Você está na página 1de 99

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

TJ-SP FULL EXPERIENCE

JUIZ SUBSTITUTO

SIMULADO XIV

Bloco I
DIREITO CIVIL

1. Assinale a alternativa INCORRETA.


a) A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer
interpretação ou orientação nova sobre norma de conteúdo indeterminado,
impondo novo dever ou novo condicionamento de direito, deverá prever regime
de transição quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento de
direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo
aos interesses gerais.
b) Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base
em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências
práticas da decisão.
c) Na interpretação de normas sobre gestão pública, não serão considerados os
obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a
seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos administrados.
d) A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou
da invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa,
inclusive em face das possíveis alternativas.
Gabarito: C
a) Correta, segundo o art. 23, LINDB: A decisão administrativa, controladora ou
judicial que estabelecer interpretação ou orientação nova sobre norma de conteúdo
indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento de direito, deverá
prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou
condicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e
eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais.
b) Correta, segundo o art. 20, LINDB: Nas esferas administrativa, controladora e
judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam
consideradas as consequências práticas da decisão.
c) Incorreta, segundo o art. 22, LINDB: Na interpretação de normas sobre gestão
pública, serão considerados os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as
exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos
administrados.
d) Correta, segundo o art. 20, Parágrafo único, LINDB: A motivação demonstrará a
necessidade e a adequação da medida imposta ou da invalidação de ato, contrato,
ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis
alternativas.

2. Assinale a alternativa CORRETA de acordo com as disposições do Código Civil.


a) A existência da pessoa natural termina com a morte, presume-se esta, quanto
aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a declaração de ausência.
b) Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência apenas se
for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida.
c) A declaração da morte presumida sem decretação de ausência somente poderá
ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença
fixar a data provável do falecimento.
d) Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo
averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presume-se que o mais
velho tenha falecido primeiro.
Gabarito: C
a) Incorreta, segundo o art. 6º, CC: A existência da pessoa natural termina com a
morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a
abertura de sucessão definitiva.
b) E existem duas hipóteses de morte presumida sem decretação de ausência.
Art. 7o, CC. Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado
até dois anos após o término da guerra.
c) Correta, segundo o art. 7º, parágrafo único, CC: A declaração da morte presumida,
nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e
averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
d) Incorreta, segundo o art. 8º, CC: Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma
ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros,
presumir-se-ão simultaneamente mortos.

3. Assinale a alternativa INCORRETA.


a) A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do
interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato
contrário a esta norma.
b) São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de
publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do
veículo de divulgação.
c) Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à
manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra,
ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser
proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe
atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins
comerciais.
d) A indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins
econômicos ou comerciais depende de prova do prejuízo.
Gabarito: D
a) Correta, nos termos do art. 21, CC: A vida privada da pessoa natural é inviolável, e
o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para
impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.
b) Correta, trata-se da Súmula 221, STJ: São civilmente responsáveis pelo
ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela imprensa, tanto o autor do
escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação.
c) Correta, nos termos do art. 20: Salvo se autorizadas, ou se necessárias à
administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos,
a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de
uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização
que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se
destinarem a fins comerciais.
d) Incorreta, segundo a redação da Súmula 403, STJ: Independe de prova do prejuízo
a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins
econômicos ou comerciais

4. Analise as assertivas a seguir e marque a alternativa CORRETA


I – As taxas de manutenção criadas por associações de moradores não obrigam os
não associados ou os que a elas não anuíram.
II – Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação,
a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de
associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto.
III – Em sintonia com o princípio da eticidade e a correspondente valorização da
boa fé, nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que
lhe tenha sido legitimamente conferido.
a) Todas estão corretas
b) Apenas I está correta
c) Apenas II está correta
d) Apenas III está correta
Gabarito: A
I – Correta. Segundo a jurisprudência:
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA - ART. 543-C DO CPC -
ASSOCIAÇÃO DE MORADORES - CONDOMÍNIO DE FATO - COBRANÇA DE TAXA DE
MANUTENÇÃO DE NÃO ASSOCIADO OU QUE A ELA NÃO ANUIU - IMPOSSIBILIDADE. 1.
Para efeitos do art. 543-C do CPC, firma-se a seguinte tese: "As taxas de manutenção
criadas por associações de moradores não obrigam os não associados ou que a elas não
anuíram". 2. No caso concreto, recurso especial provido para julgar improcedente a
ação de cobrança. (REsp 1280871/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, Rel.
p/ Acórdão Ministro MARCO BUZZI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 11/03/2015, DJe
22/05/2015)
II - Correta. Segundo o art. 56, Parágrafo único, CC: Se o associado for titular de
quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a transferência daquela não
importará, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao
herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto.
III – Correta. Nos termos do art. 58, CC: Nenhum associado poderá ser impedido de
exercer direito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos
casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto.

5. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I – As partes integrantes são os bens acessórios que estão unidos ao bem principal,
formando com este último um todo independente.
II – O que diferencia as benfeitorias das pertenças é que as pertenças são
introduzidas por quem não é o proprietário, enquanto as benfeitorias por aquele
que tem o domínio.
III – Os produtos são os bens acessórios que saem da coisa principal, diminuindo a
sua quantidade e substância.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
Gabarito: C
I – CORRETA. Segundo a doutrina:
Partes integrantes – De acordo com Maria Helena Diniz, as partes integrantes são os
bens acessórios que estão unidos ao bem principal, formando com este último um
todo independente. As partes integrantes são desprovidas de existência material
própria, mesmo mantendo sua integridade, exemplificando a Professora Titular da
PUCSP, com a hipótese da lâmpada em relação ao lustre.114 Também pode ser citada
a lente de uma câmera filmadora.
Constata-se que a lâmpada e a lente não têm a mesma funcionalidade quando não
estão ligadas ao principal. A parte integrante sempre deve ser analisada tendo um
outro bem como parâmetro. A diferença substancial em relação às pertenças é que as
últimas têm certa individualidade.
II – INCORRETA. Segundo a doutrina:
A classificação das benfeitorias descrita pode variar conforme a destinação, a
utilidade ou a localização do bem principal, principalmente se as primeiras forem
relacionadas com bens imóveis.
A título de exemplo, uma piscina na casa de alguém é, em regra, benfeitoria
voluptuária. A piscina, na escola de natação, é benfeitoria necessária. Essa
classificação é importante para o estudo dos efeitos decorrentes da posse, (...)
Não se pode confundir as benfeitorias com as acessões, nos termos do art. 97, pois as
últimas são as incorporações introduzidas em um outro bem, imóvel, pelo
proprietário, possuidor e detentor. Ademais, é possível afirmar que o que diferencia
as benfeitorias das pertenças é que as primeiras
são introduzidas por quem não é o proprietário, enquanto as últimas por aquele que
tem o domínio. Tanto isso é verdade, a título de ilustração, que a Lei de Locação (Lei
8.245/1991) não trata das pertenças, apenas das benfeitorias quanto aos efeitos para
o locatário (arts. 35 e 36).
Exemplificando, para encerrar o tema, vejamos as hipóteses a seguir, apontadas pelo
Ministro Marcos Buzzi quando do julgamento do antes citado precedente sobre as
pertenças no STJ (REsp 1.305.183/SP, 4.ª Turma, Rel. Min. Luis Felipe Salomão j.
18.10.2016, DJe 21.11.2016). Como fica um toca-CDs-MP3-DVDs em relação a um
veículo? Como enquadrar o primeiro como bem acessório?
Situação 1: Se o veículo já vem com o toca-CDs-MP3-DVDs de fábrica, como parte do
painel, o último será parte integrante do veículo.
Situação 2: Se o toca-CDs-MP3-DVDs foi instalado pelo proprietário será pertença não
essencial. Como é de costume, se alguém vende um veículo, o toca-CDs-MP3-DVDs não
o acompanha.
Situação 3: Se vigente um comodato e o comodatário instalar o toca-CDs-MP3-DVDs,
este será benfeitoria voluptuária
III – CORRETA. Segundo a doutrina:
Produtos – São os bens acessórios que saem da coisa principal, diminuindo a sua
quantidade e substância. Percebe-se que é discutível a condição de acessório dos
produtos, eis que são retirados ou destacados da própria coisa principal. Como
exemplo, pode ser citada a pepita de ouro retirada de uma mina. Cabe esclarecer
que o sentido de produto aqui estudado, para o âmbito do Direito Civil, é bem
diferente daquele tratado pelo Direito do Consumidor. Nos termos do art. 3.º, § 1.º,
do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990), produto é qualquer bem
colocado no mercado de consumo, seja ele móvel ou imóvel, material ou imaterial.
Referência: Tartuce, Flávio. Manual de direito civil: volume único – 8. ed. rev, atual.
e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018, p. 204/206.

6. O negócio jurídico é anulável:


a) por incapacidade relativa do agente e por vício resultante de erro, dolo,
coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
b) se for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto e se celebrado por
pessoa relativamente incapaz.
c) for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua
validade e tiver por objetivo fraudar lei imperativa.
d) se a lei proibir-lhe a prática, sem cominar sanção e não se revestir a forma
prescrita em lei.
Gabarito: A
Nos termos do art. 171, CC. Além dos casos expressamente declarados na lei, é
anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude
contra credores.

7. Assinale a alternativa INCORRETA de acordo com as disposições do Código Civil.


a) Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização
judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
b) Se a prestação do fato tornar-se impossível resolver-se-á a obrigação, em regra,
respondendo o devedor por perdas e danos.
c) Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo
executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da
indenização cabível.
d) Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a
prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível.
Gabarito: B
a) Correta, segundo o art. 249, Parágrafo único, CC: Em caso de urgência, pode o
credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o
fato, sendo depois ressarcido.
b) Incorreta, nos termos do art. 248, CC: Se a prestação do fato tornar-se impossível
sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por
perdas e danos.
c) Correta, segundo o art. 249, CC: Se o fato puder ser executado por terceiro, será
livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste,
sem prejuízo da indenização cabível.
d) Correta, segundo o art. 247, CC: Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos
o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível.

8. Com relação à usucapião, assinale a alternativa INCORRETA, nos termos do


Código Civil.
a) Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como
sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não
superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua
família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
b) Aquele que exercer, por dois anos ininterruptamente e sem oposição, posse
direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até duzentos e cinquenta
metros quadrados cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que
abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o
domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou
rural.
c) Adquire a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente,
com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos, sendo de cinco anos o prazo se o
imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do
respectivo cartório.
d) O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido para usucapião,
acrescentar à sua posse a dos seus antecessores, contanto que todas sejam
contínuas, pacíficas e, caso exigido por lei, com justo título e de boa-fé.
Gabarito: C
a) Correta, segundo o art. 1.239, CC. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel
rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área
de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por
seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
b) Correta, segundo o art. 1.240-A, CC. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos
ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel
urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade
divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
c) Incorreta, segundo o art. 1.242, CC. Adquire também a propriedade do imóvel
aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por
dez anos.
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver
sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório,
cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua
moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico.
d) Correta, segundo o art. 1.243, CC. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo
exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores
(art. 1.207), contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242,
com justo título e de boa-fé.

9. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I – A fixação do valor devido à título de indenização por danos morais deve
considerar o método bifásico, que conjuga os critérios da valorização das
circunstâncias do caso e do interesse jurídico lesado, e minimiza eventual
arbitrariedade ao se adotar critérios unicamente subjetivos do julgador, além de
afastar eventual tarifação do dano.
II – A pessoa jurídica de direito público não é titular de direito à indenização por
dano moral relacionado à ofensa de sua honra ou imagem, porquanto, tratando-se
de direito fundamental, seu titular imediato é o particular e o reconhecimento
desse direito ao Estado acarreta a subversão da ordem natural dos direitos
fundamentais.
III – A legitimidade para pleitear a reparação por danos morais é, em regra, do
próprio ofendido, no entanto, em certas situações, são colegitimadas também
aquelas pessoas que, sendo muito próximas afetivamente à vítima, são atingidas
indiretamente pelo evento danoso, reconhecendo-se, em tais casos, o chamado
dano moral reflexo ou em ricochete.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
Gabarito: A
I – CORRETA. Jurisprudência em Teses do STJ, EDIÇÃO N. 125: RESPONSABILIDADE
CIVIL - DANO MORAL. Tese 1: A fixação do valor devido à título de indenização por
danos morais deve considerar o método bifásico, que conjuga os critérios da
valorização das circunstâncias do caso e do interesse jurídico lesado, e minimiza
eventual arbitrariedade ao se adotar critérios unicamente subjetivos do julgador,
além de afastar eventual tarifação do dano.
II – CORRETA. Jurisprudência em Teses do STJ, EDIÇÃO N. 125: RESPONSABILIDADE
CIVIL - DANO MORAL. Tese 11: A pessoa jurídica de direito público não é titular de
direito à indenização por dano moral relacionado à ofensa de sua honra ou imagem,
porquanto, tratando-se de direito fundamental, seu titular imediato é o particular e o
reconhecimento desse direito ao Estado acarreta a subversão da ordem natural dos
direitos fundamentais.
III – CORRETA. Jurisprudência em Teses do STJ, EDIÇÃO N. 125: RESPONSABILIDADE
CIVIL - DANO MORAL. Tese 4: A legitimidade para pleitear a reparação por danos
morais é, em regra, do próprio ofendido, no entanto, em certas situações, são
colegitimadas também aquelas pessoas que, sendo muito próximas afetivamente à
vítima, são atingidas indiretamente pelo evento danoso, reconhecendo-se, em tais
casos, o chamado dano moral reflexo ou em ricochete.

10. São características essenciais do direito de vizinhança, EXCETO:


a) Limitação ao direito de propriedade.
b) Obrigações ambulatórias ou propter rem.
c) Repercute no aspecto material e processual.
d) A proteção constante do Código Civil exclui outras constantes em leis especiais.
Gabarito: D
Segundo a doutrina: “Pelos conceitos expostos, nota-se que a vizinhança não se
confunde com a contiguidade, ou seja, prédios vizinhos podem não ser prédios
contíguos, pois os primeiros são aqueles que repercutem juridicamente uns nos
outros, enquanto que os últimos são aqueles que estão um ao lado do outro.
Na esteira da doutrina exposta, clássica e contemporânea, observa-se que as normas
relativas aos direitos da vizinhança constituem claras limitações ao direito de
propriedade, em prol do bem comum, da paz social. Continuando essa ideia, não se
pode esquecer que as obrigações que surgem da matéria são ambulatórias ou propter
rem, acompanhando a coisa onde quer que ela esteja. Tais limitações revelam-se,
muitas vezes, de forma bem específica, como ocorre com as regras relativas às
árvores limítrofes, repercutindo no aspecto material e processual, com a viabilidade
de medidas instrumentais para a proteção da propriedade prejudicada. A proteção
constante do CC/2002 não exclui outras, constantes em leis especiais, caso do
Estatuto da Cidade.” (TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio
Tartuce. – 8. ed. rev, atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO,
2018, p. 995. Destacamos.)

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

11. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I – O interesse do autor pode limitar-se à declaração da existência, da inexistência
ou do modo de ser de uma relação jurídica, mas não a autenticidade ou da
falsidade de documento.
II – É inadmissível ação declaratória, visando a obter certeza quanto à exata
interpretação de cláusula contratual.
III – Salvo quando tenha ocorrido a violação do direito, é admissível a ação
meramente declaratória.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Todas estão incorretas.
Gabarito: D
I – INCORRETA. Segundo o art. 19, CPC: O interesse do autor pode limitar-se à
declaração:
I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica;
II - da autenticidade ou da falsidade de documento.
II – INCORRETA. Nos termos da Súmula 181, STJ: “É admissível ação declaratória,
visando a obter certeza quanto à exata interpretação de cláusula contratual”.
III – INCORRETA. Segundo o art. 20, CPC: É admissível a ação meramente declaratória,
ainda que tenha ocorrido a violação do direito.

12. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I – São duas as razões fundamentais para que a lei autorize e, de certa forma,
estimule e facilite a formação do litisconsórcio: a economia processual e a
harmonização dos julgados.
II – O litisconsórcio poderá ser necessário quando a lei imponha a sua formação, ou
quando a lide for unitária. Quando o litisconsórcio for necessário por força da
natureza da relação jurídica, será também unitário.
III – Como regra quase absoluta, pode-se concluir que quando há unitariedade de
lide, o litisconsórcio será também necessário, mas no caso de legitimidade
extraordinária será possível que o litisconsórcio, apesar de unitário, seja
facultativo.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
Gabarito: A
I – CORRETA. Segundo a doutrina:
O litisconsórcio é a pluralidade de partes no polo ativo, no passivo, ou em ambos, do
mesmo processo. Daí falar-se, respectivamente, em litisconsórcio ativo, passivo e
misto (ou bilateral). Haverá um único processo, com mais de um autor ou de um réu.
Trata-se de fenômeno bastante comum no processo civil, que ocorre talvez na maior
parte dos processos.
São duas as razões fundamentais para que a lei autorize e, de certa forma, estimule
e facilite a formação do litisconsórcio: a economia processual e a harmonização dos
julgados. É inequívoco que, do ponto de vista econômico, é mais vantajoso que haja
um processo só, com uma única instrução e uma só sentença, abrangendo mais de um
autor ou mais de um réu, do que vários processos.
Mas a razão principal é mesmo a harmonização dos julgados. Para que se forme o
litisconsórcio, é preciso que os vários autores ou réus tenham, pelo menos,
afinidades por um ponto comum, estejam em situação semelhante. Ora, se fossem
propostas várias ações individuais, haveria o risco de que cada qual fosse distribuída
a um diferente juízo.
Com o que, haveria juízes diferentes julgando situações que têm semelhança, com o
risco de resultados conflitantes, risco evitado com o litisconsórcio, em que haverá um
só processo e sentença única.
II – CORRETA. De acordo com a doutrina:
É aquele cuja formação é obrigatória. O processo não pode prosseguir e o juiz não
pode julgar validamente, se não estiverem presentes todos os litisconsortes
necessários. São duas as razões para que exista. A primeira é a existência de lei
impondo a sua formação.
(...)
Mas há uma segunda hipótese de necessariedade, mesmo não havendo lei que
imponha a sua formação: quando, no processo, discute-se uma relação jurídica de
direito material que seja unitária — isto é, única e incindível — que tenha mais um
titular. O direito material prevê relações jurídicas dessa espécie.
(...)
Portanto, o litisconsórcio poderá ser necessário quando a lei imponha a sua
formação, ou quando a lide for unitária. Quando o litisconsórcio for necessário por
força da natureza da relação jurídica, quando ela for una e indivisível, será também
unitário: a sentença terá de ser a mesma para os litisconsortes.
Quando o litisconsórcio é necessário por força de lei, poderá ser simples ou unitário.
Será simples, se for necessário exclusivamente por força de lei, nos casos em que, no
processo, não se discutam relações unas e indivisíveis.
III – CORRETA. Segundo o entendimento doutrinário:
Questão das mais complexas é a da formação de um litisconsórcio facultativo unitário
(...) quando há unitariedade de lide, o processo versa sobre relação jurídica una,
incindível e com mais de um titular, há necessidade de participação de todos, do que
resulta que o litisconsórcio será necessário e unitário.
Como regra quase absoluta, pode-se concluir que quando há unitariedade de lide, o
litisconsórcio será também necessário, como nos exemplos já mencionados da
nulidade de casamento ou anulação de contrato. Mas em uma única situação será
possível que o litisconsórcio, apesar de unitário, seja facultativo. Como seria isso
possível se a unitariedade de lide pressupõe relação jurídica incindível com vários
titulares? Como é possível que o litisconsórcio seja opcional, se o processo versa
sobre uma relação desse tipo? É possível que uma relação jurídica com vários
titulares possa ser postulada ou defendida por apenas um deles, ou por apenas
alguns? Não no campo da legitimidade ordinária, em que uma relação com vários
titulares só poderá ser defendida por todos. Mas, sim, no campo da legitimidade
extraordinária. É possível que a lei autorize que, conquanto uma coisa ou direito
tenha vários titulares, possa ser defendido em juízo por apenas um deles. Haverá
legitimidade extraordinária, porque aquele que for a juízo estará defendendo a sua
parcela naquela coisa ou direito e a parcela dos demais. No campo da legitimidade
extraordinária, há a opção: a coisa ou direito que tem vários titulares pode ser
defendida por apenas um, por alguns, ou por todos. Se for defendida por mais de um,
haverá um litisconsórcio que é unitário, mas facultativo.
Referência: Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado.
9. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 218/224.
13. De acordo com as disposições do CPC, a parte que aceitar expressa ou
tacitamente a decisão não poderá recorrer. Trata-se da chamada preclusão:
a) Sanção.
b) Temporal.
c) Consumativa.
d) Lógica.
Gabarito: D
Preclusão
Temporal (ex.: art. 344 do CPC)
Lógica (ex.: art. 1.000 do CPC)
Consumativa (ex.: art. 218, § 4º, do CPC)
Sanção (ex.: art. 385, § 1º, do CPC)

14. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I – Em regra, se a ação proposta tiver por objetivo questionar um negócio jurídico,
o valor da causa será o valor econômico deste contrato. No entanto, se estiver
sendo impugnada apenas uma parte do negócio ou determinada cláusula
contratual, o valor da causa não será o valor integral do contrato, mas tão
somente o benefício econômico daquilo que está sendo questionado no processo.
II – O valor da causa em ação de reintegração de posse que objetive a retomada de
bem objeto de contrato de comodato que tenha sido extinto deve corresponder à
quantia equivalente a doze meses de aluguel do imóvel.
III – O prazo para que o autor emende a petição inicial é um prazo peremptório.
Logo, o juiz não poderá aceitar a emenda da petição inicial fora do prazo, mas
este prazo pode ser reduzido ou ampliado por convenção das partes ou por
determinação do juiz.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
Gabarito: B
I – CORRETA. Segundo a jurisprudência:
EMENTA: AGRAVOS REGIMENTAIS NA IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA NA AÇÃO
CÍVEL ORIGINÁRIA. AÇÃO QUE VISA DESCONSTITUIR CLÁUSULAS DE CONTRATO
FIRMADO ENTRE A UNIÃO E O ESTADO DO RIO DE JANEIRO. VALOR DA CAUSA FIXADO
COM BASE NAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS E NO BENEFÍCIO ECONÔMICO ALMEJADO NA
AÇÃO CAUTELAR N. 6 E NA AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA N. 664. ARGUMENTOS
INSUFICIENTES PARA INFIRMAR OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. AGRAVOS
REGIMENTAIS AOS QUAIS SE NEGA PROVIMENTO. (ACO 664 impugnação ao valor da
causa-AgR, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 24/04/2013,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-094 DIVULG 17-05-2013 PUBLIC 20-05-2013)
II – CORRETA. De acordo com a jurisprudência:
PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE.
CONTRATO DE COMODATO. VALOR DA CAUSA.
1. Por ausência de expressa disposição do CPC acerca da fixação do valor da causa nas
ações possessórias, a jurisprudência desta Corte tem entendido que ele deve
corresponder ao benefício patrimonial pretendido pelo autor.
2. Embora o contrato de comodato não tenha conteúdo econômico imediato, o
benefício patrimonial pretendido na ação de reintegração consubstancia-se no valor
do aluguel que a autora estaria deixando de receber enquanto o réu permanece na
posse do bem.
3. É razoável a aplicação analógica do disposto no art. 58, III, da Lei de Locações,
para estabelecer o valor da causa na possessória que busca a posse por rompimento
do contrato de comodato.
4. Recurso especial parcialmente provido.
(REsp 1230839/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
19/03/2013, DJe 26/03/2013)
III – INCORRETA. Segundo a jurisprudência o prazo para que o autor emende a petição
inicial é um prazo dilatório e não peremptório, podendo o juiz aceitar a emenda da
petição inicial mesmo fora deste prazo. Vejamos:
RECURSO ESPECIAL REPETITIVO (ART. 543-C DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL) - MEDIDA
CAUTELAR DE PROTESTO INTERRUPTIVO DE PRAZO PRESCRICIONAL - NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL - OMISSÃO - NÃO-OCORRÊNCIA - PRAZO DO ART. 284 DO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - NATUREZA JURÍDICA - DILATÓRIO - IRRELEVÂNCIA, NA
ESPÉCIE - DETERMINAÇÕES JUDICIAIS DE EMENDA À PETIÇÃO INICIAL -
DESCUMPRIMENTO REITERADO PELAS RECORRENTES - DESÍDIA CONFIGURADA, IN CASU -
INDEFERIMENTO DA INICIAL - JUSTA CAUSA - AFERIÇÃO - ENTENDIMENTO PAUTADO NA
ANÁLISE DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO - REEXAME NESTA VIA RECURSAL -
IMPOSSIBILIDADE - ÓBICE DO ENUNCIADO N. 7 DA SÚMULA/STJ - RECURSO ESPECIAL
IMPROVIDO, NO CASO CONCRETO.
I - Não há falar em ofensa ao art. 535 do Código de Processo Civil, porquanto todas as
questões fundamentais ao deslinde da controvérsia foram apreciadas naquilo que
pareceu relevante à Turma julgadora a quo, sendo que não caracteriza omissão ou
falta de fundamentação a mera decisão contrária ao interesse da parte, tal como na
hipótese dos autos;
II - Para fins do disposto no art. 543-C, o prazo do art. 284 do Código de Processo Civil
não é peremptório, mas dilatório, ou seja, pode ser reduzido ou ampliado por
convenção das partes ou por determinação do juiz, nos termos do art. 181 do Código
de Processo Civil;
III - In casu, contudo, independentemente da natureza jurídica do prazo prescrito no
art. 284 do Código de Processo Civil, tendo em conta as duas anteriores concessões de
prazo para a regularização da inicial, ambas não atendidas, e a ausência de
justificativa plausível para o pedido de nova dilação do prazo, restou configurada a
conduta desidiosa e omissiva das recorrentes, estando correta a sentença de
indeferimento da inicial e de extinção do processo sem o julgamento do mérito;
IV - A revisão do entendimento das instâncias ordinárias no sentido da não
configuração de justa causa para a nova dilação do prazo (art. 183 do Código de
Processo Civil), implicaria o reexame do conjunto fático-probatório, providência
inadmissível na presente via recursal, em face do óbice do Enunciado n. 7 da
Súmula/STJ;
V - Recurso especial improvido, no caso concreto.
(REsp 1133689/PE, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
28/03/2012, DJe 18/05/2012)
Obs. Os entendimentos jurisprudenciais acima citados encontram-se válido com o
NCPC.

15. No que tange à Invalidade dos Atos Processuais, assinale a assertiva


INCORRETA.
a) Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se,
realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade.
b) Os atos e os termos processuais independem de forma determinada, salvo
quando a lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados
de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial.
c) A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à
parte falar nos autos, sob pena de preclusão. Não se aplica o disposto às nulidades
que o juiz deva decretar de ofício, nem prevalece a preclusão provando a parte
legítimo impedimento.
d) Se o processo tiver tramitado sem conhecimento do membro do Ministério
Público, o juiz invalidará todos os atos praticados.
Gabarito: D
a) Correta. NCPC, art. 277. Trata-se do princípio da instrumentalidade das formas.
b) Correta. NCPC, art. 188. Trata-se, também, da previsão do princípio da
instrumentalidade das formas no campo processual civil.
c) Correta. NCPC, art. 278, caput e parágrafo único.
d) Incorreta. NCPC, art. 278, §1º: Se o processo tiver tramitado sem conhecimento do
membro do Ministério Público, o juiz invalidará os atos praticados a partir do
momento em que ele deveria ter sido intimado.

16. Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna:


“A cumulação é _______________ quando o segundo pedido só puder ser
examinado se o primeiro for procedente. É o que se dá no caso de o autor,
alegando ter o réu deixado de pagar as prestações relativas a um contrato de
promessa de compra e venda de um imóvel, postula a rescisão do contrato e a
reintegração na posse do bem”. (CÂMARA, Alexandre Freitas - O Novo Código de
Processo Civil Brasileiro, 2ª edição, São Paulo: Atlas, 2016, p. 195).
a) Simples.
b) Alternativa.
c) Eventual.
d) Sucessiva.
Gabarito: D
“A cumulação é sucessiva quando o segundo pedido só puder ser examinado se o
primeiro for procedente. É o que se dá no caso de o autor, alegando ter o réu
deixado de pagar as prestações relativas a um contrato de promessa de compra e
venda de um imóvel, postula a rescisão do contrato e a reintegração na posse do
bem. O segundo pedido (reintegração na posse) só poderá ser apreciado se o primeiro
(rescisão do contrato) tiver sido julgado procedente”. (CÂMARA,
Alexandre Freitas - O Novo Código de Processo Civil Brasileiro, 2ª edição, São Paulo:
Atlas, 2016, p. 195).

17. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta quanto ao


Procedimento Comum.
I – No processo em que se tenha formado um litisconsórcio ativo entre dois
autores, vindo o juiz a verificar que um deles não tem legitimidade ativa, deverá o
juiz excluir a parte ilegítima, proferindo uma decisão interlocutória que reduzirá
subjetivamente o processo, impugnável por agravo de instrumento.
II – O número de testemunhas arroladas não pode ser superior a 10 (dez), sendo 3
(três), no máximo, para a prova de cada fato, podendo o juiz limitar o número de
testemunhas, considerando-se a complexidade da causa e dos fatos
individualmente considerados.
III – Instalada a audiência, o juiz tentará conciliar as partes, exceto se já tiver
ocorrido o emprego anterior de outros métodos de solução consensual de
conflitos, como a mediação e a arbitragem.
a) I, II e III estão corretas.
b) Apenas a II é correta.
c) Apenas I e II são corretas.
d) Apenas a III é correta.
Gabarito: C
I – Correta. Nas lições de Alexandre Câmara, veja-se que neste caso não há uma
“extinção parcial do processo” (...). O que há nessas hipóteses é a redução subjetiva
ou objetiva do processo, por decisão interlocutória, impugnável por agravo de
instrumento (art. 354, parágrafo único). – (O Novo Processo Civil Brasileiro, 2ª ed.,
São Paulo: Atlas, 2016, p. 213).
II – Correta. CPC, art. 357, §§6º e 7º.
III – Incorreta. CPC, art. 359: Instalada a audiência, o juiz tentará conciliar as partes,
independentemente do emprego anterior de outros métodos de solução consensual de
conflitos, como a mediação e a arbitragem. Vide, também, art. 139: O juiz dirigirá o
processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: (...) V - promover, a
qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e
mediadores judiciais; (...)

18. Assinale a alternativa INCORRETA de acordo com o Código de Processo Civil de


2015.
a) Ressalvada a hipótese de improcedência liminar do pedido, a prescrição e a
decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes
oportunidade de manifestar-se.
b) Não haverá resolução do mérito quando o juiz decidir, de ofício ou a
requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou de prescrição.
c) Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for
favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento sem resolução de
mérito.
d) O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte
proponha de novo a ação. No caso de extinção em razão de litispendência, a
propositura da nova ação depende da correção do vício que levou à sentença sem
resolução do mérito.
Gabarito: B
a) Correta. CPC, art. 487, parágrafo único: Ressalvada a hipótese do § 1o do art. 332,
a prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada às
partes oportunidade de manifestar-se.
b) Incorreta. CPC, art. 487: Haverá resolução de mérito quando o juiz: (...) II -
decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;
(...)
c) Correta. CPC, art. 488.
d) Correta. CPC, art. 486, § 1o No caso de extinção em razão de litispendência e nos
casos dos incisos I, IV, VI e VII do art. 485, a propositura da nova ação depende da
correção do vício que levou à sentença sem resolução do mérito. § 2o A petição
inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das
custas e dos honorários de advogado.

19. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta a respeito da coisa


julgada.
I – Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e
indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso.
II – Faz coisa julgada a verdade dos fatos estabelecida como fundamento da
sentença.
III – A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando
terceiros.
a) I, II e III estão corretas.
b) Apenas a II é correta.
c) Apenas I e III são corretas.
d) Apenas a III é correta.
Gabarito: C
I – Correta. CPC, art. 502.
II – Incorreta. CPC, art. 504: Não fazem coisa julgada: (...) II- a verdade dos fatos,
estabelecida como fundamento da sentença.
III – Correta. CPC, art. 506. Trata-se dos limites subjetivos da coisa julgada.

20. Assinale a alternativa INCORRETA conforme o Código de Processo Civil de


2015.
a) O Ministério Público apenas terá legitimidade para interpor recurso quando
atuar como parte no processo.
b) O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente e não será
conhecido se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado
inadmissível.
c) O recurso adesivo será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no
recurso especial.
d) Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor
aproveitará aos outros quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns.
Gabarito: A
a) Incorreta. CPC, art. 996: O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo
terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem
jurídica.
b) Correta. CPC, art. 997, §2º, III.
c) Correta. CPC, art. 997, §2º, II.
d) Correta. CPC, art. 1005, parágrafo único.

DIREITO DO CONSUMIDOR

21. Assinale a assertiva correta. Nos moldes do Código de defesa do Consumidor,


NÃO é definido como fornecedor:
a) A pessoa jurídica estrangeira.
b) Os entes despersonalizados.
c) As entidades bancárias.
d) O Fisco.
Gabarito: D
CDC, art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional
ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. § 1° Produto é
qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. § 2° Serviço é qualquer
atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de
natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das
relações de caráter trabalhista.
Na relação entre o Fisco e o contribuinte há regime de direito público específico para
a questão, baseado no Direito Tributário (CTN) e na LEF (Lei de Execução Fiscal).

22. Assinale a alternativa correta, conforme o entendimento sumulado do Superior


Tribunal de Justiça.
I – É legítima a cobrança da tarifa básica pelo uso dos serviços de telefonia fixa.
II – Nos contratos bancários é possível que o julgador conheça, de ofício, da
abusividade das cláusulas.
III – Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e
expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e
sujeito à aplicação de multa administrativa.
IV - Na hipótese de resolução de contrato de promessa de compra e venda de
imóvel submetido ao Código de Defesa do Consumidor, deve ocorrer a imediata e
integral restituição das parcelas pagas pelo promitente comprador, ainda que
tenha sido o comprador quem tenha dado causa ao desfazimento.
a) I, II, III e IV são corretas.
b) I, II e III são corretas.
c) I e III são corretas.
d) Apenas a II é correta.
Gabarito: C
I – Correta. STJ, súmula 356.
II – Incorreta. STJ, súmula 381: Nos contratos bancários, é vedado ao julgador
conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas.
III - Correta. STJ, súmula 352.
IV - Incorreta. STJ, súmula 543: Na hipótese de resolução de contrato de promessa de
compra e venda de imóvel submetido ao Código de Defesa do Consumidor, deve
ocorrer a imediata restituição das parcelas pagas pelo promitente comprador -
integralmente, em caso de culpa exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou
parcialmente, caso tenha sido o comprador quem deu causa ao desfazimento.

23. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta.


I – A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo
escrito.
II – O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer, de
maneira adequada em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo
e o lugar em que pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo
ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do
fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de instalação e uso do
produto em linguagem didática, com ilustrações.
III – Constitui crime deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia
adequadamente preenchido e com especificação clara de seu conteúdo.
a) I, II e III são corretas.
b) Apenas a II é correta.
c) Apenas I e II são corretas.
d) Apenas a III é correta.
Gabarito: A
I – Correta. CDC, art. 50, caput.
II – Correta. CDC, art. 50, parágrafo único.
III – Correta. CDC, art. 74.

24. Assinale a alternativa correta.


a) As normas contidas no Código de Defesa do Consumidor são caracterizadas como
normas dispositivas.
b) A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento
das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e
segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade
de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendido
o princípio da harmonização dos interesses dos participantes das relações de
consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de
desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos
quais se funda a ordem econômica.
c) Segundo o Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/90), consumidor é
toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário, ainda que intermediário.
d) Segundo o Superior Tribunal de Justiça, não há relação de consumo entre a
sociedade empresária vendedora de aviões e a sociedade empresária
administradora de imóveis que tenha adquirido avião com o objetivo de facilitar o
deslocamento de sócios e funcionários.
Gabarito: B
a) Incorreta. As normas do CDC são normas de ordem pública e de interesse social.
Vide REsp 586.319 e Art. 1º, CDC: O presente código estabelece normas de proteção
e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°,
inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições
Transitórias.
b) Correta. Art. 4º, III, CDC. Aplicação da boa-fé objetiva e do princípio da confiança
e da lealdade nos contratos de consumo.
c) Incorreta. Art. 2º: Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou
utiliza produto ou serviço como destinatário final.
d) Incorreta. DIREITO DO CONSUMIDOR. CONFIGURAÇÃO DE RELAÇÃO DE CONSUMO
ENTRE PESSOAS JURÍDICAS. Há relação de consumo entre a sociedade empresária
vendedora de aviões e a sociedade empresária administradora de imóveis que tenha
adquirido avião com o objetivo de facilitar o deslocamento de sócios e funcionários. O
STJ, adotando o conceito de consumidor da teoria finalista mitigada, considera que a
pessoa jurídica pode ser consumidora quando adquirir o produto ou serviço como
destinatária final, utilizando-o para atender a uma necessidade sua, não de seus
clientes. No caso, a aeronave foi adquirida para atender a uma necessidade da
própria pessoa jurídica - o deslocamento de sócios e funcionários -, não para ser
incorporada ao serviço de administração de imóveis. Precedentes citados: REsp
1.195.642-PR, Terceira Turma, DJe 21/11/2012; e REsp 733.560-RJ, Terceira Turma,
DJe 2/5/2006. AgRg no REsp 1.321.083-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
julgado em 9/9/2014.

25. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta.


I – O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à
saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito
da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas
cabíveis em cada caso concreto. O descumprimento dessa obrigação acarretará
responsabilidade administrativa, mas não criminal.
II – O crime consistente na conduta de fazer afirmação falsa ou enganosa, ou
omitir informação relevante sobre a natureza, característica, qualidade,
quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos
ou serviços não admite a modalidade culposa.
III – Configura crime a conduta de deixar de entregar ao consumidor o termo de
garantia adequadamente preenchido e com especificação clara de seu conteúdo.
a) I, II e III são corretas.
b) II e III são corretas.
c) Apenas a III é correta.
d) Apenas a II é correta.
Gabarito: C
I – Incorreta. CDC, art. 9º c/c art. 63 (crime).
II – Incorreta. CDC, art. 66: Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir
informação relevante sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade,
segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços:
Pena - Detenção de três meses a um ano e multa. § 1º Incorrerá nas mesmas penas
quem patrocinar a oferta. § 2º Se o crime é culposo: Pena Detenção de um a seis
meses ou multa.
III – Correta. CDC, art. 74: Deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia
adequadamente preenchido e com especificação clara de seu conteúdo. Pena
Detenção de um a seis meses ou multa. Art. 50, parágrafo único: O termo de
garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer, de maneira adequada
em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que
pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue,
devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado
de manual de instrução, de instalação e uso do produto em linguagem didática,
com ilustrações.

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

26. Complete corretamente a lacuna:


A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento
institucional não se prolongará por mais de ____________, salvo comprovada
necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada
pela autoridade judiciária.
a) 6 meses
b) 8 meses
c) 12 meses
d) 18 meses
Gabarito: D
ECA, art. 19, §2º: A permanência da criança e do adolescente em programa de
acolhimento institucional não se prolongará por mais de 18 (dezoito meses), salvo
comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente
fundamentada pela autoridade judiciária. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017).

27. Assinale a alternativa correta no que tange à colocação da Criança e do


Adolescente em Família Substituta.
I – A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção.
Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será necessário seu
consentimento, colhido em audiência.
II – A colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional,
somente admissível na modalidade de adoção.
III – A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à
criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros,
inclusive aos pais.
a) I, II e III estão corretas.
b) Apenas a II é correta.
c) Apenas I e II são corretas.
d) Apenas a III é correta.
Gabarito: A
I – Correta. ECA, art. 28, caput e §2º.
II – Correta. ECA, art. 31.
III – Correta. ECA, art. 33.

28. Assinale a alternativa INCORRETA no que tange à Prevenção Especial.


a) Os responsáveis por estabelecimentos que explorem comercialmente bilhar,
sinuca ou congênere ou por casas de jogos, assim entendidas as que realizem
apostas, ainda que eventualmente, cuidarão para que não seja permitida a
entrada e a permanência de crianças e adolescentes no local, afixando aviso para
orientação do público.
b) É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão ou
estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou
responsável.
c) Configura crime a venda de bebida alcoólica a criança ou adolescente.
d) Nenhuma criança ou adolescente poderá viajar para fora da comarca onde
reside, desacompanhado dos pais ou responsável, sem expressa autorização
judicial, não sendo esta exigida quando se tratar de comarca contígua à da
residência do menor, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma
região metropolitana.
Gabarito: D
a) Correta. ECA, art. 80.
b) Correta. ECA, art. 82.
c) Correta. ECA, art. 243: Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que
gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou,
sem justa causa, outros produtos cujos componentes possam causar dependência
física ou psíquica: Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato
não constitui crime mais grave. (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
Observação: Compare a redação anterior com a atual:

ANTERIOR ATUAL
Art. 243. Vender, fornecer ainda que Art. 243. Vender, fornecer, servir,
gratuitamente, ministrar ou entregar, de ministrar ou entregar, ainda que
qualquer forma, a criança ou gratuitamente, de qualquer forma, a
adolescente, sem justa causa, produtos criança ou a adolescente, bebida
cujos componentes possam causar alcoólica ou, sem justa causa, outros
dependência física ou psíquica, ainda produtos cujos componentes possam
que por utilização indevida: causar dependência física ou psíquica:
Pena – detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) Pena – detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro)
anos, e multa, se o fato não constitui anos, e multa, se o fato não constitui
crime mais grave. crime mais grave.
A punição penal da conduta de fornecer bebida alcoólica a crianças e adolescentes
Antes da Lei n.° 13.106/2015, quem vendia bebida alcoólica a criança ou adolescente
cometia crime do art. 243 do ECA? NÃO. O STJ entendia que o art. 243 do ECA, ao
falar em “produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica”
não abrangia as bebidas alcoólicas. Isso porque, na visão do STJ, o ECA, quando quis
se referir às bebidas alcoólicas, o fez expressamente, como no caso do art. 81, II e III,
onde prevê punições administrativas para essa venda: Art. 81. É proibida a venda à
criança ou ao adolescente de: II - bebidas alcoólicas; III - produtos cujos componentes
possam causar dependência física ou psíquica ainda que por utilização indevida. E o
agente ficava sem nenhuma punição penal? O sujeito que “servia” bebida alcoólica
para crianças e adolescentes não cometia crime, mas respondia pela contravenção
penal prevista no art. 63, I do Decreto-lei n.° 3.688/41: Art. 63. Servir bebidas
alcoólicas: I – a menor de dezoito anos; (...) Pena – prisão simples, de dois meses a
um ano, ou multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis. Assim, por mais
absurdo que pareça, a conduta de fornecer bebidas alcoólicas para crianças e
adolescentes, apesar de gravíssima, não era crime. O agente respondia apenas por
contravenção penal. Fonte: www.dizerodireito.com.br
d) Incorreta. Viagem Nacional - ECA, art. 83: Nenhuma criança poderá viajar para fora
da comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável, sem expressa
autorização judicial. § 1º A autorização não será exigida quando: a) tratar-se de
comarca contígua à da residência da criança, se na mesma unidade da Federação, ou
incluída na mesma região metropolitana; (...)

29. Assinale a alternativa correta quanto à aplicação das medidas socioeducativas.


I – A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato
infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na
liberdade assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos.
II – O adolescente que cumpria medida de internação e foi transferido para medida
menos rigorosa não pode ser novamente internado por ato infracional praticado
antes do início da execução, ainda que cometido em momento posterior aos atos
pelos quais ele já cumpre medida socioeducativa.
III – A medida socioeducativa será declarada extinta pela aplicação de pena
privativa de liberdade, a ser cumprida em regime fechado ou semiaberto, em
execução provisória ou definitiva.
IV - A medida de internação só poderá ser aplicada quando por descumprimento
reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta. Neste caso, o prazo
de internação não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser decretada
judicialmente após o devido processo legal.
a) I, II, III e IV são corretas.
b) I, II e III são corretas.
c) I e II são corretas.
d) Apenas a III é correta.
Gabarito: A
I – Correta. STJ, súmula 601.
II – Correta. STJ, Info 562 - O adolescente que cumpria medida de internação e foi
transferido para medida menos rigorosa não pode ser novamente internado por ato
infracional praticado antes do início da execução, ainda que cometido em momento
posterior aos atos pelos quais ele já cumpre medida socioeducativa. Dispõe o caput do
art. 45 da Lei 12.594/2012 que: "Se, no transcurso da execução, sobrevier sentença
de aplicação de nova medida, a autoridade judiciária procederá à unificação, ouvidos,
previamente, o Ministério Público e o defensor, no prazo de 3 (três) dias sucessivos,
decidindo-se em igual prazo". Já em seu § 1º, tem-se que "É vedado à autoridade
judiciária determinar reinício de cumprimento de medida socioeducativa, ou deixar
de considerar os prazos máximos, e de liberação compulsória previstos na Lei n.º
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), excetuada a
hipótese de medida aplicada por ato infracional praticado durante a execução". Por
sua vez, dispõe o § 2º que "É vedado à autoridade judiciária aplicar nova medida de
internação, por atos infracionais praticados anteriormente, a adolescente que já
tenha concluído cumprimento de medida socioeducativa dessa natureza, ou que tenha
sido transferido para cumprimento de medida menos rigorosa, sendo tais atos
absorvidos por aqueles aos quais se impôs a medida socioeducativa extrema". Neste
preceito normativo, foram traçadas as regras a serem seguidas no caso de
superveniência de nova medida socioeducativa em duas situações distintas, quais
sejam, por ato infracional praticado durante a execução da medida e por fato
cometido antes do início do cumprimento desta. Veja-se que o § 1º do preceito
aludido expressamente excepciona a aplicação de seu regramento nas hipóteses de
superveniência de medida em razão de ato infracional que tenha sido "praticado
durante a execução". Em seguida, em seu § 2º, o legislador fixa uma limitação à
aplicação de nova medida extrema, sendo esta vedada em razão de atos infracionais
"praticados anteriormente". Em uma interpretação sistemática na norma contida no §
2º, deve-se entender que esta vedação se refere à prática de ato infracional cometido
antes do início da execução a que se encontra submetido o menor. Com efeito, o
retorno do adolescente à internação após demonstrar que está em recuperação - que
já tenha cumprido medida socioeducativa dessa natureza ou que tenha apresentado
méritos para progredir para medida em meio aberto - significaria um retrocesso em
seu processo de ressocialização. Deve-se ter em mente que, nos termos do ECA, em
relação ao menor em conflito com a lei, não existe pretensão punitiva, mas
educativa, considerando-se a "condição peculiar da criança e do adolescente como
pessoas em desenvolvimento" (art. 6º), sujeitos à proteção integral (art. 1º). Mister
considerar, ainda, os princípios que regem a aplicação da medida socioeducativa
extrema, quais sejam, da excepcionalidade e do respeito à condição peculiar do
jovem em desenvolvimento (art. 121 do ECA), segundo os quais aquela somente
deverá ser aplicada como ultima ratio, ou seja, quando outras não forem suficientes
à sua recuperação. Conclui-se, pois, que o termo "anteriormente" contido no § 2º do
art. 45 da Lei 12.594/2012 refere-se ao início da execução, não à data da prática do
ato infracional que originou a primeira medida extrema imposta. HC 274.565-RJ, Rel.
Min. Jorge Mussi, julgado em 12/5/2015, DJe 21/5/2015.
III – Correta. Lei 12.594/2012 (SINASE), art. 46, III.
IV – Correta. ECA, art. 122, III e §1º.

30. Assinale a alternativa correta quanto ao Procedimento de Apuração de Ato


Infracional.
I – A representação depende de prova pré-constituída da autoria e materialidade.
II – A internação, decretada ou mantida pela autoridade judiciária, não poderá ser
cumprida em estabelecimento prisional. Inexistindo na comarca entidade
exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo,
obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade
da infração, o adolescente deverá ser imediatamente transferido para a localidade
mais próxima. Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente aguardará
sua remoção em repartição policial, desde que em seção isolada dos adultos e com
instalações apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco dias,
sob pena de responsabilidade.
III – A remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo, poderá ser
aplicada em qualquer fase do procedimento, antes da sentença.
a) I, II e III são corretas.
b) II e III são corretas.
c) Apenas a III é correta.
d) Apenas a II é correta.
Gabarito: B
I – Incorreta. ECA, art. 182, §2º: A representação independe de prova pré-constituída
da autoria e materialidade.
II – Correta. ECA, art. 185, §§1º e 2º.
III - Correta. ECA, art. 188.

Bloco II
DIREITO PENAL

31. Assinale a alternativa correta.


I – No que tange ao conceito de Direito Penal, sob o aspecto formal (estático), o
direito penal é um conjunto de normas que qualificam certos comportamentos
humanos como infrações penais. São normas que definem os agentes e fixam as
sanções que serão cominadas a estes agentes. Sob o aspecto material, direito
penal se refere a comportamentos considerados reprováveis, danosos ao
organismo social, pois afetam bens jurídicos indispensáveis à conservação e
progresso do próprio organismo social. Sob o aspecto sociológico (ou dinâmico), o
direito penal é instrumento de controle social.
II – No Direito Penal, vigora entre os princípios, o princípio da intervenção mínima.
Este princípio estabelece que, se outro mecanismo de controle social se revelar
suficiente para a tutela de um bem, criminalizar este comportamento seria
inadequado.
III – O funcionalismo sistêmico tem como expoente Claus Roxin, o qual preceitua
que a finalidade do direito penal é a de assegurar bens jurídicos, de modo que,
não havendo bem jurídico a ser protegido, não haverá por que falar em direito
penal.
IV - O funcionalismo teleológico é apontado por Günther Jakobs. Para Jakobs, a
função do direito penal é assegurar a vigência do sistema, protegendo o império
da norma. A função do direito penal é, portanto, assegurar a aplicação da norma.
a) I, II e III e IV estão corretas.
b) Apenas II e IV são corretas.
c) Apenas I e II são corretas.
d) Apenas a III é correta.
Gabarito: C
I – Correta. A alternativa encontra-se correta, segundo as lições de Rogério Sanches
Cunha.
II – Correta. Este é o pensamento de Paulo Queiroz. O direito penal é a ultima ratio.
III – Incorreta. Trata-se da definição de funcionalismo teleológico (moderado). É
teleológico porque busca a finalidade do direito penal.
IV- Incorreta. Trata-se da definição de funcionalismo sistêmico. Para Günther Jakobs,
se o sujeito deliberadamente se desvia da norma, não há qualquer garantia de que
não mais fará isso, passando a se comportar como um cidadão. Diante disso, o
indivíduo que reiterada e deliberadamente se comporta como um violador contumaz
da lei penal, não deve ser tratado como um cidadão, devendo, sim, ser visto como um
inimigo da sociedade. Para o denominado Direito Penal do Inimigo, o direito penal
deve tratar de maneira diferenciada aquele que se mostra infiel ao sistema. Portanto,
é preciso que haja uma repressão mais forte àqueles que perderam o status de
cidadão, eis que decidiram, reiteradamente, desobedecer a norma e o sistema
imposto.

32. Assinale a alternativa correta no que tange ao tema Eficácia da Lei Penal no
Tempo.
I – Se a lei penal é aplicada a fatos que ocorreram antes da sua entrada em vigor
ocorre a denominada retroatividade da lei penal; se aplicada a fatos posteriores a
sua revogação ocorre a chamada ultratividade da lei penal.
II – Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que
outro seja o momento do resultado. Nesse sentido, se o agente é menor de 18
anos na data do fato, a ele serão aplicadas as disposições do Estatuto da Criança e
do Adolescente, mesmo que venha a completar a maioridade quando do resultado.
III – A lei penal mais grave aplica-se ao crime permanente, se a sua vigência é
anterior à cessação da permanência. Referida disposição não se aplica aos crimes
continuados.
a) I, II e III estão corretas.
b) Apenas a II é correta.
c) Apenas I e II são corretas.
d) Apenas a III é correta.
Gabarito: C
I – Correta. Extra-atividade é gênero do qual são espécies a retroatividade a ultra-
atividade.
II – Correta. Art. 4º do CP – Teoria da Atividade. Nesse sentido, se o agente é menor
de 18 anos na data do fato, a ele serão aplicadas as disposições do ECA, mesmo que
complete a maioridade quando do resultado. Ex.: menor, com 17 anos de idade,
atirou para matar a vítima, mas esta só veio a óbito meses depois, quando o agente já
havia completado 18 anos de idade. A ele serão aplicadas as normas do ECA e não do
Código Penal.
III –Incorreta. STF, Súmula 711: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado
ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou
da permanência.

33. Assinale a alternativa correta quanto ao Erro de Tipo Acidental.


I – O erro sobre o objeto não tem previsão legal e a consequência jurídica será a
de que o agente será punido pela conduta perpetrada, devendo ser levado em
consideração o objeto material efetivamente atingido.
II – Nos erros de tipo acidentais não há exclusão de dolo e culpa.
III – Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao
invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde
como se tivesse praticado o crime contra a vítima virtual.
IV - Quando, por acidente ou erro na execução do crime, vier resultado diverso do
pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo,
porém, se ocorrer também o resultado pretendido, aplica-se a regra do concurso
material.
a) I, II e III são corretas.
b) Apenas a II é correta.
c) Apenas I, II e IV são corretas.
d) Apenas a IV é correta.
Gabarito: A
I – Correta. Erro sobre o objeto (error in objecto):
• Não tem previsão legal
• O agente confunde a coisa (objeto material).
• Exemplo: indivíduo quer furtar um relógio de ouro, mas subtrai um relógio de latão.
Consequência: o sujeito é punido pela conduta perpetrada. A doutrina entende que
deve ser levado em consideração o objeto material efetivamente atingido. Obs.:
Rogério Sanches defende que deve ser considerado aquilo que seja mais benéfico ao
réu.
II – Correta. O erro de tipo acidental refere-se a dados acessórios ou secundários do
crime. Não há exclusão de dolo e culpa. São hipóteses: a) erro sobre o objeto; b) erro
sobre a pessoa; c) erro na execução; d) resultado diverso do pretendido; e) erro
acerca do nexo causal (“desvio” do nexo causal).
III – Correta. CP, art. 73: Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução,
o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa,
responde como se tivesse praticado o crime contra aquela (vítima virtual),
atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também
atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste
Código.
IV – Incorreta. Art. 74 do CP: quando, por acidente ou erro na execução do crime, vier
resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto
como crime culposo, porém, se ocorrer também o resultado pretendido, aplica-se a
regra do concurso formal (art. 70).

34. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta acerca das teorias
da culpabilidade.
I – Na teoria normativa pura da culpabilidade, que tem como fundamento a teoria
finalista da ação, o dolo e a culpa são retirados da culpabilidade e passam a
integrar o fato típico.
II – A denominada teoria da coculpabilidade é expressamente adotada pelo Código
Penal Brasileiro.
III – O Código Penal adota a teoria limitada da culpabilidade, segundo a qual as
descriminantes putativas podem ser por erro de tipo, caso o erro incida sobre a
situação fática da descriminante, ou por erro de proibição, caso o erro incida
sobre a existência ou os limites da descriminante.
a) I, II e III são corretas.
b) Apenas a II é correta.
c) Apenas I e III são corretas.
d) Apenas a III é correta.
Gabarito: C
I – Correta. Na teoria normativa pura, o dolo e a culpa são retirados da culpabilidade,
passando a integrar o fato típico. Ademais retira-se do dolo seu aspecto normativo
(consciência da ilicitude), passando a ser caracterizado como dolo natural (e não mais
dolo normativo).
II – Incorreta. Conforme a teoria da coculpabilidade, a sociedade não garante a todos
os homens as mesmas oportunidades, o que acaba por gerar, aos menos favorecidos,
menor âmbito de autodeterminação, condicionado por causas sociais (Zaffaroni e
Pierangeli). Nessa linha, a coculpabilidade afirma que a própria sociedade organizada
deverá arcar com sua parcela de culpa, por deixar de cumprir com seus deveres
essenciais de assistência aos necessitados. Parcela minoritária da doutrina e da
jurisprudência aceita a coculpabilidade como hipótese de atenuante genérica,
conforme art. 66, do CP. No entanto, não há previsão expressa dessa teoria no Código
Penal. Os Tribunais Superiores, todavia, rechaçam a teoria da coculpabilidade como
exclusão da culpabilidade. Nesse sentido, vide STJ, HC 213.482/SP – (...) 2. A teoria
da co-culpabilidade não
pode ser erigida à condição de verdadeiro prêmio para agentes que não assumem a
sua responsabilidade social e fazem da criminalidade um meio de vida. Ora, a
mencionada teoria, "no lugar de explicitar a responsabilidade moral, a reprovação da
conduta ilícita e o louvor à honestidade, fornece uma justificativa àqueles que
apresentam inclinação para a vida delituosa, estimulando-os a afastar da consciência,
mesmo que em parte, a culpa por seus atos" (HC 172.505/MG, Rel. Ministro GILSON
DIPP, Quinta Turma, julgado em 31/05/2011, DJe 01/07/2011) (...)
III – Correta. O Código Penal adota a teoria limitada da culpabilidade, segundo a qual
as descriminantes putativas podem ser por erro de tipo, caso o erro incida sobre a
situação fática da descriminante (erro de tipo permissivo – art. 20, §1º, CP), ou por
erro de proibição, caso o erro incida sobre a existência ou os limites da descriminante
(erro de proibição indireto – art. 21, CP).

35. Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna:


Ocorre autoria ___________ na hipótese em que duas ou mais pessoas,
desconhecendo a intenção uma da outra, praticam determinada conduta visando
ao mesmo resultado, que ocorre em razão do comportamento de apenas uma
delas.
a) de determinação
b) ignorada
c) sucessiva
d) colateral
Gabarito: D
Ocorre autoria colateral ou paralela na hipótese em que duas ou mais pessoas,
desconhecendo a intenção uma da outra, praticam determinada conduta visando ao
mesmo resultado, que ocorre em razão do comportamento de apenas uma delas.
Neste caso NÃO há concurso de pessoas, haja vista a ausência do requisito liame
subjetivo (vínculo subjetivo), de modo que cada agente responderá pela sua conduta,
configurando crimes autônomos.

36. Assinale a alternativa correta quanto à pena de multa, conforme disposições


do Código Penal.
I – A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia
fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no
máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. O valor do dia-multa será
fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo
mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.
II – A legitimidade para execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta
em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública.
III – Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada
dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da
Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas
da prescrição.
IV - É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao condenado doença
mental.
a) I, II, III e IV são corretas.
b) I, II e III são corretas.
c) I e II são corretas.
d) Apenas a III é correta.
Gabarito: A
I – Correta. CP, art. 49, caput e §1º.
II – Correta. STJ, súmula 521.
III – Correta. CP, art. 51.
IV - Correta. CP, art. 52.

37. Maria, para sair com o namorado, deixou dormindo em sua casa seus filhos
João, de três anos de idade, e José, de cinco anos de idade. As crianças
acordaram e começaram a chorar. Os vizinhos, ouvindo os choros e chamamentos
das crianças, arrombaram a porta, recolheram as crianças e entregaram-nas ao
Conselho Tutelar. No caso hipotético pode-se afirmar que:
a) Maria praticou abandono de incapaz e os vizinhos não praticaram crime, pois
estavam agindo em estado de necessidade de terceiros.
b) Maria deve responder pelo crime de abandono material e os vizinhos não
praticaram crime, pois estavam agindo em estado de necessidade exculpante de
terceiros.
c) Maria deve responder por perigo a vida ou saúde de outrem e os vizinhos não
praticaram crime, pois estavam agindo em legítima defesa de terceiros.
d) Maria deve responder pelo crime de abandono material e os vizinhos não
praticaram crime, pois estavam agindo em estado de necessidade de terceiros.
Gabarito: A
Abandono de incapaz
Art. 133, CP: Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou
autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do
abandono:
Pena - detenção, de seis meses a três anos.
Art. 23, CP:Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade; (...)
Art. 24, CP: Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar
de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-
se.

38. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I – Aquele que se associa a comparsa para a prática de roubo, sobrevindo a morte
da vítima, responde pelo crime de latrocínio, ainda que não tenha sido o autor do
disparo fatal, salvo quando constatado que sua participação foi de menor
importância.
II – Se a arma é apreendia e periciada, sendo constatada a sua inaptidão para a
produção de disparos, neste caso, não se aplica a majorante do art. 157, § 2º-A, I,
do CP, sendo considerado roubo simples (art. 157, caput, do CP).
III – Se houver pluralidade de causas de aumento no crime de roubo, o juiz não
poderá incrementar a pena aplicada com base unicamente no número de
majorantes nem se valer de tabelas com frações matemáticas de aumento, sendo
necessário que o magistrado apresente fundamentação com base nas
circunstâncias do caso concreto.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
Gabarito: D
I – INCORRETA. Segundo a jurisprudência, aquele que se associa a comparsa para a
prática de roubo, sobrevindo a morte da vítima, responde pelo crime de latrocínio,
ainda que não tenha sido o autor do disparo fatal ou que sua participação se revele de
menor importância.
CRIME – LATROCÍNIO – DESCLASSIFICAÇÃO AFASTADA.
Aquele que se associa a comparsas para a prática de roubo, sobrevindo a morte da
vítima, responde pelo crime de latrocínio, ainda que não tenha sido o autor do
disparo fatal ou a participação se revele de menor importância.
LATROCÍNIO – PLURALIDADE DE VÍTIMAS – CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO NÃO
CONFIGURADO.
A pluralidade de vítimas em crime de latrocínio não enseja a conclusão de ocorrência
de concurso formal impróprio.
PENA – REGIME DE CUMPRIMENTO – PROGRESSÃO.
Ante o cumprimento parcial da pena privativa de liberdade, incumbe ao Juízo da
execução a análise da possibilidade de progressão de regime, tendo por base a pena
remanescente.
(RHC 133575, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em
21/02/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-101 DIVULG 15-05-2017 PUBLIC 16-05-2017)
II – CORRETA. De acordo com a jurisprudência:
HABEAS CORPUS. ROUBO MAJORADO. WRIT SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL.
DESVIRTUAMENTO. PRECEDENTES DO STF. ARMA DE FOGO.
APREENSÃO E PERÍCIA. ARTEFATO PERICIADO. AUSÊNCIA DE PODER VULNERANTE
DEVIDAMENTE COMPROVADO. AFASTAMENTO DA MAJORANTE QUE SE MOSTRA DEVIDO.
ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA E REINCIDÊNCIA. COMPENSAÇÃO.
INTELIGÊNCIA DO ART. 67 DO CP. HABEAS CORPUS CONCEDIDO DE OFÍCIO.
1. É imperiosa a necessidade de racionalização do habeas corpus, a fim de preservar a
coerência do sistema recursal e a própria função constitucional do writ, de prevenir
ou remediar ilegalidade ou abuso de poder contra a liberdade de locomoção.
2. O remédio constitucional tem suas hipóteses de cabimento restritas, não podendo
ser utilizado em substituição a recursos processuais penais, a fim de discutir, na via
estreita, tema afetos a apelação criminal, recurso especial, agravo em execução e até
revisão criminal, de cognição mais ampla. A ilegalidade passível de justificar a
impetração do habeas corpus deve ser manifesta, de constatação evidente,
restringindo-se a questões de direito que não demandem incursão no acervo
probatório constante de ação penal.
3. Verificando-se que a arma de fogo empregada no cometimento do delito de roubo
foi apreendida e periciada, tendo a perícia concluído pela sua inaptidão para a
realização de disparos, mostra-se devido o afastamento da majorante em questão,
dada a ausência de potencialidade lesiva do instrumento.
4. Quando do julgamento dos EREsp n. 1.154.752/RS, a Terceira Seção deste Superior
Tribunal pacificou o entendimento de que é possível, na segunda fase do cálculo da
pena, a compensação da agravante da reincidência com a atenuante da confissão
espontânea, por serem igualmente preponderantes, de acordo com o art. 67 do
Código Penal.
5. Ordem não conhecida. Habeas corpus concedido de ofício, para proceder à
compensação entre a atenuante genérica da confissão espontânea e a agravante da
reincidência, bem como para afastar a majorante prevista no inciso I do § 2º do art.
157 do Código Penal (emprego de arma), tornando a reprimenda do paciente
definitivamente estabelecida em 4 anos e 8 meses de reclusão e pagamento de 11
dias-multa.
(HC 247.669/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em
04/12/2012, DJe 14/12/2012)
III – CORRETA. Segundo a jurisprudência:
Ementa: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ROUBO QUALIFICADO. DOSIMETRIA
DA PENA. OCORRÊNCIA DE BIS IN IDEM: APLICAÇÃO DA MESMA CIRCUNSTÂNCIA NO
ESTABELECIMENTO DA PENA-BASE E NA MAJORAÇÃO DA PENA. CONCORRÊNCIA DE
QUALIFICADORAS E UTILIZAÇÃO DE TABELA DE GRADUAÇÃO DO PERCENTUAL DE CAUSA
DE AUMENTO DE PENA. IMPROPRIEDADE E CONSEQUENTE DEFICIÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I – No caso sob exame, o Juiz
sentenciante, ao fixar a pena-base em patamar acima do mínimo legal, adotou como
motivação os maus antecedentes e a restrição à liberdade das vítimas. Na terceira
fase do dosimetria da pena, para majorar a pena em 2/5 (dois quintos), novamente
trouxe a lume a causa de aumento prevista prevista no inciso V do § 2º do art. 157 do
Código Penal – a restrição à liberdade das vítimas - ocorrendo bis in idem. II –
Concurso de majorantes e adoção de tabela de graduação de percentual para
disciplinar a aplicação das causas de aumento de pena. Impropriedade, pois há de se
dar ênfase à efetiva fundamentação da causa especial de aumento da pena, dentro
dos limites previstos, com base em dados concretos. Precedentes da Corte. III –
Recurso ordinário em habeas corpus conhecido e parcialmente provido para, afastada
a hipótese de bis in idem, bem como a aplicação de tabela de percentuais de causas
de aumento da pena, sem prejuízo da condenação do agente, determinar ao Juízo de
origem que proceda à nova dosimetria da pena.
(RHC 116676, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em
20/08/2013, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-173 DIVULG 03-09-2013 PUBLIC 04-09-2013)

39. Assinale a alternativa CORRETA.


a) A receptação não é punível se desconhecido ou isento de pena o autor do crime
de que proveio a coisa.
b) Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de
Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de
economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos, a pena prevista
para o crime e receptação é aumentada em metade.
c) Não se admite o perdão judicial para o crime de receptação culposa e nem o
privilégio para o crime de receptação dolosa.
d) Para configurar o crime de receptação qualificada não basta ser comerciante e
adquirir a coisa. A coisa adquirida deve estar ligada, direta ou indiretamente, ao
comercio que exerce.
Gabarito: D
a) Incorreta, nos termos do art. 180, § 4º, CP: A receptação é punível, ainda que
desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.
b) Incorreta, nos termos do art. art. 180, § 6 º, CP: Tratando-se de bens do patrimônio
da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação
pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de
serviços públicos, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.
c) Incorreta, nos termos do art. art. 180 § 5º, CP: Na hipótese do § 3º, se o criminoso
é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a
pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155.
d) Correta, segundo a doutrina: para configurar o crime de receptação qualificada
não basta ser comerciante e adquirir a coisa. A coisa adquirida deve estar ligada,
direta ou indiretamente, ao comercio que exerce.
Referência: Cunha. Rogério Sanches. Código Penal para Concursos. 9ª ed. Juspodivm.
2016. p. 580.

40. Não pratica o crime de abandono moral (art. 247, CP) aquele que permite
alguém que menor de dezoito anos, sujeito a seu poder ou confiado à sua guarda
ou vigilância:
a) resida ou trabalhe em casa de prostituição.
b) frequente casa de jogo ou mal afamada.
c) frequente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de ofender-lhe o pudor, ou
participe de representação de igual natureza.
d) mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comiseração pública.
Gabarito: C
Segundo o art. 247, CP: Permitir alguém que menor de dezoito anos, sujeito a seu
poder ou confiado à sua guarda ou vigilância:
I - frequente casa de jogo ou mal-afamada, ou conviva com pessoa viciosa ou de
má vida;
II - frequente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de ofender-lhe o pudor, ou
participe de representação de igual natureza; OBSERVAÇÃO ABAIXO.
III - resida ou trabalhe em casa de prostituição;
IV - mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comiseração pública:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
OBSERVAÇÃO QUANTO AO INCISO II – segundo a doutrina:
Essa figura foi revogada pelo artigo 240 do ECA, alterado pela Lei 11.829/2008 que
agora pune:
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer
meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer
modo intermedeia a participação de criança ou adolescente nas cenas referidas no
caput deste artigo, ou ainda quem com esses contracena.
§ 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o crime:
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la;
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade; ou
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consanguíneo ou afim até o terceiro
grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de
quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu
consentimento.
Referência: CUNHA. Rogério Sanches. Código Penal para Concursos. 9ª ed. Juspodivm.
2016, p. 680.

41. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I – No crime de infração de medida sanitária preventiva (art. 268, CP), a pena é
aumentada de um terço, se o agente é funcionário da saúde pública ou exerce a
profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro.
II - Se o crime de exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica (art.
282, CP) é praticado com o fim de lucro, aplica-se também multa.
III – Incorre na mesma pena do crime de falsificação, corrupção, adulteração ou
alteração de substância ou produtos alimentícios (art. 272), quem pratica falsifica,
corrompe, adultera ou altera bebidas, com ou sem teor alcoólico.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
Gabarito: A
I – Correta. Art. 268, CP: Infringir determinação do poder público, destinada a impedir
introdução ou propagação de doença contagiosa:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se o agente é funcionário da
saúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro.
II – Correta. Art. 282, CP: Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico,
dentista ou farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se também multa.
III – Correta. Art. 272, CP: Corromper, adulterar, falsificar ou alterar substância ou
produto alimentício destinado a consumo, tornando-o nociva à saúde ou reduzindo-lhe
o valor nutritivo:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 1º-A - Incorre nas penas deste artigo quem fabrica, vende, expõe à venda, importa,
tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo a
substância alimentícia ou o produto falsificado, corrompido ou adulterado.
§ 1º - Está sujeito às mesmas penas quem pratica as ações previstas neste artigo em
relação a bebidas, com ou sem teor alcoólico.

42. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I – O depositário judicial que vende os bens sob sua guarda comete o crime de
peculato.
II - O diretor de organização social não pode ser considerado funcionário público
por equiparação para fins penais.
III - Administrador de Loteria não é equiparado a funcionário público para fins
penais porque a Loteria executa atividade da Administração Pública por
delegação.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Todas estão incorretas.
Gabarito: D
I – INCORRETA. Segundo a jurisprudência, o depositário judicial que vende os bens sob
sua guarda não comete o crime de peculato (art. 312 do CP).
PROCESSUAL PENAL. DEPOSITÁRIO JUDICIAL QUE VENDE OS BENS EM SEU PODER.
ATIPICIDADE PARA O DELITO DE PECULATO. DESCRIÇÃO FÁTICA QUE PODE SER
SUBSUMIDA A OUTROS CRIMES. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL SEM PREJUÍZO DE NOVA
DENÚNCIA POR OUTRO CRIME.
1 - O crime de peculato exige para a sua consumação que o funcionário público se
aproprie de dinheiro, valor ou outro bem móvel em virtude do "cargo". 2 - Depositário
judicial não é funcionário público para fins penais, porque não ocupa cargo público,
mas a ele é atribuído um munus, pelo juízo, em razão de bens que, litigiosos, ficam
sob sua guarda e zelo.
3 - Embora a narrativa da denúncia não possa ser subsumida ao tipo penal do
peculato, descreve aquela peça acontecimentos que, em tese, podem ser
enquadrados em outras molduras abstratamente definidas pela lei penal.
4 - Ordem concedida para trancar a ação penal, sem prejuízo de o órgão acusatório
apresentar nova denúncia por outro tipo penal.
(HC 402.949/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,
julgado em 13/03/2018, DJe 26/03/2018)
II – INCORRETA. Segundo a jurisprudência, o diretor de organização social pode ser
considerado funcionário público por equiparação para fins penais.
RECURSO ESPECIAL. PENAL. ARTS. 71 E 155, § 4º, CP. FURTO QUALIFICADO.
CONTINUIDADE DELITIVA. BOLSA FAMÍLIA. SAQUES FRAUDULENTOS. PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE.
CONDUTA TÍPICA PERPETRADA CONTRA PROGRAMA ESTATAL QUE BUSCA RESGATAR DA
MISERABILIDADE PARCELA SIGNIFICATIVA DA POPULAÇÃO. MAIOR REPROVAÇÃO.
CONTINUIDADE DELITIVA. NÚMERO DE INFRAÇÕES IMPLICA MAIOR EXASPERAÇÃO DE
PENA. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ.
1. Estagiário de órgão público que, valendo-se das prerrogativas de sua função,
apropria-se de valores subtraídos do programa bolsa-família subsume-se
perfeitamente ao tipo penal descrito no art. 312, § 1º, do Código Penal - peculato-
furto -, porquanto estagiário de empresa pública ou de entidades congêneres se
equipara, para fins penais, a servidor ou funcionário público, lato sensu, em
decorrência do disposto no art. 327, § 1º, do Código Penal.
2. No caso, a ora recorrente foi denunciada e condenada por furto qualificado,
descrito no art. 155, § 4º, II, e 71 do Código Penal, portanto, a meu ver, as instâncias
de origem contraditaram a melhor hermenêutica jurídica.
3. Indevida a incidência do princípio da insignificância em decorrência de duplo
fundamento: primeiro, o quantum subtraído, qual seja, R$ 2.130,00 (dois mil, cento e
trinta reais), não pode ser considerado irrisório; e, segundo, além de atentar contra a
Administração Pública, o delito foi praticado em desfavor de programa de
transferência de renda direta - Programa Bolsa Família - que busca resgatar da
miserabilidade parcela significativa da população do País, a tornar mais desabonadora
a conduta típica.
4. Na continuidade delitiva, leva-se em consideração o número de infrações
praticadas pelo agente ativo para a exasperação da pena (art. 71 do CP).
5. Ausência de prequestionamento. Súmula 211/STJ.
6. Recurso especial improvido.
(REsp 1303748/AC, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em
25/06/2012, DJe 06/08/2012)
III – INCORRETA. Segundo a jurisprudência, o administrador de Loteria é equiparado a
funcionário público para fins penais porque a Loteria executa atividade típica da
Administração Pública que lhe foi delegada por regime de permissão.
FUNCIONÁRIO PÚBLICO – EXTENSÃO. Para o fim previsto no artigo 327, § 1º, do Código
Penal, tem a qualificação de funcionário público pessoa que exerce cargo, emprego
ou função em entidade paraestatal ou trabalha em empresa prestadora de serviços
contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração
Pública. ORGANIZAÇÃO SOCIAL – INSTITUTO CANDANGO DE SOLIDARIEDADE. Os
dirigentes e prestadores de serviço têm, para efeito penal, a qualificação de
funcionário público. PENA – MULTA. A fixação do valor do dia-multa circunscreve-se
ao justo ou injusto, não alcançando, em geral, ilegalidade.
(HC 138484, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em
11/09/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-222 DIVULG 17-10-2018 PUBLIC 18-10-2018)

43. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I – Comete crime de desobediência (art. 330, CP) o indivíduo que não atende a
ordem dada pelo oficial de justiça na ocasião do cumprimento de mandado de
entrega de veículo.
II – O fato de um Ministro ter pedido vista do processo sem saber que estava
impedido, devolvendo na sessão seguinte e declarando seu impedimento, não
configura indício de que ele tenha praticado tráfico de influência (art. 332, caput,
do Código Penal).
III – A importação de arma de pressão por ação de gás comprimido, ainda que de
calibre inferior a 6 mm, configura o crime de contrabando, sendo inaplicável o
princípio da insignificância.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
Gabarito: A
I – CORRETA. Segundo a jurisprudência:
EMENTA: HABEAS CORPUS. DESOBEDIÊNCIA (ART. 330 DO CÓDIGO PENAL). EXERCÍCIO
DE AUTODEFESA. INOCORRÊNCIA. PRÁTICA DE ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA
JUSTIÇA E RESPONSABILIDADE DO DEPOSITÁRIO INFIEL (ART. 77, IV, E §§ 1º E 2º, E
ART. 161, PARÁGRAFO ÚNICO, AMBOS DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL). RESSALVA
EXPRESSA QUANTO À APLICAÇÃO DE SANÇÃO PENAL. INDEPENDÊNCIA DAS INSTÂNCIAS.
TIPICIDADE DA CONDUTA. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR
RESTRITIVAS DE DIREITOS. POSSIBILIDADE. ORDEM CONCEDIDA PARA ASSEGURAR A
CONVERSÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE.
(HC 169417, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: ALEXANDRE DE
MORAES, Primeira Turma, julgado em 11/02/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-197
DIVULG 06-08-2020 PUBLIC 07-08-2020)
II – CORRETA. Segundo a jurisprudência:
O Procurador-Geral da República ofereceu denúncia contra um Ministro do TCU pela
prática do crime de tráfico de influência (art. 332, caput, do Código Penal).
Segundo a denúncia, o filho do Ministro, em nome do pai, recebeu pagamento
(“propina”) de um empreiteiro, sob o pretexto de que iria influenciar em um processo
que estava em curso no TCU e no qual se analisava uma licitação fraudulenta, vencida
pela empresa do empreiteiro.
Para o PGR, o Ministro do TCU teria demonstrado ao empreiteiro que poderia
influenciar no trâmite do caso ao pedir vista do processo. Na sessão seguinte do TCU,
ele devolveu os autos e declarou seu impedimento para atuar no feito.
O colegiado considerou não haver, em relação ao Ministro, lastro probatório mínimo,
consistente em conjunto de evidências seguro e idôneo capaz de demonstrar a
materialidade do crime e indícios razoáveis de autoria.
O cerne da imputação formulada contra o Ministro decorre, essencialmente, do fato
de ele ter pedido vista de um processo, com a suposta intenção deliberada de
postergar o julgamento, apesar de já saber que estaria impedido de atuar no feito.
Ocorre que, desde a primeira vez em que o processo foi inserido na pauta de
julgamento no TCU até a ocasião do pedido de vista pelo denunciado, transcorreram
quase cinco meses, com diversos adiamentos e retiradas, mas nenhuma delas por ato
do Ministro acusado.
Além disso, na sessão em que ele solicitou vista, por equívoco, não foi registrado
impedimento ou suspeição do Ministro no sistema. Vale ressaltar também que não
houve nem mesmo advertência quanto ao pedido de vista do denunciado pelos demais
Ministros do TCU, advogados, partes, pelo secretário da sessão ou, até mesmo, pelo
representante do Ministério Público que atua no TCU. Essa circunstância revela a
ausência de conhecimento geral sobre o mencionado impedimento e a eventual
irregularidade do ato praticado pelo Ministro.
Em razão disso, mostra-se crível a versão do acusado no sentido de que foi levado a
acreditar que se encontrava plenamente apto a participar do referido julgamento e,
assim, desempenhar as funções e prerrogativas inerentes ao cargo, dentre elas a de
pedir vista regimental para melhor estudar os casos em julgamento.
O Ministro devolveu os autos após quatorze dias e declarou-se impedido, não tendo
participado da discussão ou votação do processo em análise.
STF. 1ª Turma. Inq 4075/DF, rel orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 10/9/2019 (Info 951).
III – CORRETA. Segundo a jurisprudência:
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. IMPORTAÇÃO DE ARMA DE
PRESSÃO. PROIBIÇÃO RELATIVA. CONFIGURAÇÃO DO CRIME DE CONTRABANDO.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. 1. A jurisprudência deste Superior
Tribunal tem-se posicionado no sentido de que, a importação não autorizada de arma
de pressão, ainda que de calibre inferior a 6 (seis) MM, configura crime de
contrabando, cuja prática impede a aplicação do princípio da insignificância. 2. No
crime de contrabando, é imperioso afastar o princípio da insignificância, na medida
em que o bem jurídico tutelado não tem caráter exclusivamente patrimonial, pois
envolve a vontade estatal de controlar a entrada de determinado produto em prol da
segurança e da saúde pública. 3. Também é firme o entendimento de que, para a
caracterização do delito de contrabando, basta a importação de arma de pressão sem
a regular documentação, sendo desnecessária a perícia. 4. Agravo regimental a que se
nega provimento. (STJ; AgRg-REsp 1.479.836; Proc. 2014/0229175-2; RS; Quinta
Turma; Rel. Min. Ribeiro Dantas; DJE 24/08/2016)
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. IMPORTAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE ARMA
DE PRESSÃO. CRIME DE CONTRABANDO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. NÃO
INCIDÊNCIA. AGRAVO DESPROVIDO. 1. A jurisprudência desta Corte Superior é firme no
sentido de que a importação não autorizada de arma de pressão, ainda que de calibre
inferior a 6 (seis) MM, configura crime de contrabando, sendo inaplicável o princípio
da insignificância. Precedentes. 2. Agravo regimental desprovido. (STJ; AgRg-REsp
1.729.115; Proc. 2018/0055063-3; PR; Quinta Turma; Rel. Min. Joel Ilan Paciornik;
Julg. 12/06/2018; DJE 25/06/2018; Pág. 1953)
Ementa: HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. IMPORTAÇÃO DE ARMA DE PRESSÃO DE USO
PERMITIDO. CALIBRE IGUAL OU INFERIOR A 6 MILÍMETROS. PRODUTO CONTROLADO
PELO EXÉRCITO. CRIME DE CONTRABANDO. PROIBIÇÃO RELATIVA. INAPLICABILIDADE
DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. PRECEDENTES. ORDEM DENEGADA. 1. A importação
de arma de pressão por ação de gás comprimido, de calibre igual ou inferior a 6mm,
de uso permitido, submete-se a uma proibição relativa, por se tratar de produto
controlado pelo Exército. 2. A importação, sem autorização prévia do Exército, de
arma de pressão por ação de gás comprimido, de calibre igual ou inferior a 6mm, de
uso permitido, tipifica o crime de contrabando. 3. O princípio da insignificância não
se aplica ao crime de contrabando. Precedentes. 4. Ordem denegada.
(HC 131943, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Relator(a) p/ Acórdão: Min. EDSON
FACHIN, Segunda Turma, julgado em 07/05/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-051
DIVULG 09-03-2020 PUBLIC 10-03-2020).

DIREITO PROCESSUAL PENAL

44. Assinale a alternativa INCORRETA.


a) O CPP adota o princípio do locus regit actum, ou seja, deve ser aplicada a lei do
local em que foi praticado o crime.
b) O crime é considerado praticado no lugar em que tenha ocorrido a ação ou
omissão, ou no lugar em que ocorreu ou deveria ter ocorrido o resultado, tal como
estabelece o art. 6º do CP. Trata-se da denominada teoria da atividade.
c) A lei processual penal no tempo se aplica desde logo, ou seja, é imediata. Isto
não inviabiliza o reconhecimento da validade dos atos realizados sob a vigência da
lei anterior.
d) Na seara processual, aplica-se o tempus regit actum, mas só se falará em
extratividade se for tratar de normas híbridas.
Gabarito: B
a) Correta. Art. 6°, CPP.
b) Incorreta. Trata-se da denominada teoria da ubiquidade.
c) Correta. Art. 2º, CPP.
d) Correta. Segundo entendimento do STJ, caso a disposição de direito material da
norma híbrida ou mista for mais benéfica, esta deverá retroagir ou ser aplicada de
forma ultrativa. Contudo, importante frisar que o deve ser por inteiro, não se
admitindo cisão da parte processual e da parte material.

45. São princípios regentes da Jurisdição Criminal, exceto:


a) Indeclinabilidade.
b) Unidade.
c) Inafastabilidade.
d) Delegabilidade.
Gabarito: D
a) Correta. Indeclinabilidade: “o juiz não pode abster-se de julgar os casos que lhe
forem apresentados” (NUCCI, 2008, p. 247). Trata-se da proibição do non liquet.
b) Correta. Unidade: a jurisdição é uma só, pertencente ao Poder Judiciário.
c) Correta. Inafastabilidade: a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
ou ameaça a direito (CF/88, art. 5º, XXXV).
d) Incorreta. Indelegabilidade: o juiz não pode delegar a função jurisdicional a quem
não possui. Nessa linha, convém esclarecer que a carta precatória e a carta de ordem
não implicam em delegação da jurisdição, e sim em delegação da competência.

46. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta.


I - Caberá o sequestro dos bens imóveis, adquiridos pelo indiciado com os
proventos da infração, ainda que já tenham sido transferidos a terceiro.
II - Para a decretação do sequestro, bastará a existência de indícios veementes da
proveniência ilícita dos bens.
III - O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido, ou
mediante representação da autoridade policial, poderá ordenar o sequestro, em
qualquer fase do processo, mas não antes de oferecida a denúncia ou queixa.
IV - O sequestro será levantado se a ação penal não for intentada no prazo de
trinta dias, contado da data em que ficar concluída a diligência.
Estão corretas:
a) I, II, III e IV.
b) I, II e III.
c) I e II.
d) II e III.
Gabarito: C
I- Correta. CPP, art. 125.
II- Correta. CPP, art. 126.
III- Incorreta. CPP, art. 127: O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou
do ofendido, ou mediante representação da autoridade policial, poderá ordenar o
sequestro, em qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia ou
queixa.
IV- Incorreta. CPP, art. 131: O sequestro será levantado: I - se a ação penal não for
intentada no prazo de sessenta dias, contado da data em que ficar concluída a
diligência; (...)

47. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I – Não oferecida a queixa-crime contra todos os supostos autores ou partícipes da
prática delituosa, há afronta ao princípio da indivisibilidade da ação penal, a
implicar renúncia tácita ao direito de querela, cuja eficácia extintiva da
punibilidade estende-se a todos quantos alegadamente hajam intervindo no
cometimento da infração penal.
II – Deve ser rejeitada a queixa-crime que, oferecida antes de qualquer
procedimento prévio, impute a prática de infração de menor potencial ofensivo
com base apenas na versão do autor e na indicação de rol de testemunhas,
desacompanhada de Termo Circunstanciado ou de qualquer outro documento hábil
a demonstrar, ainda que de modo indiciário, a autoria e a materialidade do crime.
III – A denúncia que deixa de mencionar a legislação complementar a que se refere
o tipo penal não atende o disposto no art. 41 do CPP porque não descreve por
completo a conduta delitiva, dificultando a compreensão da acusação e, por
conseguinte, o exercício do direito de defesa.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
Gabarito: A
I – Correta. De acordo com a jurisprudência:
Não oferecida a queixa-crime contra todos os supostos autores ou partícipes da
prática delituosa, há afronta ao princípio da indivisibilidade da ação penal, a implicar
renúncia tácita ao direito de querela, cuja eficácia extintiva da punibilidade estende-
se a todos quantos alegadamente hajam intervindo no cometimento da infração
penal. STF. 1ª Turma. Inq 3526/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 2/2/2016
(Info 813).
II – Correta. De acordo com a jurisprudência:
Deve ser rejeitada a queixa-crime que, oferecida antes de qualquer procedimento
prévio, impute a prática de infração de menor potencial ofensivo com base apenas na
versão do autor e na indicação de rol de testemunhas, desacompanhada de Termo
Circunstanciado ou de qualquer outro documento hábil a demonstrar, ainda que de
modo indiciário, a autoria e a materialidade do crime. STJ. 5ª Turma. RHC 61822-DF,
Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 17/12/2015 (Info 577).
III – Correta. De acordo com a jurisprudência:
A denúncia que deixa de mencionar a legislação complementar a que se refere o tipo
penal não atende o disposto no art. 41 do CPP porque não descreve por completo a
conduta delitiva, dificultando a compreensão da acusação e, por conseguinte, o
exercício do direito de defesa. STJ. 5ª Turma. RHC 64430/SP, Rel. Min. Gurgel de
Faria, julgado em 19/11/2015.

48. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I – Provas cautelares são aquelas em que há um risco de desaparecimento do
objeto da prova em razão do decurso do tempo, em relação às quais o
contraditório será diferido.
II – Prova não repetível é aquela que, uma vez produzida, não tem como ser
novamente coletada ou produzida, em virtude do desaparecimento, destruição ou
perecimento da fonte probatória.
III – Provas antecipadas são aquelas produzidas com a observância do contraditório
real, perante a autoridade judicial, em momento processual distinto daquele
legalmente previsto, ou até mesmo antes do início do processo, em virtude de
situação de urgência e relevância.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
Gabarito: A
O art. 155 do CPP deixa entrever que é possível que o juiz forme sua convicção com
base em provas cautelares, não repetíveis e antecipadas, ainda que estas tenham
sido produzidas na fase investigatória.
Provas cautelares são aquelas em que há um risco de desaparecimento do objeto da
prova em razão do decurso do tempo, em relação às quais o contraditório será
diferido.6 Podem ser produzidas no curso da fase investigatória ou durante a fase
judicial, sendo que, em regra, dependem de autorização judicial. É o que acontece,
por exemplo, com uma interceptação telefônica. Tal medida investigatória, que tem
no elemento da surpresa verdadeiro pressuposto de sua eficácia, depende de prévia
autorização judicial, sendo que o investigado só terá conhecimento de sua realização
após a conclusão das diligências. Quando estamos diante de medidas cautelares
inaudita altera parte, a parte contrária só poderá contraditá-la depois de sua
concretização, o que é denominado pela doutrina de contraditório diferido,
postergado ou adiado.
Prova não repetível é aquela que, uma vez produzida, não tem como ser novamente
coletada ou produzida, em virtude do desaparecimento, destruição ou perecimento
da fonte probatória. Podem ser produzidas na fase investigatória e em juízo, sendo
que, em regra, não dependem de autorização judicial. Exemplificando, suponha-se
que alguém tenha sido vítima de lesõescorporais de natureza leve. O exame pericial
levado a efeito imediatamente após a prática do delito dificilmente poderá ser
realizado novamente, já que os vestígios deixados pela infração penal irão
desaparecer. Ante o perigo de que haja dispersão dos elementos probatórios em
relação aos fatos transeuntes, sua produção independe de prévia autorização
judicial, podendo ser determinada pela própria autoridade policial imediatamente
após tomar conhecimento da prática delituosa. Como dispõe o art. 6o, inciso VII, do
CPP, logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial
deverá, dentre outras diligências, determinar que se proceda a exame de corpo de
delito e quaisquer outras perícias.
Perceba-se que, nos mesmos moldes do que ocorre com as provas cautelares, o
contraditório também será diferido em relação às provas não repetíveis. Para que
possam ser utilizadas no curso do processo, imperiosa será a observância do
contraditório sobre a prova, permitindo que as partes possam discutir sua
admissibilidade, regularidade e idoneidade. Não há, todavia, necessidade de realizá-
las novamente no curso do processo penal, até mesmo porque provavelmente isso não
seria possível.7 Bom exemplo disso, aliás, é o quanto previsto no art. 159, § 5o,
inciso I, do CPP, que permite às partes, durante o curso do processo judicial,
requerer a oitiva dos peritos para esclarecimento da prova ou para responderem a
quesitos.
Por outro lado, provas antecipadas são aquelas produzidas com a observância do
contraditório real, perante a autoridade judicial, em momento processual distinto
daquele legalmente previsto, ou até mesmo antes do início do processo, em virtude
de situação de urgência e relevância. Tais provas podem ser produzidas na fase
investigatória e em juízo, sendo indispensável prévia autorização judicial.
É o caso do denominado depoimento ad perpetuam rei memoriam, previsto no art.
225 do CPP. Supondo-se que determinada testemunha presencial do delito esteja
hospitalizada, em grave estado de saúde, afigura-se possível a colheita antecipada de
seu depoimento, o que será feito com a presença do juiz, e com a participação das
partes sob contraditório. Caso ainda não haja uma pessoa formalmente apontada
como suspeita da prática do delito, deve o magistrado diligenciar para que a defesa
técnica seja patrocinada por um advogado dativo. Nesse caso, o depoimento ficará
integrado aos autos com o mesmo valor legal que teria caso fosse prestado no curso
da instrução.
Outro exemplo de prova antecipada é aquele constante do art. 366 do CPP, em que,
determinada a suspensão do processo e da prescrição em relação ao acusado que,
citado por edital, não tenha comparecido nem constituído defensor, poderá ser
determinada pelo juiz a produção antecipada de provas urgentes, nos termos do art.
225 do CPP. Nesse caso, para que se irnpo- nha a antecipação da prova urgente, deve
a acusação justificá-la de maneira satisfatória (v.g., ofendido com idade avançada).
Isso porque, na visão dos Tribunais Superiores, a inquirição de testemunha, por si só,
não pode ser considerada prova urgente, e a mera referência aos limites da memória
humana não é suficiente para determinar a medida excepcional.8 Sobre o assunto,
dispõe a súmula n° 455 do STJ que “a decisão que determina a produção antecipada
de provas com base no art. 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a
justificando unicamente o mero decurso do tempo”.
A Lei n. 13.431, de 4 de abril de 2017, com vigência um ano depois de sua publicação
oficial, também dispõe que o depoimento especial, assim compreendido o
procedimento de oitiva de criança ou adolescente vítima ou testemunha de violência
perante autoridade policial ou judiciária, deverá ser realizado uma única vez,
sempre que possível, em sede de produção antecipada de prova judicial, garantida a
ampla defesa do investigado (art. 11, caput). Aliás, consoante disposto em seu art.
11, §1°, o depoimento especial deverá seguir o rito cautelar de antecipação de
prova: I - quando a criança ou adolescente tiver menos de 7 (sete) anos; II - em caso
de violência sexual.
O Código de Processo Penal silencia acerca do procedimento a ser adotado no caso de
colheita dessa prova antecipada. Não obstante, com fundamento no art. 3o do CPP,
queremos crer ser possível a aplicação subsidiária do novo Código de Processo Civil,
que trata de maneira expressa da matéria nos arts. 381 a 383.
Referência: Lima, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: volume único 7.
ed. rev., ampl. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2019, p. 607/609.

49. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I – A audiência de custódia, no caso de mandado de prisão preventiva cumprido
fora do âmbito territorial da jurisdição do Juízo que a determinou, deve ser
efetivada por meio da condução do preso à autoridade judicial competente na
localidade em que ocorreu a prisão.
II – Não se admite, por ausência de previsão legal, a realização de audiência de
custódia por meio de videoconferência, ainda que pelo Juízo que decretou a
custódia cautelar.
III – A decisão que, na audiência de custódia, determina o relaxamento da prisão
em flagrante sob o argumento de que a conduta praticada é atípica faz coisa
julgada.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
Gabarito: B
I e II – CORRETAS. Segundo a jurisprudência:
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. PROCESSUAL PENAL. MANDADO DE PRISÃO PREVENTIVA.
CUMPRIMENTO EM UNIDADE JURISDICIONAL DIVERSA. AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA.
REALIZAÇÃO. COMPETÊNCIA. JUÍZO DA LOCALIDADE EM QUE EFETIVADA A PRISÃO.
REALIZAÇÃO POR MEIO DE VIDEOCONFERÊNCIA PELO JUÍZO ORDENADOR DA PRISÃO.
DESCABIMENTO. PREVISÃO LEGAL.
INEXISTÊNCIA. CONFLITO CONHECIDO PARA DECLARAR COMPETENTE O JUÍZO
SUSCITANTE.
1. A audiência de custódia, no caso de mandado de prisão preventiva cumprido fora
do âmbito territorial da jurisdição do Juízo que a determinou, deve ser efetivada por
meio da condução do preso à autoridade judicial competente na localidade em que
ocorreu a prisão. Não se admite, por ausência de previsão legal, a sua realização por
meio de videoconferência, ainda que pelo Juízo que decretou a custódia cautelar.
2. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo Federal da Vara da Seção
Judiciária do Paraná, o Suscitante.
(CC 168.522/PR, Rel. Ministra LAURITA VAZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
11/12/2019, DJe 17/12/2019)
III – INCORRETA. De acordo com a jurisprudência, não faz coisa julgada, não
vinculando o titular da ação penal, que poderá oferecer acusação contra o indivíduo
narrando os mesmos fatos e o juiz poderá receber essa denúncia:
Ementa: HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. CRIMES DE ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA E
DE CORRUPÇÃO DE MENOR. ARTIGO 288 DO CÓDIGO PENAL E ARTIGO 244-B DA LEI Nº
8.069/90. PRETENSÃO DE TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. REVOLVIMENTO DO
CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. INADMISSIBILIDADE NA VIA ELEITA. AUDIÊNCIA DE
APRESENTAÇÃO. EXAME DOS PRESSUPOSTOS DA PRISÃO EM FLAGRANTE. AUSÊNCIA DE
JUÍZO ACERCA DO MÉRITO DE EVENTUAL AÇÃO PENAL. INEXISTÊNCIA DE
CONSTRANGIMENTO ILEGAL.
1. A Convenção Americana sobre Direitos do Homem, que dispõe, em seu artigo 7º,
item 5, que “toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à
presença de um juiz”, posto ostentar o status jurídico supralegal que os tratados
internacionais sobre direitos humanos têm no ordenamento jurídico brasileiro,
legitima a denominada “audiência de custódia”, cuja denominação sugere-se
“audiência de apresentação”.
2. O direito convencional de apresentação do preso ao Juiz, consectariamente,
deflagra o procedimento legal, no qual o Juiz apreciará a legalidade da prisão,
procedimento esse instituído pelo Código de Processo Penal, nos seus artigos 647 e
seguintes.
3. O habeas corpus, em sua origem remota, consistia na determinação do juiz de
apresentação do preso para aferição da legalidade da sua prisão, o que ainda se faz
presente na legislação processual penal vigente (Art. 656 do CPP).
4. A audiência de apresentação consubstancia-se em mecanismo de índole
constitucional dirigido a possibilitar ao juízo natural formar seu convencimento acerca
da necessidade de se concretizar qualquer das espécies de prisão processual, bem
como de se determinar medidas cautelares diversas da prisão, nos termos dos artigos
310 e 319 do Código de Processo Penal, porquanto não reserva espaço cognitivo
acerca do mérito de eventual ação penal, sob pena de comprometer a imparcialidade
do órgão julgador.
5. A separação entre as funções de acusar defender e julgar é o signo essencial do
sistema acusatório de processo penal, porquanto a atuação do Judiciário na fase pré-
processual somente se revela admissível com o propósito de proteger as garantias
fundamentais dos investigados (FERRAJOLI, Luigi. Derecho y Razón Teoría del
Garantismo Penal. 3ª ed., Madrid: Trotta, 1998. p. 567).
6. In casu, o juízo plantonista apontou a atipicidade da conduta em sede de audiência
de apresentação, tendo o Tribunal de origem assentado que “a pretensa atipicidade
foi apenas utilizada como fundamento opinativo para o relaxamento da prisão da
paciente e de seus comparsas, uma vez que o MM. Juiz de Direito que presidiu a
audiência de custódia sequer possuía competência jurisdicional para determinar o
arquivamento dos autos. Por se tratar de mero juízo de garantia, deveria ter se
limitado à regularidade da prisão e mais nada, porquanto absolutamente
incompetente para o mérito da causa. Em função disso, toda e qualquer consideração
feita a tal respeito – mérito da infração penal em tese cometida – não produz os
efeitos da coisa julgada, mesmo porque de sentença sequer se trata”.
7. O trancamento da ação penal por meio de habeas corpus é medida excepcional,
somente admissível quando transparecer dos autos, de forma inequívoca, a inocência
do acusado, a atipicidade da conduta ou a extinção da punibilidade. Precedentes: HC
141.918-AgR, Primeira Turma, Rel. Min. Rosa Weber, Dje de 20/06/2017 e HC
139.054, Segunda Turma, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 02/06/2017.
8. O habeas corpus é ação inadequada para a valoração e exame minucioso do acervo
fático probatório engendrado nos autos.
9. Ordem denegada.
(HC 157306, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 25/09/2018,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-043 DIVULG 28-02-2019 PUBLIC 01-03-2019)

50. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I – A decisão que indefere o pedido do condenado para ser dispensado do uso da
tornozeleira eletrônica deverá apontar a necessidade da medida no caso concreto.
II – Não é cabível recurso em sentido estrito contra decisão que revoga medida
cautelar diversa da prisão.
III – Na hipótese em que a atuação do sujeito na organização criminosa de tráfico
de drogas se limitava à lavagem de dinheiro, é possível que lhe sejam aplicadas
medidas cautelares diversas da prisão quando constatada impossibilidade da
organização continuar a atuar, ante a prisão dos integrantes responsáveis
diretamente pelo tráfico.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
Gabarito: C
I – Correta. PENAL E PROCESSUAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO. NÃO
CONHECIMENTO. EXECUÇÃO. MONITORAMENTO ELETRÔNICO MEDIANTE USO DE
TORNOZELEIRA. PEDIDO DE RETIRADA DO EQUIPAMENTO POR DESNECESSIDADE.
INDEFERIMENTO PELO JUÍZO DAS EXECUÇÕES SEM FUNDAMENTO CONCRETO.
HISTÓRICO FAVORÁVEL. RECOMENDAÇÃO DO MPF E DO MPE PELA RETIRADA DO
EQUIPAMENTO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. HC NÃO CONHECIDO.
ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. Ressalvada pessoal compreensão diversa, uniformizou o Superior Tribunal de
Justiça ser inadequado o writ em substituição a recursos especial e ordinário, ou de
revisão criminal, admitindo-se, de ofício, a concessão da ordem ante a constatação de
ilegalidade flagrante, abuso de poder ou teratologia.
2. Ainda que o monitoramento eletrônico, com a colocação de tornozeleiras, se
constitua em alternativa tecnológica ao cárcere, a necessidade de sua manutenção
deve ser aferida periodicamente, podendo ser dispensada a cautela em casos
desnecessários.
Inteligência do art. 146-D da LEP: a monitoração eletrônica poderá ser revogada
quando se tornar desnecessária ou inadequada.
3. A simples afirmação de que o monitoramento é medida mais acertada à fiscalização
do trabalho externo com prisão domiciliar deferido ao apenado em cumprimento de
pena de reclusão no regime semiaberto, sem maiores esclarecimentos acerca do caso
concreto, não constitui fundamento idôneo para justificar o indeferimento do pleito,
sobretudo quando o apenado apresenta histórico favorável, com manifestação dos
Ministérios Público Federal e Estadual pela retirada do equipamento.
4. Assim como tem a jurisprudência exigido motivação concreta para a incidência de
cautelares durante o processo criminal, a fixação de medidas de controle em fase de
execução da pena igual motivação exigem, de modo que a incidência genérica -
sempre e sem exame da necessidade da medida gravosa - de tornozeleiras eletrônicas
não pode ser admitida.
5. Habeas corpus não conhecido, mas concedida a ordem de ofício para determinar
seja sustada a exigência de monitoramento eletrônico, ressalvada nova e justificada
decisão determinadora dessa ou de outras medidas paralelas de controle da execução
penal.
(HC 351.273/CE, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 02/02/2017,
DJe 09/02/2017)
II – Incorreta. De acordo com a jurisprudência caberá RESE em tal hipótese por
interpretação extensiva do art. 581, V, CPP:
RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. ROL
TAXATIVO. APLICAÇÃO EXTENSIVA. ADMISSÃO. ANALOGIA. INVIABILIDADE.
REVOGAÇÃO DE MEDIDA CAUTELAR DIVERSA DA PRISÃO. CABIMENTO DE HIPÓTESE QUE
GUARDA SIMILITUDE COM O INCISO V DO ART. 581 DO CPP.
1. As hipóteses de cabimento de recurso em sentido estrito, trazidas no art. 581 do
Código de Processo Penal e em legislação especial, são exaustivas, admitindo a
interpretação extensiva, mas não a analógica.
2. O ato de revogar prisão preventiva, previsto expressamente no inciso V, é similar
ao ato de revogar medida cautelar diversa da prisão, o que permite a interpretação
extensiva do artigo e, consequentemente, o manejo do recurso em sentido estrito.
3. Recurso especial provido para determinar que o Tribunal de Justiça do Rio Grande
do Sul prossiga na análise do Recurso em Sentido Estrito n. 70067541250, nos termos
do voto.
(REsp 1628262/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em
13/12/2016, DJe 19/12/2016)
III – Correta. Segundo a jurisprudência:
HABEAS CORPUS. LAVAGEM DE DINHEIRO. TRÁFICO DE DROGAS. ORGANIZAÇÃO
CRIMINOSA. PRISÃO. FUNDAMENTAÇÃO INSUFICIENTE. POSSIBILIDADE DE MEDIDAS
CAUTELARES DIVERSAS. EXTENSÃO.
1. A paciente que tem sua atuação em organização criminosa de tráfico de drogas
limitada à lavagem de dinheiro podem ser aplicadas medidas cautelares diversas da
prisão, considerando que ela se encontra desmantelada em face da prisão dos seus
membros que atuam diretamente no tráfico.
2. Concessão da ordem para substituir a prisão pelas cautelares previstas no art. 319,
I e III, do Código de Processo Penal, com extensão a corréus em idêntica situação.
(HC 376.169/GO, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, Rel. p/ Acórdão Ministro SEBASTIÃO
REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 01/12/2016, DJe 14/12/2016)

51. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I – Em caso de apelação contra a sentença do Tribunal do Júri, se a matéria
devolvida à apreciação do Tribunal disser respeito ao mérito da decisão proferida
pelos jurados, só se admite que o Tribunal determine a sujeição do acusado a novo
julgamento.
II – Prevalece na doutrina e na jurisprudência o entendimento de que ao Tribunal
de Justiça é conferida a possibilidade de, em sede de revisão criminal, proceder
ao juízo rescindente e rescisório.
III – Em razão do princípio da soberania dos veredictos, é possível a execução
provisória da pena decorrente de condenação pelo Tribunal do Júri, sem que haja
necessidade de se aguardar o julgamento em segundo grau de jurisdição.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
Gabarito: B
I – CORRETA. De acordo com a doutrina:
A fim de se evitar uma possível violação à soberania dos veredictos, deve o juízo ad
quem ficar atento àquilo que diz (ou não) respeito ao mérito ao julgar uma apelação
contra decisão do Júri. Se a matéria devolvida à apreciação do Tribunal disser
respeito ao mérito da decisão proferida pelos jurados, só se admite que o Tribunal
determine a sujeição do acusado a novo julgamento. Todavia, se a impugnação não
estiver relacionada ao mérito da decisão dos jurados, guardando relação com
decisões proferidas pelo Juiz-Presidente, é plenamente possível a modificação do
teor da decisão pelo juízo ad quem.
II – CORRETA. Segundo a doutrina:
Assim, se o Tribunal togado se convencer que a sentença condenatória se fundou em
depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos, pode, desde já,
absolver o acusado, não havendo a necessidade de submetê-lo a novo julgamento
perante o júri. Portanto, na ação autônoma de impugnação que é a revisão criminal,
o tribunal de segundo grau tem competência tanto para o juízo rescindente,
consistente em desconstituir a sentença do tribunal do júri, quanto para o juízo
rescisório, consistente em substituir a decisão do júri por outra do próprio tribunal
do segundo grau.
III – INCORRETA. De acordo com a doutrina.
Com a devida vênia, a busca por um sistema penal mais eficiente não autoriza a
conclusão no sentido de que a soberania dos veredictos autoriza a execução
provisória de decisão conde- natória proferida pelo Júri. Se a permanência do
acusado em liberdade após a condenação em primeira instância pelo Júri representa
um risco à execução da pena ou à garantia da ordem pública, impõe-se a decretação
da prisão cautelar. Agora, ausente o periculum libertatis a que se refere o art. 312
do CPP, não se pode admitir a execução provisória de uma prisão penal, sob pena de
se negar ao acusado perante o Júri não apenas o respeito à presunção de inocência,
que a Constituição Federal estende até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória - ou que o Supremo amplia até o julgamento de eventual apelação
pelos Tribunais de segunda instância -, mas também ao próprio duplo grau de
jurisdição, explicitamente previsto na CADH (art. 8o, n. 2, alínea “h”).
Lima, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: volume único 7. ed. rev., ampl.
e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2019, p. 1376/1379.
Ainda, segundo a jurisprudência:
Não é possível a execução provisória da pena mesmo em caso de condenações pelo
Tribunal do Júri. STF. 2ª Turma.HC 163814 ED/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 19/11/2019 (Info 960).
Obs: existe decisão da 1ª Turma em sentido contrário, ou seja, afirmando que “a
prisão de réu condenado por decisão do Tribunal do Júri, ainda que sujeita a recurso,
não viola o princípio constitucional da presunção de inocência ou não-culpabilidade.”
(STF. 1ª Turma. HC 118770, Relator p/ Acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em
07/03/2017). Vale ressaltar, contudo, que essa decisão da 1ª Turma foi tomada antes
do resultado das ADC 43/DF, ADC 44/DF e ADC 54/DF, julgadas em 7/11/2019.

52. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I – O recurso será interposto por petição ou por termo nos autos, assinado pelo
recorrente ou por seu representante.
II – O recuso em sentido estrito possui o chamado efeito iterativo.
III – Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será prejudicada pela interposição de
um recurso por outro.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
Gabarito: A
I – CORRETA. Segundo o art. 578, CPP: O recurso será interposto por petição ou por
termo nos autos, assinado pelo recorrente ou por seu representante.
II – CORRETA. Trata-se do efeito regressivo ou diferido, ou seja, a possibilidade de
juízo de retratação.
Segundo o art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso
ao juiz, que, dentro de dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando
instruir o recurso com os traslados que Ihe parecerem necessários.
Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por
simples petição, poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo mais
lícito ao juiz modificá-la. Neste caso, independentemente de novos arrazoados, subirá
o recurso nos próprios autos ou em traslado.
III – CORRETA. Segundo o art. 579, CPP: Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será
prejudicada pela interposição de um recurso por outro.

53. Assinale a alternativa INCORRETA de acordo com o entendimento sumulado


pelos Tribunais Superiores.
a) Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus
impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a Tribunal
Superior, indefere a liminar.
b) Sentença de primeira instância concessiva de habeas corpus, em caso de crime
praticado em detrimento de bens, serviços ou interesses da união, está sujeita a
recurso "ex officio".
c) É cabível habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de turma,
ou do plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso.
d) Não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator de extradição, se
fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem foi
ele provocado a respeito.
Gabarito: C
a) Correta, nos termos do Enunciado da Súmula 691-STF: Não compete ao Supremo
Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do Relator que,
em habeas corpus requerido a Tribunal Superior, indefere a liminar.
OBS: A Súmula 691 pode ser afastada em casos excepcionais, quando a decisão
atacada se mostrar teratológica, flagrantemente ilegal, abusiva ou manifestamente
contrária à jurisprudência do STF (HC 118684, julgado em 03/12/2013).
b) Correta, nos termos do Enunciado da Súmula 344-STF: Sentença de primeira
instância concessiva de habeas corpus, em caso de crime praticado em detrimento de
bens, serviços ou interesses da união, está sujeita a recurso "ex officio".
c) Incorreta, segundo o Enunciado da Súmula 606-STF: Não cabe habeas corpus
originário para o Tribunal Pleno de decisão de turma, ou do plenário, proferida em
habeas corpus ou no respectivo recurso.
d) Correta, nos termos do Enunciado da Súmula 692-STF: Não se conhece de habeas
corpus contra omissão de relator de extradição, se fundado em fato ou direito
estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem foi ele provocado a respeito.

54. Assinale a alternativa INCORRETA.


a) De acordo com o art. 1º, parágrafo único, da Lei n. 8.072/90, o genocídio,
consumado ou tentado, é considerado delito hediondo.
b) O delito de associação para a prática de genocídio é crime material, que se
consuma no exato momento do cometimento de genocídio.
c) O crime de genocídio consuma-se no momento em que realizada qualquer das
condutas típicas, ainda que não atingido o objetivo de destruir o grupo total ou
parcialmente, tratando-se, portanto, de crime formal.
d) Os condenados ao crime de genocídio, na modalidade hediondo, não têm direito
a anistia, graça ou indulto.
Gabarito: B
a) CORRETA. Lei n. 8.072/90. Art. 1 o São considerados hediondos os seguintes crimes,
todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal,
consumados ou tentados: (Redação dada pela Lei nº 8.930, de 1994) (Vide Lei nº
7.210, de 1984)
(...)
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos o crime de genocídio previsto
nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, e o de posse ou porte
ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 da Lei no 10.826, de 22 de
dezembro de 2003, todos tentados ou consumados. (Redação dada pela Lei nº 13.497,
de 2017)
b) INCORRETA. Cuida-se de crime formal que se consuma no exato instante em que
ocorre o acordo de vontades no sentido de formar um grupo visando ao cometimento
de genocídio, ainda que seus integrantes não consigam iniciar a execução do crime-
fim. Caso o façam, respondem pelos dois crimes em concurso material.
c) CORRETA. No momento em que realizada qualquer das condutas típicas, ainda que
não atingido o objetivo de destruir o grupo total ou parcialmente. Trata-se de crime
formal.
d) CORRETA. Lei n. 8.072/90. Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: I -
anistia, graça e indulto;
Referência: Gonçalves, Victor Eduardo Rios. Legislação penal especial esquematizado.
Victor Eduardo Rios Gonçalves e José Paulo Baltazar Junior. – 3. ed. – São Paulo:
Saraiva, 2017, p. 462; 466/467.

55. Assinale a alternativa INCORRETA de acordo com a jurisprudência.


a) É atípica a conduta daquele que porta, na forma de pingente, munição
desacompanhada de arma.
b) Em regra, a jurisprudência não aplica o princípio da insignificância aos crimes
de posse ou porte de arma ou munição.
c) O porte de arma de fogo a que têm direito os policiais civis, se estende aos
policiais aposentados.
d) Não configura o crime de posse ilegal de arma de fogo a conduta do agente que
mantém sob guarda, no interior de sua residência, arma de fogo de uso permitido
com registro vencido.
Gabarito: C
a) e b) Corretas. Segundo a jurisprudência:
EMENTA: HABEAS CORPUS. DELITO DO ART. 16, CAPUT, DA LEI N. 10.826/2003.
PACIENTE PORTANDO MUNIÇÃO. ATIPICIDADE MATERIAL DA CONDUTA. INCIDÊNCIA DO
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. ORDEM CONCEDIDA. 1. A análise dos documentos pelos
quais se instrui pedido e dos demais argumentos articulados na inicial demonstra a
presença dos requisitos essenciais à incidência do princípio da insignificância e a
excepcionalidade do caso a justificar a flexibilização da jurisprudência deste Supremo
Tribunal segundo a qual o delito de porte de munição de uso restrito, tipificado no
art. 16 da Lei n. 10.826/2003, é crime de mera conduta. 2. A conduta do Paciente
não resultou em dano ou perigo concreto relevante para a sociedade, de modo a
lesionar ou colocar em perigo bem jurídico na intensidade reclamada pelo princípio
da ofensividade. Não se há subestimar a natureza subsidiária, fragmentária do direito
penal, que somente deve ser acionado quando os outros ramos do direito não forem
suficientes para a proteção dos bens jurídicos envolvidos. 3. Ordem concedida.
(HC 133984, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, julgado em 17/05/2016,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-112 DIVULG 01-06-2016 PUBLIC 02-06-2016)
c) Incorreta. Segundo a jurisprudência, o porte de arma de fogo a que têm direito os
policiais civis, não se estende aos policiais aposentados.
HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO ORIGINÁRIA. SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO ESPECIAL
CABÍVEL. IMPOSSIBILIDADE. RESPEITO AO SISTEMA RECURSAL PREVISTO NA CARTA
MAGNA. NÃO CONHECIMENTO.
1. Com o intuito de homenagear o sistema criado pelo Poder Constituinte Originário
para a impugnação das decisões judiciais, necessária a racionalização da utilização do
habeas corpus, que não deve ser admitido para contestar decisão contra a qual exista
previsão de recurso específico no ordenamento jurídico.
2. Tendo em vista que a impetração aponta como ato coator acórdão proferido por
ocasião do julgamento de apelação criminal, contra o qual foi interposto recurso
especial - não admitido -, depara-se com flagrante utilização inadequada da via
eleita, circunstância que impede o seu conhecimento.
3. O constrangimento apontado na inicial será analisado, a fim de que se verifique a
existência de flagrante ilegalidade que justifique a atuação de ofício por este
Superior Tribunal de Justiça.
PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO E DE USO RESTRITO.
INÉPCIA DA DENÚNCIA. PEÇA INAUGURAL QUE ATENDE AOS REQUISITOS LEGAIS
EXIGIDOS E DESCREVE CRIME EM TESE. AMPLA DEFESA GARANTIDA. EIVA NÃO
EVIDENCIADA.
1. Não pode ser acoimada de inepta a denúncia formulada em obediência aos
requisitos traçados no artigo 41 do Código de Processo Penal, descrevendo
perfeitamente as condutas típicas, cuja autoria é atribuída ao recorrente
devidamente qualificado, circunstâncias que permitem o exercício da ampla defesa
no seio da persecução penal, na qual se observará o devido processo legal.
ARMAMENTO APREENDIDO FISICAMENTE DISTANTE DO CORPO DO ACUSADO.
IRRELEVÂNCIA. DESCRIÇÃO DE CONDUTAS QUE SE ENQUADRAM NOS TIPOS PREVISTOS
NOS ARTIGOS 14 E 16 DA LEI 10.826/2003. INEXISTÊNCIA DE ABOLITIO CRIMINIS
TEMPORÁRIA. INCIDÊNCIA SOMENTE PARA POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO CARACTERIZADO.
1. Os tipos penais cuja violação se atribui ao paciente são mistos alternativos, motivo
pelo qual o fato de as armas haverem sido apreendidas fisicamente longe do seu
corpo não impede a configuração dos crimes em questão, já que neles também se
prevê as condutas de deter, transportar e ter em depósito, todas elas devidamente
narradas na denúncia.
2. Revelando-se inviável a desclassificação pretendida pela impetrante, é impossível o
exame da aventada ocorrência de abolitio criminis prevista nos artigos 30, 31 e 32 da
Lei 10.826/2003, já que é entendimento desta Corte Superior de Justiça que somente
as condutas delituosas relacionadas à posse de arma de fogo foram por ela abarcadas,
não sendo possível estender o benefício para o crime de porte ilegal de arma de fogo,
seja de uso permitido, seja de uso restrito.
BUSCA E APREENSÃO SEM PRÉVIA ORDEM JUDICIAL. CRIMES DE NATUREZA
PERMANENTE. DESNECESSIDADE. MÁCULA INEXISTENTE.
1. É dispensável o mandado de busca e apreensão quando se trata de flagrante de
crime permanente, podendo-se realizar a prisão sem que se fale em ilicitude das
provas obtidas. Doutrina e jurisprudência.
POLICIAL CIVIL APOSENTADO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO AO PORTE DE ARMA.
INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 36 DO DECRETO FEDERAL 5.123/2004. AUSÊNCIA DE PROVAS
DE QUE O PACIENTE ESTARIA AUTORIZADO A PORTAR ARMAMENTO FORA DO ESTADO
DO RIO GRANDE DO SUL. COAÇÃO ILEGAL NÃO EVIDENCIADA.
1. De acordo com o artigo 33 do Decreto Federal 5.123/2004, que regulamentou o
artigo 6º da Lei 10.826/2003, o porte de arma de fogo está condicionado ao efetivo
exercício das funções institucionais por parte dos policiais, motivo pelo qual não se
estende aos aposentados.
2. Habeas corpus não conhecido.
(HC 267.058/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 04/12/2014,
DJe 15/12/2014)
d) Correta. Segundo a jurisprudência:
PENAL. ART. 12 DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO. GUARDA DE ARMA EM RESIDÊNCIA
COM REGISTRO VENCIDO. CONDUTA ATÍPICA. AUSÊNCIA DE DOLO.
ART. 16 DO MESMO ESTATUTO. POSSE E GUARDA DE MUNIÇÃO DE USO RESTRITO.
CONSELHEIRO EQUIPARADO A DESEMBARGADOR. LEI ORGÂNICA DA MAGISTRATURA E
DIREITO A PORTE DE ARMA PARA DEFESA PESSOAL. NÃO DISCRIMINAÇÃO NA LOMAN
ENTRE MUNIÇÃO DE USO PERMITIDO E DE USO RESTRITO. ATIPICIDADE RECONHECIDA.
1. Os objetos jurídicos dos tipos previstos nos arts. 12 (guarda de arma de uso
permitido em residência) e 16 (posse de munição de uso restrito) da Lei n.
10.826/2003 - Estatuto do Desarmamento - são a administração pública e,
reflexamente, a segurança, incolumidade e paz pública (crime de perigo abstrato). No
primeiro caso, para se exercer controle rigoroso do trânsito de armas e permitir a
atribuição de responsabilidade pelo artefato; no segundo, para evitar a existência de
armas irregulares circulando livremente em mãos impróprias, colocando em risco a
população.
2. Se o agente já procedeu ao registro da arma, a expiração do prazo é mera
irregularidade administrativa que autoriza a apreensão do artefato e aplicação de
multa. A conduta, no entanto, não caracteriza ilícito penal.
3. Art. 16 do Estatuto do Desarmamento é norma penal em branco que delega à
autoridade executiva definir o que é arma de uso restrito.
A norma infralegal não pode, contudo, revogar direito previsto no art. 33, V, da Lei
Complementar n. 35/1979 - Lei Orgânica da Magistratura - e que implique ainda a
criminalização da própria conduta. A referida prerrogativa não faz distinção do direito
ao porte de arma e munições de uso permitido ou restrito, desde que com finalidade
de defesa pessoal.
4. Não se trata de hierarquia entre lei complementar e ordinária, mas de invasão de
competência reservada àquela por força do art. 93 da Constituição de 1988, que
prevê lei complementar para o Estatuto da Magistratura (art. 93). Conflito de normas
que se resolve em favor da interpretação mais benéfica à abrangência da prerrogativa
também em relação à munição de uso restrito.
5. A Portaria do Comando do Exército n. 209/2014 autoriza membro do Ministério
Público da União ou da magistratura a adquirir até duas armas de uso restrito (357
Magnum e ponto 40) sem mencionar armas e munições 9mm. É indiferente reconhecer
abolitio criminis por analogia, diante de lei própria a conferir direito de porte aos
magistrados.
6. Denúncia julgada improcedente com fundamento no art. 386, III, do CPP.
(APn 686/AP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, CORTE ESPECIAL, julgado em
21/10/2015, DJe 29/10/2015)

HABEAS CORPUS IMPETRADO EM SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO PREVISTO NO


ORDENAMENTO JURÍDICO. 1. NÃO CABIMENTO. MODIFICAÇÃO DE ENTENDIMENTO
JURISPRUDENCIAL. RESTRIÇÃO DO REMÉDIO CONSTITUCIONAL. EXAME EXCEPCIONAL
QUE VISA PRIVILEGIAR A AMPLA DEFESA E O DEVIDO PROCESSO LEGAL. 2. ART. 12 DA
LEI N. 10.826/2003. POSSE DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO COM O REGISTRO
VENCIDO. ATIPICIDADE MATERIAL DA CONDUTA. SUBSIDIARIEDADE DO DIREITO PENAL.
PUNIÇÃO ADMINISTRATIVA QUE SE MOSTRA SUFICIENTE. 3. ORDEM NÃO CONHECIDA.
HABEAS CORPUS CONCEDIDO DE OFÍCIO.
1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, buscando a racionalidade do
ordenamento jurídico e a funcionalidade do sistema recursal, vinha se firmando, mais
recentemente, no sentido de ser imperiosa a restrição do cabimento do remédio
constitucional às hipóteses previstas na Constituição Federal e no Código de Processo
Penal. Nessa linha de evolução hermenêutica, o Supremo Tribunal Federal passou a
não mais admitir habeas corpus que tenha por objetivo substituir o recurso
ordinariamente cabível para a espécie.
Precedentes. Contudo, devem ser analisadas as questões suscitadas na inicial no
intuito de verificar a existência de constrangimento ilegal evidente - a ser sanado
mediante a concessão de habeas corpus de ofício -, evitando-se prejuízos à ampla
defesa e ao devido processo legal.
2. O trancamento de ação penal na via estreita do writ configura medida de exceção,
somente cabível nas hipóteses em que se demonstrar, à luz da evidência, a
atipicidade da conduta, a extinção da punibilidade ou outras situações comprováveis
de plano, suficientes ao prematuro encerramento da persecução penal. Na espécie, o
paciente foi denunciado pela suposta prática da conduta descrita no art. 12 da Lei n.
10.826/2003, por possuir irregularmente um revólver marca Taurus, calibre 38,
número QK 591720, além de dezoito cartuchos de munição do mesmo calibre.
3. Todavia, no caso, a questão não pode extrapolar a esfera administrativa, uma vez
que ausente a imprescindível tipicidade material, pois, constatado que o paciente
detinha o devido registro da arma de fogo de uso permitido encontrada em sua
residência - de forma que o Poder Público tinha completo conhecimento da posse do
artefato em questão, podendo rastreá-lo se necessário -, inexiste ofensividade na
conduta. A mera inobservância da exigência de recadastramento periódico não pode
conduzir à estigmatizadora e automática incriminação penal. Cabe ao Estado
apreender a arma e aplicar a punição administrativa pertinente, não estando em
consonância com o Direito Penal moderno deflagrar uma ação penal para a imposição
de pena tão somente porque o indivíduo - devidamente autorizado a possuir a arma
pelo Poder Público, diga-se de passagem - deixou de ir de tempos em tempos efetuar
o recadastramento do artefato. Portanto, até mesmo por questões de política
criminal, não há como submeter o paciente às agruras de uma condenação penal por
uma conduta que não apresentou nenhuma lesividade relevante aos bens jurídicos
tutelados pela Lei n.
10.826/2003, não incrementou o risco e pode ser resolvida na via administrativa.
4. Ordem não conhecida. Habeas corpus concedido, de ofício, para extinguir a Ação
Penal n. 0008206-42.2013.8.26.0068 movida em desfavor do paciente, ante a evidente
falta de justa causa.
(HC 294.078/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em
26/08/2014, DJe 04/09/2014.

