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Direito Civil

PBH
Prof. Élio Vasconcellos
DIREITOS REAIS

-“Direito das Coisas”;

- Normatizações – CF/88, Código Civil, Legislação Extravagante;

- Art. 1.196 ao Art. 1.510-A, Código Civil;

- Direitos reais: A propriedade; Superfície; As servidões; O usufruto; O


uso; Habitação; direito do promitente comprador do imóvel; O penhor; A
hipoteca; Anticrese; Concessão de uso especial para fins de moradia;
Concessão de direito real de uso; Laje; (Art. 1.225, CC);
DIREITO DAS COISAS
- CONCEITO: Conjunto de normas que disciplinam as relações jurídicas
referentes aos bens que comportam apropriação exclusiva pelo homem –
Rol taxativo – Tipicidade;
- Direitos autorais e propriedades intelectuais são regulados pelos D. reais?
A posição dominante é que apesar de serem direitos de propriedade, são
estão regulados por legislação própria (lei dos softwares, direitos autorais,
marcas e patentes);
- Prevalece majoritariamente a Teoria Realista/Dualista em os D. Reais são
diferentes dos D. Pessoais. A relação dos Direitos Reais é entre sujeito e a
coisa (relação de poder, de domínio) – A coisa sempre é determinada;
POSSE
T. de Savigny X T. de Ihering
-Teoria Subjetiva de Savigny (animus/vontade): Só poderia ser
considerado possuidor aquele sujeito que cumulava os requisitos de
“corpus” com “animus”.
- Elemento objetivo: o “corpus” corresponde ao controle material sobre a
coisa. Elemento subjetivo: o “animus” está relacionado à intenção do
sujeito de ter a coisa para si. (POSSE = CORPUS + ANIMUS)
- Para Savigny, o locatário não tem a posse da coisa alugada, pois neste
caso não há o elemento subjetivo “animus” (intenção de ter a coisa para
si). O locatário também não terá a posse, pois a ele falta o “corpus”
(controle material sobre a coisa).
POSSE
- Para Savigny, DETENÇÃO é igual a “corpus” sem “animus”.

-DETENÇÃO = CORPUS  Controle material sobre a coisa;

-Assim, de acordo com sua teoria, verifica-se a detenção quando o sujeito


controla materialmente a coisa, mas sem a intenção de tê-la para si.
Exemplo: locação  Locador X Locatário;

- Quanto ao locador, não terá posse, tampouco detenção, por AUSÊNCIA


DE CORPUS em ambas as situações.
POSSE
- Teoria OBJETIVA de Ihering – adotada pelo CC/02 (“corpus”/aparência
de propriedade): Aparência de proprietário (Corpus), ou seja, “eu” exerço
um comportamento semelhante ao de proprietário. Mas lembre-se! Nessa
Teoria, o “animus” se assemelha ao “corpus”, quer dizer, seria a intenção
de atuar sobre a coisa como se proprietário fosse, mas não de ter a coisa
para si.
- POSSE = “CORPUS”

- A DETENÇÃO é a posse juridicamente desqualificada, a lei que irá dizer


se é detenção ou posse, pois é a lei quem desqualifica juridicamente.
-“DETENÇÃO = POSSE JURIDICAMENTE DESQUALIFICADA”
POSSE
- Em relação a posse, foram criadas duas teorias, sendo elas: objetiva X
subjetiva.
-Para a Teoria Objetiva, criada por Ihering, será possuidor apenas aquele
que tiver o elemento CORPUS (agir como se proprietário fosse), portanto,
NÃO HÁ O ELEMENTO SUBJETIVO: ANIMUS (vontade);
- Para a Teoria Subjetiva, criada por Savigny, será possuidor se preencher
cumulativamente dois requisitos: 1) CORPUS (exercer controle material
sobre a coisa) + 2) ANIMUS (vontade de ser dono (proprietário) da coisa)

- ATENÇÃO! Perceba que Ihering e Savigny entendem de maneira distinta


sobre os requisitos Corpus e Animus.
POSSE
- Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o
exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
(situação de fato  usar, gozar, dispor)

- Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da


coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a
possua ou detenha. (situação de direito  usar, gozar, dispor e reivindicar)

- Ato Translatício – Art. 1.226, CC e Art. 1.227, CC:


- Bens móveis: Tradição;
- Bens imóveis: Registro – (Exemplo de Exceção à regra: Art. 108, CC);
DETENÇÃO
- É a posse juridicamente desqualificada. Hipóteses de detenção:
- Fâmulo (servidor) da posse:
-Art. 1.198 do CC. Considera-se detentor aquele que, achando-se em
relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste
e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
-Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como
prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se
detentor, até que prove o contrário.
-Exemplo: Caseiro, empregado, bibliotecário – Conserva a posse em
relação de dependência/subordinação mediante instrução proferida pelo
possuidor
DETENÇÃO
- Atos de violência ou clandestinidade/mera permissão ou tolerância:

-Art. 1208, CC. Não induzem posse os atos de mera permissão ou


tolerância assim como não autorizam a sua aquisição (da posse) os atos
violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a
clandestinidade.
- Atos de mera permissão ou tolerância: Permissão é a autorização prévia
e expressa para a utilização da coisa.

- A tolerância é verificado no uso da coisa sem autorização.


DETENÇÃO
- O clandestino atua sobre a coisa às escondidas. Ele não quer que o
proprietário saiba que ele está ali, fazendo de tudo para que isso não
aconteça. Esta situação caracteriza mera detenção. Cessada a
clandestinidade ele adquire a posse injusta.

- Atuação por particulares sobre bens públicos sem autorização: Se há


autorização do Poder Público é posse. Contudo, se o particular atua sobre
o bem público sem autorização, restará caracterizada a mera detenção,
através de tolerância. Os bens públicos não estão sujeitos à usucapião.

- Em síntese, detenção é uma das formas de apreensão física da coisa;


POSSE
- POSSE PLENA, DIRETA OU INDIRETA – DESDOBRAMENTO DA POSSE
1) POSSE – PLENA X DESDOBRADA: Plena é aquela em que não houve o
desdobramento da coisa. Desdobrada ocorre na subdivisão entre: direta x
indireta. Logo, se não há desdobramento, ela será plena.
2) O desdobramento da posse caracteriza-se pelo exercício da posse de 02
ou mais pessoas sobre a coisa. Sua causa se dá em virtude de um negócio
jurídico estabelecido (direta x indireta). (Art. 1.197, CC) Esse
desdobramento pode ser:
 Temporário;
 Consequência/Efeito: Transfere o poder “de fato” sobre a coisa.
Observação: A posse direta NÃO ANULA a indireta, ou seja, elas passam a
coexistir. (Paralelas)
POSSE
1.1) Posse direta: A posse direta é caracterizada pelo controle material
sobre a coisa e possui as seguintes características:
1.1.1) Temporária: A posse direta é sempre e necessariamente
temporária, sendo que o fim dessa posse ocorrerá com o fim do contrato
que a concedeu, uma vez que a posse foi desmembrada em razão dele.
1.1.2) Subordinada/derivada: os poderes do possuidor direto dependem
da relação jurídica que provocou o desdobramento da posse, pelo que sua
atuação pode ser mais ampla ou mais restrita.
2) Posse indireta: A posse indireta é aquela exercida pelo sujeito que não
controla materialmente a coisa, pois transferiu o poder de fato sobre ela
para um possuidor direto.
POSSE
3) POSSES PARALELAS: É a coexistência da posse direta e indireta. Então,
necessariamente houve o desdobramento da posse – Atenção: Uma NÃO
anula a outra, elas coexistem.

4) PROTEÇÃO DA POSSE NO DESDOBRAMENTO: De acordo com o art.


