

38. Quanto ao instituto da posse, a lei civil estabelece que

A) a posse pode ser adquirida por terceiro sem mandato, independentemente de


ratificação do favorecido.
B) o possuidor de má-fé tem direito à indenização pelas benfeitorias necessárias,
assistindo-lhe o direito de retenção pela importância destas.

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C) é assegurado ao possuidor de boa-fé o direito à indenização pelas benfeitorias


necessárias e úteis. Quanto às voluptuárias, estas, se não forem pagas, poderão ser
levantadas, desde que não prejudiquem a coisa.
D) obsta à manutenção ou à reintegração da posse a alegação de propriedade, ou de
outro direito sobre a coisa.

39. Por meio de uma promessa de compra e venda, celebrada por instrumento
parti cular registrada no cartório de Registro de Imóveis e na qual não se pactuou
arrependimento, Juvenal foi residir no imóvel objeto do contrato e, quando quitou
o pagamento, deparou-se com a recusa do promitente-vendedor em outorgar-lhe
a escritura definitiva do imóvel.
Diante do impasse, Juvenal poderá
(A) requerer ao juiz a adjudicação do imóvel, a despeito de a promessa de compra e
venda ter sido celebrada por instrumento particular.
(B) usucapir o imóvel, já que não faria jus à adjudicação compulsória na hipótese.
(C) desistir do negócio e pedir o dinheiro de volta.
(D) exigir a substituição do imóvel prometi do à venda por outro, muito embora inexisti sse
previsão expressa a esse respeito no contrato preliminar.

40. Passando por dificuldades financeiras, Alexandre instituiu uma


hipoteca sobre imóvel de sua propriedade, onde reside com sua família.
Posteriormente, foi procurado por Amanda, que estaria disposta a adquirir o
referido imóvel por um valor bem acima do mercado. Consultando seu
advogado, Alexandre ouviu dele que não poderia alienar o imóvel, já que
havia uma cláusula na escritura de insti tuição da hipoteca que o proibia de
alienar o bem hipotecado.
A opinião do advogado de Alexandre
(A) está incorreta, porque a hipoteca instituída não produz efeitos, pois, na
hipótese, o direito real em garantia a ser instituído deveria ser o penhor.
(B) está incorreta, porque Alexandre está livre para alienar o imóvel, pois a
cláusula que proíbe o proprietário de alienar o bem hipotecado é nula.
(C) está incorreta, uma vez que a hipoteca é nula, pois não é possível instituir
hipoteca sobre bem de família do devedor hipotecário.
(D) está correta, porque em virtude da proibição contratual, Alexandre não poderia
alienar o imóvel enquanto recaísse sobre ele a garantia hipotecária.

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