DIREITO CONSTITUCIONAL

56. Sobre a Teoria do Poder Constituinte, assinale a alternativa correta.


a) O Poder Constituinte derivado é competência constitucional estabelecida
voltada à revisão do texto constitucional, apenas.
b) É possível afirmar que o processo da mutação constitucional equivale
formalmente ao exercício do Poder Constituinte derivado reformador.
c) O Poder Constituinte Derivado possui as mesmas características do Poder
Constituinte Originário.
d) De acordo com a teoria clássica do Poder Constituinte, a Constituição é
resultado do exercício de um poder originário, anterior e superior a ela, que
inaugura uma nova ordem jurídica.
Gabarito: D
a) Incorreta. O Poder Constituinte Derivado pode ser Decorrente ou Revisor. O
primeiro, é o poder que cada Estado tem de elaborar sua própria Constituição, em
virtude de sua capacidade de auto-organização. Já o segundo vem previsto no art. 3º
do ADCT e não há mais possibilidade de utilização, haja vista que a revisão da
Constituição, nos moldes descritos no citado dispositivo, teve de ser realizada após
cinco anos da data de promulgação. Atualmente, para ocorrer alteração da
Constituição, somente pelo processo legislativo das emendas constitucionais, previsto
no art. 60.
b) Incorreta. Também conhecida como interpretação constitucional evolutiva, a
mutação constitucional tem relação não com aspecto formal do texto constitucional,
mas sim com a interpretação dada à Constituição. Não são necessárias técnicas de
revisão ou de reforma constitucional para que o fenômeno se opere. Trata-se de
forma de alteração do sentido do texto maior, sem, todavia, afetar-lhe a letra. Trata-
se de uma alteração do significado do texto, que é adaptado conforme a nova
realidade social, econômica, política ou jurídica na qual a Constituição está inserida.
c) Incorreta. Conforme a visão positivista sobre Poder Constituinte, o PCO (Poder
Constituinte Originário) é inicial, pois inaugura uma nova ordem jurídica; autônomo,
por caber apenas ao seu titular a escolha da ideia de direito a ser consagrada;
incondicionado, por não ser conformado por nenhuma norma procedimental ou
material. Na visão jusnaturalista, contudo, o PCO é incondicionado apenas
juridicamente, por não encontrar limites no direito positivo anterior, mas sim nos
valores suprapositivados. Já o Poder Constituinte Derivado é poder instituído, por ser
criado pela própria Constituição; limitado, por encontrar limites estabelecidos pelo
texto constitucional; e condicionado, por ter suas manifestações conformadas pela
Constituição, seja na forma, seja no conteúdo (Marcelo Novelino).
d) Correta. De acordo com a teoria clássica do Poder Constituinte, a Constituição é
resultado do exercício de um poder originário, anterior e superior a ela, que inaugura
uma nova ordem jurídica.

57. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta no que se refere à


Ação Direta de Inconstitucionalidade.
I – Com exceção dos partidos políticos com representação no Congresso Nacional,
das confederações sindicais e das entidades de classe de âmbito nacional, os
demais legitimados para a propositura de Ação Direta de Inconstitucionalidade
possuem plena capacidade postulatória especial, dispensando-se a representação
por advogado.
II – São legitimados ativos especiais e, portanto, necessitam demonstrar
pertinência temática quando da propositura da ação, a Mesa da Assembleia
Legislativa e da Câmara Legislativa do Distrito Federal, os Governadores de Estado
e do Distrito Federal, as confederações sindicais e as entidades de classe de
âmbito nacional.
III – Proposta a ação direta, não se admitirá desistência.
a) I, II e III estão corretas.
b) Apenas a II é correta.
c) Apenas I e II são corretas.
d) Apenas a III é correta.
Gabarito: A
I – Correta. Com exceção dos partidos políticos com representação no Congresso
Nacional, das confederações sindicais e das entidades de classe de âmbito nacional,
os demais legitimados para a propositura de Ação Direta de Inconstitucionalidade
possuem plena capacidade postulatória especial, dispensando-se a representação por
advogado. Obs.: Todavia, caso a petição inicial seja subscrita por este, deverá estar
acompanhada pelo instrumento de mandato (procuração). Vide STF, ADI 127/AL, Rel.
Min. Celso de Mello.
II – Correta. Para os legitimados especiais, o STF exige, como requisito implícito de
legitimação, a existência de pertinência temática, consistente no nexo entre a norma
questionada e os objetivos institucionais específicos do órgão ou da entidade.
III – Correta. Lei 9.868/99, art. 5º.

58. Assinale a alternativa INCORRETA conforme a Constituição Federal de 1988, no


que tange aos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos.
a) Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
mediante autorização do Poder Público, desde que não frustrem outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local.
b) É plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter
paramilitar
c) As associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas
atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito
em julgado.
d) A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
Gabarito: A
a) Incorreta. CF/88, art. 5º, XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas,
em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não
frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas
exigido prévio aviso à autoridade competente.
b) Correta. CF/88, art. 5º, XVII.
c) Correta. CF/88, art. 5º, XIX.
d) Correta. CF/88, art. 5º, XXXV. Trata-se do direito de acesso à justiça (princípio da
inafastabilidade da apreciação jurisdicional).

59. Assinale a alternativa correta quanto ao Conselho da República e Conselho de


Defesa Nacional.
I – O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da
República, e dele participa o Presidente do Supremo Tribunal Federal.
II – Compete ao Conselho da República pronunciar-se sobre intervenção federal,
estado de defesa e estado de sítio.
III – Compete ao Conselho de Defesa Nacional propor os critérios e condições de
utilização de áreas indispensáveis à segurança do território nacional e opinar
sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com
a preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo.
a) I, II e III são corretas.
b) Apenas a II é correta.
c) Apenas I e II são corretas.
d) Apenas II e III são corretas.
Gabarito: D
I – Incorreta. CF/88, art. 89: O Conselho da República é órgão superior de consulta do
Presidente da República, e dele participam: I - o Vice-Presidente da República; II - o
Presidente da Câmara dos Deputados; III - o Presidente do Senado Federal; IV - os
líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados; V - os líderes da maioria e
da minoria no Senado Federal; VI - o Ministro da Justiça; VII - seis cidadãos brasileiros
natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente
da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos
Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução.
II – Correta. CF/88, art. 90, I.
III - Correta. CF/88, art. 91, §1º, III.

60. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta.


I – No âmbito da legislação concorrente, a competência da União para legislar
sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência
legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
II – Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico.
III – Compete privativamente à União legislar sobre direito civil, comercial, penal,
processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho.
a) I, II e III são corretas.
b) II e III são corretas.
c) Apenas a III é correta.
d) Apenas a II é correta.
Gabarito: A
I – Correta. CF/88, art. 24, §§ 1º, 2º e 3º.
II – Correta. CF/88, art. 24, I. Obs.: A competência concorrente é aquela que pode ser
exercida por mais de um ente federativo. Observe que os Municípios não fazem parte
da competência concorrente, embora tenham competência para legislar sobre
assuntos de interesse local.
III - Correta. CF/88, art. 22, I. Obs.: Na repartição horizontal de competências
adotada pela CF/88, à União foram atribuídos poderes enumerados. Através de lei
complementar, a União poderá autorizar os Estados a legislarem sobre questões
específicas das matérias de sua competência privativa (CF/88, art. 22, parágrafo
único). Referida autorização também pode ser dada ao Distrito Federal, devido à sua
natureza híbrida (CF/88, art. 32, §1º).

DIREITO ELEITORAL

61. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I – Ao postulante a candidatura a cargo eletivo é permitida a realização, na
quinzena anterior à escolha pelo partido, de propaganda intrapartidária com vista
à indicação de seu nome, sendo permitido, inclusive, o uso de rádio, televisão e
outdoor.
II – A utilização de faixas, cartazes e carros de som é permitida nas prévias e nas
convenções partidárias desde que a mensagem seja dirigida aos filiados e que o
âmbito intrapartidário não seja ultrapassado.
III – Além de mensagens eletrônicas, o envio de cartas, como forma de propaganda
intrapartidária, é permitido por ocasião das prévias, desde que essas sejam
dirigidas exclusivamente aos filiados do partido.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
Gabarito: D
I – INCORRETA. Segundo o art. Art. 36, lei. A propaganda eleitoral somente é
permitida após o dia 15 de agosto do ano da eleição.
§ 1º Ao postulante a candidatura a cargo eletivo é permitida a realização, na quinzena
anterior à escolha pelo partido, de propaganda intrapartidária com vista à indicação
de seu nome, vedado o uso de rádio, televisão e outdoor.
II – CORRETA. De acordo com a jurisprudência:
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROPAGANDA ELEITORAL.
PRÉVIAS. CONVENÇÕES PARTIDÁRIAS. OSTENSIVIDADE E POTENCIAL DE ATINGIR OS
ELEITORES EM GERAL. PROPAGANDA ANTECIPADA CONFIGURADA. NÃO PROVIMENTO.
1. A utilização de faixas, cartazes e carros de som é permitida nas prévias e nas
convenções partidárias desde que a mensagem seja dirigida aos filiados e que o
âmbito intrapartidário não seja ultrapassado. Precedente. 2. Na espécie, o Tribunal
de origem afirmou que a publicidade veiculada durante a realização de convenção
intrapartidária foi ostensiva e com potencial de atingir os eleitores em geral. 3.
Agravo regimental não provido. TSE AgR-AI nº 362814 - Rio De Janeiro/RJ Acórdão de
12/03/2013 Relator(a) Min. FÁTIMA NANCY ANDRIGHI
III – CORRETA. Em consonância com o que já decidiu o TSE:
A divulgação das prévias não pode revestir caráter de propaganda eleitoral
antecipada, razão pela qual se limita a consulta de opinião dentro do partido. 1) A
divulgação das prévias por meio de página na internet extrapola o limite interno do
Partido e, por conseguinte, compromete a fiscalização, pela Justiça Eleitoral, do seu
alcance. 2) Tendo em vista a restrição de que a divulgação das prévias não pode
ultrapassar o âmbito intrapartidário, as mensagens eletrônicas são permitidas apenas
aos filiados do partido. 3) Nos termos do art. 36, § 3º da Lei nº 9.504/97, que pode ser
estendido por analogia às prévias, não se veda o uso de faixas e cartazes para
realização de propaganda intrapartidária, desde que em local próximo da realização
das prévias, com mensagem aos filiados. 4) Na esteira dos precedentes desta e. Corte
que cuidam de propaganda intrapartidária, entende-se que somente a confecção de
panfletos para distribuição aos filiados, dentro dos limites do partido, não encontra
vedação na legislação eleitoral. 5) Assim como as mensagens eletrônicas, o envio de
cartas, como forma de propaganda intrapartidária, é permitido por ocasião das
prévias, desde que essas sejam dirigidas exclusivamente aos filiados do partido. 6)
Incabível autorizar matérias pagas em meios de comunicação, uma vez que
ultrapassam ou podem ultrapassar o âmbito partidário e atingir, por conseguinte, toda
a comunidade. Cta - Consulta nº 1673 - Brasília/DF. Resolução nº 23086 de
24/03/2009. Relator(a) Min. FELIX FISCHER
62. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.
I – Constitui captação ilícita de sufrágio dar, prometer, oferecer ou entregar
qualquer bem vantagem de cunho pessoal ao eleitor, com o fim de obter-lhe o
voto, não sendo necessário, que a conduta seja específica e determinada a certo
eleitor.
II – Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público Eleitoral
são legitimados a promover a representação por captação ilícita do sufrágio.
III – A violação da liberdade de voto de um único eleitor já caracteriza a captação
ilícita do sufrágio, não havendo necessidade de se comprovar violação à
normalidade e legitimidade das eleições.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
Gabarito: D
I – INCORRETA. Representação por captação ilícita de sufrágio (art. 41-A da Lei
9.504/97).
Captação ilícita de sufrágio: dar, prometer, oferecer ou entregar qualquer bem
vantagem de cunho pessoal ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto.
As sanções também serão aplicadas contra quem praticar atos de violência ou grave
ameaça a pessoa, com o fim de obter-lhe o voto (art.41-A, §2º da Lei 9.504/97).
É preciso que a conduta seja específica e determinada a certo eleitor.
II – CORRETA. Legitimados a promover a representação por captação ilícita do
sufrágio:
• Qualquer partido político
• Coligação
• Candidato
• Ministério Público Eleitoral
III – CORRETA. A violação da liberdade de voto de um único eleitor já caracteriza a
captação ilícita do sufrágio, não havendo necessidade de se comprovar violação à
normalidade e legitimidade das eleições.
Veja! É desnecessário que tenha havido pedido explícito de voto, bastando a
evidência do dolo (especial fim de agir).
Material Teórico - Direito Eleitoral – CPIURIS.

63. Marque a alternativa INCORRETA.


a) O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos casos de
inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e de falta de condição
de elegibilidade.
b) No julgamento de um mesmo pleito eleitoral, as decisões anteriores sobre
questões de direito constituem prejulgados para os demais casos, salvo se contra a
tese votarem dois terços dos membros do Tribunal.
c) O recurso independerá de termo e será interposto por petição devidamente
fundamentada, dirigida ao juiz eleitoral e acompanhada, se o entender o
recorrente, de novos documentos.
d) Na sessão do julgamento, uma vez feito o relatório pelo relator, cada uma das
partes poderá, no prazo improrrogável de quinze minutos, sustentar oralmente as
suas conclusões.
Gabarito: D
a) Correta, segundo o art. 262, CE: O recurso contra expedição de diploma caberá
somente nos casos de inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e
de falta de condição de elegibilidade.
b) Correta, segundo o art. 263, CE: No julgamento de um mesmo pleito eleitoral, as
decisões anteriores sobre questões de direito constituem prejulgados para os demais
casos, salvo se contra a tese votarem dois terços dos membros do Tribunal.
c) Correta, segundo o art. 266, CE: O recurso independerá de termo e será interposto
por petição devidamente fundamentada, dirigida ao juiz eleitoral e acompanhada, se
o entender o recorrente, de novos documentos.
d) Incorreta, nos termos do art. 272, CE: Na sessão do julgamento, uma vez feito o
relatório pelo relator, cada uma das partes poderá, no prazo improrrogável de dez
minutos, sustentar oralmente as suas conclusões.

64. (VUNESP - 2019 - TJ-RO - Juiz de Direito Substituto - adpatada) O prefeito do


município “A”, no exercício do cargo e candidato à reeleição, procedeu a
confecção e distribuição de uniformes para os alunos da rede municipal com
verbas repassadas pela União e, no ano em que se realizará a eleição, efetivou a
entrega, inclusive, com cerimônia realizada por entidade mantida por ele e
mediante gravação para divulgação à imprensa local. Com base nessa conduta, o
referido prefeito:
a) poderá ser condenado a pagamento de multa de cinco a dez mil Ufir somente a
ele, além de cassação do registro ou do diploma, após o regular processamento de
representação eleitoral.
b) poderá ser condenado a pagamento de multa de cinco a cinquenta mil Ufir a ele
e ao partido, após o regular processamento de ação de investigação judicial
eleitoral.
c) poderá ser condenado a pagamento de multa de R$ 5.000,00 a R$ 10.000,00
após o regular processamento da representação eleitoral.
d) poderá ser condenado a pagamento de multa de cinco a cem mil Ufir, além de
cassação do registro ou do diploma, após o regular processamento da ação de
investigação judicial eleitoral e eventual ação de improbidade administrativa.
Gabarito: D
Faz-se necessário tecer o seguinte raciocínio lógico para resolver a questão:
I) fundamento legal (Lei n.º 9.504/97):
Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas
tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos
eleitorais:
IV) fazer ou permitir uso promocional em favor de candidato, partido político ou
coligação, de distribuição gratuita de bens e serviços de caráter social custeados ou
subvencionados pelo Poder Público;
§ 4º. O descumprimento do disposto neste artigo acarretará a suspensão imediata da
conduta vedada, quando for o caso, e sujeitará os responsáveis a multa no valor de
cinco a cem mil UFIR.
§ 10. No ano em que se realizar eleição, fica proibida a distribuição gratuita de bens,
valores ou benefícios por parte da Administração Pública, exceto nos casos de
calamidade pública, de estado de emergência ou de programas sociais autorizados em
lei e já em execução orçamentária no exercício anterior, casos em que o Ministério
Público poderá promover o acompanhamento de sua execução financeira e
administrativa.
Art. 74. Configura abuso de autoridade, para os fins do disposto no art. 22 da Lei
Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, a infringência do disposto no § 1º do art.
37 da Constituição Federal, ficando o responsável, se candidato, sujeito ao
cancelamento do registro ou do diploma.
Art. 78. A aplicação das sanções cominadas no art. 73, §§ 4º e 5º, dar-se-á sem
prejuízo de outras de caráter constitucional, administrativo ou disciplinar fixadas
pelas demais leis vigentes.
II) fundamento legal (LC n.º 64/90, com redação dada pela LC n.º 135/10):
Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público Eleitoral
poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral ou Regional,
relatando fatos e indicando provas, indícios e circunstâncias e pedir abertura de
investigação judicial para apurar uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico
ou do poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de
comunicação social, em benefício de candidato ou de partido político (...).
XIV) julgada procedente a representação, ainda que após a proclamação dos eleitos, o
Tribunal declarará a inelegibilidade do representado e de quantos hajam contribuído
para a prática do ato, cominando-lhes sanção de inelegibilidade para as eleições a se
realizarem nos 8 (oito) anos subsequentes à eleição em que se verificou, além da
cassação do registro ou diploma do candidato diretamente beneficiado pela
interferência do poder econômico ou pelo desvio ou abuso do poder de autoridade ou
dos meios de comunicação, determinando a remessa dos autos ao Ministério Público
Eleitoral, para instauração de processo disciplinar, se for o caso, e de ação penal,
ordenando quaisquer outras providências que a espécie comportar.
III) fundamento constitucional (CF de 1988)
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte:
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não
podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
autoridades ou servidores públicos.
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos
políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento
ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
IV) Caso concreto
“O prefeito do município “A", no exercício do cargo e candidato à reeleição, procedeu
a confecção e distribuição de uniformes para os alunos da rede municipal com verbas
repassadas pela União e, no ano em que se realizará a eleição, efetivou a entrega,
inclusive, com cerimônia realizada por entidade mantida por ele e mediante gravação
para divulgação à imprensa local".
V) Enquadramento das condutas
i) veículo legal de apuração: ação de investigação judicial eleitoral (AIJE) para
comprovação de eventual uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou do
poder de autoridade em benefício do candidato a prefeito do Município “A", em
conformidade com o art. 22, caput, da LC n.º 64/90.
ii) ilícitos apontados: a) no exercício do mandato: confecção e distribuição de
uniformes para os alunos da rede municipal com verbas repassadas pela União; b) no
ano da eleição: efetivação da entrega, inclusive, com cerimônia realizada por
entidade mantida por ele e mediante gravação para divulgação à imprensa local.
iii) previsão de legal de pagamento de multa? Sim, com base no § 4.º do inc. IV do
art. 73 da Lei das Eleições, fazer ou permitir uso promocional em favor de candidato,
partido político ou coligação, de distribuição gratuita de bens e serviços de caráter
social custeados ou subvencionados pelo Poder Público é ilegal. O descumprimento
acarreta a suspensão imediata da conduta vedada, quando for o caso, e sujeitará os
responsáveis a multa no valor de cinco a cem mil UFIR.
iv) previsão de legal de cassação do registro ou do diploma em regular ação de
investigação judicial eleitoral? Sim. O uso indevido, desvio ou abuso do poder
econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de
comunicação social, em benefício de candidato ou de partido político, no período da
campanha eleitoral, dá ensejo a abertura de ação de investigação judicial eleitoral, a
pedido de qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público
Eleitoral, com base no art. 22, caput, da LC n.º 64/90. Sendo procedente a AIJE, as
sanções legais contidas no inc. XIV do art. 22 da LC n.º 64/90, com redação dada pela
LC n.º 135/10, são: a) a inelegibilidade do representado e de quantos hajam
contribuído para a prática do ato, para as eleições a se realizarem nos 8 (oito) anos
subsequentes à eleição em que se verificou; b) cassação do registro ou diploma do
candidato diretamente beneficiado pela interferência do poder econômico ou pelo
desvio ou abuso do poder de autoridade ou dos meios de comunicação: e c) a remessa
dos autos ao Ministério Público Eleitoral, para instauração de processo disciplinar, se
for o caso, e de ação penal, ordenando quaisquer outras providências que a espécie
comportar.
v) poderá responder por ato de improbidade administrativa? Sim. Em tese, o
prefeito poderá ser processado por ato de improbidade administrativa pelo fato de,
ao efetivar a entrega de uniformes para os alunos da rede municipal com verbas
repassadas pela União, inclusive, com cerimônia realizada por entidade mantida
por ele e mediante gravação para divulgação à imprensa local, ele desatendeu ao
art. 37, §§ 1.º e 4.º da Constituição Federal.
vi) CONCLUSÃO
A conduta narrada poderá redundar para o prefeito candidato à reeleição, em sede de
regular ação de investigação judicial eleitoral (AIJE): a) condenação a pagamento de
multa de cinco a cem mil Ufir; e b) cassação do registro ou do diploma. Ademais, em
demanda própria, poderá responder a ação de improbidade administrativa.

Autor do comentário: Roberto Moreira de Almeida, Procurador da República, Mestre e


Doutor em Direito, Especialista em Direito pela Universidade Lusíada do
Porto/Portugal e pelo Instituto de Crime e Justiça Regional da ONU, Professor da
Escola Superior da Magistratura de Pernambuco, Ex-Promotor de Justiça., de Direito
Eleitoral, Direito Tributário.

65. (CESPE - 2019 - TJ-SC - Juiz Substituto) A respeito da prestação de contas por
partidos políticos e candidatos e da arrecadação de dinheiro para fins eleitorais,
julgue os seguintes itens.
I - As doações realizadas por pessoas físicas a partido político são limitadas a 10%
dos rendimentos brutos auferidos pelo doador no ano-calendário anterior à
eleição.
II - As contas bancárias utilizadas para o registro da movimentação financeira de
campanha eleitoral estão submetidas ao sigilo, e seus extratos integram
informações de natureza privada, não compondo a prestação de contas à justiça
eleitoral.
III - O candidato deverá emitir recibo eleitoral referente à cessão de automóvel de
propriedade de seu cônjuge que tenha sido destinado ao uso pessoal do candidato
durante a campanha.
IV - Os partidos políticos devem destinar, no mínimo, 20% do montante do Fundo
Especial de Financiamento de Campanha para aplicação nas campanhas de suas
candidatas.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas o item III está certo.
d) Apenas os itens II e IV estão certos.
Gabarito: A
A resolução da questão exige conhecimento do conteúdo da Resolução TSE n.º
23.553/17, que dispõe sobre a arrecadação e os gastos de recursos por partidos
políticos e candidatos e sobre a prestação de contas nas eleições.
Examinemos cada um dos itens para saber se estão certos ou errados.
I) Certo. As doações realizadas por pessoas físicas a partido político são limitadas a
10% dos rendimentos brutos auferidos pelo doador no ano-calendário anterior à
eleição (Resolução TSE n.º 23.553/17, art. 29).
II) Errado. As contas bancárias utilizadas para o registro da movimentação financeira
de campanha eleitoral não estão submetidas ao sigilo para o Ministério Público e para
a Justiça Eleitoral. Seus extratos são de natureza pública (não são informações de
caráter privado) e compõem a prestação de contas à Justiça Eleitoral. É o que prevê o
art. 15, caput, da Resolução TSE n.º 23.553/17, art. 29).
III) Errado. Não se submete à emissão do recibo eleitoral a cessão de automóvel de
propriedade do candidato, do cônjuge e de seus parentes até o terceiro grau para seu
uso pessoal durante a campanha (Resolução TSE n.º 23.553/17, art. 9.º, § 6.º, inc. III).
IV) Errado. Os partidos políticos devem destinar, no mínimo, 30% (não são 20%) do
montante do Fundo Especial de Financiamento de Campanha para aplicação nas
campanhas de suas candidatas (Resolução TSE n.º 23.553/17, art. 19, § 3.º).

Autor do comentário: Roberto Moreira de Almeida, Procurador da República, Mestre e


Doutor em Direito, Especialista em Direito pela Universidade Lusíada do
Porto/Portugal e pelo Instituto de Crime e Justiça Regional da ONU, Professor da
Escola Superior da Magistratura de Pernambuco, Ex-Promotor de Justiça., de Direito
Eleitoral, Direito Tributário.

Bloco III
DIREITO EMPRESARIAL

66. Em relação ao tipo de sociedade que terá a inscrição do seu contrato social no
Registro Civil das Pessoas Jurídicas, do local de sua sede, será denominada:
a) Sociedade Simples.
b) Sociedade Empresária.
c) Sociedade Anônima.
d) Sociedade em Conta de Participação.
Gabarito: A
A questão tem por objeto tratar das sociedades simples.
A sociedade simples pura tem natureza contratual, sendo o seu ato constitutivo um
contrato social que deve ser realizado de forma escrita, por instrumento público ou
particular.
A inscrição da sociedade deve ser realizada no prazo máximo de 30 dias após a sua
constituição no Registro Civil de Pessoa Jurídica do local de sua sede.
Além das cláusulas que podem ser inseridas pelos sócios, obrigatoriamente, o contrato
mencionará: I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios,
se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se
jurídicas; II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade (c/c o art.1.055,
§único, CC); III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo
compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária; IV - a
quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; V - as prestações a que
se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços; VI - as pessoas naturais
incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições; VII - a
participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; VIII - se os sócios respondem, ou
não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais.
As modificações do contrato social que tenham por objeto matérias indicadas como
obrigatórias no contrato, dependem do consentimento de todos os sócios (art. 999,
CC); as demais poderão ser decididas por maioria absoluta de votos (sócios que
representem a maioria do capital social), se o contrato não determinar a necessidade
de deliberação unânime.
Letra A) Alternativa Correta. A sociedade simples pura tem natureza contratual,
sendo o seu ato constitutivo um contrato social que deve ser realizado de forma
escrita, por instrumento público ou particular.
A inscrição da sociedade deve ser realizada no prazo máximo de 30 dias após a sua
constituição no Registro Civil de Pessoa Jurídica do local de sua sede.
Letra B) Alternativa Incorreta. Quanto ao objeto das sociedades: simples ou
empresária.
As sociedades podem ser simples ou empresárias, em razão do seu objeto ou tipo
societário. Nos termos do art. 982, CC, considera-se empresária a sociedade que tem
por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967,
CC) e simples as demais). Podemos destacar como exemplo de sociedades simples:
cooperativas; sociedades formadas para o exercício da profissão intelectual (cujo
exercício da profissão não constitua elemento de empresa); as sociedades rurais,
salvo se inscreverem seus atos constitutivos no registro público de empresa mercantil,
hipótese em que serão equiparadas as sociedades empresárias. Quanto ao local
de registro (depende do objeto): se empresárias realizam a sua inscrição no Registro
Público de Empresa Mercantil (junta comercial)
Letra C) Alternativa Incorreta. As Sociedades Anônimas independentemente do seu
objeto serão sempre de natureza empresária (art. 982, §único, CC). Quanto ao local
realizam a sua inscrição no Registro Público de Empresa Mercantil (junta
comercial).
Letra D) Alternativa Incorreta. Independe de qualquer formalidade. E o contrato
levado a registro só produz efeito entre os sócios.
Dica: Tendo em vista o princípio da tipicidade, as sociedades adotarão um dos tipos
societários previstos em lei.