1.197, o possuidor direto pode defender a sua posse contra o indireto.
Contudo, apesar de o artigo não deixar claro, esse mesmo direito é
concedido ao possuidor indireto.
POSSE
- POSSE EXCLUSIVA: Ocorre quando a posse é exercida por uma única
pessoa.
- COMPOSSE: A doutrina afirma que a composse ocorre nos casos que
duas ou mais pessoas exercem, simultaneamente, o poder de fato sobre
uma mesma coisa, sendo que essa coisa é indivisível ou encontra-se em
estado de indivisão. (Art. 1.199, CC)
Composse (posse) x Condomínio (propriedade);
Extinção da composse: I - Divisão da coisa: essa divisão pode decorrer do
consenso ou de uma medida judicial. II – Concentração da posse nas mãos
de apenas um dos compossuidores: Se for apenas sobre uma parte da
coisa, a composse será extinta somente em relação a essa parte.
POSSE
QUANTO AOS VÍCIOS OBJETIVOS (relacionados a aquisição da posse):
a) Posse Justa: aquela adquirida em conformidade com o ordenamento
jurídico. (Exemplo: alugar uma casa);
b) Posse Injusta: aquela adquirida em desconformidade com o
ordenamento jurídico (violenta, clandestina ou precária).
b.1) Posse violenta: aquela adquirida através de violência ou ameaça. A
posse violenta só surge quando cessar a violência, porque enquanto a
violência estiver ocorrendo, será mera detenção (art. 1.208, CC). Essa
violência pode ser praticada contra a pessoa ou contra a coisa. Se for
praticada contra a pessoa, ela necessariamente levará à posse injusta. Se
for praticada contra a coisa, somente será injusta se implicar no
desapossamento do possuidor anterior.
POSSE
b.2) Posse clandestina: aquela que foi adquirida às ocultas, às escondidas
do verdadeiro possuidor. A clandestinidade cessa quando essa atuação
sobre a coisa se dá de forma ostensiva, pública, ainda que o dono da coisa
não tome conhecimento do fato. Nesse caso, há interrupção da detenção e
o início da posse clandestina.

b.3) Posse precária: aquela adquirida por abuso de confiança, uma vez que
o sujeito retém a coisa por um período além do que está autorizado, a
partir de quando ele começa a exercer posse precária.
POSSE
QUANTO AOS VÍCIOS SUBJETIVOS:

a)Posse de boa-fé: O sujeito ignora por desconhecimento a presença de


vícios. Essa boa fé é a subjetiva, quer dizer, trata-se das crenças internas do
indivíduo, a forma como entende que determinada situação acontece.
REQUISITOS: I) Possuidor ignora o vício (desconhece, em sua esfera íntima
da situação – para ele, a sua posse é legítima, embora na realidade não
seja) + II) Esse desconhecimento decorre de um comportamento ético
(isto é, diligente e não de um comportamento negligente)

b) Posse de má-fé (Exatamente o contrário dos critérios acima) – Art.


1.201,CC – Art. 1.216, CC
POSSE
Conversão da posse boa-fé em má-fé (Art. 1.202, CC): Situação anterior
de Ignorância+ comportamento ético  Indivíduo toma conhecimento da
ilegitimidade (objetivamente)  Ainda assim, persiste em manter-se na
posse, agora com o conhecimento de que é ilegítima.

Exemplo: Citação para contestar uma ação em virtude de perda da coisa.


Logo, se o pedido for julgado improcedente, o possuidor continua
exercendo posse de boa-fé desde sempre. Por sua vez, se o pedido for
julgado procedente, com o trânsito em julgado da decisão, a posse será
considerada de má-fé desde a citação (ou seja, desde o momento em que
“ele” teve o conhecimento
POSSE
Efeitos: O possuidor tem direito aos frutos/benfeitorias enquanto sua
posse for de boa-fé.