EMPRESÁRIA (REGISTRO RPEM) SIMPLES (REGISTRO RCPJ)


Sociedade em nome coletivo (art. Sociedade em nome coletivo (art.
1.039 ao art. 1.044, CC) 1.039 ao art. 1.044, CC)
Sociedade em comandita simples (art. Sociedade em comandita simples (art.
1.045 ao 1.051, CC) 1.045 ao 1.051, CC)
Sociedade limitada (art. 1.052 ao Art. Sociedade limitada (art. 1.052 ao Art.
1.087, CC) 1.087, CC)
Sociedade anônima (art. 1.088 ao art. Sociedade simples pura (art. 977 ao
1.089) art. 1.038, CC)
Sociedades em comandita por ações Sociedade cooperativa (art. 1.093 ao
(art. 1.090 ao art.1.092, CC) art. 1.096, CC)

Se for empresária, poderá adotar como tipos societários aqueles previstos nos arts.
1.039 ao 1.092, CC. Sendo simples, podem constituir-se segundo um desses tipos,
Sociedade em Nome Coletivo, Sociedade em Comandita Simples ou Sociedade
Limitada, mas se adotar como forma societária um Sociedade Anônima ou Sociedade
em Comandita por Ações, será considerada empresária.
Autora do comentário: Rebeca Eckstein, Advogada, profª de Direito Empresarial,
Especialista em Direito Empresarial - UERJ, Processo Civil - UFF e em Advocacia
Pública - Universidade Cândido Mendes., de Direito Empresarial (Comercial)

67. Para se manterem competitivas, muitas empresas investem em inovação


tecnológica em seu processo produtivo. O processo que envolve a exploração de
produtos ou serviços protegidos por patentes ou que passaram pelo registro de
marca, pactuando que a instituição/pesquisador detentor da tecnologia permite
que a mesma seja explorada por terceiros, sem transferência do direito de
propriedade intelectual, corresponde a:
a) Joint venture.
b) Desenho industrial.
c) Pedido de patente.
d) Licenciamento.
Gabarito: D
A questão tem por objeto tratar do licenciamento. O titular da marca ou depositante
poderá ceder ou licenciar os direitos relativos à marca. Para que ocorra a cessão do
uso da marca, o cessionário deverá atender aos requisitos legais. Elenca o art. 135, da
LPI que a “cessão deverá compreender todos os registros ou pedidos, em nome do
cedente, de marcas iguais ou semelhantes, relativas a produto ou serviço idêntico,
semelhante ou afim, sob pena de cancelamento dos registros ou arquivamento dos
pedidos não cedidos”. As anotações obedecerão ao disposto no art. 136, LPI, e
somente produzirão efeitos em relação a terceiros após a respectiva publicação.
Letra A) Alternativa Incorreta. O Joint Venture é a aliança entre duas ou mais
empresas, que se unem com o objetivo comercial de um determinado
empreendimento, por um prazo determinado, e com isso repartindo os lucros e as
perdas.
Na Lei de S.A esse contrato de Joint Venture é denominado como consorcio.
Art. 278. As companhias e quaisquer outras sociedades, sob o mesmo controle ou não,
podem constituir consórcio para executar determinado empreendimento, observado o
disposto neste Capítulo.
§ 1º O consórcio não tem personalidade jurídica e as consorciadas somente se obrigam
nas condições previstas no respectivo contrato, respondendo cada uma por suas
obrigações, sem presunção de solidariedade.
§ 2º A falência de uma consorciada não se estende às demais, subsistindo o consórcio
com as outras contratantes; os créditos que porventura tiver a falida serão apurados e
pagos na forma prevista no contrato de consórcio.
Letra B) Alternativa Incorreta. O desenho industrial no Brasil será protegido pelo
registro e não pela patente, como ocorre na invenção e no modelo de utilidade. O
art. 11 da Lei 5.772/71, regulamentava a Propriedade Intelectual, definia desenho
industrial e modelo industrial, distinguindo tais institutos. O conceito de modelo
industrial era considerado “a forma plástica que possa servir de tipo de fabricação de
um produto industrial e ainda se caracterize por nova configuração ornamental”. Já o
desenho industrial era definido “por toda disposição ou conjunto novo de linhas ou
cores que, com fim industrial ou comercial, possa ser aplicado à ornamentação de um
produto, por qualquer meio manual, mecânica ou químico singelo ou combinado”.
Letra D) Alternativa Correta. No tocante as marcas, além da cessão, poderá o titular
de registro ou o depositante de pedido de registro celebrar contrato de licença para
uso da marca, sem prejuízo de seu direito de exercer controle efetivo sobre as
especificações, natureza e qualidade dos respectivos produtos ou serviços (art. 139,
LPI).
Art. 139. O titular de registro ou o depositante de pedido de registro poderá celebrar
contrato de licença para uso da marca, sem prejuízo de seu direito de exercer
controle efetivo sobre as especificações, natureza e qualidade dos respectivos
produtos ou serviços.
Parágrafo único. O licenciado poderá ser investido pelo titular de todos os poderes
para agir em defesa da marca, sem prejuízo dos seus próprios direitos.
Já quanto as patentes, além da cessão de uso (total ou parcial), é possível também
que o autor da patente (invenção ou modelo de utilidade) autorize a licença para uso.
Temos duas modalidades de licença: voluntária e compulsória.
A licença voluntária é aquela concedida para exploração. O licenciado, assim como o
autor, poderá exercer todos os poderes para agir em defesa da patente. Tanto a
licença voluntária como a cessão do uso da patente de invenção ou modelo de
utilidade, somente produzirão efeito em relação a terceiros a partir da data de sua
publicação.
A licença compulsória ocorre para impedir que o titular exerça os direitos da patente
de forma abusiva ou com abuso de poder econômico. Ocorrerá nas hipóteses do art.
68, caput e §1º, e 70, LPI.

Autora do comentário: Rebeca Eckstein, Advogada, profª de Direito Empresarial,


Especialista em Direito Empresarial - UERJ, Processo Civil - UFF e em Advocacia
Pública - Universidade Cândido Mendes., de Direito Empresarial (Comercial)

68. De acordo com a atual redação da Lei n° 11.101/2005, o pedido de


recuperação judicial, com base em plano especial para microempresas e empresas
de pequeno porte,
a) abrange exclusivamente os créditos quirografários.
b) é obrigatório para as microempresas e facultativo para as empresas de pequeno
porte.
c) acarreta a suspensão das execuções movidas contra o devedor, ainda que
fundadas em créditos não abrangidos pelo plano.
d) dispensa a convocação de assembleia-geral de credores para deliberar sobre o
plano.
Gabarito: D
A) Incorreta. Essa era uma exigência da lei antes da alteração pela lei complementar
147/2014. Inicialmente o art. 71, da Lei 11.101/05 determinava que: “Art. 71. O
plano especial de recuperação judicial será apresentado no prazo previsto no art. 53
desta Lei e limitar-se á às seguintes condições: I – abrangerá exclusivamente os
créditos quirografários, excetuados os decorrentes de repasse de recursos oficiais e
os previstos nos §§ 3º e 4º do art. 49 desta Lei";
Após a alteração da Lei o plano de Recuperação Judicial Especial passou a poder
contemplar todas as espécies de crédito existentes até a data do pedido, ainda que
não vencidos.
Art. 71, I, LRF – “abrangerá todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que
não vencidos, excetuados os decorrentes de repasse de recursos oficiais, os fiscais e
os previstos nos §§ 3º e 4º do art. 49; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147,
de 2014)"
B) Incorreta. Essa modalidade de Recuperação Judicial Especial, apesar de ser
aplicada apenas as Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, não exclui que elas
possam se valer de outras modalidades de Recuperação Judicial como a recuperação
judicial ordinária ou a recuperação extrajudicial.
Nesse sentido determina o art. 70, LRF que a as microempresas e empresas de
pequeno porte poderão adotar essa modalidade de recuperação, portanto, trata-se de
uma faculdade, cabendo o devedor escolher aquela modalidade de recuperação que
melhor atende aos seus interesses de acordo com a situação patrimonial.
“Art. 71, § 1º As microempresas e as empresas de pequeno porte, conforme definidas
em lei, poderão apresentar plano especial de recuperação judicial, desde que
afirmem sua intenção de fazê-lo na petição inicial de que trata o art. 51 desta Lei".
C) Incorreta. Somente ocorrerá a suspensão do curso da prescrição das ações e
execuções por créditos que estejam abrangidos pelo plano de recuperação judicial
especial. Segundo determinação legal do art. 71, §único, LRF: “ O pedido de
recuperação judicial com base em plano especial não acarreta a suspensão do curso
da prescrição nem das ações e execuções por créditos não abrangidos pelo plano".
D) Correta. Na recuperação judicial especial não haverá convocação de Assembleia
Geral para deliberar sobre o plano de Recuperação Judicial Especial, quem defere a
recuperação é o juiz, desde que o pedido atenda ao disposto na lei.
Nesse sentido art. 72. LRF “Caso o devedor de que trata o art. 70 desta Lei opte pelo
pedido de recuperação judicial com base no plano especial disciplinado nesta Seção,
não será convocada assembléia-geral de credores para deliberar sobre o plano, e o
juiz concederá a recuperação judicial se atendidas as demais exigências desta Lei".
Diferente ocorre com a Recuperação Judicial Ordinária em que haverá convocação de
Assembleia Geral para deliberar sobre o plano, quando houver objeção dos credores.
Nesse sentido segue o art. 56, LRF, “havendo objeção de qualquer credor ao plano de
recuperação judicial, o juiz convocará a assembléia-geral de credores para deliberar
sobre o plano de recuperação".

69. Luis pretende atuar na área empresarial e opta pela adoção da forma de
Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI). Nessa hipótese, é
correto afirmar que:
a) Essa espécie empresarial não está sujeita a inscrição no Registro Público de
Empresas Mercantis.
b) O capital destinado à atividade deverá ser equivalente a pelo menos quarenta
salários mínimos.
c) O capital deverá ser integralizado no prazo máximo de 180 dias.
d) A EIRELI poderá optar pela adoção de firma ou denominação.
Gabarito: D
Letra A) Alternativa Incorreta. A EIRELI poderá explorar atividade empresária
(preenchendo os requisitos do art. 966, CC) ou simples (quando não exercer empresa).
No tocante ao local de registro da EIRELI, vai depender se ela é de natureza simples
ou empresária. A personalidade jurídica da EIRELI se dá com o registro no órgão
competente.
Se a EIRELI for de natureza empresária, o local do seu registro será no Registro
Público de Empresa Mercantil (Junta Comercial) da respectiva sede, sujeitando-se às
normas de recuperação e falência (Lei 11.101/05). Se a natureza for simples, o
local do registro deverá ser no Registro Civil de Pessoa Jurídica, sujeitando-se às
normas de insolvência civil. Efetuado o registro no órgão competente, adquirirá a
personalidade jurídica.
Letra B) Alternativa Incorreta. O legislador impôs dois pressupostos para instituição da
EIRELI, quais sejam: a) capital social não inferior a 100 vezes o salário mínimo
vigente, e; b) integralização do capital social à vista. Uma vez que o capital esteja
subscrito e efetivamente integralizado, não sofrerá nenhuma influência decorrente de
ulteriores alterações do salário mínimo.
O capital poderá ser representado em uma só cota ou fracionado, desde que seja uma
única pessoa, titular da totalidade do capital. A cota poderá ser cedida ou penhorada
em razão de dívidas do instituidor. Na hipótese da cessão de cotas, somente poderá
ocorrer se for realizada de forma integral (o valor de todo o capital social).
Letra C) Alternativa Incorreta. O legislador impôs dois pressupostos para instituição da
EIRELI, quais sejam: a) capital social não inferior a 100 vezes o salário mínimo
vigente, e; b) integralização do capital social à vista. Uma vez que o capital esteja
subscrito e efetivamente integralizado, não sofrerá nenhuma influência decorrente de
ulteriores alterações do salário mínimo.
Letra D) Alternativa Correta. O nome empresarial da EIRELI poderá ser uma firma ou
denominação, acrescido(a) da expressão EIRELI, deixando transparecer a
unipessoalidade e o tipo de responsabilidade do instituidor. A omissão do vocábulo
“EIRELI", acarretará a responsabilidade ilimitada do administrador que a empregou
(art. 1.158, §3º, CC).
A denominação deverá designar o objeto social. Ressalta-se que na hipótese de
utilização de firma, havendo a substituição do instituidor, a firma social deverá ser
obrigatoriamente alterada, devendo constar o nome do novo instituidor, fazendo
prevalecer o elemento humano que inspira a sua composição (Art. 980-A, §1º, CC).

70. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I – A empresa de factoring que recebeu cessão dos créditos de contrato não tem
legitimidade para figurar no polo passivo da ação que pede a revisão do pacto.
II – O risco assumido pelo faturizador é inerente à operação de factoring, não
podendo o faturizado, em regra, ser demandado para responder regressivamente.
III – As empresas popularmente conhecidas como factoring desempenham
atividades de fomento mercantil, de cunho meramente comercial, em que se
ajusta a compra de créditos vencíveis, mediante preço certo e ajustado, e com
recursos próprios, não podendo ser caracterizadas como instituições financeiras.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
Gabarito: D
I – Incorreta. Segundo a jurisprudência, a empresa de factoring que recebeu cessão
dos créditos de contrato tem legitimidade para figurar no polo passivo da ação que
pede a revisão do pacto:
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FACTORING. COMPRA E VENDA EM PRESTAÇÕES.
CESSÃO DO CONTRATO. ANUÊNCIA DO DEVEDOR. LEGITIMIDADE PASSIVA DA
CESSIONÁRIA. REEXAME DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS. INVIABILIDADE. SÚMULA N.
5/STJ. RECURSO DESPROVIDO.
1. Se a empresa de factoring figura como cessionária dos direitos e obrigações
estabelecidos em contrato de compra e venda em prestações, de cuja cessão foi
regularmente cientificado o devedor, é legítima para responder a demanda que visa à
revisão das condições contratuais.
2. O recurso especial não comporta a interpretação de cláusulas contratuais ou o
exame de questões cuja solução exija o revolvimento de elementos fático-probatórios
dos autos, a teor do que dispõem as Súmulas n. 5 e 7 do STJ.
3. Recurso especial parcialmente conhecido e, na parte conhecida, desprovido.
(REsp 1343313/SC, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Rel. p/ Acórdão Ministro
ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 01/06/2017, DJe
01/08/2017)
II – Correta. Segundo a jurisprudência:
COMERCIAL E PROCESSUAL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO. NOTA PROMISSÓRIA E
CONTRATO DE FACTORING. INADIMPLÊNCIA DO ADQUIRENTE DA MERCADORIA.
RECOMPRA. RESPONSABILIDADE DA FATURIZADA. QUESTÃO FÁTICA NÃO APRECIADA
PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. ENUNCIADO N. 7 DA SÚMULA DO STJ.
1. O risco assumido pelo faturizador é inerente à operação de factoring, não podendo
o faturizado ser demandado para responder regressivamente, salvo se tiver dado
causa ao inadimplemento dos contratos cedidos (precedentes), hipótese que, segundo
a recorrente, estaria prevista em cláusula contratual.
2. No caso concreto, apesar de a exequente, faturizadora, ter alegado a
responsabilidade da faturizada pelo inadimplemento do adquirente das mercadorias -
devolução de produtos impróprios para o consumo -, os acórdãos da apelação e dos
aclaratórios não apreciaram tal questão fática, deixando a recorrente de veicular no
recurso especial violação do art. 535 do CPC. Tais circunstâncias tornam inviável o
exame, em recurso especial, da prova dos autos, com o propósito de acolher o pedido
recursal de prosseguimento da execução, incidindo o óbice do enunciado n. 7 da
Súmula do STJ.
3. Recurso especial desprovido.
(REsp 1163201/PE, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado
em 02/12/2014, DJe 24/03/2015)
III – Correta. Segundo a jurisprudência:
PROCESSUAL PENAL. FACTORING. CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL.
INEXISTÊNCIA. EMPRÉSTIMO A JUROS ABUSIVOS. USURA.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL.
1. A caracterização do crime previsto no art. 16, da Lei n° 7.492/86, exige que as
operações irregulares tenham sido realizadas por instituição financeira.
2. As empresas popularmente conhecidas como factoring desempenham atividades de
fomento mercantil, de cunho meramente comercial, em que se ajusta a compra de
créditos vencíveis, mediante preço certo e ajustado, e com recursos próprios, não
podendo ser caracterizadas como instituições financeiras.
3. In casu, comprovando-se a abusividade dos juros cobrados nas operações de
empréstimo, configura-se o crime de usura, previsto no art. 4°, da Lei n° 1.521/51,
cuja competência para julgamento é da Justiça Estadual.
4. Conflito conhecido para declarar a competência do juízo estadual, o suscitado.
(CC 98.062/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 25/08/2010,
DJe 06/09/2010)
CONTRATO DE FACTORING. RECURSO ESPECIAL. CARACTERIZAÇÃO DOESCRITÓRIO DE
FACTORING COMO INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. DESCABIMENTO.APLICAÇÃO DE
DISPOSITIVOS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR À AVENÇA MERCANTIL, AO
FUNDAMENTO DE SE TRATAR DE RELAÇÃO DE CONSUMO.INVIABILIDADE. 1. As empresas
de factoring não são instituições financeiras, visto que suas atividades regulares de
fomento mercantil não se amoldam ao conceito legal, tampouco efetuam operação de
mútuo ou captação de recursos de terceiros. Precedentes. 2. "A relação de consumo
existe apenas no caso em que uma das partes pode ser considerada destinatária final
do produto ou serviço. Na hipótese em que produto ou serviço são utilizados na cadeia
produtiva, e não há considerável desproporção entre o porte econômico das partes
contratantes, o adquirente não pode ser considerado consumidor e não se aplica o
CDC, devendo eventuaisconflitos serem resolvidos com outras regras do Direito
dasObrigações". (REsp 836.823/PR, Rel. Min. SIDNEI BENETI, TerceiraTurma, DJ de
23.8.2010). 3. Com efeito, no caso em julgamento, verifica-se que a ora recorrida não
é destinatária final, tampouco se insere em situação de vulnerabilidade, porquanto
não se apresenta como sujeito mais fraco, com necessidade de proteção estatal, mas
como sociedadeempresária que, por meio da pactuação livremente firmada com
arecorrida, obtém capital de giro para operação de sua atividadeempresarial, não
havendo, no caso, relação de consumo. 4. Recurso especial não provido.
(STJ - REsp: 938979 DF 2007/0075055-2, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data
de Julgamento: 19/06/2012, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe
29/06/2012)

71. Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA.


I – Pode-se conceituar o Direito Empresarial como o regime jurídico especial de
direito público destinado à disciplina das atividades econômicas e daqueles que as
exercem.
II – Ante o Direito Civil, o Direito Empresarial é um ramo autônomo, especializado
nas necessidades específicas das relações empresariais.
III – Mesmo sendo considerado um ramo autônomo do direito, o Direto Empresarial
pode se valer, muitas vezes, do direito civil para suprir eventuais lacunas de seu
arcabouço normativo.
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Apenas II e III estão corretas.
Gabarito: D
I – Incorreta. O Direito Empresarial é um ramo do direito privado e não público.
Segundo a doutrina:
(...) direito empresarial, visto como ramo jurídico independente e autônomo,
podemos conceituá-lo, em síntese, como o regime jurídico especial de direito privado
destinado à disciplina das atividades econômicas e daqueles que as exercem. Na
qualidade de regime jurídico especial, contempla todo um conjunto de normas
específicas que se aplicam aos agentes econômicos, antes chamados de comerciantes
e hoje chamados de empresários.
O direito comercial é o ramo do direito privado que tem por objeto a regulação da
atividade destinada à circulação e criação da riqueza mobiliária, seus instrumentos e
a qualificação dos sujeitos dessas relações. (...)
II – Correta. Segundo a doutrina:
(...) É, perante o direito civil, ramo autônomo que se apresenta como um direito
especial, especialização esta decorrente das necessidades específicas das relações
comerciais.
Essa autonomia que o direito empresarial possui em relação ao direito civil não
significa, todavia, que eles sejam ramos absolutamente distintos e contrapostos.
Direito empresarial e direito civil, como ramos englobados na rubrica direito privado,
possuem, não raro, institutos jurídicos comuns.
Ademais, o direito empresarial, como regime jurídico especial que é, muitas vezes
socorre-se do direito civil – este entendido, pode-se dizer, como um regime jurídico
geral das atividades privadas – para suprir eventuais lacunas de seu arcabouço
normativo.
E mais: como bem destacou há tempos Tullio Ascarelli, a afirmação do direito
empresarial como um conjunto sistematizado de regras especiais contribui para o
próprio desenvolvimento do direito civil, já que os institutos específicos que nascem
no direito empresarial, com o passar do tempo, acabam sendo incorporados pelo
direito comum. Basta citar o caso do bem de família, o qual, pensado originalmente
como forma de limitar a responsabilidade do comerciante individual, foi incorporado
ao nosso ordenamento jurídico pelo antigo Código Civil de 1916, em seus arts. 70 e
71.
III – Correta. Vide doutrina acima transcrita.
Referência: Ramos, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial: volume único. 10. ed.
– Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2020, p. 81/82.

72. De acordo com o Código Civil, assinale a alternativa INCORRETA.


a) O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de
contabilidade com base na escrituração uniforme de seus livros, em
correspondência com a documentação respectiva.
b) Em regra, os livros obrigatórios ou as fichas devem ser autenticados no Registro
Público de Empresas Mercantis.
c) Além dos demais livros exigidos pela lei, todo empresário deve manter livro
diário, o qual não pode ser substituído por qualquer outro método de
escrituração.
d) No livro Diário serão lançadas, com individuação, clareza e caracterização do
documento respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todas as
operações relativas ao exercício da empresa, sendo permitida a escrituração
resumida, com totais que não excedam o período de trinta dias.
Gabarito: C
a) Correta - segundo o art. 1.179, CC: O empresário e a sociedade empresária são
obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na
escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação
respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado
econômico.
§ 1 o Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros ficam a critério
dos interessados.
§ 2 o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o
art. 970 .
b) Correta - segundo o art. 1.181, CC: Salvo disposição especial de lei, os livros
obrigatórios e, se for o caso, as fichas, antes de postos em uso, devem ser
autenticados no Registro Público de Empresas Mercantis.
c) Incorreta - segundo o art. 1.180, CC: Além dos demais livros exigidos por lei, é
indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração
mecanizada ou eletrônica.
Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o
lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico.
d) Correta, segundo o art. 1.184, CC: No Diário serão lançadas, com individuação,
clareza e caracterização do documento respectivo, dia a dia, por escrita direta ou
reprodução, todas as operações relativas ao exercício da empresa.
§ 1 o Admite-se a escrituração resumida do Diário, com totais que não excedam o
período de trinta dias, relativamente a contas cujas operações sejam numerosas ou
realizadas fora da sede do estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares
regularmente autenticados, para registro individualizado, e conservados os
documentos que permitam a sua perfeita verificação.
§ 2 o Serão lançados no Diário o balanço patrimonial e o de resultado econômico,
devendo ambos ser assinados por técnico em Ciências Contábeis legalmente habilitado
e pelo empresário ou sociedade empresária.

73. A respeito da dissolução e liquidação das sociedades, assinale a alternativa


correta:
a) Não é possível a dissolução parcial da sociedade.
b) É possível proceder à liquidação da sociedade sem que esta, obrigatoriamente,
seja dissolvida.
c) As sociedades somente serão dissolvidas mediante sua liquidação.
d) Durante o período de liquidação a sociedade mantém sua personalidade
jurídica.
Gabarito: D
a) Incorreta. A dissolução pode ocorrer de forma parcial (quando a sociedade se
resolve em relação a um (vários) sócio (s), ou total, quando ocorre a sua liquidação e
extinção. A dissolução parcial pode ocorrer por: morte, exclusão judicial, exclusão de
pleno direito ou exercício do direito de retirada.
b) Incorreta. A liquidação leva a extinção da sociedade. A sociedade, uma vez
dissolvida, ainda não é considerada extinta, devendo ser nomeado liquidante. Após o
pagamento de todo passivo e partilhado o remanescente, o liquidante convocará
assembleia para prestação das contas. Aprovadas as contas, a liquidação será
encerrada e a sociedade será extinta com a averbação no registro próprio da
respectiva ata da assembleia, findando a sua personalidade jurídica.
c) Incorreta. Dispõe o art. 1.034, CC que a sociedade pode ser dissolvida
judicialmente, a requerimento de qualquer dos sócios, quando: I - anulada a sua
constituição; II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexequibilidade.
d) Correta. A sociedade, uma vez dissolvida, ainda não é considerada extinta,
devendo ser nomeado liquidante. Após o pagamento de todo passivo e partilhado o
remanescente, o liquidante convocará assembleia para prestação das contas.
Aprovadas as contas, a liquidação será encerrada e a sociedade será extinta com a
averbação no registro próprio da respectiva ata da assembleia, findando a sua
personalidade jurídica.
Dispõe o art. 51, CC que nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a
autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que
esta se conclua.

Autora do comentário: Rebeca Eckstein, Advogada, profª de Direito Empresarial,


Especialista em Direito Empresarial - UERJ, Processo Civil - UFF e em Advocacia
Pública - Universidade Cândido Mendes.

74. Assinale a alternativa incorreta:


a) O estabelecimento confunde-se com a própria empresa, comungando da mesma
personalidade jurídica.
b) O estabelecimento é um complexo de bens funcionalmente destinados ao
exercício de atividade econômica.
c) O contrato que tem por objeto a alienação da universalidade do
estabelecimento é denominado de trespasse.
d) O nome empresarial é inalienável.
Gabarito: A
a) Incorreta. O CC/02 adotou a expressão “estabelecimento", mas, podemos encontrar
as expressões “fundo de empresa" ou “azienda". Estabelecimento não se confunde
com o local físico onde o empresário ou a sociedade empresária encontra-se situado
(ponto empresarial).
O titular do estabelecimento empresarial é o empresário. O estabelecimento
empresarial não é o sujeito de direitos, sendo sujeito de direitos o empresário ou a
sociedade empresária. O estabelecimento empresarial pode ser objeto de direitos
quando ocorrer a sua alienação.
b) Correta. Dispõe o art. 1.142, CC que considera-se estabelecimento todo complexo
de bens organizado para o exercício da empresa, por empresário ou por sociedade
empresária.
c) Correta. A natureza jurídica do estabelecimento é de uma universalidade de fato,
composta pelos bens corpóreos/materiais (mobiliários, utensílios, máquinas e
equipamentos, bem como mercadorias e produtos objeto do negócio) e incorpóreos
(marcas, patentes, desenho industrial, nome empresarial, ponto empresarial, know-
how). Os bens estão reunidos por força da vontade humana, e não por força de lei;
por isso, sua natureza jurídica é de universalidade de fato.
O estabelecimento empresarial pode ser objeto unitário de direitos e negócios
jurídicos, translativos (transferência da propriedade, como por exemplo: doação,
dação em pagamento, alienação do estabelecimento) ou constitutivos (não implica a
transferência da propriedade, como por exemplo: arrendamento mercantil, contrato
de locação, contrato de usufruto), desde que sejam compatíveis com a sua natureza
(art.1.143, CC).
d) Correta. Dispõe o Código Civil, em seu art. 1.164, que o nome empresarial não
pode ser objeto de alienação. Tal vedação decorre do princípio da veracidade. Como
a firma individual e social deve conter o nome civil daquele que responde de forma
ilimitada, a alienação do estabelecimento empresarial implicará na mudança do nome
empresarial, pois o nome civil representa direito da personalidade não sendo possível
a sua alienação. Pode o adquirente do estabelecimento, por ato entre vivos, se o
contrato permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a
qualificação do sucessor.

Autora do comentário: Rebeca Eckstein, Advogada, profª de Direito Empresarial,


Especialista em Direito Empresarial - UERJ, Processo Civil - UFF e em Advocacia
Pública - Universidade Cândido Mendes.

75. De acordo com a legislação que trata das Sociedades por Ações:
a) O capital social somente poderá ser formado com contribuições em dinheiro.
b) O modo de funcionamento do Conselho Fiscal estará disposto em seu Regimento
Interno.
c) Caracteriza-se a má-fé apenas quando os dividendos forem distribuídos sem o
levantamento do balanço.
d) Presume-se a má-fé quando os dividendos forem distribuídos sem o
levantamento do balanço ou em desacordo com os resultados deste.
Gabarito: D
a) Incorreta. A contribuição pode ser realizada com qualquer espécie de bens, desde
que suscetíveis de avaliação em dinheiro, como por exemplo, patente de invenção,
imóvel, carro, dentre outros. Sendo vedada a contribuição do sócio que consista em
serviço.
b) Incorreta. O estatuto que irá dispor sobre o funcionamento do conselho fiscal. O
conselho fiscal é um órgão de fiscalização. Embora seja um órgão obrigatório, o seu
funcionamento é facultativo. A eleição dos membros do conselho fiscal será realizada
na assembleia-geral por maioria. Dispõe o art. 161, Lei 6.404/76 que a companhia
terá um conselho fiscal e o estatuto disporá sobre seu funcionamento, de modo
permanente ou nos exercícios sociais em que for instalado a pedido de acionistas.
c) Incorreta. A companhia somente pode pagar dividendos à conta de lucro líquido do
exercício, de lucros acumulados e de reserva de lucros; e à conta de reserva de
capital, no caso das ações preferenciais de que trata o § 5º do artigo 17, LSA. Dispõe o
art. 201 § 2º, LSA que os acionistas não são obrigados a restituir os dividendos que em
boa-fé tenham recebido. Presume-se a má-fé quando os dividendos forem distribuídos
sem o levantamento do balanço ou em desacordo com os resultados deste.
d) Correta. Dispõe o art. 201 § 2º, LSA que os acionistas não são obrigados a restituir
os dividendos que em boa-fé tenham recebido. Presume-se a má-fé quando os
dividendos forem distribuídos sem o levantamento do balanço ou em desacordo com
os resultados deste.

Autora do comentário: Rebeca Eckstein, Advogada, profª de Direito Empresarial,


Especialista em Direito Empresarial - UERJ, Processo Civil - UFF e em Advocacia
Pública - Universidade Cândido Mendes.

DIREITO TRIBUTÁRIO

76. Complete corretamente as lacunas:


Compete ____________ a instituição de imposto ou contribuição novos, não
previstos especificamente na Constituição Federal. Para instituí-los é necessária
a promulgação de _______________ que assegure a não cumulatividade e a não
coincidência de fato gerador e de base de cálculo com outras espécies tributárias
semelhantes e discriminadas na Constituição.
a) à União, aos Estados e ao DF, concorrentemente / lei ordinária
b) à União, aos Estados e ao DF, concorrentemente / lei complementar
c) à União / lei ordinária
d) à União / lei complementar
Gabarito: D
Compete à União a instituição de imposto ou contribuição novos, não previstos
especificamente na Constituição Federal. Para instituí-los é necessária a promulgação
de lei complementar que assegure a não cumulatividade e a não coincidência de fato
gerador e de base de cálculo com outras espécies tributárias semelhantes e
discriminadas na Constituição. Obs.: Trata-se de competência residual em matéria
tributária.

77. De acordo com o que dispõe o Código Tributário Nacional, a base de cálculo do
imposto de importação é
I. quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, o preço
da arrematação.
II. a unidade de medida adotada pela lei tributária, quando a alíquota seja
específica.
III. o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da
importação, em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no
porto ou lugar de entrada do produto no País quando a alíquota seja ad valorem.
a) Todas as assertivas estão corretas.
b) Apenas as assertivas I e II estão corretas.
c) Apenas as assertivas II e III estão corretas.
d) Apenas as assertivas I e III estão corretas.
Gabarito: A
Art. 20 do CTN responde a todas as alternativas:
Art. 20. A base de cálculo do imposto é:
I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária;
II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar,
alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre
concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País;
III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, o preço
da arrematação.

78. A respeito do imposto sobre produtos industrializados, analise as assertivas a


seguir e assinale a opção correta:
I. O imposto sobre produto industrializado de origem estrangeira tem como fato
gerador o desembaraço aduaneiro e a sua base de cálculo será o preço normal que
o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em
condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do
produto no País, acrescido do montante do imposto sobre a importação, das taxas
exigidas para entrada do produto no País e dos encargos cambiais efetivamente
pagos pelo importador ou dele exigíveis.
II. São contribuintes do IPI o importador, ou quem a lei a ele equiparar, o
comerciante de produtos sujeitos ao imposto, e o arrematante de produtos
apreendidos ou abandonados, levados a leilão. Ainda, é considerado contribuinte
autônomo de IPI, qualquer estabelecimento de importador, comerciante ou
arrematante.
III. O IPI é não-cumulativo, dispondo a lei de forma que o montante devido resulte
da diferença a maior, em determinado período, entre o imposto referente aos
produtos saídos do estabelecimento e o pago relativamente aos produtos nele
entrados. Dessa forma, verificado saldo em favor do contribuinte, em determinado
período, este será transferido para o período ou períodos seguintes.
a) Todas as assertivas estão corretas.
b) Apenas as assertivas I e II estão corretas.
c) Apenas as assertivas II e III estão corretas.
d) Apenas as assertivas I e III estão corretas.
Gabarito: D
I. CORRETA. Redação conforme art. 46, e 47 I, do CTN.
II. INCORRETA. A redação deixou de fora os industriais, que também são contribuintes
de IPI, nos termos do art. 51, II e parágrafo único, do CTN.
III. CORRETA. Redação do art. 49 do CTN.

79. Acerca dos impostos de competência da União, marque a alternativa correta.


a) O imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato
gerador, justamente, a aquisição da disponibilidade econômica de renda ou de
proventos, advindos do produto do capital, do trabalho ou da combinação de
ambos, e, também, de eventuais acréscimos patrimoniais não compreendidos
nesses.
b) O imposto sobre a exportação para o estrangeiro, de produtos nacionais ou
nacionalizados, tem como fato gerador a saída destes do território nacional, por
isso, sua base de cálculo é o preço normal que o produto, ou seu similar,
alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre
concorrência,
c) O imposto sobre produtos industrializados, de competência da União, possui
caráter seletivo em razão da essencialidade dos produtos. Em outras palavras, a
União pode manipular o consumo de determinados itens, como cigarros, bebidas
alcoólicas e eletrodomésticos, alterando a carga tributária imposta sobre eles.
d) O fato gerador do imposto sobre a propriedade territorial rural, cuja base de
cálculo é o valor venal do imóvel localizado fora da zona urbana do Município, é a
própria propriedade do imóvel, o seu domínio útil ou a sua posse, de modo que
serão contribuintes o proprietário, o titular do domínio útil ou o possuidor a
qualquer título.
Gabarito: C
a) INCORRETA. Isso porque o IR tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade
econômica ou jurídica: “I - de renda, assim entendido o produto do capital, do
trabalho ou da combinação de ambos; II - de proventos de qualquer natureza, assim
entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.” (Art.
43 do CTN)
b) INCORRETA. De fato, o IE tem como fato gerador a saída destes do território
nacional (art. 23, CTN). Porém, a sua base de cálculo pode ser o preço normal que o
produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em
condições de livre concorrência, quando a alíquota seja ad valorem, ou a unidade de
medida adotada pela lei tributária, quando a alíquota seja específica (art. 24).
c) CORRETO. De acordo com o art. 153, §3º da CF e com o art. 48 do CTN, o IPI é
seletivo em função da essencialidade dos produtos. O que significa que os produtos
devem ser tributados na razão inversamente proporcional à sua indispensabilidade, ou
seja, de acordo com o princípio da essencialidade, quanto mais necessário for um
bem, menor deve ser a carga tributária sobre ele incidente; lado outro, quanto mais
supérfluo ele for, maior deve ser o ônus da tributação. Com isso, a União consegue
regular e manipular o consumo de determinados itens, como os citados na alternativa.
d) INCORRETA. A base do cálculo do imposto é o valor fundiário (art. 30, CTN).
80. Acerca da contribuição de melhoria, analise as assertivas abaixo e assinale a
alternativa correta:
I. De competência comum entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios, a
contribuição de melhoria será instituída a fim de compensar o custo de obras
públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa
realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para
cada imóvel beneficiado.
II. O CTN impõe à lei relativa à contribuição de melhoria a observação, dentre
outros requisitos mínimos, de publicação prévia de memorial descritivo do
projeto, orçamento do custo da obra, especificação da parcela do custo que será
financiada pela contribuição, delimitação da zona beneficiada e determinação do
fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma
das áreas diferenciadas, nela contidas, devendo, ainda, fixar prazo mínimo de
trinta dias para que os interessados impugnem quaisquer desses elementos.
III. Todos os imóveis situados na zona beneficiada participarão do rateio da parcela
do custo da obra financiada pela contribuição, em partes iguais, devendo ser
notificado cada contribuinte, por ocasião do respectivo lançamento, da forma e
dos prazos de seu pagamento.
a) Todas as assertivas estão corretas.
b) Apenas as assertivas I e II estão corretas.
c) Apenas as assertivas I e III estão corretas.
d) Apenas as assertivas II e III estão corretas.
Gabarito: B
I. CORRETA. Redação conforme art. 81 do CTN.
II. CORRETA. Redação conforme art. 82, I e II, do CTN.
III. INCORRETO. Veja o que dispõe o art. 82, §§1º e 2º do CTN:
“§ 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela
do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona
beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização.
§ 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do
montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos
que integram o respectivo cálculo.”

81. Sobre as espécies tributárias, analise as assertivas abaixo e assinale a


alternativa correta:
I. Cabe ao Poder Legislativo, nas condições e nos limites estabelecidos em lei,
alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto sobre a exportação de
produtos nacionais ou nacionalizados ao estrangeiro, a fim de ajustá-los aos
objetivos da política cambial e do comércio exterior. Sua receita líquida destina-
se, exclusivamente, à formação de reservas monetárias, na forma da lei.
II. De competência dos Estados, o imposto sobre operações relativas a
combustíveis, lubrificantes, energia elétrica e minerais tem como fato gerador a
produção, a importação, a circulação, a distribuição e o consumo desses itens,
considerando-se a energia elétrica um produto industrializado.
III. Compete exclusivamente à União instituir, na iminência ou no caso de guerra
externa, impostos extraordinários, além dos referidos no Código Tributário
Nacional, e suprimi-los, gradativamente, no prazo máximo de dez anos, contados
da celebração da paz.
a) Todas as assertivas estão corretas.
b) Apenas as assertivas I e II estão corretas.
c) Apenas as assertivas I e III estão corretas.
d) Todas as assertivas estão incorretas.
Gabarito: D
I. INCORRETA. De acordo com o art. 26 do CTN: “O Poder Executivo pode, nas
condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de
cálculo do imposto [de exportação], a fim de ajustá-los aos objetivos da política
cambial e do comércio exterior.
Além disso, embora o art. 28 do CTN realmente disponha que a “receita líquida do
imposto destina-se à formação de reservas monetárias, na forma da lei”, sua redação
perdeu o caráter imperativo, passou a princípio meramente programático, que apenas
insinua determinada política econômica e fiscal a ser aceita ou desprezada pelo
legislador ordinário. Poderia ser suprimida, e esse legislador discricionariamente
vincularia ou não o imposto de exportação à formação de reservas monetárias. Por
isso, incorreta a questão ao informar que a receita destina-se exclusivamente à
formação de reservas monetárias.
II. INCORRETA. O imposto especial previsto no art. 74 do CTN é de competência da
UNIÃO.
“Art. 74. O imposto, de competência da União, sobre operações relativas a
combustíveis, lubrificantes, energia elétrica e minerais do País tem como fato
gerador:
I - a produção, como definida no artigo 46 e seu parágrafo único;
II - a importação, como definida no artigo 19;
III - a circulação, como definida no artigo 52;
IV - a distribuição, assim entendida a colocação do produto no estabelecimento
consumidor ou em local de venda ao público;
V - o consumo, assim entendida a venda do produto ao público.
§ 1º Para os efeitos deste imposto a energia elétrica considera-se produto
industrializado.”
III. INCORRETA. Conforme art. 76 do CTN: “Na iminência ou no caso de guerra
externa, a União pode instituir, temporariamente, impostos extraordinários
compreendidos ou não entre os referidos nesta Lei, suprimidos, gradativamente, no
prazo máximo de cinco anos, contados da celebração da paz.”

82. Extinguem o crédito tributário, exceto:


a) o pagamento e a compensação.
b) a remissão e a consignação em pagamento.
c) a moratória e o depósito do seu montante integral.
d) a prescrição e a decadência.
Gabarito: C
As formas de extinção do crédito tributário estão previstas no art. 156 do CTN, sendo
a moratória e o depósito do montante integral causas de suspensão da exigibilidade
do crédito, conforme art. 151 do CTN. Além disso, impostante salientar que o art.
150, §§ 1 º e 4º prevê duas formas de homologação: a primeira, expressa, e a segunda,
tácita.

83. Em relação às distribuições das receitas tributárias, analise os itens a seguir e


assinale a alternativa correta.
I. Pertencem aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios o produto da
arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza,
incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas
autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem, assim como
II. Os Estados e Municípios que celebrem com a União convênios destinados a
assegurar ampla e eficiente coordenação dos respectivos programas de
investimentos e serviços públicos, especialmente no campo da política tributária,
poderão participar de até 10% (dez por cento) da arrecadação efetuada, nos
respectivos territórios, proveniente do imposto sobre a renda e proventos de
qualquer natureza, incidente sobre o rendimento das pessoas físicas, e do imposto
sobre produtos industrializados, inclusive o incidente sobre o fumo e bebidas
alcoólicas.
III. Pertencem aos Municípios 50% do produto da arrecadação dos impostos
estaduais sobre a propriedade de veículos automotores licenciados em seus
territórios e sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação. Compete-lhes, ainda, a totalidade do produto da arrecadação do
imposto da União sobre a propriedade territorial rural quando fiscalizado e
cobrado pelos Municípios.
a) Apenas a assertiva I está correta.
b) As assertivas I e II estão corretas.
c) Apenas a assertiva II está correta.
d) As assertivas II e III estão corretas.
Gabarito: A
I. CORRETA. Redação conforme Constituição Federal, arts. 157, I e 158, I.
II. INCORRETA. O art. 83 do CTN prevê, expressamente, que “os Estados e Municípios
que celebrem com a União convênios destinados a assegurar ampla e eficiente
coordenação dos respectivos programas de investimentos e serviços públicos,
especialmente no campo da política tributária, poderão participar de até 10% (dez por
cento) da arrecadação efetuada, nos respectivos territórios, proveniente do imposto
referido no artigo 43, incidente sobre o rendimento das pessoas físicas, e no artigo
46, excluído o incidente sobre o fumo e bebidas alcoólicas.”
III. INCORRETA. A Constituição Federal em seu art. 158, dispõe que:
Pertencem aos Municípios:
I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de
qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título,
por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem;
II - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União sobre a
propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis neles situados, cabendo a
totalidade na hipótese da opção a que se refere o art. 153, § 4º, III; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
III - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre a
propriedade de veículos automotores licenciados em seus territórios;
IV - vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre
operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação.

84. Acerca da isenção tributária, assinale a alternativa correta.


a) A isenção, assim como a remissão, é modalidade de exclusão do crédito
tributário, mas não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias
dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela
consequente.
b) O crédito tributário é excluído pela isenção, que, salvo disposição de lei em
contrário, não é extensiva às taxas e tampouco poderá ser revogada em prejuízo
do contribuinte beneficiário quando concedida sob prazo certo e em função de
determinadas condições.
c) É vedado à União instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do
Distrito Federal ou dos Municípios, bem como sobre tributos de sua própria
competência quando a fiscalização e a cobrança estiverem a cargo de outro ente
federativo por convênio.
d) A isenção só pode ser concedida mediante lei específica que regule as
condições e requisitos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo o
caso, o prazo de sua duração, sendo vedada a sua extensão a tributos instituídos
posteriormente à sua concessão.
Gabarito: B
a) INCORRETA. Remissão não é forma de exclusão, mas de extinção do crédito
tributário (art. 156, IV, do CTN).
b) CORRETA. Redação conforme art. 177, I e 178 do CTN.
c) INCORRETA. De acordo com o art. 151, III, da CF, é “vedado à União instituir
isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios.”, mas é evidente que a União pode atuar em sua própria competência,
ainda que interfira na arrecadação compartilhada com os demais entes.
d) INCORRETA. Reza o art. 177 do CTN que, de fato, a isenção não é extensiva aos
tributos instituídos posteriormente à sua concessão, salvo disposição de lei em
contrário, ou seja, é possível que a lei autorize a extensão da isenção a esses
tributos.

85. À luz da legislação tributária, analise os itens a seguir e assinale a alternativa


correta.
I. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação
tributária interna, e devem ser observados pela que lhes sobrevenha. Desse modo,
a isenção de tributos estaduais e/ou municipais prevista em tratado internacional
assinado pela República Federativa do Brasil, para as mercadorias importadas dos
países signatários, não caracteriza isenção heterônoma e tampouco viola o
princípio federativo.
II. É possível a retroatividade de lei tributária, desde que a norma seja
interpretativa e não ocasione a aplicação de penalidade ao dispositivo
interpretado. Porém, tratando-se de ato não definitivamente julgado, somente é
possível a aplicação da lei posterior quando deixar de defini-lo como infração, ou
quando cominar penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo
de sua prática.
III. A decadência representa a perda do direito da Fazenda Pública constituir,
através do lançamento, o crédito tributário, em razão do decurso do prazo de 5
anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento
poderia ter sido efetuado, ou da data em que se tornar definitiva a decisão que
houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado, sendo
que a contagem do prazo decadencial não se interrompe nem se suspende.
a) Apenas a assertiva I está correta.
b) As assertivas II e III estão corretas.
c) Apenas a assertiva II está correta.
d) As assertivas I e III estão corretas.
Gabarito: D
I. CORRETA. Redação conforme art. 98 do CTN e de acordo com a jurisprudência do
STF: “Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a
legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.”
DIREITO TRIBUTÁRIO. RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 1988 DO
ACORDO GERAL DE TARIFAS E COMÉRCIO. ISENÇÃO DE TRIBUTO ESTADUAL PREVISTA
EM TRATADO INTERNACIONAL FIRMADO PELA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
ARTIGO 151, INCISO III, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ARTIGO 98 DO CÓDIGO
TRIBUTÁRIO NACIONAL. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE ISENÇÃO HETERÔNOMA. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E PROVIDO. 1. A isenção de tributos estaduais prevista
no Acordo Geral de Tarifas e Comércio para as mercadorias importadas dos países
signatários quando o similar nacional tiver o mesmo benefício foi recepcionada pela
Constituição da República de 1988. 2. O artigo 98 do Código Tributário Nacional
"possui caráter nacional, com eficácia para a União, os Estados e os Municípios" (voto
do eminente Ministro Ilmar Galvão). 3. No direito internacional apenas a República
Federativa do Brasil tem competência para firmar tratados (art. 52, § 2º, da
Constituição da República), dela não dispondo a União, os Estados-membros ou os
Municípios. O Presidente da República não subscreve tratados como Chefe de
Governo, mas como Chefe de Estado, o que descaracteriza a existência de uma
isenção heterônoma, vedada pelo art. 151, inc. III, da Constituição. 4. Recurso
extraordinário conhecido e provido. (RE 229096 / RS, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO,
Relator(a) p/ Acórdão: Min. CÁRMEN LÚCIA, Julgamento: 16/08/2007 Órgão Julgador:
Tribunal Pleno).
II. INCORRETA. De acordo com o art. 106 do CTN:
“Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação
de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixe de defini-lo como infração;
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão,
desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento
de tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo
da sua prática.”
III. CORRETA. Redação conforme art. 173 do CTN:
“Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se
após 5 (cinco) anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado;
II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício
formal, o lançamento anteriormente efetuado.
Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente
com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a
constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer
medida preparatória indispensável ao lançamento.”

DIREITO AMBIENTAL

86. De acordo com a Lei n. 9.795/99, é princípio básico da educação ambiental:


a) A garantia de democratização das informações ambientais.
b) O estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática
ambiental e social.
c) O pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi
e transdisciplinaridade.
d) O fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia.
Gabarito: C
As alternativas a, b, d e e contém objetivos fundamentais da educação ambiental,
conforme art. 5º, incisos II, III, VI e VII, da Lei n. 9.795/99. A alternativa c é a única
que trouxe um princípio básico da educação ambiental, nos termos do art. 4º, III, da
mesma Lei.

87. Assinale a alternativa incorreta a respeito da educação ambiental desenvolvida


no âmbito das instituições de ensino:
a) A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada,
contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal.
b) A educação ambiental deve ser implantada como disciplina específica no
currículo de ensino.
c) Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto
metodológico da educação ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a
criação de disciplina específica.
d) Nos cursos de formação e especialização técnico-profissional, em todos os
níveis, deve ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades
profissionais a serem desenvolvidas.
Gabarito: B
a) Correta, conforme art. 10, caput, da Lei n. 9.795/99.
b) Incorreta, conforme art. 10, § 1º, da Lei n. 9.795/99: “§ 1º A educação ambiental
não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino.”
c) Correta, conforme art. 10, § 2º, da Lei n. 9.795/99.
d) Correta, conforme art. 10, § 3º, da Lei n. 9.795/99.

88. Assinale a alternativa correta de acordo com a Lei n. 12.651/12:


a) As Áreas de Preservação Permanente são cobertas por vegetação nativa e têm a
função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o
solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.
b) Considera-se Área de Preservação Permanente as áreas no entorno dos lagos e
lagoas naturais, em faixa com largura mínima de 50 (cinquenta) metros, em zonas
urbanas.
c) Os manguezais, em toda a sua extensão, são considerados Áreas de Preservação
Permanente.
d) Será exigida Área de Preservação Permanente no entorno de reservatórios
artificiais de água que não decorram de barramento ou represamento de cursos
d’água naturais.
Gabarito: C
a) Incorreta, conforme art. 3º, II, da Lei n. 12.651/12: “II - Área de Preservação
Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a
função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo
e assegurar o bem-estar das populações humanas;”
b) Incorreta, conforme art. 4º, II, b, da Lei n. 12.651/12: “Art. 4º Considera-se Área
de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei:
(…) II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima
de: (…) b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;”
c) Correta, conforme art. 4º, VII, da Lei n. 12.651/12.
d) Incorreta, conforme art. 4º, § 1º, da Lei n. 12.651/12: “§ 1º Não será exigida Área
de Preservação Permanente no entorno de reservatórios artificiais de água que não
decorram de barramento ou represamento de cursos d’água naturais.”

89. (VUNESP - 2019 - TJ-RO - Juiz de Direito Substituto) O artigo 225 da


Constituição Federal constitui inovação no direito constitucional nacional, uma
vez que, utilizando-se de instrumentos existentes na Lei n° 6.938/81 (Lei da
Política Nacional do Meio Ambiente), elevou ao plano da Constituição a temática
ambiental.
(Maria Luiza Machado Granziera, Direito Ambiental, 5ª edição ver. e atual.,
editora Foco, 2019, p. 71)
Sobre Constituição e o Meio Ambiente, é correto afirmar que
a) quanto à propriedade urbana, a Constituição Federal remete ao Plano de
Desenvolvimento Urbano Setorial a indicação de regras e exigências fundamentais
de ordenação da cidade.
b) a propriedade, sob o viés da função social, passa a ter sentido jurídico quando
submetida a valores sociais baseados em uma ordem pública fundada em princípios
que preservam o seu exercício (a propriedade) com caráter absoluto.
c) a expressão “bem de uso comum do povo”, que define o meio ambiente na
Constituição, refere-se muito mais a interesse, ou necessidade, do que a
propriedade ou domínio.
d) sendo o meio ambiente um objeto do interesse de todos, está contido no rol dos
bens sujeitos ao poder de polícia indelegável da coletividade.
Gabarito: C
A) ERRADO. Cabe ao plano diretor – e não ao Plano de Desenvolvimento Urbano
Setorial – tratar das exigências fundamentais de ordenação da cidade. A resposta tem
por fundamento o art. 182 da Constituição Federal:
CF, Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público
municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus
habitantes.
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com
mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e
de expansão urbana.
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências
fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.
B) ERRADO. O erro da alternativa está em conferir caráter absoluto ao exercício da
propriedade. Leonardo de Medeiros Garcia ensina que “o direito à propriedade,
principalmente a partir da Constituição em vigor, perdeu o caráter absoluto, ilimitado
e inatingível, qualificados pela concepção individualista do Código Civil de 1916".
C) CERTO. De fato, a expressão “bem de uso comum do povo" não se refere a
classificação dos bens públicos, estudada em direito civil ou administrativo. A
expressão deve ser entendida de forma a reforçar a ideia de interesse transindividual,
tendo em vista a titularidade coletiva dos bens naturais.
D) ERRADO. Embora haja vozes doutrinárias que defendam o meio ambiente como
“sujeito de direitos", tal como ocorre na Constituição da República do Equador, no
Brasil, adota-se o antropocentrismo moderado, ou seja, os recursos naturais devem
ser protegidos, porém em benefício do homem.
O erro da assertiva está na titularidade do poder de polícia, que não pertence à
coletividade, mas ao poder público. Ademais, considerando o ciclo do poder de
polícia, o STF já se manifestou no sentido de ser possível a delegação de atividades
materiais preparatórias da atuação pública.
90. (FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto) O Ministério Público ajuizou uma ação
civil pública visando à declaração de nulidade de licenciamento ambiental
conduzido por estudo ambiental diverso do Estudo de Impacto Ambiental e
Respectivo Relatório (EIA-RIMA). O Magistrado deverá
a) julgar, de forma antecipada, a ação procedente, uma vez que o EIA-RIMA é
obrigatório no licenciamento ambiental.
b) julgar, de forma antecipada, a ação improcedente, diante da presunção de
legalidade do ato administrativo.
c) determinar a produção de prova pericial para aferir a necessidade de
elaboração do EIA-RIMA no licenciamento ambiental.
d) determinar a produção de prova testemunhal para aferir a necessidade de
elaboração do EIA-RIMA.
Gabarito: C
Quaisquer atividades que possam causar algum impacto ambiental devem ser objeto
de estudo que verifique a sua intensidade e extensão, contudo, nem sempre esse
estudo será a EIA/RIMA. A Resolução CONAMA nº 237/97 ilustra bem a diferença entre
o gênero estudo ambiental e suas espécies.
CONAMA, Res. 237, Art. 1º, III - Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos
relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e
ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a
análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de
controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de
manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco.
O Estudo de impacto ambiental – EIA, por sua vez, é exigido em casos que a
instalação da obra ou atividade seja potencialmente causadora de significativa
degradação do meio ambiente (CF, art. 225, IV).
A título exemplificativo, a Resolução CONAMA nº 1/86, lista diversos casos
potencialmente causadores de significativa degradação ambiental, exigindo
elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto
ambiental – RIMA para concessão de licenciamento ambiental.
Caso a atividade não conste a lista e haja discussão judicial sobre a necessidade ou
não da EIA, será necessário a realização de perícia judicial, tal como consta no item
C).

Autora do comentário: Cínthia Stéffane Bento, Servidora Pública do Ministério Público


da União. Pós-graduada em Direito Público. Aprovada nos concursos de Procurador na
Assembleia Legislativa de Goiás e na PGM-Porto Alegre/RS., de Direito Financeiro,
Direito Tributário, Direito Ambiental.

DIREITO ADMINISTRATIVO

91. (CESPE / CEBRASPE – 2015 - adaptada) Com base no que dispõe a lei que regula
os procedimentos administrativos (Lei n.º 9.784/1999), assinale a opção correta.
a) Um órgão administrativo e seu titular podem delegar parte da sua competência
a outros órgãos ou titulares, incluindo-se a edição de atos normativos.
b) O não atendimento da intimação feita pelo órgão competente perante o qual
tramita processo administrativo implicará reconhecimento da verdade dos fatos
por parte do administrado.
c) Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, ainda que dependam
de dados registrados em documentos existentes na própria administração.
d) Acolhida pelo STF a reclamação fundada em violação de enunciado da súmula
vinculante, deve-se dar ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente
para o julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões
administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas
esferas civil, administrativa e penal.
Gabarito: D
A Lei n° 9.784 regula o processo administrativo federal, no qual visa à proteção dos
direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração. A
referida lei alcança todos os órgãos e entidades da Administração Federal direta e
indireta, bem como os órgãos do Poder Legislativo e Judiciário da União quando no
desempenho da função administrativa (função atípica).
Vejamos, agora, as alternativas:
a) Em regra, um órgão administrativo e seu titular podem delegar parte de sua
competência a outros órgão ou titulares, ainda que esses não lhe sejam
hierarquicamente subordinados (Artigo 12). No entanto, excepcionalmente,
NÃO podem ser objeto de delegação: 1) edição de atos de caráter normativo; 2) a
decisão de recursos administrativos; 3) matérias de competência exclusiva do órgão
ou autoridade (Artigo 13). ERRADA.
b) O desatendimento de intimação pelo administrado não importa o reconhecimento
da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado (Art. 27). ERRADA.
c) Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever
atribuído ao órgão competente para a instrução (art. 36). Quando o interessado
declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria
Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão
competente para a instrução deverá providenciar, de ofício, a obtenção dos
documentos ou das respectivas cópias (art. 37). ERRADA.
d) Art. 64-B: Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação fundada em
violação de enunciado da súmula vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e
ao órgão competente para o julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras
decisões administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal
nas esferas cível, administrativa e penal. CORRETA.

Autora do comentário: Camila Fechine Machado, Registradora Civil. Mestranda em


Direito, Processo e Desenvolvimento. Especialista em Direito Constitucional.
Especialista em Direito Penal e Processo Penal., de Direito Administrativo, Direito
Constitucional.
92. (FCC - TJ-MS – 2019 - adaptada) Ao dispor sobre a criação de cargos em
comissão, o legislador deve observar as normas constitucionais e a jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal nessa matéria, segundo as quais
a) a criação de cargos em comissão somente se justifica para o exercício de
funções de direção, chefia e assessoramento, não se prestando ao desempenho de
atividades burocráticas, técnicas ou operacionais, pressupondo necessária relação
de confiança entre a autoridade nomeante e o servidor nomeado.
b) cabe à lei que os instituir definir, objetivamente, suas atribuições, podendo,
todavia, delegar essa competência ao administrador, para que discipline a matéria
por meio de ato regulamentar, uma vez que a Constituição Federal não veda a
delegação de competências entre os Poderes.
c) pode a lei do ente federativo facultar aos servidores públicos ocupantes
exclusivamente de cargo público em comissão a opção entre aderir ao Regime
Geral de Previdência Social ou ao Regime Próprio de Previdência Social.
d) os servidores públicos ocupantes exclusivamente de cargo público em comissão
devem aposentar-se compulsoriamente aos 70 (setenta) anos de idade ou, na
forma da lei complementar federal, aos 75 (setenta e cinco) anos de idade.
Gabarito: A
Analisemos as proposições, em busca da correta:
a) Certo. A presente opção tem apoio expresso no que restou decidido pelo STF no
bojo do seguinte julgado:
"DIREITO CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CRIAÇÃO DE
CARGO EM COMISSÃO. REQUISITOS CONSTITUCIONAIS PARA CRIAÇÃO DE CARGO EM
COMISSÃO. ARTS. 1º E 3º AO 9º DA LEI Nº 14.415/2014, DO ESTADO DO RIO GRANDE DO
SUL. JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA E DOMINANTE. PRECEDENTES. 1. A Associação
Nacional dos Servidores do Ministério Público – ANSEMP é entidade de classe de
âmbito nacional que possui por finalidade defender, judicial e extrajudicialmente,
direitos e interesses de servidores do Ministério Público da União e dos Ministérios
Públicos dos Estados, ativos e inativos, conforme expresso no art. 2º de seu estatuto
social. Preenchido o critério de pertinência temática 2. A jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal é pacífica e dominante no sentido de que os requisitos para criação
de cargos em comissão envolvem a aplicação de diversos princípios, tais como o
princípio do concurso público, da moralidade pública, da publicidade, da
impessoalidade, da eficiência e da economicidade, como bem se percebe pela
interpretação do art. 37, II e V, da Constituição Federal. A investidura em cargo ou
emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de
provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na
forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado
em lei de livre nomeação e exoneração. Os cargos em comissão destinam-se às
atribuições de direção, chefia e assessoramento. 3. Em recente decisão, no
julgamento do RE 1.041.210, Rel. Min. Dias Toffoli, essa Corte fixou tese acerca dos
requisitos para a criação de cargos em comissão, quais sejam: a) a criação de cargos
em comissão somente se justifica para o exercício de funções de direção, chefia e
assessoramento, não se prestando ao desempenho de atividades burocráticas,
técnicas ou operacionais; b) tal criação deve pressupor a necessária relação de
confiança entre as autoridades nomeante e o servidor nomeado; c) o número de
cargos comissionados criados deve guardar proporcionalidade com a necessidade que
eles visam suprir e com o número de servidores ocupantes de cargos efetivos no ente
federativo que os criar; e d) as atribuições dos cargos em comissão devem estar
descritas, de forma clara e objetiva, na própria lei que os instituir. São esses,
portanto, os requisitos para criação de cargos em comissão. Na hipótese, os
dispositivos impugnados preenchem todos os requisitos autorizadores. Nesse sentido,
alguns precedentes que contribuíram na formação da tese: ADI 3.706, Rel. Min.
Gilmar Mendes; RE 376.440-ED, Rel. Min. Dias Toffoli; RE 735.788-AgR, Relª. Minª.
Rosa Weber; ADI 3.233, Rel. Min. Joaquim Barbosa; ADI 4.125, Relª. Minª. Cármen
Lúcia. 4. Ação direta de inconstitucionalidade cujo pedido se julga improcedente.
(ADI 5542, rel. Ministro ROBERTO BARROSO, Plenário, Sessão Virtual de 8.11.2019 a
19.11.2019)
b) Errado. Conforme se depreende da leitura do item "d" acima, não é viável a
delegação da matéria para o plano infralegal, como defendido por este item. A
propósito, confira-se, uma vez mais:
"d) as atribuições dos cargos em comissão devem estar descritas, de forma clara e
objetiva, na própria lei que os instituir."
c) Errado. Esta afirmativa agride o teor do art. 40, §13, da CRFB/88, que impõe a
adoção do RGPS para os ocupantes de cargos em comissão:
"Art. 40 (...)
§ 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão
declarado em lei de livre nomeação e exoneração, de outro cargo temporário,
inclusive mandato eletivo, ou de emprego público, o Regime Geral de Previdência
Social."
d) Errado. Em rigor, a jurisprudência do STF é na linha de que a aposentadoria
compulsória somente se aplica aos servidores ocupantes de cargos efetivos, e não
àqueles que ocupam cargos em comissão. No ponto, confira-se:
"Direito constitucional e previdenciário. Servidor público ocupante exclusivamente de
cargo em comissão. Não submissão à aposentadoria compulsória prevista no art. 40, §
1º, inciso II, da Constituição Federal. Compulsoriedade que se impõe apenas aos
servidores efetivos. Nomeação de servidor efetivo aposentado compulsoriamente para
exercício de cargo em comissão. Possibilidade. Recurso extraordinário a que se nega
provimento. 1. Sujeitam-se à aposentadoria compulsória apenas os servidores públicos
efetivos. Inteligência do art. 40, caput e § 1º, inciso II, da Constituição Federal. 2. Os
servidores ocupantes exclusivamente de cargo em comissão, em virtude do disposto
no art. 40, § 13 da Lei Maior, não estão obrigados a passar à inatividade ao atingirem
a idade limite, tampouco encontram-se proibidos de assumir cargo em comissão em
razão de terem ultrapassado essa idade. 3. Reafirmada a jurisprudência da Corte e
fixadas as seguintes teses jurídicas: 1) Os servidores ocupantes de cargo
exclusivamente em comissão não se submetem à regra da aposentadoria compulsória
prevista no art. 40, § 1º, inciso II, da Constituição Federal, a qual atinge apenas os
ocupantes de cargo de provimento efetivo, inexistindo, também, qualquer idade
limite para fins de nomeação a cargo em comissão. 2) Ressalvados impedimentos de
ordem infraconstitucional, inexiste óbice constitucional a que o servidor efetivo
aposentado compulsoriamente permaneça no cargo comissionado que já
desempenhava ou a que seja nomeado para outro cargo de livre nomeação e
exoneração, uma vez que não se trata de continuidade ou criação de vínculo efetivo
com a Administração. 4. Recurso extraordinário a que se nega provimento."
(RE 786540, rel. Ministro DIAS TOFFOLI, Plenário, 15.12.2016)

Autor do comentário: Rafael Pereira, Juiz Federal - TRF da 2ª Região, de Direito


Administrativo, Ética na Administração Pública, Legislação Federal, Legislação
Estadual, Legislação de Trânsito, Legislação da Defensoria Pública, Legislação da
AGU, Legislação do Ministério Público, Direito Urbanístico, Legislação dos TRFs, STJ,
STF e CNJ, Legislação da PRF, Legislação dos Tribunais de Contas (TCU, TCEs e TCMs)
e Ministérios Públicos de Contas.