Se de má-fé, deve devolver frutos/benfeitorias (exceto necessárias, que


neste caso tem direito de ser ressarcido) ao real possuidor.
POSSE
- INTERVERSÃO DA POSSE – Art. 1.203. Salvo prova em contrário,
entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.
Em regra, a posse, uma vez adquirida, mantém o caráter pelo qual foi
adquirida durante toda sua existência. Sendo assim, se ela foi adquirida
mediante algum vício, esse vício será carregado por ela para sempre.
Porém, excepcionalmente, mediante prova em contrário, em razão de
determinados fatos, o caráter da posse pode ser alterado durante sua
existência, e a este fenômeno dá-se o nome de interversão da posse.

(Casa é invadida e posteriormente é comprada ou alugada pelo possuidor


– injusta para justa)
POSSE
- Transmissão da posse aos herdeiros ou legatários (Art. 1.206) A posse
transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos
caracteres;

 AÇÕES POSSESSÓRIAS E PETITÓRIAS


O juízo petitório (defesa do título – ex.: reivindicatória) está relacionado
às ações judiciais nas quais o sujeito busca proteger a posse com
fundamento em um título. O pedido é a posse e a causa de pedir é o título
O juízo possessório (defesa possessória) está relacionado às ações
judiciais nas quais o sujeito busca proteger a posse com base na própria
posse e não em um título. O pedido é a posse e a causa de pedir é também
a posse.
POSSE
-Posse “ad interdictae”: (posse para os interditos) espécie possessória que
confere defesas (ação) por possessória (manutenção, reintegração e
interdito probitório);
-Posse “ad usucapionem”: (posse para usucapião) em razão do exercício
com “animus domini sibi habendi” (além de comportar como dono, tem o
desejo de ter a coisa para si), autoriza a usucapião;
-Posse “pro labore”: (posse trabalho) qualificada em razão do exercício de
atividades geradoras de renda para o possuidor e sua família conferindo
forte função social;
-Posse “pro moradia”(habitação): posse qualificada pelo possuidor e/ou
sua família residirem no imóvel;
POSSE
-“Jus possidendi” (posse causal ou titularidade): é o direito à posse
derivado da propriedade ou de outro direito real. É um direito de posse
que deriva de um título que confere ao possuidor o exercício da posse;
(contrato de aluguel para o locatário, a própria propriedade);
-“Jus possessionis” (posse formal ou natural): adquirida sem nenhum
título (posse sobre coisa perdida);
-“Constituto possessório” (Cláusula “constituti” – não se presume): modo
de aquisição da posse que se verifica todas as vezes em que uma pessoa
que possuía em nome próprio passa a possuir em nome de outrem (ajuste
entre as partes – exemplo: pessoa compra imóvel e ajusta cláusula para
deixar antigo proprietário/vendedor residindo ali a título de comodato);
POSSE
- AQUISIÇÃO DA POSSE: A posse pode ser adquirida a partir do momento
em que torna-se possível o exercício, em nome próprio, dos poderes
inerentes a propriedade, como: gozar, usufruir, dispor (caso contrário.

- Observação: A posse também pode ser exercida por terceiro SEM


MANDATO, PORÉM DEPENDENDO DE RATIFICAÇÃO.