93. (VUNESP - TJ-RS – 2017 - adaptada) A respeito do tombamento, é correto


afirmar que
a) o Supremo Tribunal Federal já afirmou que a hierarquia verticalizada dos entes
federados prevista expressamente na Lei de Desapropriação (Decreto-lei nº
3.365/41) não se estende ao tombamento, não havendo vedação a que Estado
possa tombar bem da União, tampouco que Município possa tombar bem estadual
ou federal.
b) se constitui mediante decreto expedido pelo Poder Legislativo Federal,
Estadual, Distrital ou Municipal, reconhecendo o valor histórico, artístico,
paisagístico, turístico, cultural ou científico de um bem ou bens, individual ou
coletivamente considerados, culminando com ato administrativo de registro em
livro próprio.
c) se recair sobre bem particular, sua instituição pelo Poder Público, em regra,
admite pagamento de indenização por limitação de uso da propriedade.
d) se recair sobre bem público, poderá ser provisório ou definitivo, conforme a
fase do procedimento administrativo, que se conclui com a inscrição do bem no
competente Livro do Tombo.
Gabarito: A
Confiram-se os comentários sobre cada opção:
a) Certo. De fato, a presente afirmativa está consentânea com o entendimento do STF
acerca do tema, como se vê do julgado a seguir:
"Agravo em ação cível originária. 2. Administrativo e Constitucional. 3. Tombamento
de bem público da União por Estado. Conflito Federativo. Competência desta Corte.
4. Hierarquia verticalizada, prevista na Lei de Desapropriação (Decreto-Lei 3.365/41).
Inaplicabilidade no tombamento. Regramento específico. Decreto-Lei 25/1937 (arts.
2º, 5º e 11). Interpretação histórica, teleológica, sistemática e/ou literal.
Possibilidade de o Estado tombar bem da União. Doutrina. 5. Lei do Estado de Mato
Grosso do Sul 1.526/1994. Devido processo legal observado. 6. Competências
concorrentes material (art. 23, III e IV, c/c art. 216, § 1º, da CF) e legislativa (art. 24,
VII, da CF). Ausência de previsão expressa na Constituição Estadual quanto à
competência legislativa. Desnecessidade. Rol exemplificativo do art. 62 da CE.
Proteção do patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico regional.
Interesse estadual. 7. Ilegalidade. Vício de procedimento por ser implementado
apenas por ato administrativo. Rejeição. Possibilidade de lei realizar tombamento de
bem. Fase provisória. Efeito meramente declaratório. Necessidade de implementação
de procedimentos ulteriores pelo Poder Executivo. 8. Notificação prévia.
Tombamento de ofício (art. 5º do Decreto-Lei 25/1937). Cientificação do proprietário
postergada para a fase definitiva. Condição de eficácia e não de validade. Doutrina.
9. Ausência de argumentos capazes de infirmar a decisão agravada. 10. Agravo
desprovido. 11. Honorários advocatícios majorados para 20% do valor atualizado da
causa à época de decisão recorrida (§ 11 do art. 85 do CPC).
(ACO-AgR 1208, rel. Ministro GILMAR MENDES, Plenário, sessão virtual de 17 a
23.11.2017)
b) Errado. Trata-se de assertiva que destoa da jurisprudência do STF, que reconhece a
competência do Poder Executivo, na realidade, para instituir o tombamento, como se
vê do precedente a seguir:
"AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI DISTRITAL N. 1.713, DE 3 DE
SETEMBRO DE 1.997. QUADRAS RESIDENCIAIS DO PLANO PILOTO DA ASA NORTE E DA
ASA SUL. ADMINISTRAÇÃO POR PREFEITURAS OU ASSOCIAÇÕES DE MORADORES. TAXA
DE MANUTENÇÃO E CONSERVAÇÃO. SUBDIVISÃO DO DISTRITO FEDERAL. FIXAÇÃO DE
OBSTÁCULOS QUE DIFICULTEM O TRÂNSITO DE VEÍCULOS E PESSOAS. BEM DE USO
COMUM. TOMBAMENTO. COMPETÊNCIA DO PODER EXECUTIVO PARA ESTABELECER AS
RESTRIÇÕES DO DIREITO DE PROPRIEDADE. VIOLAÇÃO DO DISPOSTO NOS ARTIGOS 2º,
32 E 37, INCISO XXI, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. 1. A Lei n. 1.713 autoriza a divisão
do Distrito Federal em unidades relativamente autônomas, em afronta ao texto da
Constituição do Brasil --- artigo 32 --- que proíbe a subdivisão do Distrito Federal em
Municípios. 2. Afronta a Constituição do Brasil o preceito que permite que os serviços
públicos sejam prestados por particulares, independentemente de licitação [artigo 37,
inciso XXI, da CB/88]. 3. Ninguém é obrigado a associar-se em "condomínios" não
regularmente instituídos. 4. O artigo 4º da lei possibilita a fixação de obstáculos a fim
de dificultar a entrada e saída de veículos nos limites externos das quadras ou
conjuntos. Violação do direito à circulação, que é a manifestação mais característica
do direito de locomoção. A Administração não poderá impedir o trânsito de pessoas no
que toca aos bens de uso comum. 5. O tombamento é constituído mediante ato do
Poder Executivo que estabelece o alcance da limitação ao direito de propriedade.
Incompetência do Poder Legislativo no que toca a essas restrições, pena de violação
ao disposto no artigo 2º da Constituição do Brasil. 6. É incabível a delegação da
execução de determinados serviços públicos às "Prefeituras" das quadras, bem como a
instituição de taxas remuneratórias, na medida em que essas "Prefeituras" não detêm
capacidade tributária. 7. Ação direta julgada procedente para declarar a
inconstitucionalidade da Lei n. 1.713/97 do Distrito Federal.
(ADI 1706, rel. Ministro EROS GRAU, Plenário, 09.04.2008)
c) Errado. Como regra geral, o tombamento não rende ensejo ao pagamento de
indenização, salvo se for comprovado que a restrição à propriedade foi de tal monta
que equivale a genuína desapropriação indireta, bem como se for demonstrada a
ocorrência de prejuízos ao proprietário.
No ponto, a posição externada por José dos Santos Carvalho Filho:
“O tombamento, por significar uma restrição administrativa que apenas obriga o
proprietário a manter o bem tombado dentro de suas características para a proteção
do patrimônio cultural, não gera qualquer dever indenizatório para o Poder Público, e
isso porque nenhum prejuízo patrimonial é causado ao dono do bem. Somente se o
proprietário comprovar que o ato de tombamento lhe causou prejuízo, o que não é a
regra, é que fará jus à indenização.”
d) Errado. Na realidade, segundo firme magistério doutrinário, o tombamento que
recai sobre bens públicos é classificado como tombamento de ofício, fundado no art.
5º do Decreto-lei 25/37, ao passo que os tombamentos provisório e definitivo aplicam-
se tão somente aos bens particulares.
A propósito, a doutrina de Maria Sylvia Di Pietro:
“Pelo Decreto-lei nº 25/37, o tombamento distingue-se conforme atinja bens públicos
ou particulares. Quando incide sobre bens públicos, tem-se o tombamento de ofício,
previsto no artigo 5º, que se processa mediante simples notificação à entidade a
quem pertencer (União, Estado ou Município) ou sob cuja guarda estiver a coisa
tombada; com a notificação, a medida começa a produzir efeitos.
O tombamento que tem por objeto bens particulares pode ser voluntário ou
compulsório (art. 6º).
(...)
O artigo 10 ainda distingue duas outras modalidades, ao estabelecer que o
tombamento voluntário ou compulsório pode ser provisório ou definitivo, conforme
esteja o respectivo processo iniciado pela notificação ou concluído pela inscrição dos
referidos bens no competente Livro do Tombo”
À luz desta lição doutrinária, está errada a assertiva em exame, ao aduzir que o
tombamento de bens públicos poderia ser provisório ou definitivo, quando, na
verdade, esta classificação é destinada ao tombamento que recai sobre bens
particulares.

Autor do comentário: Rafael Pereira, Juiz Federal - TRF da 2ª Região, de Direito


Administrativo, Ética na Administração Pública, Legislação Federal, Legislação
Estadual, Legislação de Trânsito, Legislação da Defensoria Pública, Legislação da
AGU, Legislação do Ministério Público, Direito Urbanístico, Legislação dos TRFs, STJ,
STF e CNJ, Legislação da PRF, Legislação dos Tribunais de Contas (TCU, TCEs e TCMs)
e Ministérios Públicos de Contas.

94. (FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto - adaptada) Em conhecido acórdão


proferido em regime de repercussão geral, versando sobre a morte de detento em
presídio − Recurso Extraordinário n° 841.526 (Tema 592) – o Supremo Tribunal
Federal confirmou decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, calcada
em doutrina que, no tocante ao regime de responsabilização estatal em condutas
omissivas, distingue-a conforme a natureza da omissão. Segundo tal doutrina, em
caso de omissão específica, deve ser aplicado o regime de responsabilização
a) integral; em caso de omissão genérica, aplica-se o regime de responsabilização
objetiva.
b) objetiva; em caso de omissão genérica, aplica-se o regime de responsabilização
subjetiva.
c) subjetiva; em caso de omissão genérica, aplica-se o regime de responsabilização
objetiva.
d) objetiva; em caso de omissão genérica, não há possibilidade de
responsabilização.
Gabarito: B
A questão exige conhecimento sobre o julgamento do Recurso Extraordinário 841.526
(Tema 592). O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a morte de
detento em estabelecimento penitenciário gera responsabilidade civil do Estado
quando houver inobservância do seu dever específico de proteção. A questão foi
solucionada da partir da diferenciação entre omissão genérica e específica. Na
omissão genérica o Estado responde subjetivamente, sendo necessário demonstrar a
culpa do serviço; na omissão específica a responsabilidade é objetiva, em virtude de o
Estado ter descumprido um dever jurídico específico. Confira-se a ementa:
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. RESPONSABILIDADE CIVIL
DO ESTADO POR MORTE DE DETENTO. ARTIGOS 5º, XLIX, E 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL.
1. A responsabilidade civil estatal, segundo a Constituição Federal de 1988, em seu
artigo 37, § 6º, subsume-se à teoria do risco administrativo, tanto para as condutas
estatais comissivas quanto paras as omissivas, posto rejeitada a teoria do risco
integral.
2. A omissão do Estado reclama nexo de causalidade em relação ao dano sofrido pela
vítima nos casos em que o Poder Público ostenta o dever legal e a efetiva
possibilidade de agir para impedir o resultado danoso.
3. É dever do Estado e direito subjetivo do preso que a execução da pena se dê de
forma humanizada, garantindo-se os direitos fundamentais do detento, e o de ter
preservada a sua incolumidade física e moral (artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição
Federal).
4. O dever constitucional de proteção ao detento somente se considera violado
quando possível a atuação estatal no sentido de garantir os seus direitos
fundamentais, pressuposto inafastável para a configuração da responsabilidade civil
objetiva estatal, na forma do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal.
5. Ad impossibilia nemo tenetur, por isso que nos casos em que não é possível ao
Estado agir para evitar a morte do detento (que ocorreria mesmo que o preso
estivesse em liberdade), rompe-se o nexo de causalidade, afastando-se a
responsabilidade do Poder Público, sob pena de adotar-se contra legem e a opinio
doctorum a teoria do risco integral, ao arrepio do texto constitucional.
6. A morte do detento pode ocorrer por várias causas, como, v. g., homicídio,
suicídio, acidente ou morte natural, sendo que nem sempre será possível ao Estado
evitá-la, por mais que adote as precauções exigíveis.
7. A responsabilidade civil estatal resta conjurada nas hipóteses em que o Poder
Público comprova causa impeditiva da sua atuação protetiva do detento, rompendo o
nexo de causalidade da sua omissão com o resultado danoso.
8. Repercussão geral constitucional que assenta a tese de que: em caso de
inobservância do seu dever específico de proteção previsto no artigo 5º, inciso XLIX,
da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte do detento.
9. In casu, o tribunal a quo assentou que inocorreu a comprovação do suicídio do
detento, nem outra causa capaz de romper o nexo de causalidade da sua omissão com
o óbito ocorrido, restando escorreita a decisão impositiva de responsabilidade civil
estatal.
10. Recurso extraordinário DESPROVIDO.

Autora do comentário: Fernanda Baumgratz, Advogada, Especialista em Direito pela


Universidade Federal de Juiz de Fora, de Direito Administrativo, Legislação Estadual,
Legislação dos TRFs, STJ, STF e CNJ.

95. (FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto - adaptada) No âmbito da legislação


federal sobre parcerias entre a Administração Pública e organizações não
governamentais, considera-se acordo de cooperação o instrumento firmado entre
o Poder Público e
a) entidades qualificadas como organizações da sociedade civil de interesse
público, destinado à formação de vínculo de cooperação entre as partes, para o
fomento e a execução de atividades de interesse público previstas na lei das
OSCIPs.
b) organizações da sociedade civil, para a consecução de finalidades de interesse
público e recíproco proposto pela Administração Pública, que envolvam a
transferência de recursos financeiros.
c) a entidade qualificada como organização social, com vistas à formação de
parceria entre as partes para fomento e execução de atividades contempladas na
lei das Organizações Sociais.
d) organizações da sociedade civil, para a consecução de finalidades de interesse
público e recíproco que não envolvam a transferência de recursos financeiros.
Gabarito: D
A lei n. 13.019/14 instituiu o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil.
Essas organizações são popularmente conhecidas como organizações não-
governamentais (ONG's).
Art. 2º: “Para os fins desta Lei, considera-se:
I - organização da sociedade civil:
a) entidade privada sem fins lucrativos que não distribua entre os seus sócios ou
associados, conselheiros, diretores, empregados, doadores ou terceiros
eventuais resultados, sobras, excedentes operacionais, brutos ou líquidos,
dividendos, isenções de qualquer natureza, participações ou parcelas do seu
patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplique
integralmente na consecução do respectivo objeto social, de forma imediata ou por
meio da constituição de fundo patrimonial ou fundo de reserva (...) VIII-A - acordo de
cooperação: instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas
pela administração pública com organizações da sociedade civil para a consecução de
finalidades de interesse público e recíproco que não envolvam a transferência de
recursos financeiros".

Autor do comentário: Héllen Matos, Formada em Direito pela UFMG, Especialista em


Direito Público e Analista de Direito do Ministério Público do Estado de Minas Gerais.,
de Direito Administrativo, Direito Constitucional, Direito da Criança e do Adolescente
- Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) - Lei nº 8.069 de 1990.

96. (FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto - adaptada) No tocante ao exercício do


poder de autotutela pela Administração Pública, é correto afirmar:
a) O exercício, pela Administração Pública, do poder de anular seus próprios atos
não está sujeito a limites temporais, por força do princípio da supremacia do
interesse público.
b) Somente é admissível a cassação de ato administrativo em razão de conduta do
beneficiário que tenha sido antecedente à outorga do ato.
c) É vedada a aplicação retroativa de nova orientação geral, para invalidação de
situações plenamente constituídas com base em orientação geral vigente à época
do aperfeiçoamento do ato administrativo que as gerou.
d) É possível utilizar-se a revogação, ao invés da anulação, de modo a atribuir
efeito ex nunc à revisão de ato administrativo, quando se afigurar conveniente tal
solução, à luz do princípio da confiança legítima.
Gabarito: C
A questão aborda o poder de autotutela e solicita que o candidato assinale a
alternativa correta. Vamos analisar cada uma das assertivas:
a) Incorreta. O art. 54 da Lei 9.487/99 estabelece que "O direito da Administração de
anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé".
b) Incorreta. A cassação ocorre nas hipóteses em que o ato administrativo é extinto
por ilegalidade superveniente em face do descumprimento dos requisitos impostos
para sua expedição pelo beneficiário. Trata-se de hipótese de ilegalidade
superveniente por culpa do beneficiário.
c) Correta. O art. 2º, parágrafo único, XIII, da Lei 9.784/99 dispõe que será garantida,
na atuação estatal, interpretação da norma administrativa da forma que melhor
garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de
nova interpretação.
d) Incorreta. Em determinadas situações, a retirada do ato, com efeitos retroativos,
enseja prejuízos aos cidadãos que, atuando de boa-fé, se valeram das disposições ali
apresentadas, as quais gozavam, inclusive, de presunção de legitimidade. Dessa
forma, em algumas situações, devem ser mantidos todos os efeitos produzidos pelo
ato, ainda que seja ato que sofre de nulidade insanável. Trata-se do instituto da
estabilização dos efeitos que privilegia o Princípio da Segurança Jurídica e da
proteção à boa-fé.
Autora do comentário: Fernanda Baumgratz, Advogada, Especialista em Direito pela
Universidade Federal de Juiz de Fora, de Direito Administrativo, Legislação Estadual,
Legislação dos TRFs, STJ, STF e CNJ.

97. (VUNESP - 2019 - TJ-RJ - Juiz Substituto - adpatada) A respeito da concessão


ou permissão de serviços públicos, assinale a alternativa correta.
a) Admite-se a rescisão amigável de contratos de concessão comum ou
patrocinada, por razões de interesse público, de alta relevância e amplo
conhecimento, justificadas pela máxima autoridade do ente contratante,
mediante homologação judicial.
b) Incumbe ao Poder Concedente declarar de utilidade pública os bens necessários
à execução do serviço ou obra pública e promover diretamente as
desapropriações, cabendo à concessionária responsabilizar-se pelas indenizações
decorrentes.
c) A sustentabilidade financeira e vantagens socioeconômicas dos projetos
constituem diretriz de contratação de parcerias público-privadas.
d) A transferência de concessão ou do controle societário da concessionária sem
prévia anuência do Poder Concedente implicará a encampação da concessão.
Gabarito: C
A questão aborda as concessões e permissões de serviços públicos. Vamos analisar
cada uma das assertivas:
a) Incorreta. É possível a rescisão amigável (consensual ou bilateral) decorrente de
acordo firmado entre as partes. São casos em que não há mais interesse público na
manutenção do contrato, sendo este entendimento acatado pela concessionária.
Trata-se de distrato, que não exige homologação judicial.
b) Incorreta. As desapropriações necessárias à adequada prestação de serviço público
no regime de concessão poderão ser de responsabilidade da concessionária, conforme
previsto no edital de licitação, competindo ao Poder Concedente declarar de utilidade
pública os bens necessários à prestação do serviço e à concessionária arcar com as
indenizações cabíveis.
c) Correta. O art. 4º, VII, da Lei 11.079/04 estabelece que na contratação de parceria
público-privada será observada a seguinte diretriz: sustentabilidade financeira e
vantagens socioeconômicas dos projetos de parceria.
d) Incorreta. O art. 27 da Lei 8.987/95 dispõe que "A transferência de concessão ou do
controle societário da concessionária sem prévia anuência do poder concedente
implicará a CADUCIDADE da concessão".

Autora do comentário: Fernanda Baumgratz, Advogada, Especialista em Direito pela


Universidade Federal de Juiz de Fora, de Direito Administrativo, Legislação Estadual,
Legislação dos TRFs, STJ, STF e CNJ.

98. (CESPE - 2019 - TJ-PA - Juiz de Direito Substituto - adaptada) Com relação à
distinção entre empresa pública e sociedade de economia mista, assinale a opção
correta.
a) Empresa pública é uma entidade privada criada por lei com a finalidade de
realizar um serviço público, enquanto a sociedade de economia mista é criada de
forma similar às empresas privadas, com a finalidade de exercer atividade
econômica.
b) Empresa pública possui personalidade jurídica de direito público, enquanto a
sociedade de economia mista possui personalidade jurídica de direito privado.
c) Na empresa pública, o capital é exclusivo das pessoas jurídicas de direito
público; na sociedade de economia mista, o poder público detém a maioria das
ações com direito a voto, mas pode haver participação privada no capital.
d) Na empresa pública, as ações com direito a voto são exclusivas do ente público
que a controla; na sociedade de economia mista, o ente público controla a maior
parte do capital, mas pode não possuir a maioria das ações com direito a voto.
Gabarito: C
A questão exige do candidato conhecimentos sobre a organização da Administração
Pública, em especial sobre as empresas públicas e as sociedades de economia mista.
As similaridades entre as empresas públicas e as sociedades de economia mista são
muitas.
Empresa pública, nos termos do art. 3º da Lei nº. 13.303/2016, pode ser conceituada
como "entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação
autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente
detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios".
Sociedade de economia mista, por sua vez, nos termos do art. 4º da Lei nº.
13.303/2016, " é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com
criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com
direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos
Municípios ou a entidade da administração indireta".
Segundo José dos Santos Carvalho Filho essas entidades tem como objetivo a
exploração de atividades econômicas em sentido lato, assim consideradas aquelas que
permitem a utilização de recursos para a satisfação de necessidades públicas. Dentro
dessa noção, explica o autor que poderiam encontrar-se duas espécies: as atividades
econômicas e os serviços públicos econômicos. Neste caso, deve-se entender que só
podem ser prestados por empresa pública aqueles serviços que também poderiam ser
prestados pela iniciativa privada. Essa atividade a ser desempenhada deve estar
claramente descrita na lei autorizadora da criação. (CARVALHO FILHO, José dos
Santos. Manual de Direito Administrativo. 32 ed. São Paulo: atlas, 2018, p. 528-529).

Empresa Pública Sociedade de Economia Mista


Pessoa jurídica de Direito Privado Pessoa jurídica de Direito Privado
Exerce atividade econômica Exerce atividade econômica
Os bens são penhoráveis Os bens são penhoráveis
Celebra contratos por licitação Celebra contratos por licitação
Possui autonomia administrativa e Possui autonomia administrativa e
financeira financeira
Sem privilégios em juízo Sem privilégios em juízo
Contrato de trabalho pelo regime Contrato de trabalho pelo regime
celetista (CLT) celetista (CLT)
Capital exclusivo do Poder Público Capital misto (Setor público e privado)
Atenção quanto à criação - tanto a sociedade de economia mista quanto a empresa
pública dependem de autorização legislativa para criação, no entanto, NÃO SÃO
CRIADAS POR LEI. Após a autorização legislativa a criação em si segue o regime
jurídico de Direito Privado, com a criação do estatuto ou ato constitutivo, registro
próprio, etc. Isso está no art. 173 da Constituição Federal.
Feita esta explicação, vamos a análise das alternativas.
a) Incorreta. Muita atenção, pois em ambos os casos, tanto das sociedades de
economia mista quanto das empresas públicas, a lei é apenas autorizativa, mas não
cria as entidades.
b) Incorreta. Ambas possuem natureza jurídica de Direito Privado e não de Direito
Público.
c) Correta. A alternativa está em conformidade com a legislação vigente, em
especial com a Constituição Federal.
d) Incorreta. As ações com direito a voto nas sociedades de economia mista devem
pertencer, em sua maioria, ao ente público controlador.

Autor do comentário: Eduardo Langoni, Advogado, Mestre em Direito Constitucional


na Universidade Federal Fluminense-UFF e Especialista em Direito Administrativo -
Puc-Minas, de Direito Administrativo.

99. (CESPE - 2019 - TJ-PA - Juiz de Direito Substituto - adaptada) Segundo o


entendimento majoritário do STJ, no caso de ação indenizatória ajuizada contra a
fazenda pública em razão da responsabilidade civil do Estado, o prazo
prescricional é
a) decenal, como previsto no Código de Processo Civil, em detrimento do prazo
trienal previsto pelas normas de direito público.
b) quinquenal, como previsto pelas normas de direito público, em detrimento do
prazo decenal contido no Código de Processo Civil.
c) trienal, como previsto pelo Código de Processo Civil, em detrimento do prazo
quinquenal contido no Código Civil.
d) quinquenal, como previsto pelas normas de direito público, em detrimento do
prazo trienal contido no Código Civil.
Gabarito: D
A questão exige do candidato conhecimentos específicos sobre reparação de danos
contra a fazenda pública, no caso em tela, demanda inclusive conhecimentos de
jurisprudência.
A regra geral do Direito Civil, na qual aquele que causa dano fica obrigado a repará-
lo, aplica-se inclusive à Administração Pública. Neste sentido, pode o Estado figurar
como pólo passivo em uma ação indenizatória. No entanto, se por um lado existe tal
pretensão de cobrar do Poder Público por alguma lesão a um direito, por outro lado, o
não exercício dessa pretensão ao longo de determinado tempo pode incorrer na
prescrição.
Desse modo, se o titular permanecer inerte, tem como pena a perda da pretensão que
teria por via judicial. O prazo para a ocorrência da prescrição, por sua vez, e um
tema polêmico do Direito a depender da matéria. Quando se trata das pretensões
indenizatórias contra o Estado a discussão que perdurou durante anos foi sobre a
aplicabilidade do prazo de 3 (três) anos, que é a regra geral para a prescrição da
reparação de indenização civil (art. 206 do Código Civil), ou então se seria aplicado o
prazo de 5 (cinco) anos, previsto no art. 1º do Decreto Lei nº.Decreto n. 20.910, de 06
de janeiro de 1932.
Diante deste impasse, que existia inclusive nas decisões judiciais que ora aplicavam o
prazo trienal e ora o quiquenal, sobreveio a decisão do STJ pacificando o
entendimento de que deve ser aplicado o prazo quinquenal, previsto no Decreto Lei,
o fundamento para tal decisão o princípio da especialidade que faz prevalecer a
norma específica sobre o norma geral. Logo, entendeu-se a regra do Código Civil
como a regra geral e a regra contida no decreto lei como a específica para os casos de
indenização contra a Fazenda Pública, prevalecendo o último. (REsp 1.251.933/PR).
Sabendo disso, vamos a análise das alternativas:
a) Incorreta. A alternativa não está em conformidade com a jurisprudência do STJ.
b) Incorreta. De fato, se aplica o prazo de cinco anos, mas o prazo do Código Civil não
é decenal e sim trienal, por isso o erro.
c) Incorreta. Não se aplica o prazo trienal, e também não está previsto no CPC e sim
no CC.
d) Correta. A alternativa está em conformidade com o entendimento pacificado pelo
STJ através do REsp 1.251.933/PR, aplicando o prazo quinquenal previsto do decreto
lei 20.910/1932 em detrimento da regra geral do Código Civil, aplicando aqui o
princípio da especialidade para prevalecer o primeiro diploma.

Autor do comentário: Eduardo Langoni, Advogado, Mestre em Direito Constitucional


na Universidade Federal Fluminense-UFF e Especialista em Direito Administrativo -
Puc-Minas, de Direito Administrativo.

100. (CESPE - 2019 - TJ-PA - Juiz de Direito Substituto - adaptada) De acordo com
a doutrina administrativista clássica e majoritária, são atributos dos atos
administrativos
a) o sujeito, o objeto e a tipicidade.
b) a presunção de legitimidade, a imperatividade e a autoexecutoriedade.
c) a autoexecutoriedade, a tipicidade e a finalidade.
d) a imperatividade, a finalidade e a presunção de legitimidade.
Gabarito: B
A questão exige do candidato conhecimentos sobre o ato administrativo,
especificamente sobre os atributos do ato.
Embora não existir um conceito uniforme na doutrina para delimitar exatamente o
que é o ato administrativo, José dos Santos Carvalho Filho explica que
para estabelecer um conceito três pontos são essenciais para a caracterização do ato.
A primeira é a necessidade de que a manifestação de vontade seja emanada pelo
agente da Administração Pública ou dotado de prerrogativas desta. Além disso, o
conteúdo do ato tem que propiciar a produção de efeitos jurídicos com fim público.
Por último, essa categoria de atos deve ser regida pelo direito público. (CARVALHO
FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 32 ed. São Paulo: Atlas,
2018, p. 105)
Os atos administrativos possuem algumas características, também chamadas de
atributos por alguns autores. Dentre esses atributos se têm:
> IMPERATIVIDADE - ou coercitividade, significa que os atos são
obrigatórios/cogentes, para todos aqueles que se encontram sob o seu âmbito de
incidência.
> EXIGIBILIDADE - a partir do momento que se tem um ato editado em conformidade
com a lei, o seu cumprimento pode ser exigido pela Administração Pública. Esta
característica guarda grande relação com a imperatividade, por isso, inclusive, alguns
autores, como José dos Santos Carvalho Fillho, analisam tal aspecto dentro da
imperatividade. No entanto, para outros, como Diógenes Gasparini, trata-se de uma
característica a parte.
> PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE - quando se produz o ato, presume-se que ele foi
produzido em conformidade com a legislação. Não se trata de uma presunção
absoluta, mas sim relativa, logo, querendo questionar o ato, deve o interessado
apresentar as provas da alegação, pois em regra, presume-se que está em
conformidade com a lei.
> AUTOEXECUTORIEDADE - é uma das características mais importantes do ato, e
significa que ele, assim que praticado, já pode ser imediatamente executado e seu
objeto imediatamente alcançado. O ato, por si só, é capaz de gerar direitos e
obrigações, submetendo todos aqueles que estão sob sua incidência.
Sabendo disso, vamos a análise das alternativas:
A) ERRADA - a alternativa traz os elementos do ato administrativo e não atributos.
Exceto a tipicidade que é um atributo e faz referência à necessidade de que o ato
seja executado através de uma das formas previstas em lei, guardando, portanto,
grande relação com a legalidade.
b) Correta. A alternativa traz três atributos do ato administrativo. Os atributos são
características/ consequências do ato administrativo. Desta forma, é correto afirmar
que são atributos do ato a presunção de legitimidade, a imperatividade e a
autoexecutoriedade.
c) Incorreta. Assim como na alternativa "A" esta mistura atributos com elementos. A
finalidade é elemento do ato administrativo e não atributo.
d) Incorreta. Mais uma vez traz a finalidade como atributo sendo que se trata de um
elemento.

Autor do comentário: Eduardo Langoni, Advogado, Mestre em Direito Constitucional


na Universidade Federal Fluminense-UFF e Especialista em Direito Administrativo -
Puc-Minas, de Direito Administrativo.

Você também pode gostar