-Caso o contrário, se não estiverem presentes estes requisitos, estaremos


diante do instituto da DETENÇÃO.
POSSE
- FORMAS DE AQUISIÇÃO DA POSSE:
-Título Originário: é a forma de aquisição da posse que resulta do simples
exercício do poder de fato de atuar sobre a coisa sem nenhuma base
negocial. (res nullius – sem dono e res derelicta - abandonada).
Título Derivado: é a transmissão da posse de uma pessoa a outra em razão
de uma relação jurídica. É chamada também de posse civil (alugar casa
para passar temporada). A aquisição da posse a titulo derivado se efetiva
através da tradição, que pode ser:a) Tradição real/efetiva: entrega
material da coisa; b)Tradição simbólica: Há prática de ato que simboliza a
entrega material(entrega da chaves de uma casa); c)Tradição
consensual/ficta: o que marca essa tradição é o acordo de vontades;
PROPRIEDADE EM GERAL
- Art. 5º: XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
Art. 1.225, I, CC e Art. 1.228, CC – Direitos reais sobre coisa própria (“jus in
re propria”) e Direitos reais sobre coisa alheia (“jus in re aliena”);
O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito
de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou
detenha.
- Favorece a propriedade – Direito de Laje: Art. 1.510-A. O proprietário
de uma construção-base poderá ceder a superfície superior ou inferior de
sua construção a fim de que o titular da laje mantenha unidade distinta
daquela originalmente construída sobre o solo.
PROPRIEDADE EM GERAL
- Direito de usar (“jus utendi”): possibilidade de servir-se da coisa;
- Direito de gozar/fruir (“jus fruendi”): possibilidade de obter os frutos e
produtos da coisa, explorando economicamente;
JUS DISPONENDI
- Direito de dispor (“jus abutendi”): possibilidade do proprietário alterar a
substância da coisa (consumir, alienar, gravar com ônus ou submetê-la ao
serviço de outrem); >> UM DOS ATRIBUTOS DO DOMÍNIO
- Direito de reivindicar (“rei vindicatio”): prerrogativa do proprietário que
lhe confere o direito de excluir a ingerência de terceiros sobre a coisa,
mediante ação reivindicatória;
PROPRIEDADE EM GERAL
- Art. 1.228 (...) DESAPROPRIAÇÃO Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e
o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou
detenha.

- § 3º O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de


desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social,
bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente.

- § 4º O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel


reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé,
por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela
houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços
considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante.
PROPRIEDADE EM GERAL
- Art. 1.229 ao Art. 1.232 – ABRANGENCIA DA PROPRIEDADE

- Propriedade do solo abrange: espaço aéreo e subsolo correspondentes,


em altura e profundidade úteis ao seu exercício (não pode o proprietário
se opor a alturas ou profundidades que não haja legítimo interesse;
- Propriedade do solo NÃO abrange: as jazidas, minas e recursos minerais,
os potenciais de energia hidráulica, monumentos arqueológicos e bens
referidos por leis especiais.
- Frutos e produtos da coisa: Pertencem, mesmo separados, ao seu
proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem
PROPRIEDADE EM GERAL
- DESCOBERTA – Art. 1.233, CC – Quem quer que ache coisa alheia
perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor.
- Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo,
e, se não o encontrar, entregará a coisa achada à autoridade competente.
- Em caso de restituição – Recompensa não inferior a 5% do valor da coisa
e indenização com os custos para transporte e conservação;
- Descobridor responderá por perdas e danos que deu causa, se agir
dolosamente;
- A autoridade dará ciência da descoberta; Se transcorrido 60 dias da
divulgação pela imprensa ou edital não encontrar o proprietário, serão
deduzidas despesas e a recompensa e após vendida em hasta pública;
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
- Art. 1.238 ao Art. 1.259 do Código Civil - Aquisição – Classificação:
-ORIGINÁRIA (não há relação jurídica entre o atual proprietário e seu
antecessor – Eventuais vícios e ônus existentes sobre o bem NÃO será
transmitidos);
- DERIVADA: (haverá relação jurídica entre o novo e antigo proprietário –
Neste caso, eventuais vícios SERÃO transmitidos ao novo proprietário);
-Aquisição pelo Registro (derivada), Usucapião (originária), Acessão
(Natural [originária] ou Artificial [derivada ou originária, a depender do
caso]);
- Não são formas taxativas – Podem se dar de outras maneiras; EXEMPLOS:
sucessão, casamento comunhão universal de bens;
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
- REGISTRO: Negócio Jurídico realizado – Promessa de Compra e Venda –
Se superior a 30 salários mínimos (Art. 108, Código Civil), necessário
realizar Escritura Pública – Posteriormente, levar a Registro  Proprietário
(Presunção relativa);
- Características do Registro: - O registro está vinculado a um título
(Escritura pública de doação, de compra e venda, formal de partilha, carta
de sentença e outros – E um contrato entre particulares? Exceção prevista
no art. 108, CC – Neste caso será possível); - Presunção Relativa;
Excepcionalmente Presunção Absoluta: I – Levar a registro uma Carta de
Sentença que foi reconhecida a usucapião; II – Registro TORRENS
(propriedade rural) – Procedimento Administrativo que traz essa
presunção;
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
- USUCAPIÃO (ou prescrição aquisitiva): Forma originária de aquisição da
propriedade (e de outros direitos reais: servidão, laje, etc.), na qual o
possuidor de coisa alheia exerce a posse, de forma contínua e pacífica
(sem oposição) por período de tempo suficiente, segundo a lei, para
adquirir a propriedade seja com bens móveis e/ou imóveis;
- Disposições comuns a todas as modalidades:
-1ª - Não há ITBI; 2ª Ônus reais sobre o bem são extintos no momento da
aquisição (hipoteca, por exemplo); 3ª É adquirida no momento que todos
requisitos são atendidos (declaratória) – Retroatividade dos efeitos
desde a posse (IPTU, desde a posse sim); 4ª Não é mais procedimento
especial com o novo CPC – Art. 246, §3º CPC;
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
- USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA: Art. 1.238, CC;

- USUCAPIÃO ORDINÁRIA: Art. 1.242, CC;

- USUCAPIÃO ESPECIAL: *Urbana: Art. 183, CF/88 e Art. 1.240, CC

*Rural: Art. 191 e Art. 1.239, CC;

*Familiar: Art. 1.240-A, Código Civil;


AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
- USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA - Art. 1.238. Aquele que, por quinze
anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel,
adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé;
podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá
de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.

Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos


se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou
nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
- USUCAPIÃO ORDINÁRIA - Art. 1.242. Adquire também a propriedade
do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e
boa-fé, o possuir por dez anos.

Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o


imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro
constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os
possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado
investimentos de interesse social e econômico.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
PREVISÃO LEGAL: ART 183 DA CF E ART 9 DO ESTATUTO DA CIDADE

- USUCAPIÃO ESPECIAL URBANA: Art. 1.240. Aquele que possuir, como


sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por
cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem


ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2º O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao
mesmo possuidor mais de uma vez.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
TAMBÉM CHAMADA DE USUCAPIÃO PRO LABORE

- USUCAPIÃO ESPECIAL RURAL: Art. 1.239. Aquele que, não sendo


proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos
ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a
cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua
família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
- USUCAPIÃO FAMILIAR: Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois)
anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade,
sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros
quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro
que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família,
adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de
outro imóvel urbano ou rural. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011)

§1º O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo


possuidor mais de uma vez.
EXTRAORDINÁRIA ORDINÁRIA RURAL URBANA INDIVIDUAL URBANA COLETIVA FAMILIAR

Art. 1.238, CC Art. 1.242, CC Art. 1.239, CC Art. 1.240, CC Art. 10 a 14 da Lei nº Art. 1.240-A, CC
Lei nº 6.969/81 e Art. Lei nº 10.257/01 e Art. 9º 10.257/01 – Estatuto das
191, CF/88 e Art. 183, CF/88 Cidades

- “Animus Domini” - Justo Título - Moradia ou - Moradia; - Moradia; - Moradia;


Trabalho;
- 15 anos - Boa-fé - Urbana; - Urbana; - Urbano;
- Área Rural
- 10 anos - Até 250 m²; - Mais de 250 m²; - Até 250 m²;
- Até 50 ha;
- Não ser proprietário de - Não ser proprietário de - Não ser proprietário de
- Não ser outro bem imóvel urbano outro bem imóvel urbano outro bem imóvel urbano
- Função Social (moradia - Função Social - proprietário de outro ou rural; ou rural; ou rural;
ou obras/serviços Aquisição Onerosa  bem imóvel urbano
produtivos)  Redução Redução do prazo ou rural; - 5 anos; - 5 anos; - 2 anos;
do prazo para 10 anos; para 5 anos
- 5 anos; - Não for possível a - Posse exclusiva;
individualização da área;
- Condomínio com cônjuge
- Ocupação por famílias ou companheiro;
de baixa renda;
- Abandono do lar pelo
cônjuge ou companheiro;
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
AMPLIAÇÃO POR MEIOS NATURAIS OU POR OBRA HUMANA
- ACESSÃO – Art. 1.248 ao 1.259 do Código Civil - Método de aquisição de
propriedade que observa a premissa de acessório acompanhar o principal;
SEÇÃO III, SUBSEÇÕES
Acessão Natural: Ocorre em casos oriundos
SOMENTE ÁGUAS NÃO NAVEGÁVEIS
de forças da natureza (incisos
I a IV) – I - por formação de ilhas (exemplo: ilha dentro de algum imóvel
que passa um rio, pertencerá aquele imóvel); II - por aluvião (depósito de
terra ao longo dos anos ou recuo natural de águas); III - por avulsão
(Desprendimento abrupto de terra de um prédio e fixação ao outro, há
indenização ao proprietário que perdeu a porção de terra ou a
possibilidade de remoção no do prazo de 1 ano); IV - por abandono de
álveo (parte do rio que secou e as porções são divididas igualmente entre
os confrontantes);
álveo: 1.leito de rio ou qualquer outro curso de água. 2.abertura de rego, corte em terreno.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
- ACESSÃO – Art. 1.248 ao 1.259 do Código Civil

- Acessão Artificial – Ocorre por intervenção humana (inciso V) –


construções (nova construção em algum terreno) ou plantações (plantar
uma árvore no terreno da fazenda);

- Em razão da respectiva diferença entre natural e artificial, a depender do


caso, poderá ser método de aquisição originária ou aquisição derivada;
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
- Art. 1.260 ao Art. 1.264 do Código Civil – Aquisição: Tradição (derivada),
Usucapião (originária) e Ocupação (originária);

Usucapião de bens móveis – PRAZO: Art. 1.260. Aquele que possuir coisa
móvel como sua, contínua e incontestadamente durante três anos, com
justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade. (Ordinária);

Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos,


produzirá usucapião, independentemente de título ou boa-fé.
(Extraordinária);
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
- Usucapião sobre bem móvel produto de Furto? Seria uma apreensão
ensejadora de posse injusta e, portanto, uma detenção (autônoma), nos
termos do art. 1.208, 2ª parte, do CC. Não passível de usucapir.

- E alienação fiduciária? A alienação é garantia por terceiro. Sendo um


contrato que desdobra a posse, a transferência da posse direta a terceiros
depende de autorização. Informativo 425 do STJ. Não seria possível

-OCUPAÇÃO: Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para


logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei.
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
- A ocupação é uma forma originária de aquisição de propriedade de bens
móveis verificada pela apreensão sobre as coisas sem dono (“res nullius”)
ou coisas abandonadas (“res derelictae”), desde que não haja vedação
legal para tanto.

- TRADIÇÃO – Art. 1.267 ao 1.268 do Código Civil: É a entrega do bem;


- Pode ser real ou efetiva: próprio objeto sendo está sendo transferido de
um para o outro sujeito (compra de um salgado);
- Simbólica: É considerada pela entrega de uma representação do objeto
(entrega das chaves do carro);
- Ficta: I – Pela Lei; II – Pela Vontade; III – Costumes;
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
-II – Pela Vontade: “Constituto Possessório”: aquele que possuía em nome
próprio passa a possuir em nome alheio. Transfere-se o domínio com a
posse indireta, mantendo-se na posse direta por determinado tempo.

-“Traditio Brevi Manu”: é a situação inversa do “constituto”. Já se tem a


posse direta, adquire-se também a propriedade e, consequentemente, a
posse indireta. Ou seja, aquele que possuía em nome de outrem passa a
possuir em nome próprio (posse plena);
PERDA DA PROPRIEDADE
- Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a
propriedade:
I - por alienação;
II - pela renúncia;
III - por abandono;
IV - por perecimento da coisa;
V - por desapropriação.
Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da
propriedade imóvel serão subordinados ao registro do título transmissivo
ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis.

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